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DNA e RNA

DNA
➔ Ácido desoxirribonucleico.
➔ É o suporte da informação biológica, onde estão “escritas” as características de cada
organismo.

RNA
➔ Ácido ribonucleico.
➔ Biomolécula quimicamente próxima do DNA, indispensável ao processamento da
informação biológica.

Onde está localizado o DNA?

➔ Nas células procarióticas, o material genético encontra-se disperso no citoplasma.

➔ Nas células eucarióticas, o material genético encontra-se, na sua quase


totalidade, confinado ao núcleo.

Qual a composição química dos ácidos nucleicos?


Os ácidos nucleicos são constituídos por nucleótidos.

Nucleótido - Unidade básica dos ácidos nucleicos.


Cada nucleótido é constituído por:
➔ uma base nitrogenada;(1)
➔ uma pentose;(2)
➔ um grupo fosfato. (3)

Pentoses:
RNA: ribose
DNA: desoxirribose

Bases nitrogenadas:
➔ Bases pirimídicas: Timina, Citosina e Uracilo.
Anel simples

➔ Bases púricas: Adenina e Guanina.


Anel duplo

Nucleótidos de DNA
Desoxirribose C5H10O4 Adenina (A), Timina (T), Citosina (C) e Guanina (G)
Grupo fosfato H3PO4

Nucleótidos de RNA
Ribose C5H10O5 Adenina (A), Uracilo (U), Citosina (C) e Guanina (G)
Grupo fosfato H3PO4
Os nucleótidos unem-se entre si por ligações entre o radical fosfato de um nucleótido e o
carbono 3’ e 5 ́ da pentose do nucleótido seguinte – ligações fosfodiéster.

O processo repete-se no sentido 5’→ 3’

O número e a ordem dos nucleótidos, a sequência nucleotídica, definem as características


de cada indivíduo.

No DNA de cada espécie há uma grande semelhança entre as quantidades de


timina e de adenina, por um lado, e de citosina e guanina, por outro.
O número de nucleótidos e a sua ordem variam nas diferentes moléculas de DNA.
Todas as células somáticas de um organismo possuem, normalmente, DNA de igual
composição química.

As cadeias polinucleotídicas estão unidas por pontes de hidrogênio entre pares de


bases azotadas – complementaridade de bases.
• a adenina liga-se à timina, por 2 pontes de hidrogênio. Regra de Chargaff
• a citosina liga-se à guanina, por 3 pontes de hidrogênio.

Regra de Chargaff

➔ A quantidade de nucleótidos pirimídicos (T+C) é sempre igual à quantidade total de


nucleótidos púricos (A+G);
➔ A quantidade de T=A e C=G;
➔ A relação A+T / G+C é específica de cada espécie.

Rosalind Franklin e Maurice Wilkins estudaram a difração de raios X na molécula


cristalizada de DNA e concluíram que a sua estrutura é helicoidal.
Em 1953, James Watson e Francis Crick propuseram um modelo tridimensional para a
estrutura da molécula de DNA.
A molécula de DNA é composta por duas cadeias polinucleotídicas helicoidais,
complementares dispostas em sentidos inversos – cadeias antiparalelas.
A molécula de RNA é composta por uma cadeia polinucleotídica que, em certas formas e
zonas, pode dobrar-se sobre si devido à formação de pontes de hidrogênio entre bases
complementares.

Tipos de RNA:
➔ RNA mensageiro (mRNA);
➔ RNA de transferência (tRNA);
➔ RNA ribossômico (rRNA).
Notas:
➔ Os ácidos nucleicos são constituídos por monômeros
➔ os nucleótidos, que são formados por 1 grupo fosfato, 1 pentose e 1 base azotada;
➔ Os nucleótidos ligam-se entre si por ligações fosfodiéster, entre o grupo fosfato de
um nucleótido e o C3 da pentose do nucleótido seguinte;
➔ A adição de nucleótidos ocorre no sentido 5´ 3´; -
➔ Bases pirimídicas (anel simples) – T, C e U;
➔ Bases púricas (anel duplo) – A e G.

Apenas no DNA:
➔ As bases nitrogenadas emparelham de forma complementar, através de ligações de
hidrogénio : A=T; G=C, de acordo com a regra de Chargaff (A+G / T+C ≈1).

Replicação do DNA

Sendo suporte da informação genética, o DNA necessita de se autorreproduzir, fazendo


cópias dessa informação, de modo a transmiti-la de geração em geração.

Replicação semiconservativa
Cada cópia da molécula de DNA contém uma das cadeias da molécula de DNA
original e uma cadeia que se formou de novo, segundo a regra da complementaridade de
bases.
O mecanismo de replicação envolve:

➔ 1.Por ação da enzima Helicase quebram-se as pontes de hidrogênio entre as bases


complementares (abertura da hélice).
➔ 2.Por ação da enzima DNA-polimerase, ocorre incorporação de nucleótidos do
meio, por complementaridade das bases azotadas, com formação de duas novas
cadeias de DNA.
➔ 3.A DNA-ligase estabelece a ligação entre fragmentos de DNA.
➔ 4.Ocorre no sentido 5´ 3´.

Nos seres eucariontes a replicação do DNA pode ocorrer em simultâneo, em diferentes


pontos da cadeia de DNA.

Experiência de Meselson e Stahl

Meselson e Stahl confirmaram experimentalmente a replicação semiconservativa em 1958.


A replicação semiconservativa permite explicar a transmissão do programa genético e a
relativa estabilidade da composição do DNA no decurso das divisões celulares.
Síntese Proteica

Como se expressa a informação


genética?

➔ A forma, estrutura e atividade de


uma célula depende da presença
de proteínas.

➔ A função das proteínas depende


da sua conformação tridimensional
que, por sua vez, é determinada
por uma sequência de
aminoácidos.

O que são aminoácidos?


Aminoácidos são substâncias orgânicas
que apresentam em sua constituição dois grupos
funcionais diferentes.

O que são genes?


Gene - segmento de DNA com uma certa
sequência nucleotídica, podendo atingir milhares
de pares de bases, correspondente a
determinada informação.
(por exemplo – informação para uma proteína)

O que é o genoma?
Genoma - Conjunto de genes correspondente à informação genética de um
indivíduo. O genoma humano possui cerca de 20 a 25 mil genes englobando 2.825 milhões
de pares de bases.

O que é o código genético?


Tem de haver um sistema de correspondência entre a linguagem do DNA
(sequências de nucleótidos) e a linguagem das proteínas (sequências de aminoácidos) -
um código genético.
Cada aminoácido é codificado por um conjunto de três nucleótidos - um tripleto ou
codão - originando 64 combinações possíveis.
A síntese de proteínas ocorre no citoplasma, ao nível dos ribossomas.
Características do código genético:

Universalidade - cada codão tem a mesma função em quase todos os seres vivos.
Redundância - codões diferentes podem codificar o mesmo aminoácido.
Não ambíguo - o mesmo codão não codifica aminoácidos diferentes.
Especificidade dos nucleótidos - os dois primeiros nucleótidos de cada codão são mais
específicos.
Codão de iniciação - o codão AUG inicia a leitura do código e também codifica o
aminoácido metionina. (dupla função)
Codão de finalização - os codões UAA, UAG e UGA determinam o fim da síntese da
proteína.

Qual o mecanismo da síntese de proteínas?

O mecanismo da síntese proteica implica duas etapas fundamentais:


➔ Transcrição da mensagem genética - segmentos de DNA codificam a produção de
RNA.
➔ Tradução da mensagem genética - o RNA codifica a produção de proteínas.
Como se processa a transcrição?

1º ligação da RNA-polimerase a locais específicos do DNA, no núcleo;


2º rompimento das pontes de hidrogénio e separação das cadeias de DNA;
3º ligação de nucleótidos livres a uma das cadeias do DNA, que funciona como molde, no
sentido 5’ → 3’, formando-se o mRNA;
4º libertação do mRNA sintetizado;
5º restabelecimento das pontes de hidrogênio e da estrutura do DNA.

Como se dá o processamento do mRNA?

➔ Processamento do mRNA - O mRNA sofre um processo de maturação em que os


intrões (sequências de nucleótidos sem significado na síntese proteica) transcritos
são removidos e os exões (sequências de nucleótidos que especificam
aminoácidos) são ligados entre si.

➔ Migração do mRNA - O mRNA funcional abandona o núcleo em direção ao


citoplasma.

O que é o RNA de transferência?

RNA de transferência - faz a seleção e transporte do aminoácido apropriado e faz o


reconhecimento do codão correspondente do mRNA.
Cada molécula de tRNA possui:

➔ uma sequência de três nucleótidos, chamada anticodão, que é complementar de


uma sequência de três nucleótidos do mRNA, chamada codão. O anticodão
reconhece o codão, ligando-se a ele;
➔ uma região que lhe permite fixar um aminoácido específico, o local aminoacil, na
extremidade 3’;
➔ locais para ligação ao ribossoma;
➔ locais para ligação às enzimas intervenientes na síntese proteica.
Quais são as etapas da Tradução?

Iniciação
➔ A subunidade pequena do ribossoma liga-se à extremidade 5´ mRNA e desliza ao
longo do mRNA até encontrar o codão de iniciação – AUG.
➔ O tRNA iniciador, que transporta o aminoácido Metionina, liga-se por
complementaridade ao codão de iniciação.
➔ Junção da subunidade grande ao conjunto.

Alongamento
➔ Ligação de um novo tRNA, com outro aminoácido, ao segundo codão do mRNA.
➔ Formação de uma ligação peptídica entre os dois aminoácidos.
➔ Avanço de três bases pelo ribossoma.
➔ Repetição do processo ao longo do mRNA.

Finalização
➔ Chegada do ribossoma a um dos codões de finalização: UAA, UAG ou UGA.
➔ Libertação da proteína.
➔ Separação do ribossoma nas suas subunidades.

Que características apresenta a síntese proteica?

Complexidade – intervenção de vários agentes.


Rapidez – proteínas complexas produzidas em apenas alguns minutos.
Amplificação – transcrição repetida da mesma zona de DNA e tradução repetida do
mesmo mRNA.

O que é um polirribossoma?

Polirribossoma – Conjunto de ribossomas ligados por um filamento de RNA.


Cada ribossoma traduz a informação genética contida no mRNA e sintetiza a proteína
correspondente. Num dado momento, a biossíntese está em diferentes estádios.

O que é uma mutação?


Alterações no genoma de um indivíduo. Podem ser:

1. Cromossómica- quanto afeta o número ou estrutura dos cromossomas.


2. Génica - quando modifica os genes, resulta da substituição, deleção ou adição de um
nucleótido, na sequência que constitui o gene.

Mutações germinativas: ocorrem ao nível dos gâmetas e por isso podem ser
transmitidas à geração seguinte.
Mutações somáticas: ocorrem em outras células, exceto os gametas. Não são
transmitidas à descendência.
➔ As mutações são raras e raramente são hereditárias.
➔ Os efeitos são inconsequentes a fatais.
➔ São fonte primária de informação genética e, por vezes, a chave do sucesso
evolutivo dos seres vivos.
➔ Mutações silenciosas: mutações que não provocam alterações na proteínas,
devido à redundância do código genético.
➔ Alterações ambientais podem conduzir a alterações de DNA e a uma aumento da
frequência de mutações:
- Agentes mutagênicos físicos: raio X; raios gama, raios U.V., e o
calor;
- Agentes mutagénicos químicos: certos corantes alimentares e
fumo do cigarro podem alterar o material genético

Anemia falciforme: o exemplo de uma mutação génica.


Ciclo celular

Por que se divide a célula?

➔ A manutenção e continuidade da vida depende da divisão da célula.


➔ A este processo está sempre associada a replicação da informação genética.
➔ O material genético está distribuído por várias moléculas de DNA.

Seres procariontes
➔ O DNA é uma molécula simples, circular;
➔ Aparece disperso no citoplasma.

O que é um cromossoma?

➔ No caso dos eucariontes, cada molécula de DNA,


associada a histonas, constitui um filamento de
cromatina dispersa que, quando se enrola, origina um
cromossoma.
➔ As histonas são proteínas que conferem a
estabilidade ao DNA e permitem a condensação do
DNA, formando cromatina.
➔ A cromatina condensada forma um cromossoma.
➔ Nucleossoma: DNA + histonas.
➔ Quando o DNA duplica, o cromossoma passa a ser
constituído por dois cromatídios ligados por um
centrômero.

O que é o ciclo celular?

➔ Conjunto de transformações que decorrem entre a formação de uma célula e a sua


divisão em duas células-filhas.
➔ A auto-replicação do DNA permite que, sempre que uma célula se divide, cada
célula-filha herde uma cópia do seu material genético, perpetuando as
características da espécie.

Quais as fases do ciclo celular?

➔ Interfase - ocorre a duplicação do material genético e constituintes celulares.

➔ Fase mitótica – o núcleo divide-se (mitose) e, a seguir, divide-se o citoplasma


(citocinese).
O que é a interfase?

Interfase - Período que decorre entre o fim de uma divisão celular e o início da divisão
seguinte. Compreende os períodos G1, S e G2.

1. Período G1 - Biossínteses de RNA e proteínas, lípidos e glícidos; formação de organelos


celulares; crescimento celular. (grande aumento do volume celular).

2. Período S - Replicação do DNA e síntese de histonas; filamentos de cromatina com


estrutura dupla. Um cromossoma passa a ser constituído por 2 cromatídeos. Nas células
animais dá-se, ainda, a duplicação dos centríolos, originando dois pares - centrossomas.

3. Período G2 - Biossínteses de RNA, proteínas e estruturas membranares; crescimento


celular. A célula atinge o seu volume máximo.

O que são os centríolos?

➔ Organelos não envolvidos por membrana que participam no processo de divisão


celular;
➔ Constituidos por microtúbulos proteicos, que se organizam num cilindro;
➔ Duplicam-se na interfase (S), originando os centrossomas;

O que é a mitose?

Mitose – conjunto de transformações que permite a divisão do núcleo das células


eucarióticas. Formam-se núcleos com o mesmo número de cromossomas do núcleo inicial.
Embora a mitose seja um processo contínuo, costumam distinguir-se quatro
subfases – profase, metafase, anafase e telofase.

O que é a citocinese?
Divisão do citoplasma pelas células filhas, no fim da divisão celular.

Citocinese nas células animais


- Ocorre por estrangulamento do citoplasma.
- Ocorre por alinhamento e fusão de vesículas do Complexo de Golgi na região
equatorial, com posterior deposição de celulose (formação do fragmoplasto).

Aspetos comparativos da fase mitótica em células animais e em células vegetais


• Nas células vegetais das plantas superiores não existem centríolos;
• A citocinese nas células vegetais ocorre graças à formação do fragmoplasto.
• A citocinese nas células animais ocorre por estrangulamento.
Ploidia das células
• Número de conjuntos cromossômicos de uma célula.

1. Haploides (n)
➔ Células com apenas 1 conjunto de cromossomas;
➔ Resulta de meiose.

2. Diploides (2n)
➔ Células com 2 conjuntos de cromossomas, cada cromossomas tem o seu homólogo;
➔ Resulta de mitose.

Cromossomas homólogos: pares de cromossomas com genes para as mesmas


características.

Como é regulado o ciclo celular?

➔ Os pontos de controlo
correspondem a mecanismos que
impedem a formação de células
anómalas.

➔ Células nervosas e musculares, que


não se dividem por mitose,
mantêm-se permanentemente na
interfase, no estádio G0.

➔ As proteínas ciclinas e Cdks (cinase


dependentes de ciclinas) regulam as
diferentes fases dos ciclo celular;

➔ Forma-se o complexo ciclina-Cdk.

➔ Envolve a existência de ATP.

➔ A fosforilação e degradação de proteínas controla o avanço do ciclo celular.


Qual a relação do cancro com o controlo do ciclo celular?

Cancro:
- Resulta de alterações nos mecanismos de controlo do ciclo celular que conduzem à
divisão caótica das células. Qual a relação do cancro com o controlo do ciclo celular?
- Alterações no funcionamento dos controladores do ciclo celular, em decorrência de
mutações, estão relacionadas com o surgimento do cancro.

As Células Cancerosas:
- São indiferenciadas, não contribuindo para a formação natural dos tecidos;
- Os seus núcleos são volumosos e com um número anormal de cromossomas;
- Empilham-se sobre as outras em várias camadas, originando um aglomerado de células
que formam um tumor.

➔ Se ficar restrito ao local de origem e for encapsulado diz-se que o tumor é benigno,
podendo ser removido.

➔ Nos tumores malignos, pode ocorrer a metastização, ou seja, as células


cancerosas abandonam o local de origem e espalham-se pela via linfática ou
sanguínea, e invadem outros órgãos.

Qual a importância biológica da mitose?

▪ Assegurar a estabilidade genética ao longo das gerações.


▪ Crescimento dos organismos pluricelulares.
▪ Regeneração de estruturas e renovação de tecidos.

Diferenciação celular: processo através do qual células geneticamente idênticas se


especializam no sentido de desempenhar uma ou várias funções.

Células estaminais ou células tronco:

- Células indiferenciadas;
- Têm capacidade de se dividirem e de se diferenciarem em diferentes tipos de células;
- Apresentam capacidade de auto renovação, originando células filhas que têm destinos
diferentes
- divisão assimétrica – uma permanece como célula estaminal outra pode diferenciar-se
numa célula especializada.
➔ Diferentes células, diferentes funções, diferentes genes ativos;
➔ Diferenciação celular = diferente expressão génica.

Diferenciação Celular – Células vegetais

- Meristemas: tecidos vegetais constituídos por células indiferenciadas (pequenas), com


grande capacidade de divisão, levando ao crescimento de órgãos ou à renovação de zonas
lesadas.
- Nas células vegetais a diferenciação celular é um processo contínuo.
Reprodução

➔ Descendência, geralmente, a partir de um ou dois


progenitores diferentes ou duas células sexuais;
➔ Envolve processos de fecundação, da qual resulta
a formação do ovo ou zigoto;
➔ Os descendentes são únicos , geneticamente
diferentes entre si e dos progenitores –
variabilidade genética;
➔ Processo lento, com elevado gasto de energia;
➔ Permite a obtenção de reduzido número de
descendentes;
➔ Independente das condições do meio;
➔ A reprodução envolve fecundação e meiose.

Fecundação

Fusão de duas células sexuais (gâmetas), com


posterior fusão dos núcleos – cariogamia - originando ovo ou
zigoto, portador da soma dos cromossomas transportados
pelos gâmetas - duplicação cromossómica.

➔ Células diploides (2n) – possuem núcleos com 2n


cromossomas – 1 par de cromossomas homólogos;

➔ Células haplóides (n) - possuem núcleos com n cromossomas; - O número de


cromossomas de cada espécie – Cariótipo - permanece constante ao longo das
gerações devido à meiose.

Meiose

Assegura a redução do número de cromossomas para metade - redução


cromossómica - passando de 2n (diploidia) para n (haploidia). - Envolve duas divisões
sucessivas - divisão I e divisão II - Permite a obtenção de 4 células filhas haplóides a
partir de um diplóide.
Etapas da meiose I

Interfase - a célula diplóide replica o seu DNA.

Prófase I
➔ mais longa da meiose;
➔ o núcleo aumenta de volume;
➔ condensação da cromatina;
➔ cromossomas mais curtos e espessos;
➔ emparelhamento dos cromossomas homólogos- Bivalentes;
➔ formam-se tétradas cromatídicas ou díadas cromossómicas;
➔ permuta de segmentos entre cromatídios de cromossomas homólogos
(crossing-over);
➔ membrana nuclear e nucléolo desorganizam-se;
➔ nas CA os centríolos dividem-se para os polos, para iniciar a formação do fuso
acromático.

Prófase I - crossing over

Crossing-over: troca de informação genética entre


cromatídeos não irmãos, através dos pontos de
quiasma ou quiasma.

Metáfase I
➔ disposição aleatória dos cromossomas
homólogos de cada bivalente na placa
equatorial
➔ alinhamentos dos bivalentes pelos pontos de quiasma no plano equatorial.

Anáfase I
➔ encurtamento dos microtúbulos do fuso acromático;
➔ separação aleatória dos cromossomas homólogos (redução cromossómica).
➔ cada cromossoma, formado por dois cromatídeos, migra para um dos pólos da
célula;
➔ redução da quantidade de DNA.

Telófase I
➔ Descondensação dos cromossomas;
➔ Reconstituição dos núcleos; Desorganização do fuso acromático;
➔ Cada núcleo com metade do número de cromossomas do núcleo diplóide inicial.

Da divisão I resultam dois núcleos haplóides, tendo cada cromossoma dois cromatídeos.
Etapas da meiose II

Prófase II
➔ individualização dos cromossomas;
➔ desaparecimento do invólucro nuclear;
➔ afastamento dos centríolos e formação do fuso acromático.

Metáfase II
➔ disposição dos cromossomas na zona equatorial;
➔ alinhamento dos cromossomas pelos centrómeros no plano equatorial.

Anáfase II
➔ segmentação dos centrômeros e separação dos cromatídios;
➔ ascensão polar dos cromossomas filhos;
➔ redução da quantidade de DNA.

Telofase II
➔ dissolução do fuso acromático.
➔ reorganização de cada núcleo-filho.
➔ descondensação dos cromossomas

Da divisão II resultam quatro núcleos haplóides, cada um com um cromossoma de cada


par de homólogos.
Como varia a quantidade de DNA durante a meiose?

Interfase - a célula diplóide replica o DNA que passa


de 2Q para 4Q.
Anáfase I - redução de 4Q para 2Q aquando da
separação de cromossomas homólogos.
Anáfase II - redução de 2Q para Q aquando da
separação dos cromatídios.

O que são mutações cromossómicas?

Mutações cromossómicas: Afetam o número ou estrutura dos cromossomas.

➔ Mutações numéricas – O número de cromossomas é alterado devido à mutação.


➔ Mutações estruturais – O número ou arranjo dos genes é alterado, com efeitos no
tamanho ou na forma dos cromossomas. Mantém-se o número de cromossomas.

As mutações podem ocorrer:

➔ No crossing-over devido a uma


permuta anormal de segmentos
entre cromatídios de
cromossomas homólogos.

➔ Na divisão I da meiose, pela não


separação de cromossomas
homólogos;

➔ Na divisão II, pela não


separação de cromatídios irmãos;
Mutações numéricas - são utilizadas de forma propositada pelo Homem, na obtenção de
alguns alimentos. Ex: Bananas e melancias sem sementes.

Reprodução Sexuada e variabilidade genética – que relação?

➔ Na reprodução sexuada, dois mecanismos compensatórios asseguram a


manutenção do número de cromossomas de uma espécie de geração para
geração;

➔ A meiose e fecundação asseguram, para além disso, a variabilidade genética


entre indivíduos da mesma espécie.

O que causa a variabilidade genética?

➔ Formação de gâmetas;
➔ União aleatória de gametas na fecundação;
➔ Zigotos geneticamente diferenciados.

Fontes de variabilidade genética:

- A recombinação genética decorre da meiose e da fecundação.


- A variabilidade genética resulta da:
➔ a recombinação de genes no crossing-over, durante a prófase I;
➔ alinhamento ao acaso dos homólogos na placa equatorial (metáfase I);
➔ a separação aleatória dos cromossomas homólogos ( anáfase I);
➔ da união aleatória dos gametas, aquando da fecundação.

Diversidade de estratégias de reprodução

Nos animais:
➔ A produção de gâmetas ocorre em estruturas chamadas gónadas.
➔ As gônadas masculinas – testículos – produzem os gametas masculinos, os
espermatozóides.
➔ As gônadas femininas – ovários – produzem os gâmetas femininos, os óvulos.
Nas plantas:
➔ A produção de gâmetas ocorre em estruturas chamadas gametângios.
➔ Os gametângios masculinos, ou anterídios, produzem os gametas masculinos, os
anterozóides;
➔ Os gametângios femininos, ou arquegônios, produzem os gâmetas femininos, as
oosferas;
➔ A produção de esporos ocorre em estruturas denominadas esporângias.

seres vivos sexo gónadas/gametângios gametas (n)

masculino testículos espermatozoides


animais
feminino ovários óvulos

masculino anterideos anterozóides


plantas
feminino arquegônios oosferas

Que estratégias podem ser observadas nas plantas?

Os estames constituem os órgãos reprodutores masculinos e os


carpelos os órgãos reprodutores femininos;
➔ Estames: antera e filete;
➔ Carpelos: estigma, estilete e ovário.

➔ Nas anteras existem sacos polínicos que produzem o pólen


(micrósporos);
➔ Este pólen, por um processo de polinização, através do vento
ou dos animais, irá polinizar os carpelos;
➔ Ao longo dos carpelos produzirão um tubo polínico onde se formarão os
anterozóides;
➔ O carpelo fecundado irá originar o fruto, dentro do qual se encontra a semente,
resultante do óvulo fecundado.
Que estratégias podem ser observadas nos animais?

➔ O comportamento animal durante a época reprodutiva permite que o processo


reprodutivo seja mais eficaz;
➔ Esse comportamento corresponde a um conjunto de múltiplas estratégias em regras
definidas geneticamente e, por isso, apenas reconhecidas por indivíduos da mesma
espécie;
➔ Na maioria das espécies, é o macho que, pelo seu comportamento, procura atrair a
fêmea realizando um complexo ritual que constitui a parada nupcial.
Ciclos de vida

Ciclo de vida - Sequência de acontecimentos que se verificam na vida de um ser vivo,


desde que se forma até que produz descendência.

➔ Inicia-se com a formação do zigoto;


➔ Termina com a formação dos gâmetas necessários à reprodução;
➔ Envolve dois fenómenos complementares: fecundação e meiose.
➔ Difere-se de acordo com o momento de ocorrência da meiose.

Alternância de fases nucleares: num ciclo de vida, uma fase haplóide (entidades com
núcleo haplóide) alterna com uma fase diplóide (entidades com núcleo diplóide).

1. Fase haplóide ou haplofase:


• compreendida entre a meiose e o momento da fecundação;
• constituída por células haplóides;
• n cromossomas;
• resulta da meiose.

2. Fase diplóide ou diplofase:


• compreendida entre a fecundação e o momento da meiose;
• constituída por células diplóides;
• 2n cromossomas;
• resulta da fecundação.

Alternância de gerações:
Geração é a parte de um ciclo de vida de um organismo que se inicia com uma
célula, dando origem a um organismo/estrutura multicelular, que irá produzir uma outra
célula, através de parte da sua estrutura.

1. Geração Gametófita:

• Fase haplóide (n) do ciclo de vida;


• Inicia-se com a formação do esporos;
• Termina com a formação dos gâmetas;
• A estrutura multicelular designa-se gametófito, que possui os gametângios: anterídios e
arquegônios;
• Os gametângios contêm gâmetas: anterozóides e oosferas. Alternância de gerações

2. Geração Esporófita:
• Fase diplóide (2n) do ciclo de vida;
• Inicia-se com a formação do zigoto;
• Termina com a formação da célula mãe dos esporos;
• A estrutura multicelular designa-se esporófito, que possui os esporângios que contêm as
células que sofrem meiose (células mãe) originando os esporos. Alternância de gerações
Alternância de gerações – Exemplo – Ciclo de vida do Polipódio

Tipos de meiose

Meiose pós-zigótica:
- Ocorre após a formação do zigoto.
- O organismo (ou ciclo de vida) é haplonte (ex: Espirogira).

Meiose pré-gamética:
- Ocorre na formação dos gâmetas.
- O organismo (ou ciclo de vida) é diplonte (ex: Animais e Algas).

Meiose pré-espórica:
- Ocorre na formação de esporos.
- O organismo (ou ciclo de vida) é haplodiplonte (ex: a maioria das Algas e Plantas).

Quais são os tipos de ciclo de vida?


Como é o ciclo de vida da Espirogira?

➔ Seres Protistas semelhantes a plantas;


➔ Algas verdes – Clorófitas;
➔ Algas filamentosas muito ramificadas;
➔ Gâmetas morfologicamente indiferenciados.
➔ O conteúdo de um filamento move-se (gameta dador) em
direção ao conteúdo celular de outro filamento (gameta
recetor).
➔ Meiose pós-zigótica - a seguir à formação do zigoto.
➔ Alternância de fases nucleares - entidades de núcleo
haplóide alternam com entidades de núcleo diplóide.
➔ Organismo adulto haplonte - só o zigoto pertence à fase
diplóide.

Como é o ciclo de vida do Homem?

➔ Gâmetas morfologicamente
diferenciados e produzidos em ovários
e testículos.
➔ Meiose pré-gamética – aquando da
formação de gâmetas.
➔ Alternância de fases nucleares -
entidades de núcleo haplóide alternam
com entidades de núcleo diplóide.
➔ Organismo adulto diplonte - só os
gâmetas pertencem à fase haplóide.
Como é o ciclo de vida do Polipódio?

➔ Meiose pré-espórica – aquando da formação de esporos.


➔ Fecundação dependente da água.
➔ Alternância de fases nucleares - entidades de núcleo
haplóide alternam com entidades de núcleo diplóide.
➔ A fase diplóide é mais desenvolvida e pertence a planta
adulta.
➔ Organismo adulto haplodiplonte.
Dos seres procariontes aos seres eucariontes

Quais são as diferenças entre células procarióticas e células eucarióticas?

Célula Procariótica Célula Eucariótica

Possui 5 μm de diâmetro Possui 40 μm de diâmetro


Tamanho
médio. médio.

Parede celular rígida apenas


Parede Parede celular rígida. presentes nas plantas e nos
Celular
fungos.

Sem invólucro nuclear. O O material genético está


material genético está no encerrado no núcleo, que

Material citoplasma constituindo o contém um ou mais nucléolos.


Genético nucleóide. O DNA é um As moléculas de DNA estão
simples molécula circular não associadas a proteínas,
associada a proteínas. constituindo os cromossomas.
Não possuem organelos
membranares. Apresentam
Possuem muitos organelos
Organelos ribossomas de dimensões
membranares.
inferiores aos das células
eucarióticas.

Sem cloroplastos. Em alguns


As células vegetais possuem
Fotossíntese casos, a fotossíntese é feita
cloroplastos.
em lamelas fotossintéticas.

● Como surgiram os seres procariontes?

A teoria mais aceita atualmente é a “Teoria da Sopa Primitiva''. Esta teoria diz que
os procariontes primitivos evoluíram de biomoléculas vindas de meteoros.

● Como surgiram os seres eucariontes?

A vida terá evoluído a partir de organismos simples, os procariontes, dos quais terão
surgido os eucariontes. As hipóteses autogênica e endossimbiótica apresentam
mecanismos explicativos desta evolução.

Segundo a hipótese autogênica, a célula procariótica terá sofrido sucessivas


invaginações da própria membrana plasmática com posterior especialização. Trata-se de
uma hipótese pouco apoiada pois não esclarece a causa dos fenômenos que descreve.

Segundo a hipótese endossimbiótica, a célula eucariótica terá surgido de uma


associação simbiótica entre diversas células procarióticas. Uma célula procariótica
capturava outras que sobreviviam no seu interior estabelecendo relações endossimbióticas
entre si. Estas relações tornaram-se permanentes com interdependência estável entre as
células. As células hóspedes constituíram-se como organelos da célula hospedeira,
formando-se uma célula eucariótica.
Alguns fatores que evidenciam esta hipótese são:

➢ Mitocôndrias e cloroplastos assemelham-se a bactérias na forma, tamanho e


estrutura;
➢ Estes organelos produzem as suas membranas internas, e replicam-se
independentemente da célula, por bipartição, tal como as bactérias;
➢ Estes organelos apresentam DNA autónomo, apresentando-se como uma molécula
circular (tal como os seres procariontes)
➢ Os ribossomas das células eucarióticas são mais parecidos com os das células
procarióticas.
➢ Os inibidores da síntese proteica de procariontes, inibem a síntese dos cloroplastos
e das mitocôndrias e não inibem a dos eucariontes;
➢ Atualmente, encontram-se ainda associações simbióticas entre bactérias e alguns
eucariontes, o que prova que poderá ter acontecido algo semelhante no
passado.

● Qual é a origem da multicelularidade?

É fácil admitir que, quando o nosso planeta se encontrou povoado por uma
biomassa imensa de seres unicelulares, se tenham tornado frequentes os fenômenos de
predação. Nesta situação, os organismos que apresentaram um aumento de tamanho
estavam em clara vantagem. Uma célula maior pode facilmente capturar outras células. Os
organismos não podem, contudo, aumentar indefinidamente de tamanho.

O aumento do tamanho
da célula leva à diminuição da
razão entre a área e o volume.

O aumento do número
de células, num mesmo
volume, leva ao aumento da
razão entre a área e o volume.
Atualmente, verifica-se que há duas formas possíveis de um organismo maior que
um milímetro sobreviver: pode reduzir o seu metabolismo, o que diminui as trocas com o
meio, como algumas algas unicelulares; ou pode apresentar multicelularidade.

Os ancestrais dos organismos multicelulares seriam simples agregados de seres


unicelulares, que formavam estruturas designadas colónias ou agregados coloniais.
Inicialmente, todas as células da colónia desempenhavam a mesma função. Ao longo do
tempo, algumas células ter-se-ão especializado em determinadas funções.

A diferenciação celular e consequente especialização ter-se-á acentuado no decurso


da evolução, originando seres multicelulares.

● Quais são as vantagens da multicelularidade?

➢ Aumento do tamanho sem comprometer a eficácia das trocas com o meio externo;
➢ Manutenção da razão superfície/volume;
➢ Grande diversidade de formas com adaptação a diferentes ambientes;
➢ Diminuição da taxa metabólica - utilização da energia mais eficaz;
➢ Aumento da diferenciação celular e consequente especialização de funções;
➢ Maior independência em relação ao meio ambiente com manutenção das condições
do meio interno - homeostasia.

Fixismo e Evolucionismo

Fixismo

● O que é o fixismo?

Numa visão fixista, as espécies são unidades fixas e imutáveis que, num mundo
igualmente estático, surgiram independentemente umas das outras. Defendida por Platão e
Aristóteles.

Segundo o criacionismo, uma teoria fixista, as espécies foram originadas por


criação divina e, como tal, são perfeitas e estáveis, mantendo-se fixas ao longo dos tempos.
No final do século XVIII, o Criacionismo, que até então assumirá um carácter dogmático,
começa a ser posto em causa essencialmente por não poder ser experimentado, já que se
baseia na fé.
Segundo o catastrofismo, outra teoria fixista, uma sucessão de catástrofes teria
conduzido à destruição de certas espécies. As áreas afetadas seriam populadas por
migração de seres vivos de outros locais.

Uma teoria fixista apoiada por Aristóteles era a geração espontânea que dizia que
os seres vivos criavam-se a partir de matéria inanimada.

● O que pôs em causa o fixismo?

Valorização do estudo dos fósseis representam espécies que só aparecem em


certos estratos sedimentares e não existem na atualidade.

Estudo sistemático das espécies atuais iniciado por Lineu ao desenvolver um


sistema de classificação dos seres vivos baseado na morfologia dos indivíduos. Lineu foi
um criacionista convicto mas os seus trabalhos contribuíram para o desenvolvimento de
ideias evolucionistas.

Evolucionismo

● O que é o evolucionismo?

Segundo o evolucionismo, as espécies transformam-se ao longo do tempo,


modificando-se e originando outras espécies. Esta ideia alinha-se com uma percepção
dinâmica e transformista do mundo e resulta de contributos das diversas áreas do
conhecimento.
Segundo a teoria do uniformitismo, criada por James Hutton, as leis naturais são
constantes no tempo e no espaço e os processos do passado devem ser explicados de
acordo com o que se observa na atualidade. Esta é, claramente, uma ideia evolucionista.
Apesar de ser uma teoria geológica, ela aplica-se também na biologia.

● Quais são os argumentos do evolucionismo?

1. Anatomia comparada

➢ Estruturas homólogas descendem, por


evolução divergente, de um ancestral comum.

➢ Estruturas análogas surgem por evolução


convergente e ilustram o efeito adaptativo da
seleção natural.

➢ Estruturas vestigiais estruturas atrofiadas,


sem função evidente, que foram úteis no
passado. Mostram que as espécies não se
mantiveram imutáveis.

2. Paleontologia

➢ A descoberta de séries completas de fósseis ilustram modificações


graduais sofridas ao longo do tempo e ajudam a construir árvores
filogenéticas.

➢ As formas fósseis de transição apresentam características intermédias de


grupos diferentes de organismos atuais, revelando a sua interdependência
evolutiva.

3. Embriologia

➢ O estudo comparado de embriões revela semelhanças nas primeiras fases


de desenvolvimento e estruturas comuns em embriões de diferentes grupos.
4. Biogeografia

➢ As espécies tendem a ser tanto mais semelhantes quanto maior é a sua


proximidade geográfica. Quanto mais isoladas, maiores são as diferenças
entre si.

5. Citologia

➢ A célula é a unidade estrutural e funcional dos seres vivos, com vias


metabólicas idênticas em seres vivos muito diferentes. Isto indica uma
origem comum.

6. Bioquímica

➢ A comparação de sequências de bases e a hibridação de DNA permitem


estabelecer relações evolutivas.
➢ A comparação de sequências de aminoácidos da mesma proteína em
diferentes seres vivos permite estabelecer relações evolutivas.

Das teorias evolucionistas, as que mais se destacam são o Lamarckismo e o


Darwinismo.

Lamarckismo

● O que é o lamarckismo?

Lamarckismo foi uma teoria criada por Lamarck. Lamarck foi um taxonomista
francês. Ele foi o primeiro a apresentar uma teoria explicativa coerente sobre os
mecanismos de evolução.

● Quais são as leis do lamarckismo?

1. Lei do uso e do desuso a necessidade cria o órgão apropriado e a função


modifica-o, isto é, o meio pode obrigar ao uso repetitivo de um órgão ou parte do
corpo, provocando o seu crescimento e desenvolvimento. Ao contrário, a falta do
uso provocará a sua atrofia e até o seu desaparecimento.
2. Lei da herança dos caracteres adquiridos sob a ação modificadora do meio são
transmitidos às gerações seguintes.

● Quais são as críticas ao lamarckismo?

1. Aspetos como “necessidade de adaptação” ou “procura de perfeição” não são


testados cientificamente;
2. As modificações provenientes do uso e desuso dos órgãos são adaptações
individuais, não transmissíveis à sua descendência;
3. A função de algum órgão não determina a sua estrutura;
4. Nem sempre o uso modifica o órgão;

Darwinismo

● O que é o darwinismo?

Darwinismo é uma teoria evolucionista criada por Charles Darwin. Este naturalista
inglês desenvolveu a teoria evolucionista mais credível para explicar a origem das espécies.
Darwin fez incontáveis viagens à volta do mundo para encontrar provas para a sua teoria.

Darwin apercebeu-se da imensa biodiversidade, dos padrões comuns de vida,


das diferenças ambientais, das adaptações dos seres vivos, das migrações e
interpretou casos concretos de evolução como os tentilhões e tartarugas das Ilhas
Galápagos.

Darwin levou em conta a origem e localização dos fósseis, os fenômenos


vulcânicos, o tempo geológico e o uniformitismo. Por influência de Lyell, Darwin ter-se-á
apercebido de que os fósseis apresentam diferenças bruscas de estrato para estrato.

Como criador de pombos, Darwin apercebeu-se de que o Homem era capaz de


selecionar, para reprodução, indivíduos com características desejáveis. Ao fim de algumas
gerações, os descendentes obtidos são diferentes dos seus ancestrais.
interpretação

A análise de fósseis marinhos nos Andes converte Darwin ao


uniformitarismo de Lyell. A vida na Terra sofre o mesmo
dados geológicos percurso que a Terra, possuindo esta uma idade superior ao
que então se pensava, o que fornece o tempo necessário para
que tenha ocorrido evolução dos seres vivos.

Darwin verifica que nas ilhas Galápagos existe uma grande


diversidade de tentilhões, semelhantes entre si e semelhantes
a outros que existiam no continente americano. Verifica a
dados biogeográficos
mesma situação para as tartarugas. Conclui que todos
divergiram de uma espécie comum e as condições particulares
de cada ilha condicionaram a evolução de cada espécie.

Darwin baseia-se na sua experiência com pombos. O Homem


seleciona as espécies e as características destas que mais lhe
seleção artificial convém, pelo que passados tempos as espécies se tornam
diferentes. Se o Homem efectua uma selecção artificialmente
então a natureza selecciona através dos factores ambientais.

Darwin aplica as idéias de Malthus, relativamente à população


humana e às populações animais. Embora as populações
crescimento das tendem a crescer em progressão geométrica devido à sua
populações capacidade reprodutiva, o número de indivíduos não aumenta
muito de geração em geração devido à morte destes em
competição por alimento, acasalamento, habitat, etc.

variabilidade Darwin verifica que há uma grande variedade de seres vivos e


intra-específica que existe variabilidade dentro de cada espécie.

➢ seleção natural, processo pelo qual os indivíduos que possuem qualquer vantagem
adaptativa em relação aos restantes, num determinado tempo e ambiente, se vão
tornando mais frequentes.

➢ seleção artificial tipo de seleção que é o Homem o agente de seleção.


● Quais são os princípios fundamentais da teoria de Darwin?

1. Existem sempre variações entre os indivíduos de uma população - variabilidade


intraespecífica;
2. Cada população tende para a superprodução de descendentes - progressão
geométrica;
3. No meio natural, ao longo das gerações, o número de indivíduos mantém-se
constante;
4. Entre indivíduos ocorre uma luta para a sobrevivência face a fatores limitantes
(alimento, território, abrigo, etc);
5. Os indivíduos com características vantajosas, os mais aptos, são conservados por
seleção natural, produzindo mais descendentes com essas características
(reprodução diferencial); os menos aptos são eliminados;
6. A acumulação de pequenas variações a longo prazo determina a transformação e
aparecimento de novas espécies.

● Diferenças entre Lamarck e Darwin;

Lamarck Darwin

O meio exerce uma seleção natural que


O meio cria necessidades que induzem
favorece os indivíduos portadores das
mudanças nos hábitos e nas formas dos
características mais apropriadas para um
indivíduos. O meio é modificador.
determinado ambiente. O meio é selecionador.

As novas características conseguem-se pelo No seio de uma população certos indivíduos


uso ou desuso repetido de um órgão ou parte apresentam características que lhes conferem
do corpo. uma melhor adaptação em relação aos outros.

Os mais aptos vivem mais tempo,


As características adquiridas são transmitidas
reproduzem-se mais e transmitem as suas
aos descendentes.
características aos descendentes.

Neodarwinismo, teoria sintética da evolução

● O que é o neodarwinismo?

Em 1942, surge o Neodarwinismo, teoria que tenta esclarecer dúvidas deixadas


pelo darwinismo, como por exemplo: como surge a variabilidade intraespecífica? e como é
transmitida uma variação à descendência? A teoria reformula o darwinismo à luz dos
conhecimentos da genética.

● Pilares do neodarwinismo;

1. Existência de variabilidade genética nas populações;


2. Seleção natural como mecanismo principal de evolução;
3. Concepção gradualista: permite explicar que as alterações resultam da acumulação
de pequenas modificações que ocorrem ao longo do tempo.

● Qual é a origem da variabilidade?

➢ Mutações alterações gênicas ou cromossômicas. Se estas forem viáveis e


favoráveis, sendo transmissíveis, constituem uma fonte primária de variabilidade
genética.
➢ Recombinação genética a reprodução sexuada contribui para aumentar a
variabilidade através da meiose (crossing-over na prófase I e alinhamento e
separação aleatórios de cromossomas homólogos na metáfase a anáfase) e da
fecundação (união aleatória dos gametas).

● Qual é a relação entre fundo genético e evolução?

Primeiramente, o fundo genético é o somatório de todos os genes presentes numa


população num determinado momento. As modificações que ocorrem no fundo genético da
população determinam a evolução. A população é a unidade evolutiva, pois é sobre os
indivíduos das populações que se fazem sentir os agentes evolutivos.

➢ Gene segmento de DNA que contém a informação genética para determinada


característica;
➢ Genoma conjunto de genes de todo o indivíduo;
➢ Genótipo constituição genética (alelos) de um indivíduo, relativa a determinada
característica;
➢ Fenótipo características expressas por um indivíduo; o que se pode observar;
● O que altera o fundo genético?

➢ Mutações permitem o aparecimento de novos genes na população, por alteração


dos genes ou cromossomas;
➢ Migrações entrada (imigração) ou saída (emigração) de indivíduos que carregam
novos genes;
➢ Deriva genética variação do fundo genético ao acaso, em pequenas populações.
Normalmente, acontece com o ganho ou perda de indivíduos. O efeito gargalo é um
efeito de deriva genética, onde, ao acaso, são selecionados genes que irão
permanecer nas populações futuras;
➢ Cruzamentos não ao acaso se os cruzamentos não forem ao acaso, a frequência
de um conjunto de genes que os indivíduos escolhidos possuem tenderá a
aumentar, logo o fundo genético irá se alterar.
➢ Seleção natural processo que atua sobre os fenótipos da espécie. Os indivíduos
portadores de fenótipos mais favoráveis sobrevivem, tornando os seus genes mais
frequentes.
➢ Seleção artificial ao escolher as espécies com características específicas, o
homem promove a sua reprodução, alterando o fundo genético.

● Lamarckismo, Darwinismo e Neodarwinismo - as girafas;

➢ Lamarck meio modificador

As girafas habitavam meios que predominavam as plantas herbáceas e arbustivas


de que se alimentavam. Estas girafas, sem qualquer variabilidade intraespecífica,
possuíam pescoço e patas curtas. O ambiente modificou-se, desaparecendo a vegetação
herbácea e arbustivas e surgindo, de forma predominante, a vegetação arbórea. As girafas,
para não morrerem de fome, sentiram necessidade de se modificar, de forma a poderem
alimentarem-se. Para chegarem às árvores, ou seja, ao alimento, as girafas esticaram
continuamente as patas e o pescoço (lei do uso e desuso) de forma que, estes se
desenvolveram. A totalidade das girafas, num tempo relativamente curto, adquiriram novas
características, ou seja, o pescoço e as patas compridas. As características adquiridas são
transmitidas à descendência (lei da transmissão das características adquiridas).
➢ Darwin meio selecionador

Existia uma população de girafas que possui variações naturais e hereditárias


(variabilidade intraespecífica), isto é, umas possuíam o pescoço e patas curtas, outras de
médias dimensões e outras de grandes dimensões. Esta população dependia da
quantidade e qualidade de alimento existente no meio. Esta população trava uma luta
pela sobrevivência, sendo selecionados os seres mais aptos e eliminados os menos aptos.
As girafas com características vantajosas, os mais aptos, são conservados por seleção
natural e os menos aptos são eliminados. Na população de girafas começaram a
predominar as girafas de pescoço e patas compridas, pelo que, reproduzindo-se mais,
aumentaram de número (reprodução diferencial). A acumulação de pequenas variações a
longo prazo determina a transformação e aparecimento de novas espécies.

➢ Neodarwinismo meio selecionador

A população inicial de girafas possuía variabilidade genética, devido à ocorrência


de mutações e/ou recombinação genética. As girafas apresentavam, por isso, vários
comprimentos de pescoço e patas. Esta população trava uma luta pela sobrevivência. As
girafas, cujo genótipo mais apto de traduzia num fenótipo mais favorável às condições
do meio, foram selecionadas, sendo eliminadas, progressivamente, as girafas que
apresentavam um fenótipo menos apto (seleção natural). Houve um aumento progressivo
do número de girafas de pescoço e patas compridas e estas, através da reprodução,
transmitiam as suas características à descendência. Ocorreu então uma alteração do
fundo genético e a população passa a ser constituída, gradualmente, por girafas de
pescoço e patas compridas, cujo fenótipo é o mais apto ao meio.
Evolução dos seres vivos

São imutáveis ao Evoluíram ao longo


longo do tempo do tempo

| |
Fixismo Evolucionismo
- geração espontânea
- criacionismo
- catastrofismo

Lamarckismo Darwinismo Neodarwinismo

| | |
os seres evoluem por os seres evoluem os seres evoluem
necessidade de mudança: por seleção natural: por seleção natural:
- lei do uso e desuso - variabilidade intraespecífica - variabilidade genética
- lei da herança de características - seleção natural - seleção natural
adquiridas - reprodução diferenciada - alteração do fundo genético
Sistemática dos seres vivos

● O que é a sistemática?

A Sistemática ocupa-se da inventariação e descrição da biodiversidade e da


compreensão das relações evolutivas entre os organismos. Inclui a taxonomia, que
descreve e classifica espécies e grupos de espécies; e a filogenia, que estabelece relações
evolutivas entre os organismos.

● Sistemas de classificação;

Sistemas de classificação

Práticos Racionais
com base na utilidade
dos seres vivos para o homem

horizontais verticais ou
ou fenéticos filogenéticos
| |
Não tem em conta Tem em conta o
o fator tempo fator tempo
| |
Fixistas Evolucionistas
Aristóteles Pós-Darwinismo
| |
- chaves dicotómicas - árvores filogenéticas
- dendrogramas - cladogramas

artificiais naturais
- usam pouco nº de características; - usam grande nº de características
- poucos grupos mas heterogêneos; - muitos grupos mas homogêneos;
Um sistema de classificação reflete, em cada época, o grau de conhecimento
científico, não havendo nenhuma classificação definitiva.
● Sistemas de classificação racionais - horizontais;

➢ Classificações artificiais grupos muito heterogêneos; (exemplo)

voa não voa

morcego avestruz

mosca mulher

pardal escorpião

➢ Classificações naturais poucos grupos mais homogêneos; (exemplo)

As características consideradas são objetivas, fáceis de identificar e,


frequentemente, quantitativas. Permitem a identificação rápida dos organismos.

diagrama encaixante dendograma chave dicotómica


● Sistemas de classificação racionais - verticais;

Baseiam-se em critérios estruturais e fisiológicos, mas também paleontológicos,


citológicos, embriológicos, genéticos e bioquímicos. As semelhanças são consequência da
existência de um ancestral comum a partir do qual divergiram.

árvores filogenéticas
História evolutiva das espécies ou
grupos de espécies, considerando o
tempo em que ocorreram divergências
evolutivas a partir de ancestrais
comuns.

cladogramas
Estabelecem pontos de divergência
evolutiva, a partir de ancestrais comuns,
com base na identificação de
características partilhadas; quanto maior
for o número de características comuns,
mais recente será o ancestral comum dos
seres vivos em estudo.

Em suma, classificações fenéticas (horizontais) referem-se às semelhanças entre


seres vivos, já classificações filogenéticas (verticais) baseiam-se nas relações
evolutivas.
Taxonomia

A taxonomia foi criada por Lineu.

● Quais as principais categorias da hierarquia taxonómica?

Os grupos hierárquicos (taxa) estabelecidos por Lineu no seu sistema de


classificação ainda hoje são usados. Consideram-se sete grupos taxonômicos principais:

➢ Reino (rapaz)
➢ Filo (feio)
➢ Classe (com)
➢ Ordem (olhos)
➢ Família (feios)
➢ Género (ganha)
➢ Espécie (espinhas)

Os seres vivos são tão mais próximos quanto maior for o número de taxa comuns.

● O que é uma espécie?

A espécie representa um grupo natural constituído pelo conjunto de indivíduos que


partilham o mesmo fundo genético, morfologicamente semelhantes, que podem cruzar-se
entre si, originando descendentes férteis.

- Quais são as regras de nomenclatura?

➢ espécie nomenclatura binominal

ex: Canis lupus


Canis familiaris
género + restritivo (epíteto) específico

➢ subespécie nomenclatura trinominal


ex: Homo sapiens sapiens
➢ nome da espécie e género em itálico ou, quando manuscrito, sublinhados;
➢ o nome da família termina sempre em …ae;
➢ o nome científico é escrito em latim, pois esta é uma linguagem universal;
➢ no nome da espécie, o gênero inicia sempre com letra maiúscula e o epítoto com
letra minúscula.

- Como evolui o sistema taxonómico?

- Sistema de classificação de Whittaker - critérios;

1. Organização estrutural eucariontes e procariontes; unicelulares e pluricelulares;


➢ Monera seres procariontes;
➢ Protista seres eucariontes unicelulares;
➢ Plantae, Fungi e Animalia seres eucariontes multicelulares;
2. Tipo de nutrição autotróficos, heterotróficos por ingestão e absorção;
➢ Monera seres fotossintéticos / quimiossintéticos por absorção;
➢ Protista heterotrófico por absorção / ingestão / fotossintéticos;
➢ Plantae autotróficos fotossintéticos;
➢ Fungi heterotróficos por absorção;
➢ Animalia heterotróficos por ingestão;

3. Interações nos ecossistemas produtor, macro consumidor e micro consumidor;


➢ Monera, Plantae, Protistas* produtores;;
➢ Fungi, Monera microconsumidores;
➢ Animalia, Protistas* macroconsumidores ;

- Sistema de classificação de Whittaker - critérios;

Em 1979, Whittaker passou a incluir no reino protista seres eucariontes


unicelulares e alguns seres multicelulares de reduzida diferenciação (ex. algas).

Tipo de Organização Tipo de Interação nos


Exemplos
célula celular nutrição ecossistemas

autotrofismo ou
unicelulares produtores
Monera procarionte heterotrofismo bactérias
(solitários/coloniais) microc.
(absorção)

autotrofismo
produtores algas
eucariontes com unicelular. heterotrofismo
Protista macroc. amibas
ou sem parede c. ou multicelulares (absorção ou
microc. paramécias
ingestão).

leveduras
eucariontes com multicelular heterotrofismo
Fungi microc. cogumelos
p.c. com quitina (- diferenciação) (absorção)
bolores

funária
eucarionte com multicelulares autotrofismo
Plantae produtores polipódio
p. c. com celulose (+ diferenciação) (fotossíntese)
pinheiro

esponja
eucarionte s/ multicelulares heterotrofismo
Animalia macroc. minhoca
parede celular (+ diferenciação) (ingestão)

- Classificação em três domínios;

Foi proposto por Carl Woese, em 1977 e foi baseado na análise ribossomal.

➢ Bacteria bactérias e cianobactérias (eubacterias)


➢ Archaea bactérias primitivas/extremófilas (arqueobactérias)
➢ Eukarya seres eucariontes (fungi, plantae, protista, animalia)

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