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Bioquímica Geral

6. Ácidos Nucleicos

http://puesoccurrences.wordpress.com/2009/07/

Dora Martins Teixeira


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Ácidos Nucleicos
DNA e RNA
Desempenham um papel fundamental na transmissão da informação
genética
Grupo fosfato (Derivado do H3PO4)

São formados por Nucleótidos +


Nucleósido - base azotada ligada
ao C1 de uma pentose

Grupo fosfato Base azotada

Pentose
Ácidos Nucleicos
RNA – Ácido Ribonucleico Pentose – Ribose (β-D-ribofuranose)

DNA – Ácido Desoxirribonucleico Pentose – Desoxiribose


(β-D-2-desoxiribofuranose)
Bases Azotadas
Compostos cíclicos com azoto que entram na estrutura dos ácidos nucleicos

Bases púricas: Bases pirimídicas:


Derivadas da purina Derivadas da pirimidina

Anel de purina Anel de pirimidina


Bases Azotadas
Bases púricas: Bases pirimídicas:

Adenina: A Citosina: C Uracilo: U


(6-amino-purina) (2-oxo-4-aminopirimidina) (2,4-dioxopirimidina)

Guanina: G Timina: T
(2-amino-6-hidroxipurina) (2,4-dioxo-5-metilpirimidina)
Bases Azotadas
Quer o DNA quer o RNA tem na sua constituição bases púricas

DNA e RNA Adenina (A)


Guanina (G)

Diferem na constituição de bases pirimidícas

DNA RNA

Citosina (C) Citosina (C)


Timina (T) Uracilo (U)
Nucleótidos
São as unidades estruturais dos ácidos nucleicos. São ésteres
fosfóricos dos nucleósidos.

Nucleótido

Base Azotada + Pentose + Ácido fosfórico


Nucleósido
Nucleótidos Monofosfato
Ribonucleótidos 5-Monofosfato

GMP CMP
(Guanosina-5’-monofosfato) (Citidina-5’-monofosfato)

AMP UMP
(Adenosina-5’-monofosfato) (Uridina-5’-monofosfato)
Nucleótidos Monofosfato
Desoxirribonucleótidos 5-Monofosfato

dGMP dCMP
(Desoxi-guanosina-5’-monofosfato) (Desoxi-citidina-5’-monofosfato)

dAMP dTMP
(Desoxi-adenosina-5’-monofosfato) (Desoxi-timina-5’-monofosfato)
Nucleótidos Difosfato
Ligação de um segundo grupo fosfato a um nucleótido -5’-monofosfato

Nucleótido Difosfato
Ex: ADP
Nucleótidos Trifosfato
Ligação de um terceiro grupo fosfato a um nucleótido -5’-difosfato

Nucleótido Trifosfato
Ex: ATP
Formação de ADP e ATP pela adição sucessiva de grupos fosfato
Funções dos Nucleótidos Di e Trifosfato
✓Alguns nucleótidos como o ATP, CTP, GTP e UTP têm grande interesse biológico.

✓ATP é o nucleotído responsável pelo armazenamento de energia nas suas ligações


químicas. A molécula actua como uma moeda celular, ou seja, é uma forma
conveniente de transportar energia.
✓Algumas vias metabólicas são, pelo menos em parte, reguladas por um
nucleótido do tipo ATP, ADP ou AMP.
✓Algumas respostas hormonais são reguladas pelo AMP e GMP.

✓Os nucleótidos de adenina são componentes importantes de coenzimas:

NAD+ / NADH - Dinucleótido de adenina nicotinamida (formas oxidada/ reduzida)


NADP+ / NADPH - Dinucleótido fosfato de adenina nicotinamida (formas oxidada/ reduzida)
FAD / FADH2 – Dinucleótido de adenina flavina (formas oxidada/ reduzida)
Coenzima A

✓A importância dos nucleótidos no metabolismo celular é indicada pelo facto de


todas as células os poderem sintetizar de novo.
DNA
Suporta toda a informação genética
Formado por duas cadeias polinucleótidas enroladas em dupla
hélice e antiparalelas - estrutura helicoidal

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Funções:
- Dirigir a sua própria replicação durante a divisão celular
- Coordenar a sua transcrição para a molécula de RNA
RNA
Intervém na expressão da informação genética
➢Tem maior diversidade de funções biológicas que o
DNA
➢Possui especificidade para a biossíntese de cadeias
polipeptídicas
➢Dirige a síntese desses polipéptidos → TRADUÇÃO
➢Em alguns vírus é o RNA que transporta a
informação genética. Ex: HIV
Conhecem-se três tipos de RNA
funcionalmente distintos:
➢mRNA – RNA mensageiro. Contém a informação
genética necessária à síntese proteica.
➢tRNA – RNA transporte. Transporta os aminoácidos
até aos ribossomas durante a síntese proteica.
➢rRNA – RNA ribossomal. Papel estrutural e funcional.
Representa cerca de 2/3 das estruturas ribossomais.

As moléculas de RNA são de menores dimensões que as de DNA


A estrutura polinucleótida
Nos ácidos nucleícos, os nucleótidos estão ligados entre si por ligações
fosfodiéster 3’- 5’ constituindo uma cadeia polinucleótida. O grupo 5’-hidroxilo
de uma ose liga-se ao grupo 3’-hidroxilo de outra ose.
A estrutura polinucleótida
Os grupos fosforilo das cadeias de ácidos nucleícos são grupos
acídicos, pelo que ao pH fisiológico, os ácidos nucleícos são
polianiónicos.
A ausência do grupo hidroxilo na posição 2 da desoxirribose confere
maior estabilidade nas ligações fosfodiéster, pelo que as cadeias de
DNA são mais estáveis que as de RNA.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:DNA_Overview.png
Estrutura dos Ácidos Nucleicos

Estrutura Primária

Sequência nucleótidica:
Os ácidos nucleicos são polímeros
lineares de nucleótidos que através
das ligações fosfodiéster 3’-5’
formam a cadeia polinucleotidica
Estrutura dos Ácidos Nucleicos
Estrutura Secundária
Estabilizada por ligações por ponte de H entre bases azotadas
complementares e também por interacções hidrofóbicas e
electrostáticas.
Os pares de bases contêm sempre uma base púrica e uma
pirimidica complementar:

A−T ou A−U e C−G


Estrutura dos Ácidos Nucleicos
Estrutura Secundária RNA

No RNA, as ligações por pontes de H ocorrem entre as bases de uma


mesma cadeia (A-U e C-G) e apenas ocorrem em algumas zonas da
molécula, originando estruturas secundárias características.
Estrutura dos Ácidos Nucleicos
Estrutura Secundária DNA
Modelo da Dupla Hélice
de Watson & Crick:

O DNA apresenta, normalmente, estrutura


secundária de dupla hélice, na qual as bases
complementares de cada uma das cadeias se
encontram ligadas por pontes de H - ligações
intercatenárias.

A dupla hélice de Watson & Crick ou hélice β é a


que predomina na maioria dos DNA, no entanto,
são possíveis outras formas isoméricas devido:
-À flexibilidade da configuração do esqueleto
polinucleótidico.
-À elasticidade dos ângulos de ligação entre a ose e
as bases.
Estrutura dos Ácidos Nucleicos
Estrutura Secundária DNA

As duas cadeias polinucleótidicas dispõem-


se de forma antiparalela e desenvolvem-se
sobre um eixo imaginário em direcções
opostas ficando:
- Para o exterior o esqueleto da cadeia
açúcar - fosfato (grupos com carga negativa).
- Para o interior as bases dispostas quase
perpendicularmente ao eixo da dupla hélice.

Apesar de, na maioria das vezes, o DNA ser


bicatenário, os genomas da alguns vírus
são formados por DNA monocatenário.
Estrutura dos Ácidos Nucleicos
Estrutura Secundária DNA

As bases de cada uma das cadeias estão


ligadas por pontes de H entre as bases
complementares. As duas cadeias têm
sequências complementares.
Os pares de bases contêm sempre uma base
púrica e uma pirimidica: A-T ; G-C

As ligações T-A são estabelecidas


por 2 ligações por pontes de H e
as ligações C-G são estabelecidas
por 3 ligações por pontes de H.
Estrutura dos Ácidos Nucleicos
Estrutura Terciária DNA
DNA Super enrolado ou supercoiling
A molécula de DNA pode sofrer: a
➢Enrolamento no sentido da sua progressão, á volta
de um circulo imaginário (DNA circular) (a)
➢Dobras sobre si própria (b)
➢As duas formas, em cadeias lineares longas (c)

Exemplos DNA circular:


➢Cromossomas bacterianos
➢DNA mitocondrial
➢DNA plasmídico
➢DNA de certos vírus

c b
Estrutura dos Ácidos Nucleicos
Estrutura Terciária RNA
Corresponde ao emparelhamento intercatenário entre regiões
distantes da mesma cadeia ou entre cadeias diferentes.
É mais conhecida nos tRNA , mas também pode surgir nos mRNA.
A estrutura terciária é fundamental
para o desenvolvimento espacial da
molécula e para a manutenção da sua
função biológica.
Estrutura Quaternária DNA e RNA
Corresponde a uma interacção entre
as cadeias de DNA ou RNA com as
proteínas
Estrutura dos Cromossomas
Uma célula humana tem cerca de 20 μm de diâmetro (5 μm núcleo).
A quantidade de DNA que tem que ser empacotado mede cerca de 2m!
Esta quantidade de DNA tem que ser condensada 105 (100 000) vezes!

O DNA associa-se às proteínas (histonas) e formam complexos


nucleoproteícos chamados cromatina, que constituem os nucleossomas.
Após a divisão celular, a cromatina organiza-se em estruturas compactas
denominadas cromossomas.

Parte principal do nucleossoma: O DNA distribui-se helicoidalmente à


volta da histona.
Replicação do DNA
A síntese implica a separação das 2 cadeias catalisada pelo complexo
enzimático helicase.

Cada cadeia irá comandar a síntese de uma cadeia que lhe é


complementar, devido ao emparelhamento das bases (A - T ; G – C).
Obtém-se duas moléculas iguais à molécula original.
Síntese do DNA - DNA polimerase

A síntese da cadeia complementar de DNA faz-se por ligação de um nucleótido, por


emparelhamento das bases complementares à cadeia original de DNA, e posterior
ligação de um novo nucleótido por ligação fosfodiéster.
É catalisada por um complexo multienzimático denominado DNA polimerase.
Síntese do DNA - DNA polimerase
Síntese do DNA - DNA polimerase
Síntese do DNA - DNA polimerase
Replicação do DNA

Replicação semi-conservativa
Cada DNA replicado é constituído por
uma cadeia de molécula original
emparelhado com uma cadeia
neoformada.
Como os enzimas de síntese de DNA
apenas catalisam a síntese de 5’ para 3’
com formação de uma nova cadeia
continua, na outra cadeia de DNA a
síntese ocorre também de 5’ para 3’
mas com formação de pequenos
fragmentos (fragmentos de Okazaki),
os quais são posteriormente ligados
através da DNA ligase.
Replicação do DNA
Transcrição
Síntese de moléculas intermediárias de mRNA portadoras da
informação necessária para a biossíntese das cadeias proteícas
A informação de parte do genoma, sob a forma de sequência de
bases do DNA, é copiada com formação de uma cadeia de mRNA
que apresenta uma sequência de bases complementares à cadeia
de DNA ( com excepção de T que é substituída por U).

A informação armazenada no DNA é posteriormente utilizada para a


síntese de proteínas por um processo indirecto
Transcrição
Os enzimas responsáveis pela biosíntese mRNA são RNA polimerases
DNA dependentes ou transcriptases.

A transcrição ocorre no sentido 5’- 3’


Tradução
A informação da cópia de mRNA vai servir para a síntese de uma cadeia
polipeptídica em que a ordem e a sequência de aminoácidos reflectem a
sequência das bases de mRNA.
A leitura da sequência de bases realiza-se em conjuntos de 3 bases que
codificam para um determinado aminoácido. Esta sequência de 3 bases é
denominada tripleto ou codão.

DNA
5’ - TTTGGACAACGTCCAGCGATC – 3’
3’ - AAACCTGTTGCAGGTCGCTAG – 5’

mRNA
5’ – UUU GGA CAA CGU CCA GCG AUC – 3’

Proteína
Phe – Gly – Glu – Arg – Pro – Ala – Ile
Código Genético
Código Genético
Relação entre os diferentes codões do mRNA e os 20 aminoácidos que
constituem as proteínas. Cada proteína é consequência da expressão de
um determinado gene.

Características do código genético:


-Tripleto nucleótidico – é necessária uma sequência de 3 bases (codão)
para especificar um aminoácido;
- Universal – é comum em vírus, procariotas e eucariotas, com excepção de
alguns codãos nas mitocondrias;
- Degenerado – Existem muitos aminoácidos que são especificados por
mais do que um codão. Por exemplo, Leu, Ser e Arg são codificados por seis
tripletos.
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Tradução
A tradução da sequência polinucleotídica em sequência polipeptídica passa por
formação de um complexo intermediário de tRNA- aminoácido (aminoacil-tRNA)

Cada tRNA comporta um tripleto nucleótidico determinado – anti-codão, capaz de


emparelhar com uma sequência complementar do mRNA (codão)

É este reconhecimento mútuo de codões sucessivos de mRNA e anticodões dos


correspondentes tRNA que assegura a incorporação correcta dos aa nas proteínas.
Tradução
A tradução inicia-se por uma fase
denominada iniciação onde as pequenas
subunidades ribossomais se ligam ao mRNA.
As subunidades maiores do ribossoma vão
fixar os tRNA transportadores de
aminoácidos permitindo o emparelhamento
correcto dos codões com os anticodões.
Na fase seguinte, a elongação, ocorre a
síntese do péptido de acordo com a
mensagem do código genético no sentido 5’
para 3’ e a síntese proteica processa-se do N-
terminal para o C-terminal, seguido de
translocação, quando o ribossoma se desloca
ao longo do mRNA.
As reacções de elongação são repetidas um
número elevado de vezes até que surja o
codão de terminação.
Na fase de terminação a cadeia polipeptídica
sai do ribossoma.
Ribossomas
Sub-estruturas celulares que servem de local de transferência
São constituídos por 60 a 65% de rRNA e por 35 a 40% de proteína

Estruturalmente, um ribossoma é formado


por partículas mais ou menos esféricas de
dimensões diferentes: as subunidades
menores têm afinidade especifica para
mRNA, as maiores podem fixar os tRNA
portadores de aminoácidos.

Funções:
✓ Selecção da região onde deve começar a
tradução do mRNA
✓ Emparelhamento correcto dos codões com
os anti-codões
✓Formação de ligações peptídicas

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