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Bernardo Bernardi
Saltar, correr, estudar, digerir alimentos, todos estes processos envolvem gasto de energético.
Neste sentido, como o organismo consegue extrair a energia dos alimentos? Ainda, como é possível
ficar várias horas e até mesmo dias sem ingerir alimentos? Por fim, como podemos correr durante duas,
três quatro horas sem parar?
Para tanto, o conhecimento sobre o metabolismo e a bioenergética que serão expostos neste texto
permitem responder a estas perguntas.
Não obstante, é preciso enfatizar que particularidades acerca de outras espécies fogem do escopo
deste texto, ou seja, o foco será no ser humano.
1. Metabolismo
O metabolismo é compreendido por todas as reações químicas e transformações do organismo
catalisadas por enzimas. As reações de síntese de moléculas compreendem o anabolismo e as reações
de degradação compreendem o catabolismo. Entre as moléculas sintetizadas estão o glicogênio, os
ácidos nucleicos (DNA e RNA), o triacilglicerol, bem como a síntese de proteínas (NELSON; COX,
2014). É possível observar na figura 1 como precursores mais simples dão origem a moléculas mais
complexas e como os macronutrientes são degradados e oxidados a moléculas mais simples.
Figura 1 – Reações anabólicas e catabólicas
ATP
NADH
NADPH
Moléculas Precursoras FADH2
Produtos Finais sem
Aminoácidos Energia
Monossacarídeos Energia Química
CO2
Ácidos Graxos H2O
Bases Nitrogenadas NH3
3. Glicogenólise
4. Gliconeogênese
O sistema nervoso central dos seres humanos utiliza principalmente glicose como fonte de
energia (NELSON; COX, 2014). Com efeito, este não é capaz de utilizar ácidos graxos, por exemplo.
Neste sentido, a glicemia é rigorosamente controlada por hormônios secretados pelo pâncreas como
insulina e glucagon, mas o fígado tem um importante papel, pois este tanto é capaz de secretar glicose
para a corrente sanguínea pela degradação do glicogênio, como este também é capaz de sintetizar
glicose. A via que sintetiza glicose é a gliconeogênese.
A gliconeogênese utiliza esqueletos de carbono de moléculas que não são glicídios para
sintetizar glicose. A moléculas que podem dar origem a novas moléculas de glicose são aminoácidos
desaminados, o lactato e o glicerol. Algo que não pode ser confundido é que ácidos graxos, em hipótese
algum, podem dar origem a novas moléculas de glicose, contudo o contrário pode ocorrer, ou seja,
moléculas de glicose podem originar novas moléculas de ácidos graxos. O glicerol, apesar de constituir
o triacilglicerol, não é um lipídio.
A síntese de novas moléculas de glicose ganha importância durante o jejum prolongado, sendo
que neste caso os principais precursores serão aminoácidos e glicerol. Em repouso, as concentrações
séricas de lactato estão reduzidas. Neste sentido, é importante lembrar que o lactato é um produto da
glicólise em condições de hipóxia ou quando a via está predominando durante exercícios moderados e
intensos. Durante os exercícios, o lactato ganha relevância como precursor de moléculas de glicose.
Adicionalmente, a glicose sintetizada pelo fígado pode retornar para o músculo e dar origem a uma nova
molécula de lactato, criando-se assim um ciclo denominado, ciclo de Cori, em homenagem ao casal de
cientistas Carl e Gerty Cori, que o descreveram pela primeira vez (NELSON; COX, 2014). Mais adiante
a síntese e metabolização do lactato serão abordados mais detalhadamente.
Na próxima seção iremos abordar como os lipídios são sintetizados.
5. Lipogênese
Os lipídios são armazenados na forma de triacilglicerol. Esta molécula é composta por três
ácidos graxos e uma molécula de glicerol. Assim como na glicogênese, a insulina tem papel fundamental
na ativação da lipogênese, sendo esta característica do estado pós absortivo (MARIEB; HOEHN, 2009).
Outro fator que estimula a síntese de triacilgliceróis, bem como a síntese de ácidos graxos, é o
equilíbrio energético (FRANK I. KATCH, 2016). Sempre que a ingestão de calorias totais for maior
que as calorias necessárias para manter o organismo, o chamado balanço energético positivo, haverá
estímulo para síntese de triglicerídeos e de ácidos graxos. Os ácidos graxos podem ser oriundos da dieta,
mas também podem ser sintetizados a partir de aminoácidos ou glicose.
Os ácidos graxos são sintetizados a partir da molécula de acetil-coenzima A (acetil-CoA), esta
molécula é produzida a partir a partir da glicose ou de aminoácidos desaminados. Quando há abundância
de energia, o destino das moléculas de acetil-CoA são a síntese de lipídeos e não o ciclo do ácido cítrico.
Ademais, é importante reforçar este conceito, pois ainda é forte a crença de que proteínas não
“engordam”. Na verdade, sempre que o balanço energético estiver satisfeito o excesso de aminoácidos
será oxidado, e os esqueletos de carbono desaminados poderão forma acetil-CoA e, consequentemente,
ácidos graxos. No tocante a glicose, se destino primário é a formação do glicogênio, mas caso sobre
glicose, estas poderão servir como substrato para a síntese de ácidos graxos. Por fim, sempre que o
balanço energético estiver em equilíbrio, todos os lipídios ingeridos serão destinados para a formação
de triacilgliceróis.
6. Lipólise
8. Bioenergética
Não obstante, compreendendo que energia não pode ser criada, mas sim transformada, pode-se
realizar a seguinte pergunta: de onde vem a energia que sustenta a vida na terra?
Para a energia dos alimentos, uma caloria ou, mais precisamente, uma quilocaloria (abreviada
kcal), expressa o calor necessário para elevar em 1°C a temperatura de 1 kg ou 1 ℓ de água. Por exemplo,
se um determinado alimento contém 400 kcal, a liberação da energia potencial contida na estrutura
química desse alimento eleva em 1°C a temperatura de 400 ℓ de água. Alimentos diferentes contêm
energia potencial diferente. Meia xícara de pasta de amendoim com um valor calórico de 759 kcal
contém energia térmica equivalente capaz de elevar em 1°C a temperatura de 759 ℓ de água.
Foge do escopo desta obra aprofundar em detalhes as metodologias de como são aferidas a
energia dos alimentos, mas, em resumo, cada 1 g de carboidrato fornece efetivamente 4 kcal, bem como
cada 1 g de lipídeos fornece 9 kcal e cada um 1 g de proteína fornece 4 kcal. É importante ressaltar, que
há certa variação na digestibilidade de certos alimentos (MAHAN; ESCOTT-STUMP; RAYMOND,
2012). Entre os fatores que podem influenciar a digestibilidade estão se o alimento é ingerido cru ou
cozido, e se possui fibras, pois estas não são digeridas.
Não obstante, é notório como os lipídios são os alimentos mais energéticos se comparados a
proteínas e carboidratos. Com efeito, sempre que houver necessidade de restrição energética, como no
caso de dietas com fins de perda de peso, estes deverão ser restringidos.
Além dos conceitos de energia já expostos, outro ponto fundamental para a compreensão da
bioenergética são as reações de oxidação e redução que serão abordados na próxima seção.
9. Oxidação e Redução
Em termos gerais, oxidação e redução podem ser consideradas como reações que doam ou
recebem elétrons. Nas reações de oxidação ocorre uma perda de elétrons. Ademais, as reações de
redução envolvem qualquer processo no qual os átomos em um elemento ganham elétrons. As reações
de oxidação e de redução estão sempre caracteristicamente acopladas, de modo que qualquer energia
liberada por uma reação é incorporada aos produtos de outra reação. Essencialmente, as reações
liberadoras de energia estão acopladas às reações dependentes de energia. O termo agente redutor
descreve uma substância que doa ou perde elétrons quando se oxida. A substância que é reduzida ou
ganha elétrons é chamada de aceptora de elétrons, ou agente oxidante. O termo reação redox descreve
uma reação acoplada de oxidação e redução.
Um exemplo excelente de uma reação de oxidação envolve a transferência de elétrons dentro
das mitocôndrias. Ali, moléculas carreadoras especiais transferem átomos de hidrogênio oxidados e
seus elétrons removidos para que sejam fornecidos ao oxigênio, que se torna reduzido. Os carboidratos,
lipídios e proteínas fornecem a fonte de hidrogênio. Enzimas desidrogenases (oxidases) aceleram
enormemente as reações redox. Duas coenzimas desidrogenases aceptoras de hidrogênio contendo
vitamina B são a nicotinamida adenina dinucleotídeo (NAD+), derivada da vitamina B niacina, e a
flavina adenina dinucleotídeo (FAD), derivada de outra vitamina B, a riboflavina. A transferência de
elétrons de NADH e FADH2 gera energia na forma de ATP (BROOKS, 2012), conforme será abordado
mais adiante.
Na próxima seção será abordado de maneira mais detalhada os processos de transferência de
energia no corpo humano.
É importante ressaltar, que o corpo humano não é capaz de utilizar a energia contida nos
alimentos de maneira direta, pois caso isto ocorresse, seria gerado muito calor e tudo poderia pegar fogo
(FRANK I. KATCH, 2016). Ao contrário, a extração da energia química armazenada nas ligações
químicas dos carboidratos, proteínas e gorduras é liberada em quantidades relativamente pequenas
durante reações complexas e controladas enzimaticamente dentro do ambiente celular aquoso e
relativamente frio. Isso conserva temporariamente uma parte da energia que de outro modo se dissiparia
na forma de calor e fornece maior eficiência para as transformações energéticas. Neste contexto, é
possível dizer que as células recebem a energia conforme necessário.
Se a energia dos alimentos não pode ser utilizada de maneira direta, de onde vem a energia para
o trabalho biológico? A energia utilizada para a contração muscular, transporte transmembrana e nas
reações químicas é a contida na molécula de adenosina trifosfato (ATP), por meio de reações de
transferência de energia denominadas fosforilação.
A molécula de ATP é constituída de adenina, ribose e três moléculas fosfato. As ligações que
unem os dois fosfatos mais externos são chamadas de ligações de alta energia, porque elas representam
uma energia potencial considerável da contida na molécula de ATP. Durante a hidrólise do ATP, este é
convertido em adenosina difosfato (ADP) e fosfato inorgânico (Pi), junto com liberação de energia, mas
também é possível quebrar ambas as ligações de alta energia, e assim formar a adenosina monofosfato
(AMP). O ATP é considerado um composto de fosfato de alta energia, e como alimenta praticamente
todos os tipos de trabalho biológica, é também chamado de moeda energética da célula, conforme pode
ser observado na figura 2.
Condução Nervosa
Digestão Contração
Muscular
Síntese de
Macromoléculas
ATP ATP
Trabalho Trabalho
Biológico Biológico
Além do ATP, outra molécula considerada fosfato de alta energia é PCr. Esta é formada pela
junção de um grupo fosfato e uma molécula de creatina, que é uma amina não proteica. A PCr possui
ligações covalentes de alta energia, que quando hidrolisadas liberam energia suficiente para sintetizar
uma molécula de ATP. Esta reação é acoplada a hidrólise do ATP, sendo, portanto, a via de síntese de
ATP mais rápida, sustentando esforços de até 15 s, conforme pode ser observado na figura 4. A
velocidade com que a hidrólise da PCr supre as demandas de ATP durante o exercício são muito
superiores ao sistema glicolítico. Com efeito, uma das formas de aumentar a eficiência deste sistema
energético é por meio da suplementação de creatina monohidratada, pois assim se consegue aumentar
os estoques de creatina.
Figura 4 – ATP e PCr
ATP ADP + Pi +
PCr Creatina + Pi +
Pode-se considerar que a potência máxima que o ser humano pode realizar só pode ser sustenta
por estes sistemas energético. Exercícios que possuam duração superior a 15 segundos terão uma queda
considerável na capacidade trabalho.
Nas próximas seções será abordado como o organismo consegue sintetizar ATP a partir dos
macronutriente, ou seja, carboidratos, lipídios e proteínas.
A principal forma como o organismo consegue sintetizar é ATP é mediante reações de oxidação
e redução acopladas. A oxidação dos macronutrientes, ou mais precisamente da glicose, dos ácidos
graxos e de alguns aminoácidos desaminados ocorre mediante a doação de átomos de hidrogênio para
moléculas carreadoras de destes átomos, que serão oxidadas na mitocôndria, local em que ocorre a
síntese de ATP (BROOKS, 2012). O agente redutor final é a molécula de oxigênio. As moléculas
carreadoras de átomos de hidrogênio são NAD+ e FAD.
Não obstante, o processo não é tão simples. Em um primeiro momento, as moléculas de glicose,
ácidos graxos e os aminoácidos precisam ser oxidadas até formarem uma molécula de dois carbonos
chamada acetil-CoA. Na sequência, a molécula de acetil-CoA entra no ciclo do ácido cítrico, sendo
oxidada até gás carbônico CO2 e a energia é conservada nas moléculas de NADH e FADH2 (MARIEB;
HOEHN, 2009). Em um terceiro estágio, mais precisamente na membrana mitocondrial interna, as
moléculas NADH e FADH2 irão doar seus elétrons para os citocromos, uma série de proteínas
carreadoras de elétrons contendo ferro. Os citocromos transferem elétrons até o destino final, quando
eles reduzem o oxigênio e formam água. O NAD+ e FAD, então, são reciclados para o uso subsequente
no metabolismo energético. O transporte de elétrons por moléculas carreadoras específicas constitui a
cadeia respiratória. Esta age como a via final comum, em que os elétrons extraídos do hidrogênio são
transferidos para o oxigênio. Com efeito, no curso da transferência de elétrons, a grande quantidade de
energia liberada é conservada na forma de ATP, por um processo chamado de fosforilação oxidativa.
Para tanto, a energia proporcionada pela oxidação de NADH e FADH2 é responsável pela
ressíntese de ADP para ATP, porém é necessária também uma quantidade adicional de energia para
lançar a NADH do citoplasma na célula através da membrana mitocondrial para levar H+ até o
transporte de elétron. Essa maior troca de energia decorrente do lançamento de NADH através da
membrana mitocondrial reduz a produção efetiva de ATP para o metabolismo da glicose e modifica a
eficiência total da produção de ATP. A oxidação de uma única molécula de NADH produz em média
apenas 2,5 moléculas de ATP. Esse valor decimal para ATP não indica a formação de meia molécula
de um ATP, e sim o número médio de ATP produzido por oxidação de NADH com a energia para o
transporte mitocondrial subtraída. Quando FADH2 doa hidrogênio, será formada a seguir apenas 1,5
molécula de ATP para cada par de hidrogênio oxidado.
Por fim, conforme mencionado anteriormente, a fosforilação oxidativa é responsável por mais
de 90 % da síntese de ATP, contudo alguns fatores podem inibir esta via, como a disponibilidade de
oxigênio ou número insuficiente de mitocôndrias e suas respectivas enzimas (FRANK I. KATCH,
2016). Ambas as situações são características dos esforços intensos, também denominados anaeróbios.
Nestes casos, a síntese de ATP deverá ser suprimida elas vias anaeróbias (PCr e glicólise). Esta última
será abordada após breve explicação do ciclo do ácido cítrico.
O Ciclo do ácido cítrico, também chamado de ciclo do ácido tricarboxílico ou ciclo de Krebs,
em homenagem ao seu descobridor, Hans Krebs, pode ser considerado o centro gerador de energia livre
para o trabalho. Ainda, o nome ácido cítrico faz menção a primeira reação do ciclo, em que o acetil-
CoA é condensado com oxaloacetato para formar citrato, catalisada pela enzima citrato sintase
(NELSON; COX, 2014). Entretanto, esta obra não irá aprofundar nos detalhes deste ciclo complexo de
oito etapas, todas elas contendo enzimas, sendo algumas delas reguladoras.
Contudo, é imprescindível ressaltar que este ciclo pode ser comparado a um motor, cujo
combustível é o acetil-CoA, pois cada rodada completa do ciclo, a partir de um grupo acetil com dois
carbonos gera duas moléculas de CO2, três NADH, um FAD e uma molécula de ATP ou guanosina
trifostado (GTP), que possui ligações de alta energia iguais ao ATP, mas com alteração na base
nitrogenada. Neste sentido, é possível perceber que para cada acetil-CoA que adentra o ciclo, serão
gerados 10 ATPs. É possível observar na figura 5 abaixo as diversas fontes de acetil-CoA que alimentam
o ciclo de Krebs.
Figura 5 – Origens do acetil-CoA
Glicose
Glicólise
Cadeia
Cetólise Transportadora de
Elétrons e ATP
Fosforilação
Corpos
Oxidativa
Cetônicos
Trabalho
Biológico
Nas próximas seções serão abordadas de maneira resumida cada uma das vias que geram acetil-
CoA e, consequentemente, alimentam o ciclo de Krebs.
10.4. Glicólise
Glicogênio
9 Etapas ↑ O2
Piruvato + 2 ou 3 acetilCoA
Glicose Glicose-6-
fosfato ATPs + 2 NADH (Mitocôndria)
↓ O2
Lactato + NAD
Na próxima seção será aborda a formação do acetil-CoA a partir dos ácidos graxos.
10.5. β-oxidação
A β-oxidação é o processo por meio do qual os ácidos graxos são convertidos em acetil-CoA
(TURNER et al., 2014). Este processo ocorre dentro das mitocôndrias. Contudo, uma etapa limitante da
oxidação dos ácidos graxos é a sua entrada na mitocôndria, cuja molécula de carnitina compõe o
complexo enzimática que irá carrear os ácidos graxos do citoplasma para dentro da mitocôndria. Após
a entrada, os ácidos graxos são oxidados para formar acetil-CoA reduzindo os carreadores de elétrons
NAD e FAD. Com efeito, um dos ácidos graxos mais comuns no corpo humano é o ácido palmítico,
que possui 16 carbonos. Abaixo é possível observar a equação balanceada da oxidação completa deste
ácido graxo:
Nota-se que que são formadas oito moléculas de acetil-CoA, sete de FADH2 e sete de NADH.
Ainda, cada molécula de acetil-CoA entrará no ciclo do ácido cítrico para assim gerar ATP, três NADH
e um FADH2. Neste sentido, já possível perceber o quão energético é um ácido graxo, mas a tabela 2
contém o rendimento energético da oxidação completa do ácido palmítico.
Apesar de serem extremamente energéticas, os ácidos graxos são o combustível do repouso, do
jejum prolongado e dos exercícios de baixa intensidade e longa duração. A utilização dos ácidos graxos
nos esforços de alta intensidade é bastante limitada. A partir deste conceito, não é incomum perceber
indivíduos realizando exercícios em baixa intensidade com o intuito de perder peso, contudo a
quantidade de lipídios em gramas oxidada por minuto de exercícios não passa de um grama. Sendo
clinicamente insignificante.
Na próxima seção será abordado com os aminoácidos podem formar acetil-CoA
O acetil-CoA formado no fígado durante a oxidação dos ácidos graxos pode entrar no ciclo do
ácido cítrico ou sofrer conversão a “corpos cetônicos”, acetona, acetoacetato e D-β-hidroxibutirato, para
exportação a outros tecidos.
A acetona, produzida em menor quantidade do que os outros corpos cetônicos, é exalada. O
acetoacetato e o D- β -hidroxibutirato são transportados pelo sangue para outros tecidos que não o fígado
(tecidos extra-hepáticos), onde são convertidos a acetil-CoA e oxidados no ciclo do ácido
cítrico, fornecendo muito da energia necessária para tecidos como o músculo esquelético e cardíaco e o
córtex renal. O cérebro, que usa preferencialmente glicose como combustível, pode se adaptar ao uso
de acetoacetato ou D-b-hidroxibutirato em condições de jejum prolongado, quando a glicose não está
disponível. A produção e exportação dos corpos cetônicos do fígado para tecidos extra--hepáticos
permite a oxidação contínua de ácidos graxos no fígado quando acetil-CoA não está sendo oxidada no
ciclo do ácido cítrico.
É possível perceber que o metabolismo anaeróbio tem baixa produção energética se comparado
ao aeróbio, contudo sua relevância se dá pela velocidade com que consegue fornecer energia. Ademais,
é importante a compreensão de que estes sistemas energéticos funcionam em mecanismo de
sobreposição, e não de maneira separada conforme pode ser observado na figura 7.
Figura 7 – Sistemas Energéticos
Sistemas Energéticos
TAXA DE PORDUÇÃO DE
ENERGIA
0 2 15 60 120 Infinito
TEMPO (S)
12. Conclusão
Este texto demonstrou as principais vias metabólicas, bem como os contextos em que predominam.
E é justamente este um dos pontos fundamentais, ou seja, o dinamismo do metabolismo e das reações
químicas. É de extrema importância entender que as vias de síntese e degradação, ou mesmo as vias de
relacionadas a transferência de energia se sobrepõem em resposta a alimentação, jejum e intensidade do
esforço.
Por fim, também é importante entender que há muito mais complexidade nestas vias metabólicas do
que foi exposto.
Referências