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Biologia- 11ºAno- Tânia Alves

Biologia 11ºAno
nucleótidos com sentidos opostos
(antiparalelas) e dispostas
helicoidalmente.
Nesta dupla hélice, as duas cadeias estão
DNA E RNA unidas por ligações de hidrogénio, que
Os ácidos nucleicos, DNA e RNA, são se estabelecem entre as bases
polímeros de pequenas unidades nitrogenadas complementares (A=T e
denominadas nucleótidos. C⬱G). Na molécula de DNA, o número de
Cada nucleótido é constituído por: nucleótidos em A é, aproximadamente,
-um grupo fosfato; igual ao de T e o de G ao de C. Pode
-uma pentose: desoxirribose no DNA e deduzir-se que (A+C)⥵(T+G) ou
ribose no RNA; (A+C)/(T+G)⥵1.
-uma base nitrogenada: adenina (A), Estas moléculas armazenam a
timina (T), citosina ( C) ou guanina (G), no informação genética, garantindo a sua
DNA, e adenina, uracilo (U), citosina ou transmissão aos descendentes, e
guanina, no RNA. controlam o metabolismo celular através
da síntese das proteínas.
Nas células procarióticas, o DNA
encontra-se no citoplasma, formando o
nucleoide. Nas células eucarióticas,
estas moléculas permanecem no interior
do núcleo, existindo também no interior
de determinados organelos, como as
mitocôndrias e os cloroplastos. No
núcleo, o DNA encontra-se ligado a
proteínas, constituindo estruturas
filamentosas, os cromossomas.
A molécula de RNA é constituída por
uma cadeia polinucleotídica, que, por
vezes, se pode dobrar sobre si própria,
quando se estabelecem ligações de
hidrogénio entre as bases (A=U e C⬱G).
Existem vários tipos de RNA que são
estrutural e funcionalmente diferentes,
dos quais se destacam o mRNA
(mensageiro), de natureza linear, o tRNA
(transferência) e o rRNA (ribossómico),
com ligações entre as suas bases.
A ligação entre dois nucleótidos faz-se Nas células procarióticas, o RNA
entre a pentose de um nucleótido com o encontra-se no citoplasma. Nas células
grupo fosfato do nucleótido seguinte. eucarióticas, as diferentes moléculas de
Estas ligações permitem a formação de RNA são sintetizadas no interior do
cadeias de nucleótidos ou cadeias núcleo, migrando depois para o
polinucleotídicas. Estas cadeias iniciam- citoplasma, onde desempenham as suas
se sempre por um grupo fosfato, funções.
terminando numa pentose.
De acordo com o modelo proposto, em
1953, por Watson e Crick, a molécula de
DNA é constituída por duas cadeias de

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separação das duas cadeias


REPLICAÇÃO SEMICONSERVATIVA DO antiparalelas.
DNA À medida que as duas cadeias se
As células são capazes de originar cópias separam, um complexo enzimático,
do DNA existente no seu interior, através denominado DNA polimerase, vai
de um processo designado por ligando nucleótidos livres a cada uma
replicação. Este processo assegura tanto das cadeias, de acordo com a
a produção de células geneticamente complementaridade das bases
idênticas como a transmissão da nitrogenadas e no sentido 5’→3’. Cada
informação genética, ao longo das cadeia nucleotídica da molécula antiga
gerações, em todos os organismos. serve de molde à nova cadeia
Nos seres eucariontes, a replicação antiparalela que se vai formando. No final
ocorre no interior do núcleo da célula e, deste processo obtêm-se duas
nos procariontes, no citoplasma. moléculas de DNA exatamente iguais,
com a mesma sequência de pares de
bases da molécula original.

SÍNTESE PROTEICA
O controlo do metabolismo celular, por
parte do DNA, ocorre através da síntese
das proteínas. As proteínas resultam da
ligação, em cadeia, de aminoácidos por
ligações peptídicas. As proteínas diferem
entre si, quer pelo número de
aminoácidos quer pela sua sequência na
cadeia. A porção de DNA que contém a
informação para a síntese de uma dada
CÉLULA EUCARIONTE proteína designa-se gene. Esta
informação corresponde à sequência de
nucleótidos dessa porção da dupla hélice
e determina a sequência e o número de
aminoácidos numa proteína. A
totalidade dos genes de um organismo
constitui o seu genoma. A síntese
proteica ocorre no interior das células em
duas fases: transcrição e tradução.

Transcrição: Consiste na síntese de uma


molécula de mRNA a partir da leitura da
informação contida na cadeia codificante
da porção da molécula de DNA
correspondente ao gene a ser transcrito.
O complexo enzimático RNA polimerase
separa as duas cadeias de DNA e inicia a
CÉLULA PROCARIONTE síntese de uma molécula de mRNA, de
acordo com as bases nitrogenadas.
O processo inicia-se pela ligação à Ex: Se na cadeia de DNA estiver presente
molécula do DNA de enzimas que o nucleótido adenina, a RNA polimerase
desenrolam a dupla hélice quebrando as liga ao mRNA o nucleótido uracilo.
ligações de hidrogénio e provocando a

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Nos seres eucariontes, nem todas as específico que transporta à cadeia


sequências nucleotídicas do gene polipeptídica em formação.
codificam aminoácidos.
Este facto leva a que o mRNA resultante MUTAÇÕES GÉNICAS
da transcrição, designado por pré-mRNA, O material genético sofre alterações
tenha de sofrer processamento. Ao RNA espontâneas ou provocadas por fatores
pré-mensageiro são retiradas as porções mutagénicos, como radiações e produtos
(intrões) que não codificam químicos. Estas alterações são mais
aminoácidos, ficando a molécula mais frequentes em momentos fundamentais
curta e apenas constituída por da vida das células, tal como a replicação
sequências (exões) que codificam os semiconservativa do DNA. Tais anomalias
aminoácidos das proteínas. devem-se a trocas de nucleótidos, à sua
Na molécula de mRNA cada sequência adição ou à sua eliminação, podendo ter
de três nucleótidos é designada por como resultado uma modificação na
códão. informação do gene que codifica a
O códão é complementar do codogene, síntese de uma dada proteína. Durante a
uma sequência codificante de três bases síntese proteica, estas modificações,
(tripleto) do DNA. A correspondência designadas por mutações génicas,
entre os diferentes codões do mRNA e o podem dar origem a proteínas anómalas
aminoácido que cada um deles codifica que conduzem ao aparecimento de
constitui o código genético. novas características nos mutantes.
Este código é universal, uma vez que é
partilhado por todos os organismos, e é DIFERENCIAÇÃO CELULAR
redundante, porque diferentes codões Nas fases iniciais de desenvolvimento de
codificam o mesmo aminoácido. Em um organismo multicelular, as células
geral, os codões correspondentes a um vão sofrendo um processo de
determinado aminoácido podem variar diferenciação celular que as torna
na última base, enquanto os dois morfológica e funcionalmente diferentes,
primeiros são mais específicos para esse apesar de possuírem os mesmos genes.
aminoácido. O código genético não é A diferenciação celular envolve a
ambíguo, uma vez que um codão expressão de determinados genes e a
codifica apenas um aminoácido. inativação de outros.
Em cada célula, aproximadamente 5%
Tradução: Ocorre no citoplasma, para dos seus genes estão a ser transcritos e
onde o mRNA processado migra através traduzidos em proteínas, encontrando-
dos poros do invólucro nuclear. Consiste se os restantes inativos. A diferenciação
na conversão da mensagem do mRNA, permite que os genes que se exprimem
correspondente à sequência de codões nas células de um tecido sejam
da molécula, numa sequência específica diferentes dos que estão ativos noutro
de aminoácidos da proteína a formar. tecido.
Nesta etapa da síntese proteica
intervêm: o mRNA, os ribossomas, o RNA CICLO CELULAR
de transferência (tRNA), enzimas A vida de uma célula inicia-se no
envolvidas nas reações de síntese e o momento em que a célula que lhe deu
ATP, que fornece a energia necessária ao origem terminou a sua divisão celular,
processo. O tRNA possui uma sequência continuando até ao momento em que,
de três nucleótidos- anticodão- que, por sua vez, se divide em duas novas
ligando-se ao codão complementar do células. Esse conjunto de transformações
mRNA, permite a adição do aminoácido constitui o ciclo celular c/ duas etapas.

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-Interfase: Período compreendido entre Prófase:


o final de uma divisão celular e o início da -Inicia-se pela condensação dos
divisão celular seguinte. Nesta etapa é cromossomas, que se vão tornando cada
possível definir três intervalos: vez mais grossos, curtos e visíveis ao
-G1: durante o qual ocorre um microscópio ótico.
crescimento da célula devido, sobretudo, - Cada cromossoma é constituído por
à síntese proteica; dois cromatídeos unidos pelo
-S: no qual ocorre a duplicação dos centrómero.
centríolos e a replicação - Os centríolos (nas células animais) e o
semiconservativa do DNA, com a centro organizador de microtúbulos (nas
consequente alteração da estrutura dos células vegetais) organizam os
cromossomas, que passam a possuir dois microtúbulos proteicos do fuso
cromatídeos unidos pelo centrómero; acromático.
-G2: a célula atinge o seu volume - Os cromossomas ligam-se pelo
máximo e produz todos os componentes centrómero a alguns microtúbulos do
necessários para entrar em divisão fuso acromático.
celular. - O invólucro nuclear desorganiza-se e os
Existem situações em que as células nucléolos desaparecem.
interrompem o ciclo celular, deixando de
se dividir e permanecendo num estádio
estacionário G0 até à sua morte.

-Fase mitótica ou divisão celular: ocorre


a divisão da célula em duas células-filhas
com um conjunto de cromossomas igual
ao da célula que as originou. A divisão
celular das células eucarióticas inicia-se
pela divisão do núcleo- mitose- seguida
da divisão do citoplasma- citocinese.

Metáfase:
- Os cromossomas atingem o máximo de
condensação.
- Os cromossomas alinham.se na zona
equatorial do fuso acromático pelos
respetivos centrómeros, formando a
placa equatorial.

FASE MITÓTICA
Integra a mitose e a citocinese. Nas
células eucarióticas, a mitose consiste na
divisão do núcleo, da qual resulta a
formação de dois núcleos
geneticamente iguais ao anterior.

Anáfase:

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- A divisão do centrómero separa os dois Nas células animais, a membrana


cromatídeos de cada cromossoma, que citoplasmática começa a deslocar-se
passam a constituir dois cromossomas para o interior do citoplasma, devido à
independentes. ação de um anel de filamentos proteicos
- Os microtúbulos do fuso acromático que puxa as membranas para o interior.
encurtam, e os dois cromossomas Este estrangulamento da membrana da
iniciam a sua ascenção para pólos célula continua até originar duas células
opostos da célula. distintas.
- No final desta etapa existem, nos dois Nas células vegetais, a presença da
pólos da célula, conjuntos de parede celular impede a divisão por
cromossomas idênticos. estrangulamento. Nestas células ocorre a
acumulação, na zona equatorial, de
vesículas formadas no complexo de
Golgi, que, fundindo-se, originam a
membrana citoplasmática das duas
células. Posteriormente ocorre a
formação da parede celular entre elas.

A mitose é um processo que assegura a


manutenção das características
genéticas nos processos de
crescimento e de renovação celular.
Esta estabilidade genética só é possível
Telófase: porque, durante o período S da interfase,
- A maior parte dos microtúbulos do fuso ocorre a replicação semiconservativa do
acromático sofre despolimerização e os DNA, o que garante que, no final da
cromossomas descondensam, tornando- mitose, as duas células resultantes
se longos e finos. possuam o mesmo conjunto de genes.
- O invólucro nuclear organiza-se em
torno dos cromossomas de cada polo,
formando-se dois núcleos.

Ainda durante as últimas fases da divisão


nuclear, tem início a citocinese
(processo de divisão do citoplasma que
permite a redistribuição dos organelos
REPRODUÇÃO ASSEXUADA
celulares pelas duas células-filhas).

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Pode manifestar-se através de uma do progenitor, originando-se, assim,


multiplicidade de processos que colónias.
possuem em comum as seguintes
características:
-apenas um progenitor origina os
descendentes, o que traduz em
economia de energia;
-os descendentes possuem a mesma
informação genética entre si e igual à do
progenitor, apresentando, as mesmas
características estruturais e funcionais-
uniformidade genética;
-são processos rápidos e produzem um Esporulação:
elevado número de descendentes, o que -Os esporos são produzidos em grande
permite uma rápida dispersão das quantidade em órgãos especializados -
populações; esporângios - onde se formam por
-ocorrem quando as condições mitose.
ambientais são favoráveis, permitindo -Os esporos, uma vez libertados,
grande crescimento das populações. germinam e originam novos
descendentes.
Uma vez que os processos de -O facto de os esporos possuírem
reprodução assexuada estão paredes celulares resistentes permite-
habitualmente relacionados com a lhes sobreviver em condições adversas.
divisão mitótica, que conduz à produção
de células com cópias dos mesmos
genes, os descendentes resultantes de
reprodução assexuada são todos clones
do progenitor.

Bipartição:
- A célula original divide-se em duas
células-filhas aproximadamente iguais.
- Nas bactérias, a bipartição não está
associada à divisão nuclear (mitose),
verificando-se a duplicação do DNA e a
sua distribuição pelas células-filhas.
Fragmentação:
-Porções resultantes da fragmentação de
alguns organismos multicelulares
regeneram as partes em falta, originando
um novo organismo.

Gemulação:
-Surgem no progenitor pequenas
saliências (gomos ou gemas) que
acabam por originar um novo ser de
menores dimensões.
-Nos seres pluricelulares, os
descendentes nem sempre se separam Propagação vegetativa:

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-Multiplicação das plantas a partir de interesse agrícola permitem a


determinados órgãos vegetais: raízes, seleção e a obtenção rápida de um
caules e folhas. grande número de descendentes
-Porções de determinados órgãos com
com características
grupos de células indiferenciadas
economicamente rentáveis. Como,
originam novos descendentes.
por exemplo:
Estacaria: Consiste na introdução de
fragmentos da raiz, do caule ou das
folhas no solo (estacas), a partir dos
quais irão surgir raízes ou gomos que
evoluem para uma nova planta.
Enxertia: Consiste na junção das
superfícies cortadas de duas plantas
da mesma espécie ou de espécies
diferentes. O órgão ou parte do órgão
da planta dadora é o enxerto, e a
Partenogénese:
planta recetora constitui o porta-
-As fêmeas produzem óvulos que,
enxerto. No final, resulta um clone da
sem serem fecundados, originam
planta dadora.
novos descendentes.
Micropropagação in vitro: É possível
-Os descendentes podem ser
a produção a partir de células de
machos ou fêmeas.
diversos tecidos vegetais.
NOTA: A partenogénese é
Um pequeno fragmento de um
considerada uma forma de
órgão da planta é colocado num
reprodução assexuada, uma vez que
meio nutritivo contendo substâncias
um só indivíduo pode originar vários
que induzem a mitose.
descendentes. Contudo, neste
A transferência das massas celulares
processo, as células reprodutivas não
obtidas para novos meios de cultura
são originadas por mitose mas por
permite o desenvolvimento de
divisão meiótica.
plântulas que, após um período de
crescimento em condições
controladas, irão para cultivo.

REPRODUÇÃO SEXUADA
A reprodução sexuada distingue-se
da assexuada pela ocorrência de
fecundação e de meiose.
Estes fenómenos permitem que,
neste tipo de reprodução, os
descendentes sejam geneticamente
diferentes entre si e dos
progenitores.

Fecundação: Caracteriza-se pela


As técnicas de propagação
fusão de duas células reprodutoras,
vegetativa de plantas com grande

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os gâmetas. Deste processo resulta


uma única célula, o ovo ou zigoto,
cujo núcleo possui o dobro dos
cromossomas existentes nos núcleos
dos gâmetas. Os cromossomas do
ovo constituem pares de
cromossomas idênticos, os
cromossomas homólogos. Cada um
dos cromossomas do par possui
genes para as mesmas
características e foi transportado por
gâmetas diferentes (masculino e
feminino). As células resultantes da
fecundação possuem, assim, pares
de cromossomas homólogos,
designando-se por diplóides (2n). As
células que possuem um
cromossoma de cada par de
homólogos designam-se por
haploides (n).
Em cada geração, a formação de
células haplóides, através da meiose,
permite compensar a duplicação de
Metáfase II:
cromossomas ocorrida na
-Disposição dos cromossomas com
fecundação, mantendo o cariótipo da
os centrómeros alinhados, formando
espécie.
a placa equatorial.

Meiose: Compreende duas divisões


nucleares sucessivas.
A primeira divisão é reducional,
permitindo a formação de dois
núcleos haploides (redução
cromática).
A segunda divisão é equacional,
verificando-se a distribuição
equitativa do DNA por quatro
núcleos haploides.

Prófase II:
-Nova condensação dos
cromossomas.
-Formação de novo fuso acromático.

Anáfase II:

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-Divisão ou clivagem dos Enquanto a mitose é fundamental


centrómeros e separação dos nos processos de crescimento e
cromatídeos de cada cromossoma regeneração celular, sendo também
para polos opostos. importante nos processos de
reprodução assexuada, a meiose
está associada à reprodução
sexuada.

2n→ ocorre replicação→ 2n


Meiose: Ocorre o emparelhamento
entre os cromossomas homólogos
(prófase I) e a sua separação (anáfase
I).

Divisão reducional:
Na prófase I pode verificar-se o
fenómeno de crossing-over.

Telófase II:
-Reorganização do invólucro nuclear.
-Formação de 4 núcleos haploides.

Divisão equacional:
A separação dos cromatídeos ocorre
na anáfase II, face similar à anáfase
da mitose.
2n
↙↘
n n
↙↘ ↙↘
n n n n
Uma célula diplóide (2n) origina
quatro células haplóides (n) com
novas combinações de genes.
Apenas ocorre em células diplóides,
nos tecidos que originam células
reprodutoras haplóides (esporos e
gâmetas).

Mitose: Não ocorre emparelhamento


de homólogos.

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Uma célula diplóide (2n) ou uma anomalias estruturais podem surgir


célula haplóide (n) originam, como resultado do crossing-over, as
respetivamente, duas células mutações numéricas surgem,
diplóides ou duas células haplóides essencialmente, como resultado da
geneticamente idênticas entre si e à não disjunção de cromossomas
célula que as originou. homólogos (anáfase I) ou de
Ocorre em todos os tecidos dos cromatídeos (anáfase II).
organismos multicelulares.
Reprodução sexuada
Reprodução sexuada e
variabilidade genética Meiose: Dois fenómenos
As mutações são a fonte primária de fundamentais da meiose permitem a
variabilidade genética, uma vez que formação de células reprodutoras
permitem o aparecimento de novos haplóides geneticamente distintas:
genes ou de novos alelos (diferentes -Crossing-over- Consiste na troca de
formas de um mesmo gene) numa segmentos entre os cromatídeos dos
população. cromossomas homólogos, durante o
A meiose e a fecundação seu emparelhamento na prófase I.
constituem também fatores de Estas trocas são aleatórias e podem
variabilidade, uma vez que permitem ocorrer nos pontos de sobreposição
a recombinação da informação dos cromatídeos (pontos de
genética. quiasma). Este fenómeno permite a
A diversidade genética, resultante troca de genes entre os homólogos,
da reprodução sexuada, traduz-se originando cromossomas com novas
nas diferenças que os seres de uma combinações genéticas.
mesma população apresentam, -Segregação independente dos
constituindo uma vantagem num cromossomas homólogos- A
ambiente em mudança. Nesta ascensão de diferentes conjuntos de
situação poderão existir na cromossomas, durante a anáfase I, é
população indivíduos com determinada pela disposição ao
características que permitem a acaso dos homólogos dos diferentes
adaptação às novas condições. pares, durante a metáfase I,
relativamente aos pólos da célula.
Mutações: As mutações que ocorrem Deste modo, a separação dos
ao nível dos genes (mutações cromossomas homólogos de cada
génicas) permitem o aparecimento par ocorrerá de forma independente
de novos alelos que determinam o e aleatória, daí resultando dois
aparecimento de novos fenótipos conjuntos particulares de
(variações) de características já cromossomas de entre as múltiplas
existentes. combinações possíveis.
Durante a meiose, podem ocorrer
anomalias que alteram a estrutura Fecundação: Permite a fusão, ao
(mutações estruturais) ou o número acaso, de dois gâmetas com
(mutações numéricas) dos informação genética distinta. Este
cromossomas. Enquanto as acontecimento permite o

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aparecimento de descendentes com filamentos celulares quebram


combinações únicas de originando fragmentos que, por
características nas populações. mitoses sucessivas, regeneram novos
filamentos.
CICLOS DE VIDA
Os ciclos de vida resultam dos A reprodução sexuada ocorre sob
fenómenos complementares que condições ambientais desfavoráveis,
caracterizam a reprodução sexuada: altura em que dois filamentos
a meiose e a fecundação. celulares se colocam lado a lado,
A fecundação dá início à diplofase, formando-se tubos de conjugação
uma etapa do ciclo de vida em que entre algumas das suas células, que
as estruturas resultantes são passam a funcionar como gâmetas.
constituídas por células diplóides. Da união dos gâmetas resulta o
Esta fase termina na meiose, que, por zigoto, que permanece num estado
sua vez, dá início à haplófase, uma de vida latente. Quando as condições
etapa do ciclo de vida caracterizada voltam a ser favoráveis, os zigotos
pela presença de células haplóides, sofrem meiose, originando células
que termina no momento da haplóides que dão origem a uma
fecundação. nova espirogira.
Todos os ciclos de vida possuem,
portanto, alternância de fases
nucleares, podendo distinguir-se
pelo momento em que ocorre a
meiose.

Ciclo de vida haplonte


Nos ciclos de vida haplonte, a meiose
ocorre imediatamente após a
formação do ovo - meiose pós-
zigótica. Desta forma, a diplófase
está limitada a uma célula - zigoto.
Este ciclo pode ocorrer em algas e
em fungos, designando-se estes
organismos por haplontes. Ciclo de vida diplonte
Nos ciclos diplontes, a meiose ocorre
EX: A espirogira é uma alga verde antes da formação dos gâmetas -
pluricelular filamentosa que pode meiose pré-gamética. Este
reproduzir-se de dois modos acontecimento determina que os
diferentes: assexuada e gâmetas sejam as únicas células da
sexuadamente. haplófase e que todas as outras
estruturas, incluindo o organismo
A reprodução assexuada ocorre adulto, pertençam à diplófase. Este
quando as condições ambientais são ciclo, típico dos animais, pode ocorrer
favoráveis. Nessa altura, a espirogira também em fungos e algas. Estes
reproduz-se por fragmentação. Os organismos são diplontes. Nos

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mamíferos, a fecundação origina um


zigoto que, por mitoses sucessivas,
dá origem a um embrião que se vai
desenvolvendo até ao nascimento. O
animal continua a desenvolver-se até
um estado adulto caracterizado pela
capacidade de produzir gâmetas.
Na maioria das espécies animais, os
gâmetas são produzidos em
indivíduos unissexuados (machos e
fêmeas) em órgãos designados
gónadas. Os gâmetas masculinos
(espermatozóides) são produzidos
nos testículos e os gâmetas
femininos, nos ovários. Nas espécies
hermafroditas, como a minhoca, o Ciclo de vida haplodiplonte
mesmo indivíduo possui testículos e Nos ciclos haplodiplontes, a meiose
ovários. Nestes organismos ocorre antes da formação dos
raramente se verifica a esporos - meiose pré-espórica. A
autofecundação. haplófase inicia-se com os esporos
Nos animais unissexuados existem que, através de mitoses sucessivas,
duas estratégias diferentes para originam estruturas pluricelulares -
garantir a fecundação. Na maioria gametófitos - onde se formarão os
dos animais aquáticos ocorre gâmetas. Após a fecundação, o
fecundação externa. (As fêmeas zigoto inicia a diplófase, formando-se
libertam os seus óvulos na água, uma entidade pluricelular diploide -
onde são fecundados pelos esporófito. Esta entidade irá
espermatozóides dos machos). produzir, por meiose, os esporos.
Como adaptação aos ambientes Nestes ciclos existe também
terrestres, caracterizados pela alternância de gerações, a geração
escassez de água, os animais gametófita e a geração esporófita. Na
apresentam fecundação interna. (Os geração gametófita, que coincide
machos depositam os com a haplófase, ocorre a produção
espermatozóides no interior do corpo de gâmetas. Na geração esporófita,
da fêmea, ocorrendo aí a que coincide com a diplófase, ocorre
fecundação). a produção de esporos. Este ciclo,
típico das plantas, pode ocorrer
também em algas e fungos. Os seres
são haplodiplontes.

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- a lei da transmissão dos caracteres


adquiridos.
Para Lamarck, o ambiente em
mudança é o principal responsável
pela evolução dos seres vivos. A
necessidade que os seres sentem de
se adaptarem a mudanças
ambientais conduz ao uso ou ao
desuso contínuo de certos órgãos -
lei do uso e do desuso. Desta forma,
a não utilização de um órgão levará à
sua regressão e, eventualmente, ao
seu desaparecimento.
Lamarck considerava que as
No estado adulto do feto polipódio transformações, quer no sentido do
(esporófito) surgem esporângios na desenvolvimento dos órgãos quer da
página inferior das folhas. sua atrofia, eram transmitidas à
Nestas estruturas originam-se descendência - lei da transmissão
esporos por meiose. A rutura do dos caracteres adquiridos. Essas
esporângio permite a dispersão dos pequenas transformações, que se
esporos, que, germinando, dão acumulam ao longo de gerações
origem a uma estrutura multicelular sucessivas, levariam ao
independente (gametófito). aparecimento de novas espécies.
Nesta estrutura diferenciam-se O lamarckismo é contestado por
gametângios que originam os várias razões:
gâmetas masculinos flagelados - as alterações que se transmitem à
(anterozoides) e os gametas descendência são apenas aquelas
femininos (oosferas). que resultam de modificações ao
nível do material genético e não as
MECANISMOS DE EVOLUÇÃO que são provocadas pelo uso ou
O evolucionismo defende que as desuso de certos órgãos ou
espécies se transformam, dando estruturas;
origem a novas espécies, o que está - a hipótese de que as alterações que
em clara oposição com o fixismo, que conduzem à adaptação ao meio
defendia a sua imutabilidade. De resultam de qualquer necessidade
entre os defensores da evolução do organismo não é suportada por
biológica, destacam-se Lamarck e dados da observação.
Darwin.
Darwinismo:
Lamarckismo: O evolucionismo acabou por se
Lamarck propôs uma explicação para impor graças a Charles Darwin e à
a evolução dos seres vivos assente sua obra maior A Origem das
em dois princípios fundamentais: Espécies. Nessa obra, a seleção
- a lei do uso e do desuso; natural é apresentada como o
mecanismo essencial que dirige a

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evolução. A teoria de Darwin pode over e separação aleatória dos


ser resumida no seguinte raciocínio: cromossomas homólogos) e à
-Todas as espécies apresentam, fecundação.
dentro de uma dada população e em - O meio ambiente atua
determinado ambiente, indivíduos seletivamente sobre os indivíduos
com variações nas suas das populações, determinando a
características, como, por exemplo, sobrevivência diferencial de
na forma, no tamanho ou na cor indivíduos portadores de
(variabilidade intraespecífica). combinações genéticas favoráveis,
-Nas diferentes populações surgem bem como a sua reprodução
mais descendentes do que aqueles diferencial.
que podem sobreviver, e os - Ao longo do tempo, o fundo
indivíduos que apresentam variações genético das populações, ou seja, o
mais vantajosas têm maior taxa de conjunto de genes que as
sobrevivência (sobrevivência caracterizam em dado momento, vai
diferencial). Esta diferença é o sendo alterado.
resultado da pressão que o ambiente - A variação do fundo genético de
exerce, através de todos os seus uma população constitui o principal
fatores, sobre os indivíduos com indicador da sua evolução.
diferente capacidade de adaptação.
O ambiente funciona, assim, como o Processos de evolução convergente
agente da seleção natural. e divergente
-Os indivíduos portadores de A interpretação dos processos
variações favoráveis sobrevivem evolutivos pode ser suportada por
mais, transmitindo com maior um conjunto de evidências de
frequência as suas características à diversas áreas do conhecimento,
descendência (reprodução como a paleontologia, a anatomia
diferencial). comparada, a citologia ou a
-A seleção natural, atuando ao longo bioquímica.
de muitas gerações, leva à A anatomia comparada baseia-se no
acumulação de variações nos estudo de estruturas de diferentes
organismos de uma população, organismos com o fim de estabelecer
podendo conduzir à formação de possíveis relações evolutivas entre
novas espécies. eles.
As estruturas homólogas são órgãos
Neodarwinismo: que têm a mesma origem, a mesma
Esta nova perspetiva evolucionista estrutura básica e posição idêntica
pode resumir-se da seguinte forma: no organismo, podendo apresentar
- A variabilidade intraespecífica formas e funções diferentes.
numa população resulta das À medida que os indivíduos de uma
mutações e dos fenómenos de população inicial se adaptam a
recombinação genética. A diferentes ambientes, sujeitos a
recombinação genética está pressões seletivas diferentes, estes
associada à reprodução sexuada, órgãos evoluem de forma diferente a
nomeadamente à meiose (crossing- partir de uma estrutura ancestral

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Biologia- 11ºAno- Tânia Alves

comum. Nesses contextos citoplasmática para o interior do


ambientais, essas estruturas passam citoplasma. Essas invaginações
a desempenhar funções diferentes, o teriam rodeado o nucleoide,
que reflete uma evolução originando o núcleo, formando
divergente. também outros compartimentos
separados do resto do citoplasma. O
modelo endossimbiótico defende
que os organelos celulares, como os
cloroplastos e as mitocôndrias,
resultariam de células procarióticas
primitivas de menores dimensões
que foram endocitadas por células
procarióticas maiores e passaram a
viver em simbiose no seu interior
(endossimbiose).

SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO
As estruturas análogas são órgãos
FENÉTICOS E FILOGENÉTICOS
que têm origem, estrutura e posição
Classificar consiste em agrupar
relativa diferentes, desempenhando
elementos diferentes em categorias,
uma mesma função. Apesar de não
de acordo com determinados
evidenciarem parentesco evolutivo
critérios. Nesta perspetiva, a
entre os organismos que os
classificação biológica, desenvolvida
possuem, estes órgãos têm interesse
na área da sistemática, visa a
como argumento a favor da
organização dos seres vivos em
evolução convergente, uma vez que
grupos, de acordo com as suas
constituem um efeito adaptativo da
características, procurando
seleção natural.
estabelecer relações evolutivas entre
eles.

Sistemas de classificação fenéticos:


são sistemas de classificação
horizontais, uma vez que não
consideram a evolução dos
organismos nem o fator tempo que
está associado a essa evolução.
ORIGEM DAS CÉLULAS
EUCARIÓTICAS
Existem duas explicações para a
origem das células eucarióticas, o
modelo autogénico e o modelo
endossimbiótico. O primeiro
defende que os organelos celulares
tiveram origem a partir de
invaginações da membrana

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Biologia- 11ºAno- Tânia Alves

Sistemas de classificação sempre acompanhado pelo primeiro


filogenéticas: Podem ser e escrito em minúsculas, o restritivo
consideradas classificações verticais, específico. Se manuscrito, o nome
uma vez que refletem o caráter da espécie deve ser sublinhado. Uma
dinâmico da transformação dos designação mais completa contará
organismos ao longo do tempo. com o nome do autor e o ano de
classificação.

SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DE
WHITTAKER MODIFICADO
Utilizando como critérios de
classificação o tipo de células/ nível
de organização celular, o tipo de
O processo de classificação nutrição e a interação nos
pressupõe a definição prévia de ecossistemas, Whittaker propôs um
critérios e de regras de nomenclatura sistema de classificação em cinco
utilizadas na designação das reinos:
categorias taxonómicas. Algumas Monera, Protista, Fungi, Plantae e
destas categorias, também Animalia.
designadas por níveis taxonómicos, Monera:
correspondentes a diferentes taxa - Células procariontes, unicelulares;
(plural de taxon), foram primeiro - Tipo de nutrição: Autotróficos
propostas por Lineu, tendo outras (fotossintéticos ou quimiossintéticos)
sido posteriormente acrescentadas. e heterotróficos por absorção;
No sistema de classificação de Lineu, - Interação nos ecossistemas:
e em todos os que se lhe seguiram, Produtores e microconsumidores.
as categorias taxonómicas estão Protista:
organizadas de forma hierarquizada - Células eucariontes, unicelulares ou
nas seguintes categorias: espécie, pluricelulares com baixo grau de
género, família, ordem, classe, filo e diferenciação;
reino. Ao longo desta hierarquia - Tipo de nutrição: Autotróficos
verifica-se uma diminuição das fotossintéticos (algas), heterotróficos
semelhanças entre os seres vivos e por ingestão ou por absorção
um aumento da abrangência. (protozoários);
- Interação nos ecossistemas:
REGRAS DE NOMENCLATURA Produtores (algas),
Dá-se o nome de nomenclatura ao macroconsumidores (protozoários) e
conjunto de regras utilizadas na microconsumidores (raros).
designação dos grupos taxonómicos. Fungi:
A nomenclatura binominal de - Células eucariontes, unicelulares
espécie, proposta por Lineu, (raros) ou pluricelulares com baixo
estabelece a atribuição de dois grau de diferenciação;
nomes à espécie, sendo o primeiro, - Tipo de nutrição: Heterotróficos por
iniciado por maiúscula, o nome do absorção;
género, e o segundo, que deverá ser

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Biologia- 11ºAno- Tânia Alves

- Interação nos ecossistemas:


Microconsumidores.
Plantae:
-Células eucariontes, pluricelulares;
-Tipo de nutrição: Autotróficos
fotossintéticos;
- Interação nos ecossistemas:
Produtores.
Animalia:
- Células eucariontes, pluricelulares;
- Tipo de nutrição: Heterotróficos por
ingestão;
- Interação nos ecossistemas:
Macroconsumidores.

SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO EM
TRÊS DOMÍNIOS
Sistemas de classificação posteriores
vieram propor a criação de grupos
taxonómicos superiores ao reino,
designados por domínios.
Fundamentando-se em critérios de
natureza bioquímica, Woese propôs
a divisão do mundo vivo em três
domínios:
Eubacteria (ou bactéria),
Archaebacteria (ou archaea) e
Eukarya.

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Biologia- 11ºAno- Tânia Alves

Geologia 11º Ano


conduz, muitas vezes, à libertação de
argilas ricas em ferro que nelas se
encontravam retidas. A acumulação
deste material detrítico, de tom
GÉNESE DAS ROCHAS
avermelhado, constitui a terra rossa.
SEDIMENTARES
As rochas sedimentares formam-se
A meteorização física, ou mecânica,
à superfície terrestre, ou nas suas
consiste na desagregação
proximidades, através de processos
progressiva das rochas, sem que se
como a deposição de detritos
verifique uma modificação das suas
provenientes de rochas
características mineralógicas e
preexistentes, a precipitação de
texturais originais.
substâncias dissolvidas nas águas ou
Neste processo intervêm diferentes
a acumulação de restos de seres
fatores, tais como:
vivos. A formação de rochas
-a expansão de fraturas nas rochas
sedimentares engloba a seguinte
devido à congelação de água nas
sequência de etapas: meteorização,
mesmas (crioclastia), sobretudo em
erosão, transporte, deposição (ou
zonas de altitude;
sedimentação) e diagénese.
- a formação e o desenvolvimento de
sais ou outros minerais que
Meteorização:
expandem as fraturas existentes nas
As rochas sofrem processos de
rochas (haloclastia);
meteorização, ou seja, processos de
- as dilatações e contrações dos
alteração e desagregação devido à
diferentes minerais constituintes de
sua exposição aos agentes de
uma rocha quando submetidos a
geodinâmica externa. Essas
grandes variações de temperatura
alterações podem ser químicas e ou
(termoclastia);
físicas, e o seu efeito cumulativo
- o alívio de carga associado à erosão
potencia a desagregação.
das camadas que recobriam a rocha,
A meteorização química consiste na
o que provoca a sua descompressão,
alteração química dos minerais
com consequente fratura;
existentes nas rochas, devido,
- a atividade biológica, de que são
sobretudo, à ação da água e dos
exemplos as galerias escavadas ou
gases atmosféricos. De entre esses
ampliadas pelos animais e o
processos destacam-se:
engrossamento das raízes que
- Carbonatação (dissolução de
dilatam as fraturas das rochas.
carbonatos), Calcite (CaCO3);
- Hidrólise, feldspato (2KAlSi2O8),
Erosão:
origina caulinite;
Após a alteração e desagregação das
- Oxidação, Piroxenas (FeSiO3),
rochas, ocorre a remoção de
origina hematite;
fragmentos, ou solutos, que as
- Dissolução, Halite (NaCl);
constituem. Os agentes erosivos mais
- Hidratação, Hematite (Fe2O3),
comuns envolvidos nesta etapa são a
origina limonite.
água, o vento, os seres vivos e a
A meteorização química de rochas
gravidade.
carbonatadas, como o calcário,

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Biologia- 11ºAno- Tânia Alves

afundimento, verificando-se um
Transporte: aumento da pressão e da
Corresponde a um deslocamento, temperatura. Este aumento de
mais ou menos longo, dos materiais pressão provoca a compactação dos
rochosos (clastos) ou das substâncias sedimentos, resultante da redução
dissolvidas que resultaram da erosão. do volume por diminuição dos
Os agentes envolvidos nesta etapa espaços intersticiais (poros), e o
são a gravidade, a água (líquida ou aumento da densidade.
sob a forma de gelo) e o vento. Simultaneamente, ocorre a perda
Durante o transporte, os fragmentos progressiva de água e a precipitação
rochosos podem sofrer uma de substâncias dissolvidas,
diminuição de tamanho e um formando-se um cimento que liga os
arredondamento gradual por sedimentos entre si - cimentação.
desgaste. O grau de
arredondamento dos clastos, bem CLASSIFICAÇÃO DAS ROCHAS
como a sua dimensão, dá indicações SEDIMENTARES
importantes sobre o tipo de As rochas sedimentares são,
transporte sofrido, a sua duração e a geralmente, classificadas em
distância percorrida pelos detríticas, quimiogénicas ou
fragmentos. biogénicas.

Deposição ou sedimentação: As rochas detríticas são formadas por


À medida que o agente de clastos que podem apresentar uma
transporte perde competência (ou diferente composição química e
energia), os sedimentos depositam- mineralógica. Consideram-se não
se em camadas sucessivas, consolidadas, se os clastos se
originando estratos. encontram soltos (exemplos:
Os estratos estão separados por balastro, areia, silte e argila), ou
superfícies - as juntas de consolidadas (exemplos:
estratificação - resultantes de conglomerado, brecha, arenito,
alterações no processo de siltito e argilito).
sedimentação. Cada estrato está
coberto por outro mais recente - teto
- e recobre um estrato inferior mais
antigo - muro.

Diagénese:
Ao longo da diagénese, ou litificação,
os sedimentos depositados vão sofrer
um conjunto de transformações
físicas e químicas que conduzem à As rochas quimiogénicas são
formação de uma rocha sedimentar formadas, essencialmente, por
consolidada. À medida que novos minerais de neoformação resultantes
sedimentos se depositam sobre as da precipitação de substâncias
camadas anteriores, ocorre dissolvidas na água. São exemplos

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Biologia- 11ºAno- Tânia Alves

destas rochas, o gesso, o sal-gema e paleoambientes revestem-se de


o calcário. especial importância os fósseis de
fácies.

RECONSTITUIÇÃO DO PASSADO DA
TERRA
Os fósseis correspondem a todo e
qualquer vestígio identificável de
seres vivos que habitaram a Terra no
passado, sendo contemporâneos das
rochas que os contêm. Os fósseis
podem corresponder a restos
somáticos (do corpo) de organismos -
somatofósseis - ou simples vestígios
da sua atividade biológica -
icnofósseis.
As rochas sedimentares biogénicas Considera-se a fossilização como um
são formadas, essencialmente, por conjunto de processos físicos,
sedimentos de origem biogénica, isto químicos e biológicos que permitem
é, com origem a partir de restos de a formação de fósseis. De entre os
seres vivos ou de materiais por eles tipos de fossilização mais comuns,
produzidos. São exemplos destas destacam-se a conservação, a
rochas, o calcário recifal, o calcário mineralização, a moldagem e a
conquífero e os carvões. incarbonização.
Numa sequência de estratos é
possível proceder à sua datação
relativa. A datação relativa é
efetuada através dos fósseis de idade
e dos princípios da estratigrafia. Os
fósseis de idade correspondem a
vestígios de organismos que viveram
durante um certo intervalo de tempo
geológico e que tiveram grande
expansão geográfica. São exemplos
de princípios da estratigrafia, o
As rochas sedimentares permitem princípio da horizontalidade
inferir das condições e dos original, o princípio da
ambientes antigos associados à sua sobreposição, o princípio da
formação - os paleoambientes. Os continuidade lateral, o princípio da
ambientes sedimentares onde interseção, o princípio da inclusão e
ocorreu a formação das rochas o princípio da identidade
constituem a sua fácies. Assim, os paleontológica.
ambientes de sedimentação podem
ser continentais, marinhos ou de MINERAIS E SUAS PROPRIEDADES
transição. No estudo dos

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Biologia- 11ºAno- Tânia Alves

Os minerais são dos principais - a dureza: A dureza relativa


constituintes das rochas. Pode corresponde à resistência que um
definir-se mineral como qualquer mineral oferece ao ser riscado por
sólido natural, inorgânico, com outros minerais ou por alguns
estrutura cristalina e com uma objetos. Na determinação desta
composição química bem definida propriedade pode ser utilizada a
ou variável dentro de limites escala de Mohs, na qual os minerais
estabelecidos. estão organizados por ordem
São exemplos de propriedades dos crescente de dureza.
minerais: Para determinar esta propriedade,
- a cor: Resulta do modo como este deve ter-se em consideração que:
interage com a luz natural. Certos -um mineral risca todos os de menor
minerais dizem-se idiocromáticos dureza e é riscado pelos de dureza
quando, independentemente da superior;
amostra, apresentam uma cor -se um mineral riscar e for riscado
constante (verde malaquite e por um dado termo da escala, ou se
amarela na pirite). Já os minerais não se riscarem mutuamente, possui
alocromáticos apresentam cor a dureza correspondente a esse
variável (o quartzo pode ser incolor, mineral da escala;
branco, rosa, etc.) -se o mineral riscar um determinado
termo da escala, não sendo riscado
por ele, e não riscar o termo
imediatamente superior, possuirá
uma dureza intermédia entre os dois
termos.
1- Talco
2- Gesso
(riscam-se com aa unha)
3- Calcite
4- Fluorite
- a risca ou traço: A risca é a cor do 5- Apatite
mineral quando reduzido a pó. A cor (Riscam-se com um canivete)
da risca pode ser diferente da do 6- Ortóclase
mineral. Os minerais alocromáticos, 7- Quartzo
por exemplo, possuem risca clara ou 8- Topázio
incolor. Um método expedito 9- Corindo
utilizado para determinar esta 10- Diamante
propriedade consiste em riscar a (Riscam o vidro)
superfície de um mineral numa placa - a clivagem: É uma propriedade
de porcelana não vidrada. segundo a qual um mineral tem a
tendência para quebrar (clivar) ao
longo de planos paralelos entre si,
produzindo superfícies relativamente
planas, lisas e brilhantes. Os minerais
que não apresentam clivagem

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Biologia- 11ºAno- Tânia Alves

fragmentam-se em formas que não temperatura em profundidade


se assemelham umas às outras ou ao gerada em contextos orogénicos.
cristal original. A esta última Dada a elevada percentagem em
característica dá-se o nome de sílica das rochas da crusta
fratura. continental, considera-se que estes
magmas se formam pela fusão
TIPOS DE MAGMA parcial dos materiais desta camada.
Os diferentes tipos de magma
distinguem-se pelo teor em sílica e MINERAIS DAS ROCHAS
pela temperatura a que se MAGMÁTICAS
encontram. O motivo cristalino mais vulgar nas
O teor em sílica é um dos fatores rochas é o tetraedro de silício
que condicionam a viscosidade e a (SiO4)4-, que compõe o grupo de
acidez de um magma. Quanto maior minerais designados por silicatos.
for o seu teor em sílica, maior será a Os minerais são isomorfos quando
sua viscosidade e acidez. Os magmas apresentam a mesma estrutura
basálticos são pouco viscosos e cristalina, mas possuem uma
básicos, enquanto os magmas composição química diferente. São
andesíticos e riolíticos são mais polimorfos quando apresentam a
viscosos e ácidos. mesma composição química, mas
possuem estruturas cristalinas
Os magmas basálticos formam-se a diferentes.
partir da fusão parcial de rochas do
manto (peridotito). Esta fusão resulta Diferenciação magmática e
da diminuição da pressão cristalização fracionada
experimentada pelos materiais em A cristalização dos minerais a partir
limites divergentes e em plumas de um magma em arrefecimento
mantélicas. diz-se fracionada, uma vez que
Os magmas andesíticos formam-se, ocorre sequencialmente, atendendo
normalmente, em limites ao ponto de fusão dos diferentes
convergentes associados a zonas de materiais. As frações magmáticas
subducção. A formação destes residuais, com composição diferente
magmas é complexa, mas sabe-se do magma inicial, vão assim
que a sua génese depende da evoluindo num processo designado
quantidade e da qualidade dos por diferenciação magmática, o
materiais do fundo oceânico, que qual permite que a partir de um só
serão subductados. Neste processo, a magma inicial se formem rochas
água desempenha um papel muito distintas. Os mecanismos de
preponderante. cristalização fracionada foram
Os magmas riolíticos formam-se, ilustrados por Bowen em duas séries
normalmente, em limites tectónicos de cristalização, uma descontínua,
convergentes. Tal como no caso correspondendo aos minerais
anterior, a formação destes magmas ferromagnesianos, e outra contínua,
é complexa, mas admite-se que correspondente ao grupo das
podem resultar de um aumento da plagióclases.

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Biologia- 11ºAno- Tânia Alves

DIVERSIDADE DE ROCHAS dúctil, podendo formar dobras, se


MAGMÁTICAS estiverem sujeitas a pressões e a altas
As rochas magmáticas plutónicas, temperaturas, normalmente em
ou intrusivas, resultam da profundidade.
consolidação lenta de um magma As falhas podem classificar-se em
em profundidade (ex: granito, diorito normais, inversas e de
e gabro). desligamento.
As rochas magmáticas vulcânicas, As dobras podem ser classificadas
ou extrusivas, resultam da em antiformas e sinformas, se
consolidação rápida de um magma à atendermos à disposição espacial
superfície terrestre (ex: riólito, dos seus elementos, ou em
andesito e basalto) anticlinais e sinclinais, se
considerarmos a idade dos materiais
De uma maneira geral, pode dizer-se rochosos que integram a dobra.
que as rochas plutónicas apresentam
uma textura granular, com bom FATORES DE METAMORFISMO
desenvolvimento dos diferentes As rochas metamórficas formam-se
cristais que as constituem, como em profundidade a partir da atuação
resultado de um arrefecimento lento de fatores de metamorfismo sob
dos magmas. Pelo contrário, as rochas preexistentes, sem que ocorra
rochas vulcânicas apresentam a fusão destas.
textura agranular. São exemplos de fatores de
Quanto à composição química, as metamorfismo a tensão, o calor, os
rochas magmáticas são classificadas fluidos e o tempo.
em ácidas (granito e riólito), A tensão que atua nas rochas
intermédias (diorito e andesito) e preexistentes pode ser litostática ou
básicas (gabro e basalto), de acordo não litostática. Como consequência
com o decréscimo do seu teor em desta última, as rochas metamórficas
sílica. Estes tipos de rocha são, formadas podem apresentar uma
respetivamente, leucocratas (se disposição orientada dos seus
apresentam cor clara, devido à minerais segundo planos paralelos -
predominância de minerais félsicos), foliação.
mesocratas (se apresentam cor O aumento da profundidade, o
intermédia, sem predominância de contacto com intrusões magmáticas
minerais félsicos ou máficos) e e lavas, assim como a atuação de
melanocratas (se apresentam cor tensões sobre as rochas conduzem a
escura, devido à predominância de um aumento progressivo da
minerais máficos). temperatura, que pode induzir
processos de recristalização e
DEFORMAÇÃO DE ROCHAS formação de rochas metamórficas.
As rochas podem manifestar um A circulação de fluidos nas rochas
comportamento frágil (associado a pode desencadear ou acelerar
um estado de grande rigidez), processos metamórficos.
originando falhas, quando sujeitas a Os diferentes tipos de metamorfismo
tensões, ou um comportamento definem-se em função da

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Biologia- 11ºAno- Tânia Alves

intensidade relativa dos fatores de decorreram essas transformações


metamorfismo associados aos designam-se por minerais-índice.
diferentes ambientes metamórficos. A classificação das rochas
O metamorfismo de contacto metamórficas obedece a diversos
ocorre nas proximidades da critérios. Entre estes pode incluir-se a
instalação de corpos magmáticos textura, a composição (mineralógica
intrusivos. Neste tipo de e química) e o tipo de metamorfismo
metamorfismo, de caráter localizado, associado.
os fatores determinantes são o calor
e a circulação de fluidos, aquecidos
sob pressão, provenientes da
intrusão magmática. As rochas
formadas por este tipo de
metamorfismo caracterizam-se pela
ausência de foliação, exibindo uma
textura não foliada. São exemplos de
rochas formadas por este tipo de
metamorfismo as corneanas, o
quartzito e o mármore.
O metamorfismo regional, que atua
em extensas áreas, é característico
de limites tectónicos convergentes e
está associado a fenómenos
orogénicos e a arcos vulcânicos. Uma
vez que a pressão não litostática é
um dos fatores determinantes neste
tipo de metamorfismo, as rochas
apresentam tipicamente uma
foliação evidente. São exemplos de
rochas formadas por este tipo de
metamorfismo, a ardósia, o
micaxisto e o gnaisse.
Durante o metamorfismo, as
condições de pressão e temperatura
alteram-se e os minerais
preexistentes tornam-se instáveis,
podendo sofrer transformações.
Nestas novas condições físicas e
químicas podem surgir, por
recristalização, novas associações
mineralógicas e novas texturas. Os
minerais que contribuem para a
caracterização das condições de
pressão e temperatura em que

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