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Introdução ao Metabolismo

Objetivos

 Compreender o metabolismo;
 Explicar a importância da energia para o organismo;
 Expor como a energia é liberada através do ATP.
Por que demandamos energia?
 A estabilidade das reações químicas dos processos físico-químicos do organismo
contrariam a tendência termodinâmica de equilíbrio. A chamada lei zero propõe que se
A=B e B=C, então A=C. Para que o organismo mantenha sua estabilidade independente do
meio, o corpo necessita de energia para contrariar essa lei.

A em equilibrio con C
Fontes de energia
 Os organismos fototróficos obtém energia a partir da luz solar, outros oxidam compostos do
ambiente, os quimiotróficos, dentre os quais podem ser:
 quimiolitotróficos: oxidam compostos inorgânicos;
 quimiorganotróficos: oxidam compostos orgânicos, grupo no qual nos encontramos.
Como os compostos liberam energia?
 A oxidação dos nutrientes libera prótons e elétrons e os átomos de carbono são convertidos
em dióxido de carbono por ação de coenzimas que passam da forma oxidada à reduzida
num processo que sintetiza uma molécula rica em energia, o ATP.
Reações favoráveis e desfavoráveis
 A=Reação exergônica
 B=Reação endergônica
Liberação de energia pelo ATP
 A hidrólise do ATP é termodinamicamente viável apenas quando as concentração dos componentes é
padrão, ou seja, 1M.

 As condições encontradas nas células entretanto são muito variáveis.


 ATPases: catalisam a hidrólise do ATP, sem essas, a reação é lenta e libera calor, energia essa não
aproveitável para as células.
 As ATPases por outro lado têm atividade rigorosamente controlada, dessa forma, a molécula de ATP
não é hidrolisada indiscriminadamente, mas pode ser reservada.
 O mais comum para a liberação de energia do ATP é a transferência do grupo fosfato à moléculas
aceptoras.
O ATP possibilita reações desfavoráveis
 Não por liberação de energia, mas por intermediação de processos, o ATP facilita algumas
reações
 Síntese de compostos fosforilados que não são produzidos por P inorgânico.
 Um exemplo: na imagem abaixo, a primeira reação é desfavorável, mas a molécula de ATP
a facilita.
O mesmo ocorre nas sínteses
 Em reações de síntese, a molécula de ATP pode se ligar ao reagente (1) e liberar o P,
facilitar assim a síntese dos reagentes (1) e (2) com a dissociação do P.
Outras funções do ATP
• Interação com enzimas alostéricas
Modulação da • Fosforilação de enzimas por transferência do grupo fosfato
atividade terminal do ATP por hidrólise do P por fosfatase ou proteína
enzimática: aceptora com atividade enzimática de ATPase.

• O ATP fica predominantemente no interior da célula, quando


liberado nos neurônios, passa a ser chamado de purinérgico.
Neurotransmissores
No meio extracelular, pode fazer ligações com os receptores
purinérgicos, e atuar como neurotransmissor ou modulador da
proliferação e diferenciação celulares.
Aplicação terapêutica: antagonistas de nucleotídeos que
agregam plaquetas.
Os macronutrientes:

 Além da função energética, os precursores, que serão decompostos no organismo de acordo


com suas necessidades, também são fundamentais para a conservação e aumento de massa.

 Os três macronutrientes que o ser humano geralmente consome são carboidratos, lipídeos e
proteínas, decompostos respectivamente em glicose, ácidos graxos e aminoácidos através das
vias metabólicas que funcionam de maneira inter-relacionadas e coordenadas.
Conversão de macronutrientes: possível, mas não
indiscriminada
As proteínas são mais versáteis:
Reações irreversíveis

 A maioria das reações é passível de reversão, exceto:

Piruvato → Acetil-CoA
Acetil-CoA + Oxaloacetato → Citrato + CoA
α-Cetoglutarato → Succinato
Ile, Leu, Lys, Phe → Acetil-CoA
Informações importantes:

 Se as células não aproveitam a energia liberada em forma de calor, por que então é
importante produzi-lo?

Manutenção da temperatura dos organismos, homeotérmicos


apenas.

Efeito Q10: quando a temperatura aumenta 10ºC, a velocidade


das reações é dobrada.
Algumas questões

1. Por que é inconveniente dizer que o ATP doa energia para reações inviáveis?
2. Os indivíduos podem sobreviver se alimentando de apenas um macronutriente? Qual? Por
quê?
3. O organismo possui carboidratos, lipídeos e proteínas. Por que ainda assim a ingesta desses
é necessária?
4. Sobre o calor liberado como forma de energia, explique sua importância já que este não
pode ser aproveitado pelas células.
5. Por que é importante que as ATPases tenham sua função rigorosamente controlada?
Referências
MARZZOCO, Anita; TORRES, Bayardo Baptista. Bioquímica básica. 3. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, c2015. xii, 386p. ISBN 9788527712842. (Disponível no Acervo; livro
eletrônico).
FIGUEIRA, Tiago R. Energia, ATP e sua re-síntese: Princípios da Bioenergética
(termodinâmica) e da Transdução de Energia. São Paulo: EEFERP/USP, 2019. Disponível em:
https://edisciplinas.usp.br/mod/resource/view.php?id=2671007. Acesso em: 4 set. 2021.
Metabolismo de Carboidratos
Recapitulando alguns conceitos:
Carboidratos (CH2O)
Monossacarídeos
Nº de carbonos = oses (trioses, tetroses, pentoses, hexoses, heptoses.
Mais comuns: glicose e frutose (hexoses).

Dissacarídeos e oligossacarídeos
União de dois ou mais monossacarídeos.
Exemplos: maltose (glicose + glicose)
Lactose (glicose + galactose)
Sacarose (glicose + frutose)
Polissacarídeos

União de múltiplos monossacarídeos.


Ex: carboidratos de armazenamento como glicogênio e amido.
A glicose e o consumo de carboidratos
 A glicose é o principal substrato oxidável para a maioria dos organismos, além de ser o único e portanto,
imprescindível para hemácias, cérebro e neurônios.
 Contudo, no comum das dietas (humanas) são pouco ingeridas como mostra o gráfico abaixo:

Quantidade de carboidratos ingeridos


em %

5%
5%
Amido
Sacarose
Lactose
Glicose e outros
monossacarídeos
35% 55%
Os outros monossacarídeos:
 A glicose é a fonte mais utilizada como fonte de energia, mas:

Frutose acelera a glicólise

1
A galactose pode ser convertida em
glicose

2
Oxidação da glicose
 Glicose: fonte de energia livre que pode ser conservada.
 Oxidação (glicólise): anaeróbia (menor que 10%) aeróbia: alto rendimento energético

Processo 1 (no citoplasma) Processo 2 (na mitocôndria) a partir do piruvato.


Coenzimas NAD+ E FAD
 O transporte de H+ e e- é realizado pelas coenzimas oriundas de vitaminas do complexo B: nicotinamina
(B3) e riboflavina (B2). Respectivamente: NAD+ e FAD, ou nicotinamida adenina dinucleotídio e flavina
adenina dinucleotídio.
Como ocorre o transporte nas coenzimas?
 As moléculas se ligam ao Hidrogênio e passam da forma oxidada à forma reduzida:

NAD+ NADH FAD FADH


• A molécula de  gliceraldeído 3-fosfato prossegue a via
glicolítica, pela ação da triose fosfato isomerase;
• Reações irreversíveis: setas indicando uma única
Glicólise direção.

 Em resumo: há a retenção, desestabilização e clivagem da glicose em duas moléculas de três carbonos.


Após, há a produção de ATP.
Saldo:

Glicose – 2 piruvato
2 ATPs 2 ATPs
(Fosfofrutoquinase) 2 NADH
2 ATPs – 4 ATPs

2 NAD+ – 2 NADH

FAD: 1,5 ATP/H+


NAD: 2,5 ATP/H+
Restauração do NAD+
 O NAD+ precisa ser regenerado devido ao número limitado dessas moléculas nas células. Essa regeneração
se dá através do metabolismo do piruvato.

Fermentação lática

Fermentação alcoólica
Glicólise anaeróbias - Fermentacões
 Ocorre no citoplasma quando a mitocôndria não tem O2 disponível para uso.
 Padrão da fermentações :
1. Via glicolítica: Glicose – piruvato com formação de NADH
2. Regeneração: oxidação do NADH em NAD+
 Humanos: fermentação lática conforme a equação geral a seguir:
Interagindo:
 Por que sentimos dor ao exercitar a musculatura? Ácido lático?
Ácido lático e dor muscular? Não é bem assim...

 NÃO há produção de ácido lático para gerar acidose e dor em caso de intenso exercício da
musculação. Entendamos a reação:

 A lactato desidrogenase produz lactato e esse por sua vez, CONSOME prótons, de forma que a
acidose decorre do simporte de lactato e prótons para o plasma, de forma que os prótons hidrolisam
moléculas de ATP.
Transportadores de glicose
Vitaminas no metabolismo
 Complexo multienzimático piruvato desidrogenase:
1. Três enzimas: piruvato desidrogenase (E1), di-hidrolipoil transacetilase (E2) e di-hidrolipoil desidrogenase
(E3). 
2. Cinco cofatores: tiamina pirofosfato (TPP), ácido lipoico, coenzima A (CoA), flavina adenina FAD e NAD+.
Dos quais:
 4 provêm de vitaminas, respectivamente: tiamina (B1), ácido pantotênico (B5), riboflavina (B2) e
nicotinamida (B3).
Qual a conexão da glicólise com o ciclo de Krebs?

 Em condições aeróbias, o piruvato passa do citoplasma à mitocôndria e se converte em acetil-


CoA (irreversivelmente) deixando de ser o aceptor final de elétrons, função que passa a ser
cumprida pelo NAD+.
 O acetil-CoA é o que interliga a glicólise ao ciclo de Krebs.

Complexo piruvato desidrogenase


E como ocorre a conversão do piruvato a acetil-
CoA?
1. TPP: descarboxila o piruvato e se liga a ele.
2. Oxidação do grupo hidroxietila a acetila e transfere à forma oxidada (forma
dissulfeto) do ácido lipoico, que se reduz a ácido acetilas-lipoico.
3. di-hidrolipoil transacetilase: transfere o grupo acetila para a CoA – (acetil-
CoA) e a forma dissulfidrila do ácido lipoico.
4. Ácido lipoico reduzido é oxidado pela di-hidrolipoil desidrogenase,
5. Flavoproteína contendo FAD, que recebe os H+ e e- e os transfere ao
NAD+, que incorpora um próton e dois elétrons.
6. O NADH formado é oxidado na cadeia de transporte de elétrons .
Galactosemia
 A falta de galactose 1-fosfato uridil transferase é um problema devido à toxicidade da
galactose.
 Crianças com distúrbios podem apresentar retardo de crescimento, vômitos ou diarreia após
consumo de leite, e comumente têm hepatomegalia e icterícia, às vezes progredindo para
cirrose.
 Galacitol: por osmose, a água migra para o cristalino – catarata.
Questões
 1. De acordo com o que foi estudado hoje, cite a importância da ingesta de vitaminas. Qual o
grupo?
 2. Refute: durante uma musculação intensa o oxigênio pode faltar, a fermentação liberará um
pouco de energia, mas produzirá ácido lático, gerando dor.
 3. A produção bruta de ATP do metabolismo da glicose a partir de duas moléculas de piruvato
é de quatro moléculas de ATP. Contudo, a produção efetiva é apenas de duas moléculas de
ATP. Por que são diferentes os valores bruto e efetivo?
 4. Por que a glicólise é mais rápida após a infusão de frutose?
Referências:

 MARZZOCO, Anita; TORRES, Bayardo Baptista. Bioquímica básica. 3. ed. Rio de


Janeiro: Guanabara Koogan, c2015. xii, 386p. ISBN 9788527712842. (Disponível no
Acervo; livro eletrônico).
 BERG, Jeremy Mark; TYMOCZKO, John L.; STRYER, Lubert. Bioquímica. 7. ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. xxi, 1162 p. ISBN 9788527723619. (Disponível no
Acervo). Nº de Exemplares: 8

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