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DNA e SÍNTESE PROTEICA

DNA E SÍNTESE PROTEICA - As duas cadeias de DNA ligam-se através de


pontes de hidrogénio, onde bases púricas se
Todos os seres vivos possuem uma estrutura e
ligam a bases pirimídicas (A com T, G com C)
uma organização que determina as suas
características, formas e funções – - Cada cadeia polinucleotídica tem uma

morfofisiologia. disposição antiparalela (extremidade 3’ de uma


corresponde à extremidade 5’ da outra)
A molécula que contém todas essas
características é o DNA (ácido - Nucleótidos são adicionados no sentido 5’- 3’

desoxirribonucleico). - O DNA é composto de uma hélice dupla

ESTRUTURA DO DNA REPLICAÇÃO DO DNA


O DNA é constituído por unidades básicas – O DNA tem a capacidade de se duplicar –
nucleótidos, cada um deles composto por: replicação - para que durante a divisão celular, a

 Base azotada – Adenina, Guanina (púricas), informação do mesmo seja transmitida às novas

Citosina e Timina (pirimídica) células, de forma a assegurar a conservação da


informação e a integridade do património
 Pentose - desoxirribose
genético da espécie.
 Grupo fosfato
Esta replicação é semiconservativa, ou seja, uma
das cadeias polipeptídicas da molécula original
serve se molde a uma nova cadeia. Esta forma-se
por complementaridade, ou seja, através da
ligação de 5’ para 3, de novos nucleótidos com
bases complementares das bases dos nucleótidos
da cadeia original, por ação da enzima DNA
polimerase.

NOTAS

- Ao carbono 1 da pentose liga-se a base azotada


e ao carbono 5 liga-se o grupo fosfato

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ESTRUTURA RNA

A molécula de RNA é formada por uma cadeia Diferenças entre DNA e RNA
simples de nucleótidos e é muito mais pequena
DNA RNA
que a molécula de DNA. Contudo, em
determinadas regiões, a molécula de RNA pode
▪ DUAS cadeias ▪ UMA única cadeia
dobrar-se devido ao estabelecimento de pontes
polinucleotídicas polinucleotídica
de hidrogénio entre as bases complementares (A
enroladas em dupla ▪ Pentose – RIBOSE
com U e G com C).
hélice ▪ Bases azotadas – A,
Esta pode apresentar formas estruturais ▪ Pentose – G, C e U

diferentes de acordo com a função que DESOXIRRIBOSE


▪ Bases azotadas – A,
desempenha;
G, C e T
Esta molécula é sintetizada a partir do DNA (por
isso é que é mais curta que este) e pode ser de
três tipos: ▪ Quantidade ▪ Quantidade variável
constante em todas de acordo com a
• RNA mensageiro ou mRNA – que transporta a
as células somáticas atividade da célula
mensagem contida no DNA do núcleo para o
da mesma espécie ▪ Quimicamente
citoplasma; ▪ Quimicamente pouco estável e de

• RNA de transferência ou tRNA – que transporta muito estável e de pouca duração

os aminoácidos dispersos no citoplasma para os longa duração ▪ VÁRIAS formas


▪ UMA estrutura básicas – mRNA,
locais de síntese de proteínas, os ribossomas;
básica geral – hélice tRNA, rRNA
• RNA ribossómico ou rRNA – que juntamente dupla ▪ Encontra-se no
com algumas proteínas forma o ribossoma. ▪ Encontra-se no núcleo e no
núcleo das células citoplasma
O RNA encontra-se no nucléolo, no citoplasma,
eucarióticas e em
nas mitocôndrias e nos cloroplastos.
menor quantidade
nos cloroplastos e
nas mitocôndrias

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CÓDIGO GENÉTICO ALTERAÇÃO DO MATERIAL GENÉTICO –
MUTAÇÕES
▪ Universal, é igual na maioria dos seres vivos
▪ Cada aminoácido é codificado por um As mutações genéticas resultam da substituição,
codão deleção (perda) ou inserção (adição) de um
nucleótido à sequência que constitui o gene.
▪ Não é ambíguo, a cada codão corresponde
Normalmente o DNA polimerase corrige este
um só aminoácido
erro mas quando este falha são constituídas
▪ É redundante/degenerado, diferentes
proteínas diferentes e ocorrem mutações génicas.
codões podem significar o mesmo
aminoácido Existem também mutações silenciosas uma vez
▪ Terceiro nucleótido é o menos específico que o 3º nucleótido não é específico e o código
▪ Codão AUG codifica a metionina ao mesmo genético é redundante, assim não se formam
tempo que é um codão de iniciação proteínas diferentes.
▪ UAA, UAG, UGA são codões de finalização e
não correspondem a aminoácidos São exemplos de agentes mutagénicos, os raios
X, gama, cósmicos, UV e as partículas emitidas
por substâncias radioativas ou químicas como o
gás mostarda e as nitrosaminas.

Quando estas proteínas têm um papel


importante no organismo podem originar
doenças como por exemplo o Albinismo.

Nota: É mais grave ocorrer mutações na


replicação do DNA do que na transcrição, pois
tudo o que será formado a partir desta molécula
terá um erro, enquanto que na transcrição afetará
apenas aquele mRNA. É ainda menos grave na
formação da proteína.

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SÍNTESE DE PROTEÍNAS

A molécula de DNA, que garante a preservação TRANSCRIÇÃO (núcleo)

da informação genética, transmite-a sempre às A informação de DNA é copiada para mRNA.


células e parte dessa informação é utilizada na
Durante esta fase, a mensagem contida nos
formação de proteínas. Estas podem ser enzimas
genes é «lida» e por complementaridade de
ou até hormonas, sendo importantes no nosso
bases forma-se uma molécula de RNA. Para que
metabolismo celular e no nosso sistema
isto aconteça, a porção de DNA que contém o
hormonal.
gene a ser transcrito, desenrola-se e as duas
A síntese proteica é o processo de produção de cadeias separam-se de modo a ligarem-se pela
proteínas e ocorre ao nível dos ribossomas. É enzima RNA polimerase a nucleótidos de RNA
essencial para a manutenção e para o existentes no meio celular, utilizando como
crescimento celular. Compõe-se em duas etapas: molde apenas uma das duas cadeias.
Transcrição e Tradução.

Etapas:

1. Ligação do RNA polimerase a locais


específicos do DNA, no núcleo
2. Rompimento das pontes de hidrogénio e
separação das cadeias
3. Ligação de nucleótidos livres a uma cadeia
do DNA que serve de molde no sentido
5’ » 3’, formando-se mRNA
4. Libertação do mRNA sintetizado
5. Restabelecimento das pontes de
hidrogénio e estrutura do DNA

Intervenientes:

Cadeia de DNA – molde da síntese de RNA

Nucleótidos de RNA – síntese de RNA


- Mecanismo da síntese de proteínas
RNA polimerase – catalisador de reações

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outro ao mRNA pois tem um tripleto com
complementaridade de bases – anticodão.
PROCESSAMENTO (apenas cel. eucarióticas)
Etapas:
Nas células eucarióticas a transcrição ocorre no
núcleo e o pré- mRNA é sujeito a um Iniciação
processamento/maturação para formar um
O processo inicia-se quando a subunidade
mRNA maduro e funcional.
menor do ribossoma se liga ao mRNA, na
Cada gene contém sequências de nucleótidos –
extremidade 5’ deslizando até encontrar o
exões que codificam aminoácidos intercalados
codão de iniciação (AUG). De seguida o tRNA,
com intrões. Por ação enzimática as porções de
que transporta o aminoácido metionina liga-se
intrões são retiradas do RNA e os exões ligam--
por complementaridade ao codão de iniciação. A
se entre si, splicing.
subunidade maior do ribossoma liga-se à menor
Nos procariontes não há processamento do RNA
e este fica então funcional.
pois o DNA desses organismo não contém
intrões nem núcleo e a transcrição e tradução
ocorrem ambas no citoplasma, e por isso a Alongamento

transcrição ainda não acabou e a tradução já Um segundo tRNA transporta outro aminoácido

começou, não dando tempo para que ocorra o que se liga ao codão e estabelece-se uma ligação

processamento. peptídica entre o aminoácido recém-chegado e a

No final deste processo, o mRNA migra do metionina.


O ribossoma avança três bases (sentido 5’ para
núcleo para o citoplasma, onde ocorrerá o
3’) e este processo processo repete-se ao longo
processo de tradução.
da molécula de mRNA. Os tRNA vão se
desprendendo sucessivamente, apenas depois
do seu aminoácido de ligar ao aminoácido
anterior.

Finalização
Por último o ribossoma encontra um codão de
finalização (UAA UAG ou UGA). Como a estes
codões não corresponde nenhum tRNA, o
alongamento termina. O último tRNA abandona
TRADUÇÃO (citoplasma) o ribossoma. As subunidades do ribossoma
A informação contida em mRNA é traduzida em sequências separam-se, podendo ser recicladas. Finalmente,
de aminoácidos. a sequência de aminoácidos é libertada.

A informação contida no mRNA vai ser expressa


numa sequência de aminoácidos que constituirão Intervenientes:
uma determinada proteína. Aqui irá intervir o
mRNA, aminoácidos , tRNA , ribossomas, enzimas e ATP
RNA de transferência (tRNA) que se ligará por um
lado ao aminoácido para o qual é especifico e por

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REPRODUÇÃO
REPRODUÇÃO SEXUADA MEIOSE E FECUNDAÇÃO

Há uma duplicação do número de cromossomas A reprodução sexuada envolve dois

que resulta da fecundação é compensada pela processos: a fecundação e a meiose.

redução de cromossomas que ocorre na meiose, A fecundação é a união de gâmetas e implica


possibilitando a manutenção de um número a junção dos cromossomas contidos em cada
constante de cromossomas em cada espécie. um dos núcleos e por isso o ovo/zigoto

ANIMAIS PLANTAS possui o dobro dos cromossomas de cada

Estruturas produtoras de gâmetas gâmeta.


Gónadas Gametângios
Já a meiose encarrega-se de manter o
Testículos Ovários Anteríd Arquegó
número de cromossomas de geração em
ios nios
geração, reduzindo para metade o número
Gâmetas
de cromossomas.
Espermato- Óvulos Antero- Oosfe-
zoides zoides ras
Em indivíduos distintos
Gonocóricos Dioicas
No mesmo indivíduo
Hermafroditas
Suficientes, Insuficient
com es, com Monoicas
autofecund fecundaçã
1) INTERFASE
ação o cruzada
 Fase G1 – inicia-se o crescimento celular
 Fase S – duplicação do DNA
 Fase G2 – síntese proteica e fim do
principais características
crescimento celular
 Envolve a união de células sexuais/gâmetas
MEIOSE I
 Intervêm dois progenitores
 A divisão celular é a meiose, mas também há
mitose
 Permite grande variabilidade
 Descendência pouco numerosa
 Processo demorado e energeticamente
dispendioso
 Nas espécies com ambos os processos,
ocorre quando as condições do meio são
menos favoráveis

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MEIOSE II MITOSE

REPRODUÇÃO ASSEXUADA

Existe uma estabilidade genética e como tal, não


há alteração do número de cromossomas de
cada espécie.

principais características

 Não há união de células sexuais/ gâmetas


 Intervém apenas um progenitor
MITOSE VS MEIOSE
 A divisão celular neste processo é a mitose
 Ausência de variabilidade
 Descendência muito numerosa
 Processo muito rápido e pouco
dispendioso
 Nas espécies com ambos os processos
ocorre em condições mais favoráveis

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CICLOS DE VIDA
CICLO DE VIDA CICLO DE VIDA DA ESPIROGIRA

O conjunto de transformações que ocorrem


desde que se forma um ser vivo até que este
origina a sua própria descendência.

CICLO DE VIDA HAPLONTE

Observa-se na maioria dos fungos e algas.


CICLO DE VIDA DIPLONTE
As células somáticas haploides do organismo
Nos indivíduos adultos formam-se os gâmetas
diferenciam-se em gâmetas que por fecundação
por meiose nas gónadas/gametângios, que ao
originam o ovo ou zigoto.
fundirem-se (fecundação) originam o zigoto, o
A meiose ocorre após a formação do zigoto, qual cresce e se desenvolve originando um
originando células novamente haploides – organismo multicelular por mitoses sucessivas.
meiose pós-zigótica.
A meiose ocorre antes da formação de gâmetas,
que são as únicas células haploides – meiose pré-
gamética.

Fase diploide – ovo/zigoto (2n)

Fase haploide – ser adulto (n)

Fase diploide – ovo/zigoto (2n)

- A meiose não produz gâmetas mas sim células Fase haploide – gâmetas (n)
haploides que se dividem por mitose formando
- O zigoto diploide sofre mitoses sucessivas
um organismo adulto haplonte.
dando origem a um organismo pluricelular
- Gâmetas formados por mitose e não por meiose diplonte

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CICLO DE VIDA DO SER HUMANO

CICLO DE VIDA DE UM POLIPÓDIO

CICLO DE VIDA HAPLODIPLONTE

A entidade multicelular resultante da germinação


dos esporos – gametófito – é a produtora de
gâmetas e representa a geração gametófita que
coincide com a haplófase.

A entidade multicelular resultante ovo ou zigoto


– esporófito – é a produtora de esporos e
representa a geração esporófita e que coincide
com a diplófase.

A meiose ocorre antes da formação dos esporos


– meiose pré-espórica.

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EVOLUÇÃO BIOLÓGICA
EVOLUÇÃO DOS PROCARIONTES AOS TEORIA CELULAR
EUCARIONTES
▪ Todos os organismos vivos são compostos de

Diversidade e unidade dos seres vivos uma ou mais células;


▪ A célula é a unidade básica de estrutura e
O planeta Terra é povoado por uma grande
organização nos organismos;
diversidade de seres vivos unicelulares e
▪ As células surgem de células pré-existentes.
multicelulares.
MODELO AUTOGÉNICO
As células podem ser classificadas em:
Os seres eucariontes são o resultado de uma
DIFERENÇAS ENTRE CÉLULAS
evolução gradual dos seres procariontes.
PROCARIÓTICAS E EUCARIÓTICAS Numa fase inicial, as células desenvolveram
CÉLULAS CÉLULAS sistemas endomembranares resultantes de
PROCARIÓTICAS EUCARIÓTICAS invaginações da membrana plasmática. Algumas
Não possuem núcleo Possuem núcleo dessas invaginações armazenavam o DNA,
definido. O DNA está definido, ou seja, o formando um núcleo. Outras membranas
concentrado em uma material genético está evoluíram no sentido de produzir organelos
região denominada envolvido por uma semelhantes ao retículo endoplasmático.
nucleoide. membrana nuclear. Posteriormente, algumas porções do material
Normalmente Normalmente genético abandonaram o núcleo e evoluíram
apresentam um apresentam vários sozinhas no interior de estruturas membranares.
cromossomo circular. cromossomos lineares. Desta forma, formaram-se organelos como as
Não possuem Possuem organelos mitocôndrias e os cloroplastos.
organelos membranosas. Esta hipótese pressupõe que o material genético
membranosas. do núcleo e dos organelos (sobretudo das
Possuem ribossomas, Possuem ribossomas mitocôndrias e dos cloroplastos) tenha uma
porém esses são maiores e mais estrutura idêntica.
menores e menos complexos do que os
complexos do que os da célula procariótica.
presentes nas células
eucarióticas.
Menores que as Maiores que as células
células eucarióticas procarióticas.
Exemplo: Célula Exemplo: Célula
bacteriana animal e célula vegetal

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MODELO ENDOSSIMBIÓTICO
Argumentos a favor da hipótese autogénica:
Algumas células procarióticas de grandes
• Todas as membranas que constituem os
dimensões (célula hospedeira) capturaram
organelos celulares possuem a mesma
células mais pequenas, como os ancestrais das
composição bioquímica;
mitocôndrias e cloroplastos.
Alguns destes ancestrais conseguiam sobreviver
• Alguns genes necessários ao funcionamento
no interior da célula procarióticas de maiores
das mitocôndrias e dos cloroplastos estão
dimensões, resistindo à digestão intracelular.
atualmente no núcleo;
A íntima cooperação entre estas células conduziu
ao estabelecimento de uma relação simbiótica
Argumentos contra a hipótese autogénica:
estável e permanente. A evolução conjunta
• Não explica o que desencadeou a invaginação
destes organismos terá levado ao surgimento das
da membrana celular;
células eucarióticas constituídas por vários
organelos, alguns dos quais foram, em tempos,
• Se o núcleo fosse formado por invaginações de
organismos autónomos.
membrana procariótica, então o DNA do núcleo
Assim, as primeiras relações endossimbióticas
seria circular, o que não corresponde a realidade.
terão sido estabelecidas com os ancestrais das
mitocôndrias. Os ancestrais das mitocôndrias
Argumentos a favor da hipótese
seriam organismos que tinham desenvolvido a
endossimbiótica:
capacidade de produzir energia, de forma muito
• As mitocôndrias e os cloroplastos são muito
rentável, utilizando o oxigénio no processo de
semelhantes a bactérias (seres procariontes), na
degradação de compostos orgânicos.
forma, no tamanho e nas estruturas
Por outro lado, outro grupo de procariontes,
membranares;
semelhante às atuais ciano- bactérias, tinha
desenvolvido a capacidade de produzir
• Estes organelos produzem as suas próprias
compostos orgânicos, utilizando a energia
membranas, as suas divisões são independentes
luminosa. A associação das células procarióticas
das da célula e são semelhantes à divisão binária
de maiores dimensões com estes seres, ancestrais
das bactérias;
dos cloroplastos, conferia-lhe vantagens
evidentes.
• Contêm um DNA próprio semelhante ao das
bactérias – uma molécula circular, geralmente,
não associada a histonas;

• Os ribossomas das mitocôndrias e dos


cloroplastos são semelhantes aos dos
procariontes, quer no tamanho, quer nas suas
características bioquímicas;

• Na membrana interna destes organelos, existem


enzimas e sistemas de transporte que se

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assemelham aos que estão presentes nos atuais À medida que as dimensões da célula aumentam,
procariontes. Assim, admite-se que as a razão entre a área da célula e o seu volume
membranas internas derivem das membranas diminui porque o crescimento celular não pode
dos procariontes endossimbióticos; ser indefinido. Então, como o metabolismo se
torna mais ativo, mas a superfície membranar que
• Atualmente, podem encontrar-se associações contacta com o exterior não tem um aumento
simbióticas entre bactérias e alguns eucariontes. proporcional, as trocas com o meio tornam-se
menos eficientes e não são capazes de dar
Pontos fracos da hipótese endossimbiótica: resposta às necessidades das células.
• Esta hipótese não explica a origem do núcleo Assim, para indivíduos com dimensões superiores
das células procarióticas; a 1mm sobreviverem só têm duas possibilidades:
ou são unicelulares, mas com um metabolismo
• Não esclarece como é que o DNA nuclear muito baixo ou, para darem resposta às
comanda o funcionamento dos cloroplastos e das necessidades metabólicas, têm de ser
mitocôndrias; multicelulares.

• Não explica como é que tendo os seres Embora ainda não esteja bem esclarecida, pois o
procariontes as mesmas dimensões umas foram registo fóssil não é suficiente, pensa-se que a
englobadas por outro multicelularidade tenha resultado de associações
vantajosas entre eucariontes unicelulares que
• Não explica o porque dos ribossomas das foram evoluindo:
células eucarióticas serem maiores • Inicialmente, todas as células desempenhariam
a mesma função;
• Não explica o porque do DNA nas células
eucarióticas no núcleo é linear • Posteriormente, algumas células ter-se-iam
especializado em determinadas funções,
ocorrendo diferenciação celular;
ORIGEM DA MULTICELULARIDADE

Depois do aparecimento das células eucarióticas, • A diferenciação celular, em que se verifica


a vida na Terra apresentava já grande interdependência estrutural e funcional das
diversidade. células, ter-se-á acentuado, originando
Os organismos eucariontes, que desenvolveram verdadeiros seres multicelulares.
capacidade de predação, começaram a aumentar
de tamanho, o que favoreceu: Atualmente verifica-se a existência de agregados
• A captura mais eficiente de outras células; de seres eucariontes unicelulares da mesma
• A deslocação que, sendo mais rápida, facilita a espécie que estabelecem ligações estruturais
fuga e a alimentação; entre si, formando colónias ou agregados
• O aumento do metabolismo. coloniais

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Vantagens evolutivas da multicelularidade foram criadas independentemente umas das
para os organismos: outras.
• Permite que os organismos tenham maiores
dimensões, mantendo a relação área/volume As principais teorias fixistas são o criacionismo, o
ideal para a realização de trocas com o meio; espontaneísmo e o catastrofismo:
• Possibilita maior diversidade, proporcionando
uma melhor adaptação a diferentes ambientes  Criacionismo: defendia que todos os seres

(Um ser vivo multicelular tem células com funções vivos tinham sido obra divina e que por isso

diferentes e por isso a adaptação a meios eram perfeitos e não precisavam de sofrer

diferentes torna-se mais fácil); alterações

• Diminuição da taxa metabólica, como resultado  Espontaneísmo: a vida surgia quando

da especialização celular que permitiu uma existissem condições favoráveis a isso, uma

utilização de energia de forma mais eficaz dessas condições era a existência de uma

(Quando uma célula é especializada, apresenta força vital

mecanismos especializados para a função que  Catastrofismo: a existência de catástrofes

esta tem, assim esta função é feita de forma mais naturais destruía determinados seres vivos,

rápido, gastando menos energia); outras espécies existentes iriam povoar

• Maior independência relativamente ao meio esses locais desabitados

ambiente, devido a uma eficaz homeostasia


Principais evidências geológicas que abalaram
(equilíbrio dinâmico do meio interno) que resulta
o modelo fixista foram:
da interdependência entre os vários sistemas de
 A idade da Terra ser muito superior à admitida até
órgãos (permite uma melhor adaptação aos então;
ambientes com características mais extremas).  O aparecimento de fósseis de espécies muito
Em suma, pode dizer-se de forma muito simples diferentes das que se conheciam.
 Foi dificilmente aceite pela comunidade científica e
que a evolução das formas de vida se processou
a sua implantação definitiva decorreu do
dos procariontes para os eucariontes unicelulares
aparecimento de mecanismos explicativos muito
e dos seres coloniais para os pluricelulares. bem fundamentados e apoiados por argumentos
válidos;

MECANISMOS DE EVOLUÇÃO
EVOLUCIONISMO
FIXISMO
Admite que as espécies se alteram de forma lenta
Foi a primeira tentativa de explicação da grande
e progressiva ao longo do tempo, dando origem
diversidade de seres vivos existentes na Terra. Era
apoiada pela observação de gerações sucessivas
de seres vivos que eram sempre semelhantes.

Admite que as espécies surgiram tal como se


conhecem atualmente e, que se mantiveram fixas
e imutáveis ao longo do tempo e as espécies

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a novas espécies e que as espécies são originadas em resultado do desenvolvimento e/ou atrofia de
a partir de ancestrais comuns. um determinado órgão ou parte do seu
organismo como resposta ao seu uso e/ou
desuso

 O ambiente intelectual em que o Lei da transmissão dos caracteres adquiridos –


evolucionismo se estabeleceu foi estas novas características seriam transmitidas à
influenciado pelas ideias de mudança que geração seguinte, mantendo-se assim na
surgiram, ao mesmo tempo, em todas as população
áreas do conhecimento;

 Construiu-se com o contributo e a


O lamarckismo foi muito contestado pois
colaboração de várias ciências e, em
particular, da Geologia.  A evolução tinha uma finalidade e os seres
vivos tinham o desígnio de melhorarem e
se adaptarem ao meio
As duas teorias evolucionistas mais marcantes  A lei do uso e do desuso não explicavam
são o Lamarckismo e o Darwinismo.
todas as modificações que se observavam
nos seres nem no modo como as
modificações adquiridas eram passadas à
 LAMARCKISMO:
descendência

Foi a primeira teoria explicativa sobre o


mecanismo de evolução dos seres vivos,  DARWINISMO:
formulada e defendida por um naturalista
francês, o cavaleiro de Lamarck. Darwin baseou-se num conjunto de dados e
informações recolhidos ao longo de mais de 20
O ambiente é considerado o principal anos, destacando-se os recolhidos na viagem à
responsável pela evolução. volta do Mundo no Beagle.
Admite, ainda, uma progressão lenta e gradual Os fundamentos desta teoria são os dados
dos organismos mais simples para os mais geológicos, os dados geológicos e
complexos. biogeográficos, o Malthusianismo, a seleção
artificial e a variabilidade intraespecífica:
Esta teoria assentava em duas leis fundamentais:
 Lei do uso e do desuso Dados da Geologia
 Lei da transmissão dos caracteres
 As leis naturais são constantes no tempo
adquiridos
e no espaço

Lei do uso e do desuso - a necessidade de  Deve explicar-se o passado através dos

adaptação a novas condições ambientais dados do presente


determinaria o aparecimento de características

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 Na longa história da Terra ocorreram Privilegia os indivíduos mais aptos e elimina os
mudanças geológicas lentas e graduais menos aptos relativamente a determinadas
condições do ambiente.
Os fósseis comprovam a evolução das espécies.

VARIABILIDADE INTRAESPECÍFICA
Dados da Biogeografia
Darwin verificou haver variedade entre espécies
A fauna e a flora variam de acordo com a sua
ou seja intraespecífica.
localização geográfica.
REPRODUÇÃO DIFERENCIAL
Nas ilhas Galápagos existiam:
Os indivíduos chegam à idade de reprodução
- 7 Variedades de tartarugas
com mais facilidade, ao contrário dos seres
diferentes em diferentes ilhas
menos aptos e transmitem por isso as melhores
(apesar das diferenças tinham
características à descendência
semelhanças que supunham uma origem
comum) A principal crítica a esta teoria era não conseguir
explicar o que causava a variedade intraespecífica
- 14 Espécies de tentilhões muito
existente nas populações.
semelhantes (distinguiam-se
pelo tamanho, cor e forma do
bico de acordo com a sua
NEODARWINISMO/teoria
alimentação) apontavam para uma origem
sintética da evolução:
comum

Tal como foi enunciada por Darwin, a teoria da


Assim concluiu que estas ilhas foram povoadas a evolução apresentava alguns pontos que não

partir do continente americano e as foram totalmente esclarecidos, como os


mecanismos responsáveis pelas variações
características particulares de cada ilha levaram a
existentes nos indivíduos de uma espécie e a
uma evolução distinta das espécies, daí a sua
forma como as variações são transmitidas de
diferenciação.
geração em geração.
Seleção artificial, natural e variabilidade
O desenvolvimento da tecnologia e da ciência,
SELEÇÃO ARTIFICIAL
principalmente no âmbito da genética, forneceu
O homem é capaz de selecionar indivíduos com os conhecimentos necessários para colmatar
características desejáveis através de cruzamentos estas lacunas. Surgiram, então, duas novas ideias

previamente planeados, introduzindo diferenças fundamentais:

nas espécies.

SELEÇÃO NATURAL

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• Mutações – são uma evidência que permite
explicar as variações dos seres vivos – as • Quanto maior for a diversidade maior é a
alterações hereditárias no genoma do individuo probabilidade de uma população se adaptar às
podem levar ao aparecimento de características mudanças que ocorram no ambiente.
novas e favoráveis para viver mais tempo ou
reproduzir-se mais;
• Recombinação genética – explica a transmissão
das características de geração em geração –
ocorre na meiose no crossing-over e na
separação aleatória dos cromossomas
homólogos
Para explicar os mecanismos evolutivos, esta
teoria apresenta duas ideias fundamentais, a
variabilidade genética e a seleção natural:

 A existência de variabilidade genética nas


populações consideradas como unidades
evolutivas;

 A seleção natural como mecanismo


principal da evolução;

 A conceção gradualista que permite


ARGUMENTOS A FAVOR DO
explicar que as grandes alterações
resultam da acumulação de pequenas EVOLUCIONISMO
modificações, que vão ocorrendo ao
ARGUMENTOS DE ANATOMIA
longo do tempo.
COMPARADA
De acordo com o Neodarwinismo:
Estudo das características morfológicas dos seres
vivos e encontra semelhanças em seres vivos
• As populações são as unidades evolutivas, pois
muito diferentes.
apresentam a variabilidade sobre a qual a seleção
natural vai Esta existencia de relaçoes filogenéticas em
diferentes espécies é apoiadas pelas estruturas
• Cada conjunto génico confere potencialidades homólogas, análogas e vestigiais.
adaptativas aos indivíduos, num determinado
meio e num determinado tempo.

ESTRUTURAS HOMÓLOGAS - divergentes


• As populações são conjuntos de indivíduos da
mesma espécie que, num dado momento, Evidenciam um ancestral comum, ou seja, origem

ocupam uma determinada área. de um mesmo grupo ancestral que ocupou

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diferentes habitats, experimentando diferentes A descoberta de que os organismos são
seleções naturais e evoluindo assim de uma constituidos pelas mesmas biomoléculas –
forma divergente. protidos, lipidos, glicidos e ácidos nucleicos –
ESTRUTURAS ANÁLÓLOGAS – convergentes e apresentam mecanismos semelhantes
como a sintese proteica, a universalidade do
Revelam uam evolução convergente fruto de
código genético, levaram à conclusao de
seleções naturais semelhantes, favorecendo os
portadores destas estruturas. uma origem bioquimica comum para todos
os seres vivos. Além do DNA, RNA e
sequencia de genes, é importante também
ESTRUTURAS VESTIGIAIS estudos comparativos das proteinas
Estruturas atrofiadas que evidenciam, existentes nos diferentes ser vivos para o
contrariando o fixismo, que os indiviudos de uma estabelecimento de graus de parentesco.
dada espécie não se mantiveram imutáveis,
Quanto maior for a diferença do nº de
alterando-se ao longo do tempo, sendo
aminoácidos, menor é o grau de parentesco
selecionados de acordo com as condiçoes
entre especies e por isso divergiram à mais
ambientais.
tempo.

ARGUMENTOS PALEONTOLÓGICOS

Os argumentos que melhor defendem a teoria


uma vez que se baseiam no estudo dos fósseis.
Estes demonstram que no passado existiram
seres diferentes dos da atualidade e inferem
também que seres vivos atuais tiveram ancestrais
comuns.

ARGUMENTOS CITOLÓGICOS

A descoberta de que a célula é a estrutura


funcional, reprodutora e hereditária de todos os
seres vivos constituiu um argumento poderoso
por sugerir uma origem comum para todos os
seres vivos a partir de células ancestrais.

ARGUMENTOS BIOQUÍMICOS

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SISTEMÁTICA DOS SERES VIVOS
SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO DIVERSIDADE DE CRITÉRIOS

▪ Práticos: distinguem os seres consoante as Tipos de nutrição


necessidades humanas (defesa,
Permite identificar o papel dos seres vivos nos
alimentação)
ecossistemas. São classificados quanto às fontes
de carbono e de energia que utilizam.
▪ Racionais: baseiam se em carateres
evidenciados pelos seres vivos FOTOTRÓFICOS QUIMIOTRÓFICOS
(luz solar) (compostos quím)

AUTOTRÓFICOS Fotoautotróficos Quimioautotróficos


▪ Artificiais: baseiam se num número
(CO ou CO2) CO2 CO
relativamente pequeno de características. HETEROTÓFICOS Fotoheterotróficos Quimioheterotróficos
(compostos org)

▪ Verticais ou filogenéticas: têm em conta o


fator tempo e permitem constituir árvores
Nível de organização estrutural
filogenéticas (ou filética, cladística,
evolutiva), que agrupam os seres de acordo Divide os seres vivos em:
com o seu grau de parentesco – Quanto
▪ Procariontes / Eucariontes
mais afastado estiver o ancestral comum,
▪ Unicelulares / Multicelulares
maior será a divergência entre espécies.

▪ Horizontais ou fenéticas: não têm em Critérios bioquímicos


conta o fator tempo e permitem construir
Mais recentes na atualidade e mais importantes.
árvores fenéticas, que têm como objetivo a
Destacam-se:
identificação rápida de um organismo, sem
ter em conta a sua evolução, mas sim o seu ▪ Comparação de sequências de aminoácidos
fenótipo (características externas). num polipeptidio
▪ Comparação de sequências de DNA
mitocondrial ou cromossómico

Interação nos ecossistemas (Wittaker)

Relações alimentares entre organismos.

▪ Consumidores e produtores

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TAXONOMIA E NOMENCLATURA Quanto ao tipo de célula:

- Procariontes, seres unicelulares, sem núcleo


individualizado e não têm organelos do sistema
endomembranar

- Eucariontes, têm um núcleo individualizado e


organelos constituídos por membranas

Quanto ao número de células (eucariontes)

- Unicelulares, uma única

Regras de nomenclatura - Multicelulares, várias

▪ Nome científico das espécies tem Quanto à diferenciação celular (multicel)


designação binominal, primeiro termos
- Indiferenciados
designa o género e o segundo é o restritivo
específico - Diferenciados

▪ Nome do género é substantivo e por isso ▪ Tipo de nutrição


começa com letra em maiúscula, já o
restritivo específico é um adjetivo - Autotróficos

aparecendo por isso em minúsculas Produzem matéria orgânica a partir de matéria


inorgânica (fototrofismo), em meios com
▪ Designação do género é uninominal, a ausência de luz apenas atuam os
espécie binominal e a subspécie trinominal quimioautotróficos.

- Heterotróficos
▪ Nomes científicos das espécies escrevem-se
em itálico ou num tipo de letra distinto do Utilizam matéria orgânica sintetizada pelos
restante texto. Uma vez manuscrito, deve-se seres autotróficos.
sublinhar os nomes separadamente. Os Heterotrofismo por ingestão – digestão ocorre no
nomes estão escritos em latim. interior do organismo

Heterotrofismo por absorção – digestão ocorre fora


SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DE do organismo

WITTAKER MODIFICADO

As alterações foram feitas essencialmente no


▪ Interação nos ecossistemas

reino Protista, por causa das algas que - Produtores, seres autotróficos do ecossistema,
apresentam formas uni e multicelulares. são a base de todas as cadeias

Existem 5 reinos: Monera, Protista, Fungi, - Consumidores, seres heterotróficos do


Animalia e Plantae. ecossistema, macro se for por ingestão e micro
se for por absorção
▪ Nível de organização celular

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