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Metabolismo de Bases Nitrogenadas – Síntese, degradação e importância – Bioquímica II

Beatriz Calsolari 2024

Parte I – Metabolismo de Nucleotídeos

Nucleotídeos

Estrutura dos ácidos nucleicos e dos nucleotídeos


Ácidos nucléicos são polímeros de nucleotídeos. Os nucleotídeos são constituídos por:
base, açúcar e fosfato.
Estrutura dos nucleotídeos: Éster de fosfato de pentose que apresenta a base
nitrogenada ligada ao C¹.
• Base nitrogenada pode ser purina (adenina e guanina) ou pirimidina (uracil, timina
e citosina). Bases nitrogenadas são moléculas planares, aromáticas e heterocíclicas
(não possuem apenas carbono e hidrogenio). Purinas formam a ligação glicosídica
pelo N9 e pirimidinas pelo N1.
• Grupamento fosfato está ligado em outro carbono e, em pH fisiológico, os
grupamentos fosfatos se encontram ionizados.
• Em relação ao açúcar, o DNA apresenta desoxirribose formando
desoxirribonucleotídeo (usados mais para a síntese de DNA), enquanto o RNA possui
ribose formando ribonucleotídeo (usados mais para ativações e sinalizações), as
riboses são mais encontradas na forma Beta-D-ribose.

Obs: Análogos de nucleotídeos contendo bases ou açúcares modificados são usados


como agentes anti-cancerígenos e anti-virais (principalmente para diminuir a
proliferação celular) e mutagênicos (muito úteis em experimentos com bactérias,
plantas). Ex: floracil e mecapto-purina (quimioterápicos).

Estruturas dos nucleotídeos de purinas e pirimidinas


A base nitrogenada pode ser purina (adenina e guanina), apresentando dois anéis, ou
pirimidina (uracil, timina e citosina), apresentando apenas um anel.
Bases incomuns: 5-metil-citosina, 5 hidroxi-metil-citosina, dimetil-amino-adenina e
7metil-guanina. Ocorrem naturalmente, chegando ao DNA e formam códigos
permitindo que proteínas se liguem ao DNA, modulando expressão gênica.
Diferença entre um nucleotídeo e um nucleosídeo
Nucleosídeo: base + açúcar (ou seja, nucleosídeos são nucleotídeos sem o fosfato)
Nucleotídeo de purina: base purínica + açúcar + fosfato
Nucleotídeo de pirimidina: base pirimidínica + açúcar + fosfato

Nomenclatura das bases nitrogenadas, nucleosídeos e nucleotídeos

Importância dos nucleotídeos


1) Precursores ativadores da síntese de RNA e DNA (NTPs e dNTPs).
2) Armazenadores de energia química obtida nas vias metabólicas (ATP e GTP) -
utilizados como moeda energética, armazenando energia quimica obtida através da
oxidação dos alimentos.
3) Reguladores metabólicos (cAMP – AMP cíclico e cGMP – GMP cíclico).
4) Mensageiros secundários de vias de transdução de sinal (NAD+, FAD, Coenzima A,
NADP+, FMN e S-adenosil-metionina), podendo atuar junto com a proteínas
(principalmente proteína G).
5) Derivados de nucleotídeos são intermediários ativados em diversas biossínteses
(UDP-glicose – Síntese de glicogênio; UDP-galactose – Síntese de glicoproteínas;
CDP-diaccilglicerol – Síntese de fosfolipídeos) – Catabolismo, normalmente ativa por
fosforilação. Anabolismo, através de conjugação de nucleotídeos.
6) Níveis de tri-(ATP), di-(ADP) ou mono-(AMP) regulam parcialmente as vias
metabólicas - forma tri-fosfato é usada para síntese de ácidos nucléicos (tanto DNA
quanto RNA).

Vias de síntese de novo de nucleotídeos


Via metabólica de novo → inicia-se com os precursores metabólicos (aminoácidos,
ribose-5-fosfato, CO2 e NH3).
Ribose ativada (PRPP) + aminoácidos + ATP + CO2 + … etc

Nucleotídeo (base sintetizada a partir de moléculas simples).


➢ Características da via metabólica de novo:
Bases livres não são intermediárias nessas vias.
PRPP (fosforribosil pirofosfato) e glutamina: precursor importantes
compartilhados nas vias metabólicas de novo, para pirimidinas e purinas.
PRPP é o doador de ribose-5-fosfato nas sintese de purina e pirimidina.
Gly (glicina) é importante para a síntese de purina e Asp (ácido aspórtico)
para a síntese de pirimidinas.
Gln (glutamina) e Asp são fontes do grupo amino.
Existem evidências, principalmente nas vias de sintese de purinas, de que as
enzimas estão presentes como complexos multienzimáticos grandes.
Os pools de nucleotídeos (não incluindo ATP) nas células são pequenos.
Etapa comum às vias de síntese de novo de purinas e pirimidinas: Síntese do
fosforibosil-pirofosfato – PRPP. O PRPP pode atuar na: síntese de His e Trp,
síntese de bases nitrogenadas e recuperação de nucleotídeos.

Via metabólica de recuperação → recicla as bases livres e nucleotídeos liberados da


degradação de nucleotídeos.
Ribose ativada (PRPP) + base (base reutilizada)

Nucleotídeo

O metabolismo de nucleotídeos totalmente intricado com o metabolismo celular:


• Ligado ao metabolismo de ácido fólico
• Ligado também ao de aminoácidos (bases formadas a partir de esqueletos de
carbono e nitrogênios doados por aminoácidos).
• Ligado com energia: esqueleto produzido a partir da quebra de pirimidinas pode
entrar no ciclo de Krebs ou do ácido úrico.

Papel de: ribose 5-P, ATP, PRPP, aminoácidos, CO2, folato


Nucleotídeos podem ser obtidos pela sintese de novo (onde temos componentes
celulares, aminoácidos, folato, PRPP ou pelas vias de recuperação).
PRPP é um derivado de ribose.
A ribose é produzida na via das pentoses (que produz ribose e NADP).
NADP é um poder redutor muito necessário em qualquer biossíntese (catabolismo é o
NAD) - a única forma de obtê-lo é através da via das pentoses.
PRPP é obtido a partir da Ribose > vai ser usado para sintetizar nucleotideos purinicos e
pirimidínicos, que podem ser usados no RNA, ou DNA (ribose sofre redução).
A maioria dos tecidos possuem as duas vias, sendo que, dependendo do tecido uma ou
outra vai predominar.
Quando degradados, os purinícos dão origem ao ácido úrico, e pirimidinas à energia.
Parte II – Metabolismo de Purinas

Metabolismo de nucleotídeos de purinas

Via de síntese de novo de nucleotídeos de purinas:


Biossíntese de nucleotídeos purínico de novo (para RNA e DNA)
O anel das purinas vai ser formado a partir da ribose (pirimidina não,
primeiro forma-se o anel, e depois liga a ribose). Ele vai ser formado a partir
de Nitrogênio do aspartato, um carbono do bicarbonato, 2 carbonos e um
nitrogênio da glicina, um carbono doado pelo N10formiltetrahidrofolato,
nitrogênios da glutamina e outro carbono doado pelo
N10formiltetrahidrofolato.

I. Ativação da ribose-5-fosfato
A ribose-5-fosfato que vem da via das pentoses não é o substrato para
síntese de nucleotideos, tem que ser transformada. Assim, a ribose-5-
fosfato recebe um fosfato pela ação da ribose fosfato pirofosfoquinase (ou
PRPP sintetase) com a quebra de um ATP coloca um pirofosfato na ribose,
liberando AMP e formando 5-fosforribosil-piro-fosfato (PRPP).
II. Aquisição do átomo N9 na purina
A próxima etapa é a incorporação de um nitrogênio da glutamina, com a
ação da amidofosforribosil transferase, formando a 5-fosforribosilamina.
➔ Amidofosforribosil transferase: nonâmero (135 kDa) –
enzimaticamente ativo. Dímero – menos ativo.
Inibida por IMP, ATP, ADP, AMP, GTP, GDP e GMP
Ativada por PRPP

1) Biosíntese de novo de IMP -destaque para as etapas que controlam o fluxo


da via;
Há uma série de enzimas acopladas e multifuncionais que vão formar a purina
"coringa", a irosina monofosfato (IMP). É a partir dela que se produzirá
Adenosina monofosfato (AMP) ou guanina monofosfato (GMP).
➔ Sintese de THF (tetrahidrofolato): análogos do PABA (ácido p-
aminobenzoico) como sulfonamida → diminui o crescimento de
bactérias.
Sintese de THF bloqueada → sintese de nucleotídeos de purina não
ocorre → replicação do DNA não ocorre.
Seres humanos não sintetizam THF → não são afetados pelo
tratamento.
2) Conversão do IMP em AMP e GMP (destaque para a forma coordenada
de síntese desses nucleotídeos)
IMP pode gerar AMP ou GMP.
- Conversão do IMP em AMP:
IMP → Adenilsuccinato (enzima adenilsuccinato sintetase + uso de GTP
+ Aspartato, o GTP libera um fosfato e vira GDP).
Adenilsuccinato → Ribose-5-fosfato (AMP) (enzima adenilsuccinato
liase e liberação de um fumarato).
AMP → ADP → ATP
Logo, GTP é necessário para a síntese de AMP a partir de IMP
- Conversão do IMP em GMP:
IMP (ribose-5-fosfato) → Monofosfato de xantosina (XMP) (enzima IMP-
desidrogenase (*) + uso de NAD+ + H20, convertidos em NADH + H+.
Monofosfato de xantosina (XMP) → Ribose-5-fosfato (GMP) (enzima
GMP-sintase + uso de Glutamina + ATP + H20, os quais geram Glutamato
+ AMP + Ppi).
GMP → GDP → GTP
Logo, ATP é necessário para a conversão de IMP em GMP.
(*) Ácido micofenólico: inibidor reversível da IMP-desidrogenase.
Fármaco imunossupressor → previne a rejeição de transplantes.
Sintese de GMP bloqueada → quantidade de nucleotídeos insuficiente
para manter linfócitos T e B em rápida proliferação.
Logo, A IMP sofre uma série de reações: pode incorporar um aspartato,
formando adenilosuccinato, liberando fumarato que vai para ser usado
no ciclo de Krebs e outras vias metabólicas energéticas. Esse
adenosilsuccunato é quebrado para formar o AMP - nucleotídeo final.
Ou, esse IMP pode formar xantosina monofosfato (XMP), que então vai
receber mais um nitrogênio da glutamina, formando GMP.
3) Compostos que bloqueiam a atividade de enzimas que participam da via.

Como mencionado anteriormente, o Ácido micofenólico: inibidor


reversível da IMP-desidrogenase. Fármaco imunossupressor → previne
a rejeição de transplantes.
Sintese de GMP bloqueada → quantidade de nucleotídeos insuficiente
para manter linfócitos T e B em rápida proliferação.
➔ Coordenação das taxas de sintese de AMP e GMP
1) O AMP regula negativamente a atividade enzimática da
adenilsuccinato sintetase.
ATP estimula a AMP desaminase liberando NH4+
GDP e GTP inibem a AMP desaminase liberando NH4+
2) O GMP regula negativamente a atividade enzimática da
IMP-desidrogenase.
GTP estimula a GMP redutase liberando NH4+. Nessa
reação, usa um NADPH+ H+, liberando NADP+.
XMP inibe a GMP redutase liberando NH4+.

4) Conversão de nucleosídeos purínicos monofosfatos em nucleosídeos di- e


trifosfatos
Reações catalisadas por nucleosídeo monofosfato quinases específicas.
São impulsionadas pela regeneração de ATP e por fosforilaçao
subsequente do difosfato pelo nucleosídeo difosfato quinases não
específicas.
Nucleosídeos mono e difosfato quinases (não específicas - pegam tanto
nucleotidios pirimidimicos ou purinicos, desoxinuclotideos ou
ribosinucleotideos) que formam di e trifosfatos, respectivamente.
Exceção do AMP: mononucleotideo difosfato quinase forma ADP. ADP
pode tanto ser fosforilado pela difosfato quinase, quanto na fosforilação
oxidativa (maior parte).
Obs: a síntese de novo e a fosforilação oxidativa demandam energia.
5) Regulação da biossíntese de ribonucleotídeos purínicos
Vias de sintese se IMP, AMP e GMP:
Reguladas individualmente de modo a controlar as: quantidades totais
de ribonucleotídeos purínicos produzidos e as quantidades relativas de
ATP e GTP.
Enzimas e reguladores:
a. PRPP sintetase (ribosefosfatopirofosfato-quinase):
Inibida por IMP, ADP e GDP.
b. Amidofosforribosil transferase:
Inibida por IMP, ATP, ADP e AMP, GTP, GDP e GMP.
Estimulada por PRPP
c. Adenilsuccinato sintetase:
Inibida por AMP
d. IMP desidrogenase:
Inibida por GMP
e. AMP desaminase:
Inibida por GDP e GTP
Estimulada por ATP
f. GMP redutase:
Inibida por XMP
Estimulada por GTP

GMP, GDP, AMP e ADP > inibem a formação do PRPP (PRPP sintetase ou
Ribose fosfato piroquinase é sensível ao produto final da síntese de
purinas. Porém, uma vez que o PRPP é ativo ele ativa a síntese da
fosforibosilamina > precursor das purinas (vai ativar a de pirimidina
também). Ou seja, se acumular muita PRPP, vai formar nucleotídeos,
mas se tem muito nucleotídeos (AMP, GMP etc) inibe essa síntese, para
não ter gasto energético desnecessário. Excesso de GTP estimula a
síntese de ATP e vice-versa: equilíbrio entre os dois. Como o GTP
também está relacionado com reserva energética, podemos ter níveis
altos dos dois. Níveis altos de AMP inibem sua própria síntese, asism
como de GMP, inibindo as enzimas adenil succinato sintetase e IMP
desidrogenase.
Niveis altos de AMP, ADP e ATP e/ou GMP, GDP e GTP inibem a enzima
amidofosforribosil transferase. Assim, quando tem-se muita purina >
joga PRPP para fazer pirimidina. Se tem mais ainda, inibe ativação de
PRPP.
Imagem: 1 = pitofosfato quinase/ 2= amidofosforibosil transferase/ 3=
adenil succinato sintetase/ 4= IMP desidrogenase.

Catabolismo (degradação) de nucleotídeos de purinas em animais


Todos os diferentes nucleotídeos de purina são degradados a ácido úrico.
➔ Degradação de ácido úrico à amônia: o processo é interrompido em
diferentes estágios (alantoína, ácido alantóico, ureia e amônia) nas
espécies indicadas.
Superprodução ou superdigestão de nucleotídeos purinicos > degradação em
excesso (não é tudo recuperado por que tem muito) - isso vai gerar produção de
ácido úrico.
Uma fosfatase libera o fosforo, que não dá nenhum problema e vai para outras vias.
No caso da adenosina, vai ser primeiramente desaminado pela adenosina
deaminase, formando Inosina. Essa insina sofe ação de uma purina nucleosídeo
fosforilase que remove a ribose fosfaro formando hipoxantina. Essa hipoxantina
sofre ação da xantina oxidase em duas fases que formam xantina primeiro, e depois
ácido úrico.
No caso da guanosina, primeiro remove a ribose fosfato (ação da purina nucleosideo
fosforilase), que depois é desaminada pela guanina deaminase formando xantina,
que vai virar ácido úrico.
Só primatas, pássaros, répteis e insetos produzem ácido úrico. A maior parte dos
mamíferos possuem a urato oxidase que produz a alantonina que é bem mais solúvel
em água. Em peixes ósseos existe ainda a alantoinase que forma alantoato. Em
anfibios e peixes cartilaginosos existe ainda alantoicase que forma ureia. Por fim,
intervertebrados marinhos tem também a urease que vai formar amônia.

Vias de recuperação de nucleotídeos purínicos (vias de recuperação de AMP, IMP e


GMP)

Adenina, hipoxantina, guanina, adenosina, desoxirribopurinas e ribopurinas podem


ser recuperadas adicionando-se fosfo-ribosil-pirofosfato nas bases livres com AMP
e IMP, ou apenas fosforilar os nucleosídeos que perderam o fosfato.
Geralmente nas purinas ocorrem essas 4 maneiras:
1) adenosina fosforribosil transferase > pega adenosina sozinha e coloca
ribosefosfato (a partir da PRPP), formando AMP.
2) hipoxantina-guanina fosforribosil transferase > adiciona ribose-fosfato nessas
bases livres, formando IMP.
3) adenosina quinase > adiciona um fosfato na adenosina, formanado AMP.
4) deoxicitidina quinase > pega desoxicitidina, desoxiadenosina e desoxiguanosina
e adiciona um fosfato, formando dCMP, dAMP e dGMP.

Dessa maneira, não precisa ficar sintetizando de novo toda hora > degradou DNA,
reutiliza as bases.

Doenças relacionadas ao metabolismo de nucleotídeos de purinas:

a) Gota:
A gota se encontra mais prevalente em homens adultos e raramente ocorre em
mulheres na pré-menopausa.
Relatos da doença na Grécia Antiga.
Causa dos sintomas: precipitação de cristais de urato de sódio monohidratado
no fluido inicial das articulações (inflamação grave e artrite), nos rins e ureteres
(cálculos). Geralmente afeta articulações das extremidades inferiores (95%) –
dedão do pé.
Desordem associada à superprodução ou à excreção comprometida de ácido
úrico.
Estágios iniciais: artrite não articular aguda recorrente
Estágios avançados: poliartrite crônica deformante e eventual complicação
renal.
Causas mais comuns:
i. Maior atividade de PRPP sintetase (ribosefosfatopirofosfato-
quinase) → mais PRPP → ativação da amidofosforribosil transferase
→ excesso de purinas → maior catabolismo → aumento de acido
úrico.
ii. Deficiência parcial da enzima de recuperação HGPRT → mais PRPP
→ excesso de purinas → maior catabolismo → aumento de acido
úrico.
iii. Deficiência de glicose-6-fosfatase (doença de van Gierke, doença de
armazenamento do glicogênio tipo I):
Glicose-6-fosfato desviada para a via das Pentoses fosfato
Ribose-5-fosfato
PRPP se acumula
Síntese de novo de nucleotídeos de purina
Degradação de purina
Ácido úrico
Evitar alimentos ricos em purina: carne vermelha, fígado, rins, ostra,
anchova, extratos de carne, ervilha e feijão, aspargos, lentilha, cerveja e
bebidas alcoólicas em geral.
Evitar drogas que possam induzir hiperuricemia.
Estratégias não farmacológicas indicadas: perda de peso e controle do
consumo de álcool.
Tratamento da Gota:
O tratamento se baseia no fato da hiperuricemia ser devido tanto à
superprodução como à excreção diminuída de ácido úrico.
Analgésico para alívio sintomático da dor. Exemplo: indometacina.
Fármacos utilizados:
I. NSAIDs (drogas anti-inflamatórias não esteróides, com efeitos
analgésicos e antipirético).
II. Colchicina (agente inflamatório): inibe a porimerização de
microtubulos, dificultando a migração de linfócitos para o sítio
inflamatório, reduzindo a inflamação.
III. Probenecid (Benemid), um agente uricosúrico, inibe a reabsorção
tubular de ácido úrico, mas não é eficaz nas crises agudas. Agentes
uricosúricos: Probenecid ou sulfinpirazona aumentam a excreção
renal de ácido úrico.
IV. Alopurinol: um inibidor de xantina oxidase.
O alopurinol é utilizado na prevenção de crises de artrite e
neuropatia relacionadas à gota.
Inibidor da xantina oxidase → previne a formação de ácido úrico a
partir de seus precursores.
É metabolizado a oxipurinol (também um inibidor de xantina
oxidase).
Alopurinol (inibidor de xantina oxidase) → diminui a produção de
ácido úrico → mais hipoxantina e xantina → mais IMP e XMP (pela
via de recuperação) → menor sintese de novo (menor regulação
positiva e maior regulação negativa da amidofosforribosil
transferase).
Alopurinol pré-droga que é convertido no corpo em oxipurinol que
inibe a xantina oxidase resultando no acúmulo de xantina e
hipoxantina (mais solúveis que o ácido úrico, menos problemáticas).
Gota – transcrição antiga (Paula Ramos 2017)
Alta excreção de purinas que podem ser por motivos primários (genéticos,
desconhecidos) ou secundárias (como os rins lidam com o urato. Por exemplo,
acidose lática, acidifica a urina, em pH ácido > menor solubilidade de ácido úrico e o
próprio excesso de ácido úrico diminui o pH > tubulos renais não conseguem
excretar > volta para o sangue > aumentando cada vez mais as concentrações de
ácido úrico).
Fatores ambientais que causem uma diurese excessiva (ex. drogas como diureticos
tiazidicos) ou exposição ao chumbo (inibe o transporte de urato nos túbulos renais)
também podem causar gota, chamada de gota saturnina.
Já a superprodução de ácido úrico podem ser idiopáticas (sem causas conhecidas);
devido a mutações no gene que codifica a PRPP sintetase > que resultam numa
velocidade máxima aumentada, produzindo mais PRPP, ou um menor KM por
ribose-5 fosfato captando mais ribose mais rapidamente pra formar PRPP ou
possuirem maior resistência a inibição por purinas.
A síndrome de Lesch-Nyhan também pode causar gota por que há uma menor
recuperação de hipoxantina e guanina > degrada mais purina. - Hiperuricemia
secundária (HS) é vista em pacientes com disordens mieloproliferativas ou que estão
passando por quimioterapia por causa de muita morte celular > joga muitas purinas
no sangue > degradadas > ácido úrico > gota. - Doença de von Gierke, deficiência da
glicose 6-fosfatase. A glicose 6-fosfato vem da glicogenólise. Na deficiência desta
enzima a glicose- 6-fosfato acumulada é desviada para a via das pentoses,
aumentando a síntese de ribose 5-fosfato > mais prpp > mais purinas.
Podem ser também causadas pela dieta: muita carne vermelha, peixes, frutos do
mar, órgãos; além do consumo exagerado de álcool.
Pacientes com gota devem evitar consumir carne vermelha, órgãos (mais
quantidade de células por grama > muita purina), anchovas, sardinhas e
leguminosas, alimentos associados a ataques de gota.

b) Síndrome de Lesch-Nyhan
Defeito na produção ou atividade da enzima HGPRT
Gene da enzima HGPRT – localizado no cromossomo X, portanto, a doença é
praticamente limitada aos homens.
Mais de 100 mutações descritas → perda da proteína HGPRT, perda da atividade
da HGPRT, “mutantes de Km", proteínas com uma meia-vida menor.
✓ Atividade de HGPRT < 2% do normal → retardo mental
✓ Atividade de HGPRT < 0,2% do normal → automutilação
Por que ocorre hiperuricemia e produção excessiva de ácido úrico?
Menos HGPRT
Menos via de recuperação
Maiores níveis de purina (hipoxantina e guanina) - ~200x
Mais PRPP (se acumula) e menos IMP ou GMP
Maior sintese de novo de nucletotides purínicos (via de novo: PRPP é ativador
de IMP e GMP são inibidores)
Maior degradação de purinas
Maior nível de ácido úrico (hiperuricemia).
Pacientes com Lesch-Nyhan apresentam sintomas similares aos da Gota e
sintomas neurológicos (comprometimento neural e automutilação dos
pacientes que mordem os próprios lábios e dedos ).
Cristais de urato podem aparecer nas fraudes sendo frequentemente
encontrados no fluido inicial das articulações.
Não se sabe por que pacientes com Lesch-Nyhan possuem retardo mental e com
gota não, provavelmente é por que possuem maiores concentrações de ácido
úrico. Recomenda-se inclusive que pessoas que possuem histórico familiar com
essa síndrome não tenham filhos, pois ela é muito grave e triste.

c) Doença de imunodeficiência combinada severa – SCID (mutações na


adenosina desaminase – ADA).
Deficiência de adenosina deaminase (ADA):
A ADA é expressa no citosol de todas as células, mas, nos seres humanos, os
linfócitos apresentam a maior atividade desta enzima. A deficiência de ADA
resulta num acúmulo de adenosina, que é convertida em suas formas de
ribonucleótido ou desoxirribonucleótido.
Com o aumento do nível de desoxi ATP, a ribonucleótideo redutase (ela que
transforma ATP em dATP) é inibida (acúmulo do produto final), evitando assim
a produção de todos os desoxiribonucleotídeos impedindo os linfócitos de se
dividirem e causando o SCID (imunoedeficiencia severa combinada) em que se
observa baixos níveis de células B e T.
A seletividade para os linfócitos parece acontecer porque a ADA é
particularmente ativa nos linfócitos e estes produzem muita deoxi-adenosina
fosforilada.
Pode ser tratada com ADA conjugada ao polietilenoglicol (polimero sintético que
aumenta a meia-vida da enzima no sangue) - só aumenta o tempo de vida, não
cura.
A deficiência da purina nucleosídeo fosforilase (PNP) que atua na degradação
dos nucleotídeos purínicos causa a morte seletiva de linfócitos (outro tipo de
SCID que é menos grave que a deficiência da ADA, pq não é específica para a
adenosina).
Parte III – Metabolismo das pirimidinas

Metabolismo de nucleotídeos de pirimidinas

Via de síntese de novo de nucleotídeos de pirimidinas:


Biossíntese de nucleotídeos pirimidínico de novo (para RNA e DNA): sintetiza o anel e, então
o nucleotido UMP. Depois, condensa o anel com o PRPP.
Os constituintes do anel vem do aspartato (que doa 3C e 1N) um N da glutamina e um C do
bicarbonato. Eles vão ser sintetizados e depois acoplados ao PRPP.

1- Síntese de UMP (Monofosfato de uridina) - destaque para as etapas que


controlam o fluxo da via;
i. Síntese de carbamoil fosfato:
Bicarbonato + Glutamina + 2ATPS + H2O
Carbamoil fosfato sintetase II
Carbamoil fosfato
Obs: há a liberação de 2 ADPs, glutamato e Pi.
ii. Síntese de carbamoil aspartato:
Carbamoil fosfato + aspartato
Aspartato-transcarbamoilase (ATCase)
Carbamoil Aspartato
Obs: há liberação de Pi.
Obs: O PRPP vai ser transformado em Carbamoil Fosfato, pela carbamoil fosfato
sintetase II- a carbamoil fosfato sintetase I é aquela do ciclo da ureia.
Então:
CPS I: Na mitocondria, está envolvida com o ciclo da uréia, tem como fonte de
nitrogênio a amônia e é ativada por N-acetil-glutamato.
CPS II: no citosol, está envolvida com síntese de pirimidinas, tem como fonte de
nitrogênio o grupo amido-gama da glutamina e é unibido por UTP(um dos produtos
finais da sintese de pirimidina) e ativado por ATP (muita purina > precisa de pirimidina
e diz que tem energia necessária para formar pirimidina).
Como o carbamoil fosfato vai estar no citosol ele não vai ser usado pro ciclo da uréia,
mas sim para a sintese de pirimidina. O carbamoil fosfato vai sofrer uma série de
reações pela ação de enzimas multifuncionais que vai formar Orotato ou ácido orótico.
Ácido orótico recebe a PRPP pela ação da enzima orotato-fosforribosil-transferase. Essa
enzima tem duas atividades: transfere PRPP e descarboxilam o ácido orótico para
formar uridina. Uma vez feita a uridina, ainda temos que fazer timidina e citosina.

2- Formação de UDP e UTP;


Biossíntese de UTP:
UTP → sintetizado a partir do UMP por reações similares às usadas para a conversão
de AMP e GMP em ATP e GTP, respectivamente.
CMP também pode ser convertido em CTP por reações similares.
As UMP vão ser bifosforiladas pelas nucleosideo monofosfato e difosfato quinases,
formando UTP. UTP já é uma base utilizada no DNA.
3- Conversão do UTP em CTP.
Biossíntese de CTP – formado pela aminação de UTP pela CTP sintetase. Em
animais, o grupo amino é fornecido pela glutamina.
Pode ainda receber um nitrogênio da glutamina, através da CTP sintase, formando
a CTP (citosina trifosfato). > unico nucleotideo que já é formado trifosforilado.

Regulação da biossíntese de ribonucleotídeos pirimidínicos.


ATP promove a coordenação entre as vias de sintese de nucleotídeos purina e
pirimidina.
PRPP estimula a síntese de nucleotídeos de purina e pirimidina.

A- Carbamoil fosfato sintetase II:


Inibida por UDP e UTP
Estimulada por ATP e PRPP
B- OMP descarboxilase:
Inibida por UMP (CMP)
C- CTP sintetase:
Inibida por CTP
Estimulada por GDP
UTP e CTP inibem a formação do carbamoil fosfato no citoplasma que seria
transformado no oroato.
A PRPP ativa a CPSII, aumentando a síntese de pirimidinas. Assim como o ATP.
UMP inibe a descarboxilação do OMP (precursor da UMP) > essa regulação é bem
menor que as outras!!! Só em quantidades muito elevadas.

Conversão de ribonucleotídeos em desoxirribonucleotídeos.


Biossíntese de nucleotídeos purínicos e pirimidínicos de novo (para RNA e DNA):
• Estrutura de anel purínico:
• IMP→ ATP ( para o RNA) → dATP (para o DNA)
• IMP → GTP (para o RNA) → dGTP (para o DNA)

• Estrutura de anel pirimidínico:


• UMP→ UTP ( para o RNA) → TMP (para o DNA)
• UMP → UTP (para o RNA) → CTP (para o RNA) → dCTP (para o DNA)
Desoxirribonucleotídeos: sintetizados a partir de seus ribonucleotídeos correspondentes
pela redução de sua posição C2, numa reação catalisada pela ribonucleotídeo redutase.
Substratos da reação: ribonucleosídeos-5’- glifosfato
Reação da ribonucleotídeo redutase: NDP's → dNDP's
Uso de NADPH + H e liberação de NADP+ + H2O

Importância da ribonucleotídeo redutase (forma de ação):


Biossíntese de desoxirribonucleotídeo:

ADP, GDP, CDP e UDP (inibidos por NMP ou NTF, e por TDP)
Ribonucleotídeo redutase
dADP, dGDP, dCDP, dUDP (produtos de ribonucleotídeo redutase)

dATP, dGTP, dCTP e TTP (adição de fosfato do ATP para obter dNTPs para a síntese de DNA).

Ribonucleotídeo redutase atua na fase S do ciclo celular e é inibida por Hidroxiuréia (HU).
HU pode ser usada no tratamento do câncer e da AIDS.
Células expostas a HU → param na fase G1 do ciclo celular → mais sensíveis à radiação
Inibição da ribonucleotídeo redutase pela HU → facilita a ação de quimioterápico análogos
de nucleotídeos.
• Desoxirribonucleotideo:
Nucleotídeos são reduzidos pelas ribonucleotideo redutase específica para
nucleotideos difosfatados. Essa enzima que é inibida na ADA é que é inibida
pela deoxiadenosina, na ADA > linfócitos não tem bases desoxi para se dividir >
deficiencia imunológica.
Hidroxiureia reage com um resíduo de tirosina no sítio catalítico da
ribonucleotideo redutase, a inibindo também. Formação de deoxi-
ribonucleotideos so ocorre na divisão celular (fase S), que é quando vc precisa
de desoxinucleotídeo.
Células tratadas com OH-ureia não evoluem em S sendo freadas em G1 (fase
onde são mais sensíveis a irradiação) > a hidroxiureia diminui a oferta de
nucleotideos.
A diminuição do pool intracelular de desoxi-ribonucleotidios por hidroxiureia
facilita a incorporação no DNA de análogos de bases, isso é usado no
tratamento de cancer e AIDS por seu sinergismo com irradiação e
quimioterápicos (análogos de bases ou drogas que atuam em G1). Existem
diferentes ribonucleotideo redutases na natureza. A fonte redutora primordial
provem do NADPH. A ribosenucleotideo redutase é ativada por ATP e inibida
por dATP e ainda possuem uma regulação leve e complexa que mantêm o
equilibrio entre os 4 tipos de desoxinucleotideo.

Papel da tiorredoxina na síntese de dNDPs


Redução da D-ribose de NDPs a 2’-desoxirribose – requer um par de átomos de H
que são doados por NADPH via uma proteína carreador de H intermediária, a
tiorredoxina.
Elétrons de NADPH são transferidos ao substrato através de uma série de grupos
sulfidrila.
Regulação da biossíntese de dNTPs e fármacos que interferem na atividade da enzima
ribonucleotídeo redutase

A ribonucleotideo difosfato redutase sofre controle alostérico rígido de atividade e


especificidade por substratos e deoxi-ribonucleotídeos trifosfato.
Outro inibidor da ribonucleotídeo redutase é a gemcitabina. Indicada para câncer
de pulmão de células não pequenas (em combinação com cisplatina). Também
usada como droga de primeira linha para câncer pancreático não ressecável (mais
paleativo) > impede a proliferação de células tumorais.

Origem da timina
Via metabólica de novo para a timina: envolve somente desoxirribonucleotídeos e
é calculada pela timidilato sintase.
Síntese de timina: importante alvo de quimioterápicos que querem impedir a
síntese de DNA. - isso porque timidina só tem no DNA > já é produzida na forma
desoxi, não precisa ser reduzida.

Regeneração do tetrahidrofolato:
1- Possíveis origens de dUMP;
Dihidrofolato formado – reduzido a tetrahidrofolato numa reação ligada ao NADPH
e catalisada pela dihidrofolato redutase.
O UDP vai ser desviado para a síntese de Timidina. Para usar o UTP ele tem que ser
desfosforilado. Isso porque a ribonucleotideo redutase que vai agir nessa reação é
específica para nucleotídeos difosforilados. Ela não reduz nem tri nem
monofosfatados. Essa enzima transforma o UDP em deoxiuridina, que vai ser
desfosforilada formando dUMP. Assim, desoxi-uridina monofosfato sofre ação da
timidilato sintase, que age conjuntamente com o N5N10metileno-tetra-hidrofolato
(formado na síntese de glicina). Esse composto vai doar um metil que vai ser
incorporado ao dUMP formando TMP.
2- Papel do folato;
3- Regeneração do tetrahidrofolato
Acontece que o N5N10-metileno-tetrahidrofosfato vira diidro-fosfato, que é inerte.
Para o folato poder voltar a ser funcional, tem que ser reduzido novamente para
tetrahidrofolato. A enzima que faz isso (diidrofolato redutase) é um bom alvo,
assim, para quimioterápicos, a timidilato sintase, se for inibida, também inibe a
síntese de DNA. Se for pra qualquer outro nucleotideo, vai tambem inibir a sintese
de RNA > gera uma toxicidade muito maior.

Fármacos que interferem na biossíntese de desoxirribonucleotídeo de timina e na


regeneração do tetrahidrofolato.
Fluoracil: molécula ativada no nosso organismo que é transformada em um
nucleotideo. Ingerimos a base nitrogenada e a partir da via de recuperação, ela
é transformada em fluorodeoxiuridina monofosfato. Ela inibe a timidilato
sintase sendo um inibidor suicida > não há sintese de DNA. Usada para tratar
tumores.

Metotrexato: inibe a redução de diidrofolato para tetrahidrofolato > parando


o ciclo de regeneração de folato. Ele é específico para mamíferos e por isso é
usado no tratamento de tumores.

Trimetoprimas e Aminopterinas: Já a aminopterina e Trimetoprima são mais


específicas por bactérias. Inibem bacterias agindo como bactericidas. -
interferem na regeneração de acido folico nas bacterias (as sulfonamidas
impediam sua síntese) - sulfonamidas + trimetoprimas = Bactrim > um dos
antibióticos mais fortes que existem.

Essas drogas inibem a sintese de DNA.

Vias de recuperação de nucleotídeos de pirimidina


a) Formação de nucleotídeos (participação de PRPP)
b) Formação de nucleotídeos (participação de ribose-1-fosfato)
“Orotato fosfoadenosil transferase transfere PRPP para uracila e citosina.
Adenina fosforribosil transferase transfere PRPP para adenina.
Hipoxantina-guanina fosforribosil transferase: transfere PRPP para hipoxantina e guanina.
Adenosina quinase adiciona fosfato a deoxiadenosina formando dAMP.
Deoxicitidina quinase que transforma deoxicitidina, deoxiadenosina e deoxiguanosina em
dCMP, dAMP e eGMP.
> a dieta dá pequena contribuição de bases e nucleotídeos para os tecidos.
> grande parte dos nucleotideos provem da sintese de novo e o fígado é o maior fornecedor
de bases e nucleotídeos para os tecidos.
> alguns tecidos tem deficiência de síntese: o cérebro tem baixos niveis de PRPP glutamil-
amido-transferase e os polimorfonucleares; eritrócitos não sintetizam fosforribosilamina.
Além disso, temos outras duas enzimas adicionais de recuperação:
(1) Pirimidina fosforilase: pega timina e desoxi-ribose-1-fosfato e transforma em timina não
fosforilada (não incorpora o fosfato).
(2) Timidina quinase – adiciona o monofosfato a timina formando Timidina monofosfato.
Curiosidade: O Vírus da Herpes Simplex tem seu próprio gene de TK > inibe a enzima.
OBS: Fluoracil também pode ser recuperado.”(retirado do Resumo Paula Ramos).
Catabolismo (degradação) de nucleotídeos de pirimidina.
Primeiro os nucleotideos são desfosforilados a nucleosídeos (citidina). A citidina é
deaminada formando urosina.
A urosina perde a ribose 1 fosfato virando uracila. Uracila é reduzida e sofre diversas reações
até formar malonil coA. Malonil-coA pode entrar na síntese de AG. Metil-malonil-coA pode
gerar succinil-coA (isomerização) e entrar no ciclo de Krebs ou síntese do Heme -
catabolismo não é prejudicial como o das purinas. algumas drogas análogas a pirimidina
agem na via de recuperação das pirimidinas.

Doenças relacionadas ao metabolismo de nucleotídeos de pirimidinas: acidúria orótica


Carbamoil fosfato vai sofrer uma série de reações pela ação de enzimas
multifuncionais que vai formar Orotato ou ácido orótico.
Ácido orótico recebe a PRPP pela ação da enzima orotato-fosforribosil-transferase.
Essa enzima tem duas atividades: transfere PRPP e descarboxilam o ácido orótico
para formar uridina.
Existe uma síndrome genética onde há deficiencia dessa enzima. O que ocorre é o
acúmulo de ácido orótico na urina que gera deficiencia do crescimento por falta de
pirimidina e anemia. Fácil de tratar: administrar uridina ou uridina com citidina >
vão gerar esses nucleotídeos pela via de recuperação. Ao mesmo tempo a UTP
formada pela recuperação vai inibir a sintese de PRPP, não acumulando ácido
orótico.
Acidúria orótica: Doença hereditária devido a deficiência da enzima bifuncional
Acúmulo de ácido orótico na urina, crescimento retardado e anemia
Tratamento por administração de uridina e/ou citidina que permitem a recuperação
dos nucleotídeos e inibição da carbamoil fosfato sintetase.
Digestão e absorção dos ácidos nucleicos oriundos da dieta.
Alimentos: contém ácidos nucléicos e nucleoproteinas
Nucleoproteínas → digestão de inicia no estômago e continua no lúmen intestinal.
Liberação de histonas e protaminas
Ácidos nucléicos→ começam a a ser digeridos no duodeno, não sendo afetados
pelas enzimas gástricas.
A dieta contribui pouco com bases nitrogenadas e nucleotídeos para os tecidos. A
maior parte vem da síntese de novo (principalmente no fígado).
Nucleotideos na alimentação na forma de DNA e RNA. Há desnaturação no baixo
pH do estomago mas não há digestão de ácidos ribonucleicos.
No suco pancreático temos RNAse e DNAse > quebram DNA e RNA em
oligonucleotideos.
Fosfodiesterases quebram oligonucleotideos (ligações fosfodiester) liberando
mononucleotideos.
Mononucleotideos são substratos das nucleotidases (suco entérico) formando
nucleosídeos.
Nucleosídeos são substratos de nucleosidases (suco entérico) liberando
desoxirribose e base nitrogenada.
Desoxirribose é absorvida junto com os carboidratos nos enterócitos e saem pelo
sistema porta.
A maior parte das pirimidinas é absorvida também, enquanto quase todas as
purinas são degradadas pelo ciclo do ácido úrico no próprio intestino > indo para o
sangue e então para a urina.
Uma parte das purinas vai pra circulação e um parte das pirimidinas vai para
degradação (pouco) - a dieta contribui pouco.
Degradação de ácidos nucleicos:
Ácidos nucléicos
H2O, enzima (DNAase ou RNAase, diesterases)
Mistura de nucleotídeos
H2O, enzima (nucleotidase ou fosfatase não específicas)
Mistura de nucleosídeos + fosfato
H2O, enzimas (nucleosidase)
Mistura de bases nitrogenadas + Açúcar

Doença de imunodeficiência combinada severa (SCID)


Doença autossômica recessiva associada à mutações na adenosina desaminase
(ADA) que alteram o sítio da enzima.
A desoxiadenosina não é destruída, e sim convertida em dAMP e então em dATP
potente inibidor por feedback da síntese de dNDPs
Na ausência de ADA, os linfócitos são destruídos (dATP é tóxico → menos
células T e B).
Crianças portadoras de doença são mais suscetíveis a infecções em geral
(candida, bactéria , vírus e protozoários).

Importância clínica do metabolismo dos nucleotídeos. Quimioterápicos (tratamento


de câncer) e fármacos antivirais. Análogos de nucleotídeos.
Vários quimioterápicos análogos de nucleotídeos são ativados
pela via de recuperação de pirimidinas:
Drogas análogas à pirimidina
Capecitabina: droga usada para câncer de mama e de cólon
metastáticos > é convertida no corpo em fluorouracil que é
recuperado.

Citosina arabinosideo: droga usada para linfomas: ativada no nosso


organismo, incorporada no DNA inibindo sua síntese.

Droga antagonista da glutamina – inibe enzimas que utilizam a glutamina como doador de
amino.
Tiopurinas – antimetabólitos das purinas. Uso: tratamento de leucemia linfoblástica,
doenças autoimunes (ex: doença de Crohn e artrite reumatoide) e transplantados. São
metabolicamente ativados no organismo e inibem a síntese de novo de purinas, inibem
enzimas de reparo e de replicação do DNA.

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