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l 1
Introdução
Os sistemas ecológicos podem ser tão No seu livro Uncommon Cround, William
pequenos quanto os organismos Cronon desafia duas percepções comuns
individuais ou tão grandes quanto a
biosfera inteira sobre a Natureza* e as relações da espécie
humana com ela. A primeira é a idéia de que
Os ecólogos estudam a Natureza de a Natureza tende em direção a um equilíbrio
várias perspectivas diferentes auto-restaurador quando deixada por si só,
uma noção denominada de "o equilíbrio da
As plantas, os animais e os
Natureza". A segunda é a idéia de que, na
microorganismos representam
diferentes papéis nos sistemas ausência de interferência humana, a Natureza
ecológicos existe num estado prístino. Os estudos
ecológicos a_presentam evidências científicas tanto a favor quanto contra a
O habitat define o lugar de um idéia de equilíbrio na Natureza e mostram como os humanos têm
organismo na Natureza; o nicho defme
o seu papel funcional influenciado os sistemas ecológicos. Contudo, Cronon vai além destas
questões para abordar as bases culturais do modo como vemos nossa
Todos os sistemas e processos relação com a Natureza. Ele avança na idéia de que o movimento
ecológicos têm escalas características conservacionista e, até certo ponto, o campo científico·da Ecologia,
de tempo e espaço considera a Natureza prístina como um absoluto inatacável. A intocada
Os sistemas ecológicos são governados Floresta Amazônica, por exemplo, é comparada por muitos ao Jardim do
por princípios gerais físicos e Éden antes de Adão e Eva, que incorpora o inteiramente bom e também as
biológicos tentações do inte-i'ramente mau. Cronon sugere que, na mente de algumas
pessoas, a extinção de espécies traz à tona o nosso próprio medo profundo
Os ecólogos estudam o mundo naturnl de perder o paraíso ou ter que encarar a realidade do mundo imperfeito.
através de uma combinação·de
observação e de experimentação Os estudos ecológicos pintam um quadro diferente. Eles mostram a
variação histórica na Natureza e demonstram que a penetrante influência
Os huma11.os são uma parte das atividades humanas se estende até as mais remotas regiões da Terra.
importante da biosfera Estas descobertas desafiam a noção de um ambiente prístino, equilibrado.
O paraíso nunca existiu, pelo menos não na experiência humana. Onde
Os impactos humanos no mundo
natural têm se tomado crescentemente nós humanos nos ajustamos a um mundo menos do que perfeito é um
um foco da Ecologia julgamento que cada um de vocês deve fazer, guiado pelo seu próprio
senso de valores e crenças morais. A despeito da nossa própria posição,
será mais útil para você e para a espécie humana em geral se o seu
julgamento estiver nutrido por um conhecimento científico de como os
sistemas naturais funcionam e pelos modos nos quais os humanos são uma
parte do mundo natural. O propósito de A Economia da Natureza é ajudar
você a atingir essa compreensão.
*N.T.: A palavra "Natureza' utíli.wd.i na Lradução deste livro virá s.-mprc com inicial maiúscula para dt
ferir do significado <lesta paJavr.i na <':!!:pressão•... a natureza das coisas"'.
l�'TROOUÇÃO
2
•
A pala\Ta ecologia vem do grego oikos, signifrcc1nclo "casa", e focalizam os atributos físicos e qtúmicos dos sistemas ecológi
assim se refere à nossa circunvizinhança imediata, ou ambi cos, a regulação da sua estrntura e função e as mudanças evo
ente. Em 1870, o zoólogo alemão Ernst Haeckel deu li palélvra lutivas. Aplicar estes princípios às questões ambientais pode
um significado mais abrangente: nos ajudar a vencer o desafio de manter um ambiente de su
porte para os sistemas naturais - e para nós mesmos - em face
Por ecologia, queremos dizer o corpo de conhccimmlo referm/c à dos crescentes estresses ecológicos.
economia da nalureza - a invesi-igação elas relações lotais dos
animais lan/o com seu ambiente orgânico 1111nnlo wm seu 11111/Jienle
inorgânico; incluindo, acima de ludo, suas rei.ações 11111i91íveis e não Os sistemas ecológicos po�em ser tão
amigáveis com aqueles animais e plnnlas com os 1/llfli.s vrm ilire/11 pequenos quanto os organismos
ou indirdamenle a entrar em tonlalo - n11nra palavra, ewloqia é o
estudo de todas as inlcr-rd11Çt}es complexas llenomirrmlas po;
individuais ou tão grandes quanto a
Darwin como CIS condições da luta pela existência. biosfera inteira
Assim, a Ecologia é a ciência pela qual estucl.imos como os Um sistema ecológico pode ser um organjsmo, uma popula
organismos (animais, plantas e micróbios) interagem entre si çã.o, um conjunto de populações vivendo juntos (freqüente
e com O mundo natural. mente chamado de comunidade), um ecossistema ou a biosfera
A palavra ecologia passou a ter uso geral somente 110 fim dos int eira da Terra. Cada sistema ecológico menor é um
anos 1800, quando os cientistas americanos e europeus come- subconjunto de um próximo maior, e assim os diferentes ti
çaram a se autodenominar ecólogos. As primeira� �ocicdades pos de sistemas ecológicos formam uma hierarquia de tama
e periódicos dedicados à Ecologia apareceram r1< 1!> primeiras nho. Este arranjo é mostrado diagramaticamente na I Fig. 1.1,
décadas do século vinte. Desde então, a Ecologia tem passado que representa a idéia de que uma população é formada de
por um enorme crescimento e diversificação, e O\ ecólogos muitos organismos individuais, uma comunidade compreen
profissionais agora são em número de dezenas de milhares. A de muitas populações que interagem, um ccossislema reprc
ciência da Ecologia produziu um imenso corpo de mnheci- · .senta a conexão de muitas comunidades através de seu uso
mento acerca do mundo que nos rodeia. Ao 11,c-�mo lrmpo, 0 de recursos de energia e nutrientes e a biosfera compreende
rápido crescimento da população humana e suc1 C"rC'�n·nte t!"c- todos os ecossistemas da Terra.
nologia e materialismo aceleraram grandement e' il dC 'tcriora - O organismo é a unidade mais f undamental da Ecologia,
ção do ambiente .terrestre. Como conseqüêncic1, a compreen- o sistema ecológico dementar. Nenhuma u11idade menor na
são ecológica é agora necessária mais do que mmrn para apren- biologia, como o órgão, célula ou molécula tem uma vida se-
dermos as mell,ores políticas·de manejar as bacias hid rog:ráfi- parada no ambiente (embora, no rnso dos protistas e bactéri
cas, as terras cultivadas, os alagados e outras árca5 - geralmente as w1icelula:res, célula e organismo sejam sinônimos). Cada
chamadas de si51emas de suporte ambiental - dm quais a organismo é limitado por uma membra11a ou outra cobertura
humanidade depende para alimentação, suprimcnt(I de água," ·através da qual ele troca energia e matéria com seus arredo
proteção contra catástrofes naturais e saúde pública. Os res. Esta fronteira separa os processos e estruturas "internos"
ecólogos proporcionam essa compreensão atravó, de estudos do sistema ecológico - neste caso um organismo - dos recur
de controle populacional por predadores, da influcnda da fer- sos e condições "externos" da circunvizinhança.
tiüdade do solo no crescimento das plantas, das rc!>postas �vo- Ao longo de suas vidas, os organismos transformam cner-
lutivas de micróbios aos contaminantes ambientais, <la êllspcr- 5,d'i.:· pH1�ess1H,;,•n. ..ro;\te.r.iJ:lis, Piirn executar isto, os 9rganismos
são de organismos sobre a superfície da Terra e d<' uma mul- devem adquirir energia e nutrientes dos seus arredores e se
tiplicidade de questões semelhantes. O manejo de recursos livr.1rem de produtos de rejeito indesejado. Ao fazer isso, eles
bióticos numa forma que sustente uma razoável qw1lidade de modificam as condições do ambiente e os recursos disponí
vida humana depende do uso inteligente dos prinrípios eco- veis para outros organismos, e contribuem para os fluxos de
lógicos para resolver ou prevenir problemas ambienlai�. e para energia e pani o ciclo de elementos no mundo natural. Os
suprir o nosso pensamento e práticas econômicas, políticas e conjuntos de organismos com .seus ambientes físicos e quí
sociais. micos formam um ecossiste1na. Os ecossistemas são siste-
Este capítulo ü1idará você no caminho para o pcrn,amento mas ecológicos complexos e grandes, às vezes inclujndo
ecológico. Primeiro discutiremos vários pontos de \'ilntagem muitos milhares de diferentes tipos de o,gartismos vivendo
a partir dos qurus o conhecimento e a visão ecológica podem numa grande variedade de meios individuais. Um passari
ser abordados - por exemplo, com os diferentes nívC'i� de mm- nho s alt,mdo entre as folhas de uma árvore em busca de la
plexidade, variedades de organismos, tipos de habitai e esca- gartas e uma bactéria decompondo o solo orgânico são am
las de tempo e espaço. Veremos como podemo!> considerar bos partes do mesmo ecossistema de floresta. Podemos falar
muitas entidades diferentes como sistemas ecológicos, ilOS quais de um ecossistema de floresta, LJl11 ecossistema de savana e
queremos nos referir como qualquer organismo, conjuntos de um ecossistema de estuário como rn�idades distintas por causa
organismos ou complexo de organismos em s11as l ircunvizi- de sua relativamente pourn energia e poucas substâncias que
nhanças, unidos por alguma forma de interação ou dcpl·ndên- sfio trocadas entre estas unidades em comparação com as
eia regular de partes do sistema umas com as outrd�. Embora
a extensão e complexidade dos sistemas ecológico� v,1riem de
um único micróbio à cobertura da biosfera da 1,uperfkic ter • ;\ <l\'<:nca-cabdv-dc-vênus (Gillkgo l,ilolm) <' o ún,ro S<>btcviv<"nlc <i<" um gc'.'nero
que mudou muito pourn nos úHimos 150 m,lhfl{'S tk anns. Desrnb,.rla nos jJr
restre, todos os sistemas ecológicos obedecem .i um princípio dins d�.. um lt.�1nplo na China, a avenca-(·abdu-dt.•-vênus Llgom c·rc·.scc cm mui
semelhante. Alguns dos mais importante-'> dei,te� prinópios tos j)dísc.�.
INTRODUÇÃO 3
Hw,:o de <'ll<'l'/(ld ,
ciclo d<· 11utrk'n1r--.
Interações
entre as
populações
Popula(ão:
Dinâmica de populações;
a unidade da evolução
Organumo:
1 Fig. 1.1 Cada sistema ecológico reúne diferentes tipos de processos. A R<'produçJo e sobrt"V1vt'ncia;
hierarquia natural dos sistemas ecológicos é mostrada a partir do J unidade da ...:k-çJo natural
organismo de menor dimensão até o maior, a biosfera.
inúmeras transformações que acontecem dentro dc- cada uma Bering e do Golfo da Califórnia, porque as condições de ali
delas. Assim, a analogia com o organismo de ter processos mento do Mar de Bering influenciam o número de baleias que
,
"internos• e trocas com os arredores ;externos" se mantém, mjgram e seu sucesso reprodutivo no Golfo da Califórnia. Isso,
nos permitindo tratar organismo e ecossistema como �iste por sua vez, determina o efeito da população de baleias no
mas ecológicos. ecossistema da área de reprodução. A importância da troca de
Em última instància, todos os ecossistemas estão interliga matéria entre os ecossistemas dentro da biosfera é acentuada
dos juntos num.a única biosfera que inclui todos os ambien pelas conseqüências globais das atividades humanas. Por
tes e organjsmos da Terra. As partes distantes da biosfera são exemplo, os rejeitos agrícolas e industriais se espalham para
interligadas através da energia e dos nutrientes transportados bem longe dos seus pontos de origem, afetando todas as regi
pelas correntes de vento e de água e pelos movimentos dos ões da Terra.
organismos. A água que flui de uma nascente até um estuário A biosfera é o sistema ecológico final. Tudo que é externo à
conecta os ecossistemas terrestres e aquáticos da bacia biosfera é a luz do Sol que atinge a superfície da Terra e a es
hidrográfica com os do reino marinho (1 Fig. 1.2). As migra curidão fria do espaço. Exceto pela energia que chega do Sol e
ções da baleia-cinzenta conectam os ecossistemas do 1\lar de pelo calor perdido para as profundezas do espaço, todas as
INTRODUÇÃO
»»- Transporte de
resíduos industriais
Fig. 1.2 Diferentes partes da biosfera estão unidas pelo movimento do ar, da água e de organismos.
transformações da biosfera são internas. Temos todos os ma- invólucro perceptível separa uma comunidade daquilo que a
teriais que teremos para sempre; nossos rejeitos não têm ne- rodeia. A interconectividade dos sistemas ecológicos significa
nhum lugar para ir e devem ser reciclados dentro da biosfera. que as interações entre as populações se espalham através do
Os conceitos de ecossistema e biosfera enfatizam a trans- globo como os indivíduos e os materiais se movem entre os
formação da energia e a síntese e decomposição dos materiais habitais e as regiões. Assim, a comunidade é uma abstracã-
- os sistemas ecológicos como máquinas físicas e laboratórios representando um nível de organização mais do que uma
químicos. Uma outra perspectiva enfatiza a peculiaridade das unidade discreta de estrutura na Ecologia.
propriedades biológicas dos sistemas ecológicos que são
abrangidas nas dinâmicas das populações. Uma população
consiste em muitos organismos do mesmo tipo vivendo jun-
tos. As populações diferem dos organismos no sentido de que Os ecólogos estudam a Natureza de
elas são potencialmente imortais, seus tamanhos sendo man- várias perspectivas diferentes
tidos através do tempo pelo nascimento de novos indivíduos
que substituem aqueles que morrem. As populações têm tam- Cada nível diferente de hierarquia dos sistemas ecológicos tem
bém propriedades, como fronteiras geográficas, densidades estruturas e processos únicos. Portanto, cada nível deu origem
(número de indivíduos por unidade de área) e variações no a uma abordagem diferente ao estudo da Ecologia. Natural-
tamanho ou composição (por exemplo, respostas evolutivas mente, todas as abordagens têm interconexões. Dentro destas
às mudanças ambientais e ciclos periódicos no tamanho) que áreas de sobreposição os ecólogos podem apresentar diversas
não existem para organismos individuais. perspectivas ao estudo de problemas ecológicos particulares,
Muitas populações de diferentes tipos que vivem no mes- como o mostrado pelo diagrama simples na l Fio. 1.5.
mo lugar formam uma comunidade ecológica. As popula- A abordagem de organismo na Ecologia enfatiza o modo pelo
ções dentro de uma comunidade interagem de várias formas. qual a forma, a fisiologia e o comportamento de um indi\íduo
Por exemplo, muitas espécies são predadoras que comem ou- o ajudam a sobreviver no seu ambiente. Esta abordagem tam-
tras espécies de organismos; quase todas são elas próprias bém busca compreender por que a distribuição de cada tipo de
presas. Algumas, como as abelhas e as plantas cujas flores elas organismo é limitada a alguns ambientes e não a outros, e por
polinizam, e muitos micróbios que vivem junto com plantas e que organismos aparentados que vivem em diferentes ambi-
animais, entram em arranjos cooperativos nos quais ambas as entes tem aparências de características diferentes. Por exempkx
partes se beneficiam da interação. Todas estas interações in- como veremos mais tarde neste livro, as plantas dominantes dr
fluenciam o número de indivíduos nas populações. Diferente ambientes quentes e úmidos são árvores, enquanto as regjõe-
dos organismos mas semelhantes aos ecossistemas, as comu- com invernos frios e úmidos e verões quentes e secos tipica-
nidades não têm fronteiras rigidamente definidas; nenhum mente sustentam arbustos com folhas pequenas e duras.
Abordagem de téria dentro do ecossistema, proporcionando uma conexão en-
biosfera tre as abordagens de comunidade e de ecossistema.
A abordagem de ecossistema na Ecologia descreve os orga-
Abordagem de Abordagem de nismos e suas atividades em termos de "moedas" comuns, prin-
ecossistema organismo cipalmente quantidades de energia e vários elementos quími-
cos essenciais à vida, como o oxigénio, o carbono, o nitrogé-
nio, o fósforo e o enxofre. O estudo de ecossistemas lida com
o movimento de energia e matéria no ambiente e como estes
movimentos são influenciados pelo clima e outros fatores fí-
sicos do ambiente. O funcionamento do ecossistema resulta
das atividades de organismos assim como de transformações
Abordagem de Abordagem de físicas e químicas no solo, na atmosfera e na água. Assim, as
comunidade população atividades de organismos tão diferentes quanto bactérias e
pássaros podem ser comparadas pela descrição das transfor-
mações de energia de uma população em unidades como watts
Isto representa uma área comum
por metro quadrado de habitat. Contudo, a despeito de suas
a todas as cinco abordagens.
semelhanças, as abordagens de ecossistemas e comunidades
na Ecologia proporcionam diferentes modos de olhar o mun-
l Fig. 1.3 Estas são as cinco abordagens para o estudo da ecologia. do natural. Podemos falar de um ecossistema de floresta, ou
Embora cada abordagem se relacione a um nível diferente na hierarquia podemos falar de comunidades de animais e plantas que vi-
dos sistemas ecológicos, eles são retratados num único plano de
indagação científica, com cada abordagem interagindo com as outras
vem na floresta, usando jargões diferentes que se referem às
em graus variados. diferentes facetas do mesmo sistema ecológico.
Focalizado num extremo do espectro de sistemas ecológi-
cos, a abordagem da biosfera na Ecologia trata dos movimen-
tos de ar e de água, e da energia e os elementos químicos que
Os ecólogos que usam a abordagem de organismo estão eles contêm, na superfície da Terra (l Fig. l .4). As correntes dos
frequentemente interessados em estudar as adaptações dos oceanos e os ventos carregam o calor e a umidade que defi-
organismos aos seus ambientes. As adaptações são modifica- nem os climas em cada ponto da Terra, que governam as dis-
ções de estrutura e função que melhor ajustam o organismo
para viver em seu ambiente: por exemplo, função renal inten-
sificada para conservar água no deserto; coloração críptica para
evitar detecção por predadores; folhas moldadas para serem
utilizadas por certos tipos de polinizadores. As adaptações são
o resultado da mudança evolutiva pela seleção natural. Devi-
do à evolução ocorrer através da substituição de um tipo de
organismo por outro dentro de uma população, o estudo das
adaptações representa um ponto de sobreposição entre as
abordagens de organismo e de população na Ecologia.
A abordagem de população se preocupa com os números de
indivíduos e suas variações através do tempo, incluindo mu-
danças evolutivas dentro das populações. Variações em núme-
ros refletem nascimentos e mortes numa população. Estas po-
dem ser influenciadas por condições físicas do ambiente - tem-
peratura e disponibilidade de água, por exemplo. No processo
da evolução, as mutações genéticas podem alterar as taxas de
nascimento e morte, novas linhagens de indivíduos podem se
tornar comuns numa população e sua composição genética glo-
bal pode mudar. Outros tipos de organismos, como itens de
alimentação, patógenos e predadores, também influenciam os
nascimentos e as mortes de indivíduos numa população. Em
alguns casos, tais interações podem produzir oscilações dramá-
ticas de tamanho da população ou variações menos previsíveis
desta. As interações entre diferentes tipos de organismos são o
ponto comum das abordagens de população e comunidade. I Fig. 1.4 Correntes oceânicas e ventos transportando umidade e calor
A abordagem de comunidade na Ecologia focaliza a com- sobre a Terra. Esta imagem de satélite do oceano Atlântico Norte na
preensão a diversidade e abundâncias relativas de diferentes primeira semana de junho, 1984, mostra a Corrente do Golfo movendo-
se ao longo da costa da Flórida e se separando em grandes vórtices à
tipos de organismos vivendo juntos no mesmo lugar. A abor-
medida que começa a atravessar o Atlântico em direção ao norte da
dagem da comunidade se concentra nas interações entre as Europa. A água quente está indicada em vermelho e a fria em verde ou
populações, que tanto promovem quanto limitam a coexistên- azul, e em seguida em vermelho no alto da figura. Cortesia de Otis Broam.
cia de espécies. Estas interações incluem relações de alimenta- Roberl Evans e Mark Carie, University of Miami Rosenstiel School of Marine and
ção, que são responsáveis pelo movimento de energia e ma- Atmospheric Science.
INTRODUÇÃO
tribuições de organismos, as dinâmicas das populações, a com- existir, mas foram também os ancestrais de todas as formas de
posição de comunidades e a produtividade dos ecossistemas. vida. As bactérias fotossintetizadoras em alguns dos
Compreender as variações naturais no clima, como o El Nino, ecossistemas primordiais produziram oxigénio como
e as variações provocadas pelos humanos, como a formação subproduto quando assimilaram dióxido de carbono. O resul-
do buraco de ozônio sobre a Antártica e a conversão de terras tante- aumento na concentração de oxigénio na atmosfera e nos
de pasto em deserto em grande parte da África, é também uma oceanos (l Fig. 1.6) acabou por permitir a evolução de formas
meta importante da abordagem de biosfera na Ecologia. de vida móveis e complexas com altas demandas metabólicas,
que têm dominado a Terra nos últimos 500 milhões de anos.
À medida que essas novas formas de vida evoluíram, contu-
As plantas, os animais e os
do, os tipos mais primitivos sobreviveram por causa de suas
microorganismos representam capacidades bioquímicas únicas que permitiram a eles usar
diferentes papéis nos sistemas recursos e tolerar condições ecológicas não acessíveis aos seus
descendentes mais complexos. De fato, as características dos
ecológicos ecossistemas modernos dependem das atividades de muitas
formas variadas de vida, com cada grupo maior preenchendo
As características que distinguem as plantas, os animais, os
um único e necessário papel na biosfera.
fungos, os protistas e as bactérias (procariotas) têm importan-
tes implicações no modo pelo qual estudamos e chegamos a
compreender a Natureza. Os diferentes tipos de organismos As plantas usam a energia da luz do Sol
têm diferentes funções nos sistemas naturais (l Fig. 1.5). As para produzir matéria orgânica
maiores e mais notáveis formas de vida, plantas e animais,
elaboram uma grande parcela das transformações de energia Todos os sistemas ecológicos dependem da transformação de
dentro da biosfera, mas não mais do que as infinitas e invisí- energia. Para a maioria dos sistemas, a fonte de energia em
veis bactérias nos solos, água e sedimentos. última instância é a luz do Sol. Na terra, as plantas usam a
Mais ainda, as plantas e os animais são desenvolvimentos energia solar para sintetizar moléculas orgânicas a partir do
relativamente recentes na longa história da evolução da Ter- dióxido de carbono c da água. A maioria das plantas tem es-
ra. Os primeiros ecossistemas eram dominados por bactérias truturas com grandes superfícies de exposição - suas folhas -
de várias formas, que não somente modificaram a biosfera, tor- para capturar a energia solar. Suas folhas são finas porque a
nando possível que formas de vida mais complexas pudessem área da superfície para a captura da luz é mais importante do
Archaebacteria
Organismos procariotas simples com ausência de um núcleo organizado e também
de outras organelas celulares. Adaptados para viverem em condições extremas de
alta concentração de sal, alta temperatura e pH (ambos ácido e alcalino).
Eubacteria
As relações entre Archaebacteria, Como Archaebacteria, organismos procariotas simples tendo uma ampla variedade
Eubacteria e as outras formas de vida de rcações químicas de importância ecológica nos ciclos dos elementos através do
não estão ainda solucionadas. ecossistema. Muitas formas são simbióticas ou parasitas.
Vários protislas
Um grupo extremamente diverso de organismos eucarióticos unicelulares com
membranas nucleares e outras organelas, desde o mofo-cje-lodo e protozoários até
algas fotossintetizadoras vermelhas, marrons e verdes.
Algas verdes
Uma das linhagens de protistas fotossintetizadores, responsáveis pela maior parte
Ancestral da produção biológica nos sistemas aquáticos, e que se pensa terem sido as
comum ancestrais das plantas verdes.
Plantas verdes
Organismos complexos (fotoautotróficos) fotossintetizadores, primariamente
terrestres, responsáveis pela fixação da maior parte do carbono orgânico na
biosfera.
Fungos
Os eucariotas evoluíram provavelmente Principalmente organismos heterotróficos terrestres, de grande importância na
quando um procariota envolveu outro reciclagem de detritos de plantas nos ecossistemas. Muitas formas são patogênicas
e "sequestrou" seu processo bioquímico e outras importantes simbioses (liquens, micorrizos).
em seu próprio benefício.
Animais
Organismos heterotróficos terrestres e aquáticos, que se alimentam de outras
formas de vida ou de seus restos. A complexidade e a mobilidade levaram a uma
notável diversificação da vida animal.
l Fig. 1.5 Organismos diferentes têm diferentes funções nos sistemas naturais. Asdivisões maiores da vida e suas relações evolutivas são mostradas
pelo padrão de ramificações à esquerda.
INTRODUÇÃO
Presente -
20
Primeiras
plantas
com flores
/
15
Invasão da—_^__
terra
Invertebrados -
Organismos de —___^
corpo mole Mais de 3
bilhões di ,mos
M se passaram ,itr
O Cianobactéria Exoesquclctos ^^^ f que níveis de
oxigénio
\ almoslériio
.— <£ pudessem
Início
da vida /
/
Primeira bactéria
/
Primeiro
\
Organismos
sustentar
organismos
mullicelui.uvs.
que o corpo. Caules rígidos sustentam suas partes acima do Os animais se alimentam de outros
solo. Para obter carbono, as plantas assimilam dióxido de car- organismos ou de seus restos
bono gasoso da atmosfera. Ao mesmo tempo, elas perdem
quantidades prodigiosas de água por evaporação do tecido de O carbono orgânico produzido pela fotossíntese proporciona
suas folhas para a atmosfera. Assim, as plantas precisam de um alimento, direta ou indiretamente, para o resto da comunida-
suprimento constante de água para substituir a perda durante de ecológica. Alguns animais consomem plantas; alguns con-
a fotossíntese. Não é de surpreender que a maioria das plan- somem animais que comem plantas; outros consomem os res-
tas esteja firmemente enraizada no solo, num contato cons- tos mortais de plantas ou animais.
tante com a água contida nele. Aquelas que não estão, tais como Os animais e as plantas diferem em muitos aspectos impor-
as orquídeas e outras "plantas aéreas" tropicais (epífitas), po- tantes além de suas fontes de energia (l Fig. 1.8) Os animais, tal
dem ser fotossinteticamente ativas somente em ambientes
úmidos imersos em nuvens de vapor (l Fig. 1.7)
l Fig. 1.8 As plantas obtêm sua energia do Sol e os animais obtêm sua
energia das plantas. Um mamífero pastador na vegetação em uma savana
no leste da África enfatiza a diferença fundamental entre as plantas, que
l Fig. 1.7 As epífitas aéreas formam ecossistemas inteiros. Estas plantas assimilam a energia solar e convertem o dióxido de carbono atmosférico
crescem bem acima do solo sobre os galhos das árvores em florestas em compostos orgânicos de carbono, e os animais, que obtêm sua energic
pluviais tropicais. Foto de R.E. Ricklefs. em última instância da produção das plantas. Foto de R. E. Ricklets.
INTRODUÇÃO
como as plantas, precisam de grandes superfícies para trocar subs- fungos digerem seus alimentos externamente, secretando áci-
tâncias com seus ambientes. Contudo, por não precisarem cap- dos e en/imas em sua vizinhança imediata, cortando através
turar luz como fonte de energia, suas superfícies de troca podem da madeira morta e dissolvendo nutrientes resistentes dos
estar contidas dentro do corpo. Um modesto par de pulmões minerais do solo. Os fungos são os agentes principais da po-
humanos tem uma área superficial de cerca de 100 metros qua- dridão - desagradável aos nossos sentidos e sensibilidades,
drados, o que é metade de uma quadra de ténis. O intestino tam- talve/, mas muito importantes para a função do ecossistema.
bém apresenta uma grande superfície através da qual os nutri-
entes são assimilados para dentro do corpo. Por exemplo, o in-
testino de uma ave do tamanho de um tordo tem cerca de 30 Os protistas são os ancestrais unicelulares
centímetros e uma área superficial de absorção de mais de 200 das formas de vida mais complexas
centímetros quadrados, ou cerca de metade do tamanho desta
Os protistas são um grupo altamente diverso de organismos com
página. Ao internalizar suas superfícies de troca, os animais po-
dem atingir formas corporais volumosas e aerodinâmicas, e de- maioria unicelular, que inclui as algas, os mofos-de-lodo e protozo-
senvolver sistemas musculares e ósseos que tornam possível a ários. I lá uma desnorteante variedade de protistas preenchendo
quase todos os papéis ecológicos. Por exemplo, as algas, incluindo
mobilidade. Nos ambientes terrestres, as superfícies internalizadas
dos animais também perdem menos água por evaporação do as diatomáceas, são os principais organismos fotossintetizadores na
que as folhas expostas das plantas, e assim os animais terres- maioria dos sistemas aquáticos. As algas podem formar gran-
tres não precisam ser continuamente supridos de água. des estruturas semelhantes "a plantas - algumas algas marinhas
podem ter até 100 metros de comprimento (veja, por exemplo,
i' a Fig. l .23) - mas suas células não são organizadas em tecidos
Os fungos são decompositores altamente e órgãos especializados como os que se vê nas plantas.
eficientes Os outros membros deste grupo não são fotossintetizado-
res. Os foraminíferos e radiolários são protozoários que se ali-
Os fungos assumem papéis únicos no ecossistema devido à sua mentam de pequenas partículas de matéria orgânica ou ab-
forma distinta de crescimento. A maioria dos fungos, como as sorvem pequenas moléculas orgânicas dissolvidas, e que se-
plantas e os animais, são organismos multicelulares (exceto para creta m conchas de calcita ou silicato. Alguns dos protozoários
levedos e seus parentes). Mas, diferentemente das plantas e dos ciliados são predadores eficientes - sobre outros microorga-
animais, o fungo cresce a partir de um esporo microscópico nismos, naturalmente.
sem passar pelo estágio embrionário. A maioria dos organis-
mos fúngicos é feita de estruturas filamentosas chamadas de
hifas, que só têm uma célula de diâmetro. Estas hifas podem As bactérias têm uma ampla variedade de
formar uma rede solta, que pode invadir os tecidos vegetais mecanismos bioquímicos para as
ou animais ou folhas e madeira morta na superfície do solo, transformações energéticas
ou crescer para dentro das estruturas reprodutivas que reco-
nhecemos como cogumelos (l Fig. 1.9). Como os fungos po- As bactérias, ou procariotas, são os especialistas bioquímicos do
dem penetrar profundamente, eles rapidamente decompõem ecossistema. Cada bactéria consiste numa célula simples e úni-
material vegetal morto, finalmente tornando muitos dos nu- ca, sem um núcleo e cromossomos para organizar o seu DNA (l
trientes contidos nele disponíveis para outros organismos. Os Fig. 1.10). No entanto, a enorme quantidade de capacidades
metabólicas das bactérias as capacita a executar muitas trans-
formações bioquímicas únicas. Algumas bactérias podem assi-
milar o nitrogénio molecular (N,, a forma comum encontrada
na atmosfera), que elas usam para sintetizar proteínas e ácidos
nucléicos. Outras podem usar compostos inorgânicos como o
sulfeto de hidrogénio (II2S) como fonte de energia. As plantas,
os animais, os fungos e a maioria dos protistas não podem exe-
cutar estes feitos. Além do mais, muitas bactérias vivem sob
condições anaeróbicas (ausência de oxigénio livre) em solos
úmidos e sedimentos, onde suas atividades metabólicas rege-
neram nutrientes e os tornam disponíveis para as plantas. Te-
remos muito mais a dizer sobre o papel especial dos microor-
ganismos no funcionamento do ecossistema.
(a)
l Fig. 1.13 Cada espécie tem um nicho distinto. Quatro espécies de lagartos anólis ocupam nichos em habitat de floresta nas ilhas de Hispaniola e Jamaica
nas Grandes Antilhas, (a) Anólis insólitas, um "anólis-de-graveto" (twig ano/e); (b) A. frirmani, um "gigante-coroado" (crown giant); (c) A. chlorocyanus, um
"anólis-de-tronco-coroado" (trunk-crown ano/e); (d) A. cybotes, um "anólis-de-tronco caído" (trunk-groundanole). Cortesia dejonathan B. Losos.
INTRODUÇÃO 11
l Fig. 1.16 Eventos ecológicos frequentemente apresentam correlação espaço-temporal. Mudanças nos sistemas marinho e atmosférico mostram que
a duração de um evento no tempo usualmente aumenta com o tamanho da área afetada. Segundo J. H. Steele, J. Theor. B/o/. 153:425-436 (1991).
INTRODUÇÃO 13
l Fig. 1.18 Adaptações nas condições ambientais ajudam os organismos a sobreviverem. As colorações crípticas de (a) um mantídeo da Costa Rica e
(b) um sapo arborícola da América do Norte se combinam com os ambientes destes animais e reduzem o risco de serem vistos por seus predadores.
Foto (a) de Michael Fogden/DRK PHOTO; foto (b) de David Northcott/DRK PHOTO.
INTRODUÇÃO 15
latitude surgiu de comparações de observações acumuladas de Isto seria um bom experimento se pudéssemos fazer os sapos
muitos cientistas até que se confirmassem como um padrão cantarem sem alterar outros aspectos de seu comportamento.
geral, ('orno a relação entre a precipitação e o crescimento Para eliminar todas as variáveis exceto o canto, teríamos que
vegetal, este padrão convida a uma explicação. Como muitas nos certificar de que os sapos silenciosos testados na mesma
explicações são plausíveis, é necessário conduzir experimen- noite não atrairiam também as fêmeas. Tais tratamentos, que
tos ou outros tipos de investigações para determinar quais reproduzem todos os aspectos de um experimento com exce-
explicações que melhor se ajustam aos fatos. ção da variável de interesse, é chamado de um experimento
As hipóteses são ideias sobre como um sistema funciona controle. Outro experimento que vem à mente seria registrai-
- isto é, são explicações. Se correta, uma hipótese pode nos os cantos dos sapos machos numa fita, e então reproduzi-los
ajudar a compreender a causa de um padrão observado. Su- através de alto-falantes em diferentes noites, acompanhando
ponha que observemos os sapos machos cantarem em noites o número de fêmeas que são atraídas pelos chamados após os
quentes após períodos de chuva. Se uma quantidade razoável períodos de chuva versus os chamados após os períodos de
de observações produzir poucas exceções a este padrão, ele tempo bom.
pode ser compreendido como uma generalização que nos ca- Os testes de hipóteses geram novas informações que fre-
pacita a prever o comportamento dos sapos a partir do tem- quentemente iniciam rodadas adicionais de formação de hi-
po. Tendo estabelecido a existência de tal padrão, podemos póteses e testes. Por exemplo, se descobrirmos que os sapos
desejar compreendê-lo melhor. Por exemplo, podemos dese- fêmea são mais ativos após o tempo chuvoso, teremos desco-
jar explicar como um sapo responde à temperatura e à chuva; berto um novo padrão que incita a explicação. Deste modo as
podemos também desejar explicar por que um sapo responde descobertas científicas são construídas umas sobre as outras,
do jeito que ele responde. A parte do "como" deste fenómeno gerando uma rica compreensão do funcionamento dos siste-
particular envolve detalhes de percepção sensorial, a recipro- mas naturais.
cidade entre os estímulos ambientais e o status hormonal e os
efetores neuromotores - em outras palavras, envolve proces-
sos fisiológicos. A questão do "por que" lida com os custos e ECOLOGOS NO CAMPO
benefícios do comportamento do indivíduo; é mais ecológico
e evolutivo na Natureza. Se suspeitarmos que os machos can- L/711 teslc experimental de uma hipólcse
tam de maneira a atrair as fêmeas, podemos nos entreter com Para ilustrar como os ecólogos usam os experi-
a ideia de que os machos cantam após as chuvas porque é
mentos para testar uma hipótese, dissecaremos
quando as fêmeas procuram por acasalamentos. Se os machos
um estudo de campo em seus componentes bá-
cantassem em outros períodos, eles poderiam atrair poucos
sicos. Este estudo foi conduzido por Robert
acasalamentos (baixo benefício) mas ainda se exporem à pre- Marquis e Chris Whelan da Universidade do
dação ou outros riscos (alto custo) na tentativa. Agora pode- Missouri em St. Louis.
mos ter gerado diversas hipóteses sobre como os sapos se com-
portam: (1) o canto dos machos atrai as fêmeas e conduz ao Observação: A despeito de uma grande variedade de herbívo-
acasalamento; (2) as fêmeas ativamente buscam por machos ros potenciais, somente uma pequena proporção da área foliar de
somente após as chuvas; (3) o canto impõe um custo, que com- uma floresta é consumida durante a estação de crescimento.
pele os machos a economizar o seu canto para os períodos em Observação: Os pássaros comem insetos.
que possam tirar o máximo dele. Hipótese: A predação pelos pássaros sobre os insetos herbívo-
Se queremos nos convencer de que uma hipótese é válida, ros reduz a quantidade de área foliar consumida.
nos a colocamos em teste. Somente de vez em quando uma Teste experimental: Exclua os pássaros da folhagem através da
determinada ideia pode ser provada acima de qualquer dúvi- construção de viveiros à prova de pássaros (l Fig. 1.19) que per-
da, mas nossa confiança cresce quanto mais exploramos as mitirão aos insetos forragear livremente.
implicações de uma hipótese e verificamos que ela é consis- Controle: Obter dados para árvores não excluídas por vivei-
tente com os fatos. Se nossa segunda hipótese sobre o canto ros comparadas com árvores experimentais para avaliar a vari-
dos sapos fosse verdadeira, esperaríamos observar mais fêmeas ação espacial e temporal nas populações de insetos ou pássaros.
receptivas nas noites após as chuvas do que nas noites após Controles para efeitos experimentais: Devido aos viveiros de
bom tempo. Isto é uma previsão, que é uma declaração que exclusão poderem ter outros efeitos na folhagem (sombreamento,
se segue logicamente de uma hipótese. Se as observações da por exemplo), incluir algumas árvores dentro de viveiros incom-
atividade das fêmeas confirmarem esta previsão, então a hi- pletos que permitam aos pássaros ter acesso à folhagem.
pótese ê fortalecida; se não, a hipótese é enfraquecida, ou tal-
vez mesmo e tompletamente rejeitada. Marquis e Whelan descobriram que quando os pássaros foram
Os testes mais fortes de uma hipótese muitas vezes são os excluídos, o número de insetos registrados na folhagem aumen-
resultados de experimentos, nos quais uma ou um pequeno tou de 70%, e o percentual da área foliar ausente ao fim da esta-
número de variáveis são manipuladas independentemente de ção de crescimento aumentou de 22% para 35%. Estas descober-
outras para revelar seus efeitos específicos. No exemplo dos tas os levaram a concluir que os predadores aéreos reduzem a
sapos, o teste da nossa segunda hipótese seria determinar se o abundância de insetos herbívoros assim como os danos causados
sucesso do acasalamento é menor quando um macho canta pelos herbívoros às árvores. As descobertas também levaram a uma
após tempo bom do que quando ele canta após a chuva. Infe- outra questão: os decréscimos nas populações de pássaros causa-
lizmente, os machos normalmente não cantam, a menos que dos pela fragmentação de florestas no leste dos Estados Unidos e
chova. Talvez, através de alguma manipulação conveniente, em outras partes resultarão num aumento dos danos pelos inse-
pudéssemos disparar o canto de um macho na noite "errada". tos às florestas?
16 INTRODUÇÃO
.'/^fctoi j. _! i->:s.;.fci.
cos" de dióxido de carbono que removem o gás da atmosfera ção do próprio ambiente da espécie humana à medida que
mas que não estavam representados no modelo. Esta discrepân- pressionamos os limites dos sistemas ecológicos que podem
cia fez os modeladores de ecossistemas olharem mais de perto nos sustentar. A compreensão dos princípios ecológicos é um
os processos como a regeneração de florestas e o movimento passo necessário para lidar com estes problemas. Dois exem-
do dióxido de carbono através da interface ar-água. Estes pro- plos mostram isso.
cessos contribuem para descrições mais refinadas do funciona-
mento da biosfera - modelos que proporcionarão previsões mais
precisas do futuro da mudança atmosférica. A introdução da perca do Nilo no Lago
Vitória
Durante a década de 1950 e início dos anos 1960, a perca do
Os humanos são uma parte Nilo foi introduzida no Lago Vitória, um grande e raso lago
que se espalha ao longo do Equador no leste da África. Isto foi
importante da biosfera feito com o propósito bem intencionado de prover alimento
Por que fazemos tudo isso? As maravilhas do mundo natural adicional para as pessoas que viviam na área e uma receita
atraem nossa curiosidade natural sobre a vida e nosso desejo adicional de exportação para a pesca excedente (l Fig. 1.21).
de conhecer as nossas redondezas. Para muitos de nós, esta Contudo, devido a princípios ecológicos básicos terem sido
curiosidade sobre a Natureza e os desafios de assumir uma ignorados, a introdução terminou por destruir a maior parte
abordagem científica para o seu estudo são razões suficientes. da pese a tradicional do lago. Até a introdução da perca do Nilo,
Além disso, contudo, uma compreensão da Natureza está se o Lago Vitória sustentava uma pesca permanente de uma va-
tornando cada vez mais urgente à medida que a crescente riedade de peixes locais, a maioria deles pertencentes à famí-
população humana estressa a capacidade dos sistemas natu- lia Cichlidae, que se alimentava primordialmente de detritos,
rais de manter sua estrutura e funcionamento. Os ambientes plantas e pequenos animais. As percas do Nilo são muito gran-
que as atividades humanas dominaram ou produziram - in- des e comem grandes quantidades de outros peixes: os peque-
cluindo nossos espaços de vida urbanos e suburbanos, nossas nos cidídeos, por exemplo. Contudo, devido à energia ser per-
terras cultivadas, nossas áreas de recreação, nossas plantações dida em cada passo na cadeia alimentar, peixes predadores não
de árvore e áreas de pesca - são também sistemas ecológicos. O podem ser pescados numa taxa tão alta quanto as suas presas.
bem-estar da humanidade depende de manter o funcionamento Além disso, a perca era alienígena para .o Lago Vitória, e os
destes sistemas, sejam eles naturais ou artificiais. Virtualmente ciclídeos locais não tinham comportamentos inatos que os
toda a superfície da Terra é, ou em breve será, fortemente in- ajudassem a escapar da predação. Inevitavelmente, a perca
fluenciada pelas pessoas, senão completamente postas sob seu aniquilou as populações de ciclídeos, levando muitas espécies
controle. Até este momento, os humanos já usurpam mais de únicas à extinção, destruindo a pesca nativa e reduzindo se-
40°/o da produtividade biológica da biosfera. Não podemos as- veramente seu próprio suprimento de comida. Conseqúente-
sumir esta responsabilidade de forma negligente. mente, os hábitos vorazes da perca entre as presas sem defesa
A população humana recentemente ultrapassou a marca dos trouxeram a sua própria derrocada como uma espécie de pei-
6 bilhões, e consome energia e recursos, e produz rejeitos, muito xe explorável e mudaram completamente o ecossistema do
além das necessidades ditadas pelo metabolismo biológico. Isto Lago Vitória. A introdução da perca do Nilo teve consequên-
causou dois problemas relacionados de dimensões globais. O cias secundárias para os ecossistemas terrestres no entorno do
primeiro é o impacto da atividade humana nos sistemas na- lago também. A carne da perca é oleosa e deve ser preservada
turais, incluindo a interrupção de processos ecológicos e a pela defumação em vez de secagem ao Sol, e assim as florestas
exterminação de espécies. O segundo é a constante deteriora- locais foram cortadas rapidamente para fazer fogo.
l Fig. 1.21 A introdução de uma nova espécie em um ecossistema pode ter efeitos drásticos. A perca do Nilo foi introduzida no Lago Vitória na
década de 1950 para aumentar a pesca local, mas levou muitos peixes nativos endémicos à extinção e mudou completamente o ecossistema do lago.
Cortesia de Tim BailyA~he African Angler e ]oe Bucher Tackle Company.
18
Para ser mais preciso, a pesca nativa já estava próxima da Ironicamente, as lontras se beneficiaram de um empreen-
sobreexploração, em consequência de um aumento da popu- dimento marinho comercial diferente, a coleta de kdps, que são
lação humana locai e do uso de tecnologias avançadas não grandes algas do mar usadas para fazer fertilizante. As kdps
tradicionais de pesca. Contudo, uma solução apropriada para crescem em águas rasas em áreas chamadas de florestas de kdp,
estes problemas teria sido o melhor manejo dos ciciídeos e o que proporcionam refúgio e áreas de alimentação para larvas
desenvolvimento de fontes de alimentação diferentes de pei- de peixes d Fig. 1.23). As kdps são também comidas por ouri-
xe, não a introdução de um predador eficiente sobre estes. cos-do-mar, que, quando abundantes, podem limpar uma área.
A lontra-do-mar é o principal predador do ouriço-do-mar.
Quando a população de lontras em crescimento se espalhou
A lontra-do-mar da Califórnia para novas áreas, as populações de ouriços foram controla-
Meio mundo distante do Lago Vitória, os esforços para salvar das, permitindo às florestas de kdp se recuperarem.
a lontra-do-mar ao longo da costa da Califórnia ilustram a Em outras partes, onde outros fatores estão em funciona-
intricada mistura da Ecologia e outras questões humanas (l Fig. mento, a população cie lontras é dedinante. Num relatório
1.22). A lontra-do-mar já foi amplamente distribuída em tor- publicado cm 1998 no periódico Sáence, J. A. Estes c seus cole-
no da faixa do Pacífico Norte do Japão até a Baja Califórnia. gas da Universidade da Califórnia em Santa Cruz mostraram
Nos anos de 1700 e 1800, uma caça intensa por pele de lontra que as populações de lontras na vizinhança das Ilhas Alentas,
reduziu a população quase à extinção. Previsivelmente, a in- Alasca, declinaram precipitadamente durante os anos 1990. A
dústria de peles entrou em colapso à medida que ela razão? Baleias assassinas, que anteriormente não atacavam
sobreexplorou sua base económica. Uma proteção subsequente lontras, têm se aproximado da costa e eliminado grande nú-
capacitou a população da lontra-do-mar do Califórnia a au- mero de lontras. Um resultado previsível da mudança na po-
mentar para vários milhares de indivíduos na década de 1990, pulação de lontras foi um aumento dramático nos ouriços e
bem acima do nível de risco. O sucesso da lontra-do-mar, ora, na dizimação de kdps nas áreas afetadas. Por que as baleias
irritou alguns pescadores da Califórnia, que reclamaram que assassinas mudaram seus comportamentos predatórios recen-
as lontras - cuja pesca não requer licenças comerciais - dras- temente? Estes aponta que as populações das principais pre-
ticamente reduziram os estoques de valiosos moluscos, ouri- sas - focas e leões-marinhos - das baleias assassinas entraram
ços-do-mar e lagostas. O problema deteriorou ao equivalente em colapso durante o mesmo período, talvez induzindo as
marinho de uma guerra territorial entre a indústria pesqueira baleias a procurar por fontes de alimento alternativos. Por que
e os conservacionistas, com a lontra apanhada na linha de fogo, as focas e os leões marinhos declinaram? Pode-se somente
frequentemente fatal. especular neste ponto. Contudo, a pesca humana intensa re-
Nu t n
l Fig. 1.22 As atividades humanas têm efeitos complexos nos ecossistemas. Ali u:is componentes do ecossistema kelp-our\co-lontra são alterados
quando os humanos reduzem as populações de lontras por caça. Segundo J. A. Estes et ai., Science 282: 473-476 (1998).
Muitos países desenvolvidos, incluindo os Estados Unidos e a
maioria fias nações europeias, fizeram grandes avanços na lim-
peza de seus rios, dos seus lagos e de sua atmosfera. Os peixes
estão novamente migrando para a maioria dos grandes rios
da América do Norte e da Europa para se reproduzirem. A
chuva ácida diminuiu graças às mudanças na queima de com-
bustíveis fósseis. A liberação de clorofluorcarbonos (CFC), que
danificam a camada de ozônio que protege a superfície da Terra
da radiarão ultravioleta, diminuiu dramaticamente. A possi-
bilidade do aquecimento global causado pelo aumento do
dióxido de carbono atmosférico desencadeou um esforço de
pesquisa internacional e provocou uma preocupação global.
Os esforços de conservação, incluindo a reprodução em cati-
veiro de espécies ameaçadas, salvaram alguns animais, tais
como o condor da Califórnia, da extinção certa. Eles também
aumentaram a preocupação, pública com as questões ambi-
entais e algumas vezes provocaram controvérsias. Contudo,
sem uma preocupação e compreensão públicas, a ação políti-
l Fig. 1.23 A integridade do habitat de floresta de kelp depende da ca é impossível.
presença de lontras marinhas. A floresta de kelp provê área de i1 Particularmente encorajador é o nível de crescimento cia
alimentação e refúgio para muitas espécies de peixes e invertebrados. As cooperação internacional exemplificada em organizações como
lontras marinhas comem ouriços que de outra forma destruiriam as kelps
a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN),
jovens. Foto de E. Hanauer, cortesia de Paul Dayton.
a International Union for the Conservation of Nature (IUCN) e
o Fundo Mundial para a Vida Selvagem (World Wildlife Fund,
WWF). Além disso, as nações do mundo fizeram diversos acor-
duziu os estoques de peixes explorados pelas focas a níveis dos importantes para a proteção da vida selvagem e da Natu-
baixos o suficiente para afetar seriamente suas populações. reza. Um desses acordos é a Convenção sobre Comércio Inter-
nacional de Espécies Ameaçadas (CITES), que torna ilegal o
Os impactos humanos no mundo transporte de espécies ameaçadas ou de seus subprodutos (pe-
les, penas e marfim, por exemplo) através das fronteiras inter-
natural têm se tornado nacionais, afastando caçadores ilegais dos mercados. Um se-
crescentemente um foco da Ecologia gundo acordo importante é a Convenção do Rio sobre Biodi-
versidade, que reconhece os interesses proprietários dos paí-
Embora a situação de espécies ameaçadas nos toque emocio- ses em suas heranças biológicas e garante taxas e rofíiífics para
nalmente, os ecólogos progressivamente percebem que o único a exploração de plantas e animais locais para usos tais como
meio efetivo de preservar e usar os recursos naturais é através produtos farmacêuticos.
da conservação de sistemas ecológicos inteiros e do manejo Estes sucessos foram baseados num aumento do conheci-
dos processos ecológicos em ampla escala. Espécies individu- mento científico do mundo natural. Compreender a Ecologia
ais, incluindo aquelas das quais os humanos dependem para não irá por si só resolver nossos problemas ambientais em
alimento e outros produtos, dependem elas próprias da ma- todas as suas dimensões políticas, económicas e sociais. Con-
nutenção dos sistemas ecológicos de suporte. Já vimos como tudo, à medida que enfrentamos a necessidade de um manejo
os predadores como a perca do Nilo e a lontra marinha po- global dos sistemas naturais, o sucesso dependerá da nossa
dem assumir papéis chaves no funcionamento dos sistemas compreensão de sua estrutura e funcionamento - uma com-
naturais, para o bem e para o mal, dependendo das circuns- preensão que depende do conhecimento dos princípios da
tâncias. Pela manipulação das populações destas espécies im- Ecologia.
portantes, os humanos podem mudar a composição das co-
munidades biológicas e influenciar o funcionamento de
ecossistemas inteiros. Quando a nossa interferência nos siste- Resumo
mas ecológicos é localizada e focalizada em somente uma ou
umas poucas espécies, é possível lidar com a situação uma vez
que o problema básico seja compreendido. Infelizmente, muito 1. A Ecologia é o estudo científico do ambiente natural e
da nossa influência no ambiente resulta de impactos múlti- das relações dos organismos uns com os outros e com as suas
plos, amplos, difíceis para os cientistas caracterizarem e para redondezas.
os órgãos reguladores e legisladores controlarem. Por esta ra- 2. O organismo, a população, a comunidade, o ecossistema
zão, uma compreensão científica clara dos problemas ambi- e a biosfera representam níveis de organização de estrutura e
entais é um pré-requisito necessário para a ação. funcionamento ecológicos. Eles formam uma hierarquia de
Os jornais diários estão cheios de problemas ambientais: o entidades progressivamente mais complexas.
desaparecimento de florestas tropicais, o buraco do ozônio, o
esgotamento do estoque de peixes, o aquecimento global. As
guerras criaram catástrofes ambientais comoventes assim como *As "samambaias-espada" têm sido uma parte importante da vegetação da Ter-
tragédias humanas. Mas há também histórias de sucesso. ra por milhões de anos.
20 INTRODUÇÃO
gia e elementos químicos em ecossistemas e a biosfera, a di- Quem, Como c Por que
nâmica de populações individuais e as interações de popula-
ções dentro de comunidades ecológicas. Quem pratica Ecologia? Naturalmente, a res-
posta simples é os ecólogos. Os ecólogos são
4. Diferentes espécies de organismos representam diferen- pessoas que usam métodos científicos para
tes papéis no funcionamento do ecossistemas. As plantas e as aprender como os organismos interagem com os
algas fixam a energia solar; os animais e os protozoários con- seus ambientes. A informação que os ecólogos coletam enquanto
somem formas biológicas de energia. Os fungos são capazes praticam Ecologia é importante para compreender como os siste-
de penetrar no solo e no material vegetal morto, e assim re- mas naturais funcionam — e falham em funcionar — sob vários
presentam um papel importante na decomposição de matéri- estresses. As atividades humanas estão progressivamente amea-
as biológicas e na regeneração de nutrientes no ecossistema. çando a capacidade de nosso planeta em sustentar a vida, e os
As bactérias são especialistas bioquímicas, capazes de execu- ecólogos estão à frente da pesquisa com a intenção de compre-
tar transformações tais como a assimilação biológica de nitro- ender o que significam estas ameaças para o futuro da vida na
génio e o uso de sulfeto de hidrogénio como uma fonte de Terra.
energia, ambos componentes essenciais do funcionamento dos Como você pratica Ecologia? Praticar Ecologia requer uma
ecossistemas. capacidade para reconhecer padrões e processos na Natureza e
5. Um habitat de um indivíduo é o lugar no qual aquele uma capacidade para projetar e executar experimentos (frequen-
indivíduo vive. O conceito de habitat acentua a estrutura do temente em locais remotos sob condições adversas). Praticar Eco-
ambiente. O nicho de um indivíduo é as faixas de condições logia também significa treinar jovens estudantes para se tornarem
que ele pode tolerar e as formas de vida que ele pode assumir ecólogos no futuro. E isso requer a comunicação dos resultados
- isto é, seu papel funcional no sistema natural. para outros cientistas que trabalham em problemas semelhantes.
Progressivamente, os ecólogos descobrem que praticar Ecologia
6. Os processos e estruturas ecológicas têm escalas ca-
também significa comunicar as consequências de seus resultados
racterísticas de tempo e espaço. Em geral, as escalas de pa-
para a mídia e para as personalidades eleitas. Ao longo de todo
drões e processos no tempo e no espaço estão correlaciona-
este livro, "Praticando Ecologia" examinará o como, o quê e o
das.
porquê das pesquisas que os ecólogos estão conduzindo no início
7. A variedade e complexidade dos sistemas ecológicos são de um novo milénio.
compreensíveis em termos de um pequeno número de prin- Por que alguém se torna um ecólogo? Se você conduzisse uma
cípios ecológicos básicos. Entre estes está a ideia de que os sis- pesquisa, as razões provavelmente variariam amplamente. Alguns
temas ecológicos são entidades físicas e funcionam dentro de ecólogos provavelmente têm seus interesses despertados, quan-
restrições físicas e químicas que governam as transformações do crianças, durante uma viagem de acampamento anual famili-
de energia. Além disso, todos os sistemas ecológicos trocam ar. Outros podem ter sido inspirados pelo encontro com um bió-
matéria e energia com a sua vizinhança. Quando as entradas logo de campo, ou foram influenciados por um professor na fa-
e saídas estão equilibradas, diz-se que o sistema está num es- culdade. Muitos diriam que eles foram motivados a estudar Eco-
tado estacionário dinâmico. logia pela leitura de Primavera Silenciosa de Rachel Carson ou al-
8. Todos os sistemas ecológicos estão sujeitos à mudança gum outro livro com uma mensagem poderosa relacionando Eco-
evolutiva, que resulta da sobrevivência e reprodução diferen- logia com os problemas e soluções ambientais.
ciada, dentro das populações, de indivíduos que exploram
determinados atributos geneticamente diferentes. Como con- TESTE SEU CONHECIMENTO
sequência da seleção natural, os organismos apresentam adap-
tações de estrutura e funcionamento que os ajustam às condi- 1 . Pesquise os ecólogos em suas faculdades ou universidades e
ções de seus ambientes. numa estação biológica de campo. Você pode considerar procurá-
los através de suas páginas na internet. Onde seus professores fi-
9. Os ecólogos empregam diversas técnicas de estudo dos zeram faculdade e pós-graduação? Se você contatá-los pessoal-
sistemas naturais. As mais importantes destas são a observa- mente, poderia perguntar-lhes que observação, ou livro ou pes-
ção, o desenvolvimento de hipóteses para explicar as obser- soa inspiradora os motivaram a praticar Ecologia.
vações e o teste das hipóteses para confirmar as previsões que
elas geram. Os experimentos são uma ferramenta importante
MAIS ^' ^ Para ^rac^cmS Ecology ("Praticando Ecologia")
no teste das hipóteses. Quando os sistemas naturais não se na internet através do sítio do livro
prestam eles mesmos à experimentação, os ecólogos podem REDE 77je Economy ofNature ("A Economia da Natureza"),
trabalhar com o microcosmos ou modelos matemáticos de sis- em http://www.whfreeman.com/ricklefs, e leia acer-
temas. ca de como e por que o autor do texto e os autores de seu suple-
10. Os humanos representam um papel dominante no fun- mento se tornaram ecólogos.
cionamento da biosfera, e as atividades humanas criaram uma
crise ambiental de proporções globais. Resolver nossos pro-
blemas ambientais agudos exigirá a aplicação inteligente de
*Os ícones "Mais na Rede" aparecem em todo esse texto. Estes ícones indicam
princípios gerais de Ecologia dentro das esferas de ação polí- que o sítio da internet do livro, IVMV. whfreeman.com/ricldefs, contém detalhes adi-
tica, económica e social. cionais sobre este tópico.
INTRODUÇÃO 21
.
Como a sociedade se beneficia do estudo da Ecologia? Como no- Estes. ; A., M. T. Tmker, T. M. Williams, and D. F. Doak. 1998. Killer
tamos, os humanos são uma parte do ecossistema da Terra, e nossas \\ÍLiie predation on sea otters linking oceanic and nearshore sys-
atividades estão assumindo um crescente valor na diversidade da tems. Science 282:473-476.
Franktin, ). F, C. S. Bledsoe, and |. T. Callahan. 1990. Contributions of
vida na Terra. Esta diversidade forma a base dos sistemas de su-
the long term ecological research program. BioSaence 40:509-523.
porte de vida do planeta Terra. Portanto, é incumbência que re- Goldst hmidt, T., F. Witte, and |. Wanink. 1993. Cascading effects of
cai sobre os humanos compreender os efeitos que eles têm sobre the introduced Nile perch on the detritivorous. phytoplanktivo-
os ecossistemas através do crescimento populacional, poluição, rous species in the sublittoral áreas of Lake Victoria. Conservation
habitat, destruição e introdução de espécies invasoras (entre ou- Biology 7:686-700.
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NA um comunicado à imprensa do World Wildlife Fund Margulis, L., and K. V. Schwartz. 1998. Five Kingdoms: An lllustrated
REDE sobre aquecimento global e seu impacto na saúde (htide to the Phyla of Life on Earth, 3d ed. W. H. Freeman, New
humana. Em seguida leia os artigos seguintes de três York.
novas fontes sobre o mesmo assunto. Como os novos artigos dife- Marquis, R. (., and C. Whelan. 1994. Insectivorous birds increase
rem na cobertura e nos detalhes? Os jornalistas analisam o que grc.vvth of white oak through consumption of leaf-chewing in-
os resultados do estudo significam em termos de política geral, sects. Ecology 75:2007-2014.
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