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Apontamentos de Direito Comercial (1ª frequência)

Direito Comercial (Instituto Politécnico de Leiria)

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Também não são comerciantes os profissionais liberais:

Os profissionais liberais são um conceito não definido na lei e tem 2 características:

1. A sua actividade é eminentemente intelectual e não manual


2. O exercício da profissão liberal depende em regra da obtenção de uma licenciatura ou
de um bacharelato e ainda da inscrição na respectiva ordem profissional
Ex: advogados, solicitadores, médicos, arquitectos, engenheiros, …

Esta exclusão dos profissionais liberais consta no art 230º nº 1 CCom por interpretação
extensiva desse artigo.

Também não são considerados comerciantes os artistas. O que caracteriza a actividade de um


artista é a criatividade. Cabe nesta categoria de artistas uma pluralidade de actividades, tais
como, músicos, cantores, pintores, …

O art 230º parágrafo 3º CCom exclui os artistas da noção de comerciante.

Caso prático

A Câmara Municipal de Leiria contratou para cantar o Tony Carreira para que realizasse um
concerto a celebrar o dia da cidade. Antes, durante e após o concerto, alguns empregados
contratados pelo Tony Carreira venderam diversos merchandising bem como CDs do autor.
Pode Tony Carreira ser considerado comerciante?

Resposta:

Enquanto mero artista não é (art 230º parágrafo 3º CCom). Contudo a actividade descrita não
se limita à arte do sujeito, há outros atos que foram praticados. Que atos são esses? O ato em
causa praticado pelo Tony Carreira é uma c/v comercial nos termos do art 463º CCom.
Concluímos que Tony Carreira pratica atos de comércio:

1. Tem capacidade jurídica


2. Quanto ao 2º requisito que é o da profissionalidade, vamos pressupor que o ato
descrito no caso prático que é a compra para revenda não foi esporádico ou ocasional.
Devemos assumir que Tony Carreira pratica aqueles atos em todos os seus concertos e
portanto podemos concluir que ele é profissional de comércio porque de forma
contínua e reiterada pratica atos de comércio especificamente compra para revenda de
bens móveis. Os seus empregados (que não são comerciantes) atuam em seu nome,
em seu interesse e na sua reputação. Conclusão: O Tony Carreira é comerciante.

O art 14º CCom admite ainda que leis avulsas proíbam certos profissionais de exercerem
comércio. É o caso dos militares, dos polícias e dos políticos enquanto exerçam cargo de
soberania excluindo os deputados.

O Estado, o distrito e o município enquanto pessoas colectivas de direito público também não
podem ser determinadas comerciantes:

1. Há que actualizar estas menções. O art 17º CCom deve entender-se por referido as
atuais pessoas colectivas de Direito público sens fins lucrativos, que são:

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- Estado
- Município
- Freguesia
- Presidente da Câmara
- Presidente da Junta

Estas entidades não são comerciantes.

No mesmo art 17º CCom admite que o Estado, os municípios e as freguesias pratiquem atos de
comércio. Essa menção é obviamente feita para os atos objectivamente comerciais. E quando
essas entidades praticam atos objectivamente comerciais, é o direito comercial que se aplica.

2º requisitos para os atos subjectivos  não podem ser exclusivamente civis

Neste requisito vai-se proceder uma análise abstracta do contrato ou ato sob qualificações.

1. Vai se questionar mais uma vez em abstracto se aquele ato/contrato é


obrigatoriamente civil ou se pelo o contrário pode assumir mais outra natureza que
não a civil, nomeadamente uma natureza comercial.

A maioria dos contratos tanto pode ter uma natureza civil como pode ter uma natureza
comercial e nesse sentido não são atos exclusivamente civis. Mas sobretudo familiar que são
exclusivamente civis porque o intuito lucrativo lhes é completamente alheio. São eles:

 Casamento e divórcio
 Adoção
 Perfilhação
 Testamento

A questão seria se a adoção poderá ter uma natureza comercial. Para o DR (Coutinho Abreu), a
adoção entra na categoria de atos que são exclusivamente civis. Mas existem outros autores,
nomeadamente Menezes Cordeiro (Lisboa). O DR. Menezes Cordeiro diz que a adoção pode ter
subjacente intuitos promocionais publicitários que ainda estão relacionados com a procura do
lucro. Nesse sentido a adoção pode ser um contrato comercial. Para esses autores a adoção
não é um ato exclusivamente civil.

Para efeito da resolução dos casos práticos deve entender-se que a adoção tanto pode ser
comercial e portanto não é um contrato exclusivamente civil.

3º requisito de atos subjectivamente comerciais:

Se do próprio ato não resultar o contrário. Este 3º requisto parte de uma presunção que é a de
um ato praticado por um comerciante que não seja exclusivamente civil e é ato
subjectivamente comercial.

Há uma presunção de que o 3º requisito se verifica. E porquê? Esta presunção existe porque se
assume que um ato praticado por um comerciante é feito no âmbito da sua actividade
profissional. Essa presunção existe porque se assume que um ato praticado por um

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comerciante é feito no âmbito da sua actividade profissional. Essa presunção pode ser ou não
ilidível podendo considerar-se 3 hipóteses:

1. O sujeito, isto é, o comerciante, não consegue ilidir esta presunção, isto é, não
consegue provar que aquele ato é estritamente pessoal, ou seja, que aquele ato é
completamente alheio à sua actividade profissional de comerciante
2. O sujeito, isto é, o comerciante consegue ilidir a presunção, ou seja, consegue provar
que aquele ato é completamente alheio à sua actividade profissional. Para efeitos
desta ilidição de presunção vai-se utilizar a chamada Teoria da impressão do
destinatário.
3. Não há cabal de esclarecimento ficando na situação de dúvida. Não se consegue
esclarecer se o ato foi para actividade profissional ou pessoal do sujeito. Não sendo
esclarecida ou mantendo-se na dúvida mantém-se a presunção. Portanto, o propósito
é subjectivamente comercial.
Ex: O A é comerciante adquiriu uma viatura junto do stand x. No ato de aquisição o A
fez dois pedidos: que instalassem uma 2 cadeiras de bebé para os seus filhos e pediu
que o automóvel fosse hibrido uma vez que declarou A ao stand que aquela viatura era
apenas para passear aos fins-de-semana. Este ato é subjectivamente comercial? O 1º
requisito verifica-se, A é comerciante. O ato não é exclusivamente civil (2º requisito).
3º requisito: uma vez verificados os dois primeiros requisitos de qualificação subjectiva
vai-se presumir que aquela compra daquela viatura foi para actividade comercial de A.
E se essa presunção se mantiver verifica-se o 3º requisito e portanto esse ato será
subjectivamente comercial, pelo que o 3º requisito não se verifique há que fazer prova
do contrário utilizando a teoria da impressão do destinatário. “A” teria que provar que
a sua contraparte (stand x) percebeu ou devia ter percebido (que esta teoria da
impressão do destinatário) que aquela compra é completamente alheia à sua
actividade profissional. Os factos deveriam permitir ao stand automóvel perceber que
aquele automóvel iria ser utilizado exclusivamente em actividades alheias à actividade
comercial de A. Nesta situação específica, o A conseguiu provar o contrário, conseguiu
ilidir a presunção. E portanto o 3º requisito não se verifica e o ato não será
subjectivamente comercial.

3º meio de classificar um ato como comercial:

Art 230º CCom (é uma classificação autónoma)

O art 230º CCom qualifica atos como comerciais se se verificarem 3 requisitos cumulativos:

1. O ato tem de ser praticado por uma empresa. O art 230º CCom não qualifica atos
praticados por pessoas singulares. Por seu turno, para que exista uma empresa são
necessárias 3 condições:
a) Que exista uma organização de pessoas, capitais e meios.
b) Que essa estrutura seja permanente ou duradoura.
c) Essa estrutura tem que prosseguir o lucro. A menção do art 230º CCom a empresas
singulares deve ser considerada. Explica o Dr. Coutinho de Abreu que se no séc. XIX
eram concebidas empresas formadas por uma única pessoa, na actual

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configuração não é de admitir a existência de pessoas colectivas singulares (não há


empresas singulares). O art 230º CCom refere-se apenas a empresas colectivas.
2. O art 230º CCom apenas qualifica como comerciais os atos praticados por uma
empresa que desenvolva uma das actividades descritas nas 7 alíneas desse artigo.
 230º nº 1 CCom: é uma actividade industrial
 230ºnº2 CCom: fornecimento de coisas ou bens. Excluem-se deste nº2 as
empresas de fornecimento de serviços (ex: Facebook, ginásio, e-mail, NOS, MEO,
…)
 230 nº3 CCom: empresas de agenciamento (ex: imobiliárias, qualquer empresa
cujo o objectivo seja promover a celebração de um negócio)
 230º nº 4 CCom: empresas promotoras de eventos (ex: música no coração)
 230º nº 5 CCom: editoras (ex: Porto editora, Almedina)
 230º nº6 CCom: construção civil para habitação
 230º nº 7 CCom: empresa de transporte (é necessário equalizar para incluir
transportes aéreos)
O art 230º nas suas alíneas enumeras não refere as empresas prestadoras de
serviços salvo as específicas menções ao agencialmente, ao transporte e à edição.
3. O art 230º CCom só qualifica como comerciais os atos praticados por uma empresa que
seja principais ou acessórias da sua actividade. Atos necessários são aqueles que são
imprescindíveis para o desenvolvimento da sua actividade da empresa. Os atos
acessórios são aqueles que não sendo imprescindíveis ao desenvolvimento da
actividade são capacitados para melhorar a sua produtividade. Os atos supérfluos são
categoria residual, onde se inclui todos os atos que não sejam nem necessários nem
acessórios. Dessa forma, o art 230º CCom não qualifica como comerciais os atos
supérfluos.
Ex: A Luís e Simões, empresa de transporte terrestre, praticou os seguintes atos:
a) Adquiriu duas viaturas novas
b) Instalou um sistema de GPS mais avançado nos seus veículos
c) Ofereceu férias aos seus funcionários mais produtivos
d) Comprou um tapete para a sua sede
Quais destes atos podem ser qualificados como comerciais através do art 230º CCom?
1º: estamos perante uma empresa
2º: a actividade daquela empresa inclui-se na lista fornecida pelo art 230º CCom, mais
concretamente no transporte, art 230º nº 7 CCom.
3º: o ato da qualificação tem de ser necessário ou acessório
 A compra dos automóveis é qualificado pelo art 230º CCom
 A compra do GPS é um ato acessório, é qualificado pelo art 230º CCom
 Oferta da viagem aos trabalhadores é um ato acessório (é lato motivacional que
tendencialmente melhora a produção)
 A compra dos tapetes é supérfluo portanto não são qualificados pelo art 230º
CCom.

Regime jurídico dos atos que são comerciais de forma unilateral (art 99º CCom):

Um ato é unilateralmente comercial quando a qualificação dele como comercial incidir apenas
de uma das partes.

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Ex: uma compra e venda em que para o vendedor o ato é comercial mas para o comprador já
não é comercial.

Essa questão é regulada pelo art 99º CC:

 Regra 1 ( + relevante):
Um ato de comércio unilateral é sujeito à lei comercial na sua plenitude/na sua
globalidade. É o direito comercial que se aplica.
 Regra 2:
Contudo não se aplicam a sujeitos não comerciantes as regras especialmente
dirigidas aos comerciantes, nomeadamente, as regras do art 18º CCom.

Retomando ao exemplo da venda comercial do ponto de vista do vendedor e a compra civil da


perspectiva do comprador nos termos do art 99º CCom a lei iria regular que aquele contrato é
comerciante. Contudo, as regras dirigidas aos comerciantes não se aplicam àquele sujeito
comprador que não é comerciante.

Casos práticos

Caso prátco 1:

“A” é proprietário de um ginásio situado em Leiria, o Leiria Fitness Club, Lda. Nesse ginásio
trabalham B e C. o 1º na contabilidade e o 2º como treinador. B com o pleno consentimento de
A transporta na sua viatura particular diversos utentes do ginásio para as repetivas moradias
uma vez terminado o treino, cobrando para essa tarefa 10€ por viagem. Hoje, o A adquiriu
para o seu ginásio um novo sistema de refrigeração por 15.000€.

1. Alguns dos intervenientes é comerciante? Justique a sua resposta.


“A” é uma pessoa singular pelo que para ser comercial terá que preencher 3 requisitos:
a) Terá de ter capacidade e nenhum elemento deste caso nos permite concluir o
contrário.
b) “A” tem de ser profissional de comercio e então tem de praticar atos comércio de
forma regular/reiterada. O A pratica diariamente atos de comércio. Na exploração
de um estabelecimento comercial como é o ginásio, o A não atua em nome
próprio, atua como representante do Leiria Fitness Club, Lda, nomeadamente
como gerente.
Conclusão: O A não é comerciante.
Quanto a B, há 2 vertentes de actividade: como contabilista ele não é comerciante,
isto porque nos termos do 230º parágrafo 1º e 3º CCom, os profissionais liberais
não são comerciantes. Os contabilistas são profissionais liberais. Mas B realiza uma
outra actividade que é o transporte de passageiros em troca de dinheiro. Nessa
perspectiva temos que ver se B é comerciante.
1º: tem capacidade jurídica
2º: ele pratica regularmente atos de comércio, o transporte.
3º: ele atua em nome próprio? Parece evidente que B atua em seu nome próprio e
no seu próprio interesse (o dinheiro vai para si e o carro é seu). Se aceitarmos esta
premissa, B preenche os 3 requisitos para ser comerciante. Mas se se considerar

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que o B realiza aquele transporte em nome e no interesse do ginásio, nesse caso o


B já não atua em nome próprio e se assim for B não será comerciante. B à partida é
comerciante.
O C é treinador. Tendencialmente há dúvidas na qualificação quanto à atividade de
treinador, há quem o considere uma actividade liberal e há quem o considere um
artesão. Ele é um profissional liberal. C não é comerciante e essa exclusão poderia
decorrer 3 fatores:
1º: decorre da possibilidade de C ter tido como profissional liberal. Caso assim se
entenda a exclusão é imediata uma vez que os profissionais ????????
Por outro lado, o C não é profissional liberal e portanto não preenche o segundo
requisito. Não são aparentes os atos de comércio por si praticados.
3º: o C não atua em nome próprio. Todos os atos praticados por si são em
nome/representação do ginásio.
Conclusão: C não é comerciante.
Quanto ao ginásio, é uma sociedade comercial por quotas e nos termos do art 13º
nº2 CCom, as sociedades comerciais são sempre comerciantes.

2. Encontra algum ato comercial no enunciado? Justifique a sua resposta.

Transporte: uma vez que há duas partes nesse contrato vamos qualificar o transporte da
perspectiva do transportador e do transportado. Da perspectiva do transportador “B”,
vamos verificar se ele é objectivamente/subjectivamente comercial e se lhe é aplicável o
art 230º CCom.

Do ponto de vista da classificação objectiva:

Teríamos de consultar os arts 366º e ss CCom.

O art 36º CCom só permitiria a qualificação objectiva daquele transporte se essa actividade
fosse realizada pela empresa e mais ainda por uma empresa dedicada ao transporte. E no
caso concreto, o transporte não é realizado por uma empresa. O transporte é feito por uma
única pessoa singular no seu carro particular. Falha logo o 1º pressuposto para a existência
de uma empresa que é uma estrutura complexa de pessoas, capitais e bens. Não sendo
possível qualificar objectivamente o ato vamos procurar qualificar subjectivamente o ato,
vamos procurar qualificá-lo no ponto de vista subjetivo, isto na perspectiva de B. Para que
um ato seja subjectivamente comercial seriam necessários 3 requisitos cumulativos:

1º: o ato tem de ser praticado por um comerciante. B é comerciante.

2º: o transporte não é um ato exclusivamente civil.

3º: não resulte do próprio ato o contrário.

A presunção é a de que B exerce aquele transporte como comerciante e no âmbito da sua


actividade comercial, enquanto comercial. Essa presunção manter-se-á salvo prova em
contrário. Efectivamente o B realizou a sua actividade de transporte no âmbito da sua
actividade comercial e não pessoal e não há maneira de provar o contrário porque esta é a
realidade.

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Conclusão: aquele ato é subjectivamente comercial, pelo menos na perspectiva do B.

Do transporte da perspectiva dos transportados: Mantém-se a impossibilidade de


qualificar o transporte objectivamente, porque o transporte não é realizado por uma
empresa. Quanto à qualificação subjectiva: não temos dados suficientes. Contudo com esta
resposta e por força do 99º CCom já saberíamos que aquela relação de transporte iria ser
regulada pelo direito comercial ainda que fosse meramente unilateral.

Compra de um sistema de refrigeração: o adquirente do sistema de refrigeração é a


sociedade comercial Leiria fitness club, lda.

Do ponto de vista da qualificação objectiva o art a considerar porque estamos perante uma
c/v são os art 463º e ss CCom. Nos termos desse art, uma c/v será um ato objectivamente
comercial em 3 situações sendo que nenhuma delas se verifica no caso concreto.

1. A compra não incidiu sobre uma participação social


2. A compra não foi feito em bolsa nem incide sobre bens bolsistas
3. E a compra também não foi para aluguer ou revenda

Em conclusão, a compra em causa não será um ato objectivamente comercial, pelo menos
da perspectiva de quem adquiriu o equipamento.

Do ponto de vista subjectivo relativamente ao comprador:

1. O comprador seja comerciante, o adquirente é comerciante. As sociedades comerciais


são sempre comerciantes.
2. O ato não pode ser exclusivamente civil, isto em consideração abstracta. Uma c/v em
abstracto não é um ato exclusivamente civil.
3. Não pode resultar do próprio ato o contrário. Teríamos que presumir que a compra
feita por aquela sociedade comercial, o ginásio, tinha sido feita no âmbito da sua
actividade comercial. Esta presunção só seria ilidida se se provasse o contrário, isto é,
teria de se provar que a compra daquele equipamento de refrigeração não estava
relacionado com a actividade comercial do adquirente. Essa prova é impossível. Aquele
equipamento foi efectivamente instalado no estabelecimento comercial do adquirente,
o ginásio e portanto é uma evidência que aquele ato comercial está relacionado com a
actividade comercial daquele ginásio.
Conclusão: o 3º requisito verifica-se porque não se provou o contrário daquela
presunção. Se os 3 requisitos se verificam, o ato é subjectivamente comercial.
Conclusão: o 2º requisito de aplicabilidade do art 230º CCom (que é o da atividade da
empresa ser subsumível ao um dos números do art 230º CCom não se verifica).
Efectivamente a prestação de serviços que é o que essencialmente um ginásio faz não
é enquadrado em nenhum dos números do art 230º CCom.
Conclusão: a compra daquele equipamento de refrigeração não podia ser qualificado
como um ato comercial, através do art 230º CCom.
Caso prático:
G e P são sócios da tudo móvel lda, sociedade que se dedica ao fabrico e à venda de
mobiliário. Adquirem matérias primas à impormadeiras SA e M (pessoa singular).

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Recentemente contrataram com V um mandato na qual esta se comprometia a


celebrar uma contrato de leasing com o banco DAS para a aquisição de um novo
veículo de transporte. Adquiriram também novas impressoras para o escritório da
sede. E contrataram ainda C e D a pintura de um mural à entrada do seu escritório.
1. Qualifique os comerciantes sujeitos no caso prático
A G e o P têm capacidade jurídica. 2º requisito: a profissionalidade da sua
atividade. G e P praticam o comércio como sua profissão? Sim, G e P praticam de
forma reiterada, sistemática e continuada atos de comércio. Alguns deles são até
descritos no caso prático. Mas mesmo que não o fossem é inegável que G e P no
âmbito da sua atividade têm de forma sistemática praticar atos de comércio. O 3º
requisito exige-se que G e P praticassem atos de comércio. O 3º requisito exige-se
que G e P praticassem atos de comércio para si e em nome próprio. O que não
acontece. Efectivamente, os atos praticados por aquelas duas pessoas singulares
são feitos em nome e no interesse da tudo móvel limitada. Conclusão: G e P não
são comerciais.
A tudo móvel é comerciante porque nos termos do 13º nº 2 Ccom as sociedades
comerciais são sempre comerciais.
A impormadeira Sa é uma sociedade comercial e portanto é comerciante nos
termos do art 13º CCom.
“M”: o M é uma pessoa singular. Pressupõe-se da factualidade que M é o produtor
das árvores de onde provem a madeira. E nesse sentido ele é agricultor (para
efeitos do CCom consideramos o que conceito amplo de agricultor inclui também
os produtores de árvores e arbustros. Nos termos do 230º nº1 CCom à partida a
agricultura é excluída do comércio, à partida aquele agricultor específico, não será
tido como comerciante. E como não temos qualquer outro elemento informativo
vamos concluir que M não é comerciante. Nota importante: se M desenvolvesse a
sua atividade no âmbito de uma empresa (e para isso é necessário factos que o
indicassem) ai a conclusão já poderia ser diferente. Efectivamente hoje em dia a
agricultura se for desenvolvida no âmbito de uma empresa ele será considerado
como comerciante. No caso concreto não temos qualquer elemento que nos
permita concluir que o M tem uma empresa e desenvolve a sua atividade no
âmbito de uma empresa, pelo que teremos de concluir que “M” não é
comerciante.
V: V terá capacidade jurídica contudo não temos elementos que nos permitam
responder se ao 2º requisito que é saber se V faz do comércio sua profissão. No
caso prático temos tão somente um ato praticado por V. E mesmo que esse ato
fosse comercial é um ato esporádico e não é possível através de esse ato
considerar que V é profissional do comércio.
Banco DSA: este banco é uma sociedade anónima logo é comerciante.
C e D: A C e a D foram contratadas para a pintura do muro. Não temos nenhuma
outra informação sobre elas para além de que foram contratadas para pintar um
muro, ainda que por hipótese académica elas sejam profissionais daquele ramos
de atividade, elas não são comerciais, pois elas serão consideradas artistas (240º
nº 1 e 240º nº 3 CCom).

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2. Qualifique os atos comerciais que eventualmente consiga encontrar no caso


prático
Quanto à compra das matérias primas vamos distinguir 2 compras distintas:
A compra feita em impormadeira e a compra feita a M.
Estando na presença de um contrato, a análise terá de ser bilateral, terá de se vista
no posto de vista de quem compra e no ponto de vista de quem vende. Do ponto
de vista do comprador, a compra à impormadeira: do ponto de vista do comprador
teríamos de verificar se o ato é objectivamente comercial (463º nº 1 CCom).
Algumas das hipóteses do 463º teriam de ser excluídas: as compras para aluguer, a
compra não é para participações sociais e a compra não foi feita em bolsa.
Contudo teríamos que ponderar se não estaremos perante uma compra para
revenda. O art 463º nº 1 CCom refere as matérias primas trabalhadas. Nesse
entendimento, a doutrina e a jurisprudência têm entendido quando uma coisa
móvel é encontrada para ser introduzida no processo produtivo de um bem que
depois vai ser vendido, nesse caso, estaremos perante uma compra para revenda.
A compra da madeira para entrar no processo produtivo da tudo móvel é uma
compra para revenda. Do ponto de vista da tudo móvel madeira é um ato
objectivamente comercial. Do ponto de vista do vendedor impormadeira SA, o ato
também será objectivamente comercial, porque ou a impormadeira comprou para
revender ou produziu para vender. Conclusão: a relação jurídica de c/v de madeira
entre a tudo móvel e a impormadeira é bilateralmente comercial

O critério para qualificar o mandato como comercial é a natureza do ato praticado no âmbito
do contrato. Portanto, para qualificarmos aquele mandato temos primeiro de qualificar o ato
mandatário. Assim sendo haverá de qualificar primeiro o contrato de leasing. O leasing (o ato
mandatado), foi praticado por um banco. Os atos praticados por um banco são sempre atos
objetivamente comerciais que incumbe o art 362º Ccom, portanto, se o leasing que é o
contrato mandatado é um ato comercial então o mandato também o será. O mandato é um
ato objetivamente comercial nos termos do art 231ºCcom e do 362º CCom.

Compra de impressoras para o escritório:

Primeiro teriamos de procurar de qualificar o ato como objetivamente comercial. A compra e


venda comercial está regulado no art 463ºCcom. Nos termos do 463º Ccom, uma compra é um
ato objetivamente comercial em 4 situações:

1. Quando o objeto da compra é uma empresa (não se aplica ao caso prático)

2. Quando a compra é feita em bolsa (não é o caso)

3. Quando o objeto comprado foi adquirido para ser alugado (também não se aplica pois
o objeto da compra que são as impressoras não foi adquirido para ser alugado, isto é, a
tudo móvel limitada não comprou as impressoras para as alugar)

4. Compra ter sido feita com o intuito de revenda (o que também não aconteceu).

Conclusão: uma vez que não se verifica nenhuma das situações previstas no 463º Ccom
aquela compra das impressoras não é um ato objetivamente comercial. Não sendo um

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ato objetivamente comercial vamos procurar qualificá-lo como subjetivamente


comercial. São necessários 3 requisitos:

1. Aquele ato tem de ser praticado por um comerciante (a tudo móvel é comerciante)

2. O ato praticado não pode ter uma natureza exclusivamente civil (o ato praticado
não tem uma natureza excluivamente civil – só tem uma natureza exclusivamente
civil o casamento, divórcio, testamento, adoção e perfilhação, nenhum outro
contrato além destes são de natureza exclusivamente civis) e portanto este
requisito verifica-se.

3. Se não resultar do próprio o contrário, isto significa de que existe uma presunção
de que ato praticado por a todo móvel foi a compra das impressoras está
relacionado com a sua atividade. À partida e por presunção este 3º requisito
verifica-se. Este 3º requisito só não se verifica se se conseguir provar o contrário,
isto é, se se conseguir provar, que aquele ato não estava relacionado com a tudo
móvel. Não é possível provar aquilo que é real e efetivamente a compra daquelas
impressoras foi feita no âmbito da atividade da tudo móvel e não é possível provar-
se o contrário. Conclusão: O ato é subjetivamente comercial uma vez que se
verificam todos os requisitos e portanto será um contrato sujeito à lei comercial.

Contratação da pintura do mural:


Este ato não é um ato objetivamente comercial uma vez que um contrato deste tipo não está
previsto no Ccom.

1. A tudo móvel é comerciante

2. Um grafitti não é um ato exclusivamente civil

3. Este requisto não é evidente que se verificar. É possivel ilidir a presunção, é possivel
provar que aquele ato que é a pintura do graffitti não está relacionado com a atividade
comercial daquela sociedade. Se essa prova for realizada então nesse caso o 3º
requisito não se verifica e o ato não é subjetivamente comercial. Mas pelo contrário
essa prova não for feita mantém-se a presunção. E se se mantiver a presunção então o
ato é subjetivamente comercial. Conclusão: da parte da tudo móvel o ato pode não ser
subjetivamente comercial se se conseguir provar que aquele grafitti não está
relacionado com a atividade da tudo móvel. Da prespetiva de Cila e Dina (artistas) o ato
não é subjetivamente comercial porque cila e Dina são artistas e os artistas não são
comerciais (art 130º parágrafo 1º e 3º) e se Cila e Dina não são comerciantes o ato não
pode ser da perspetiva delas subjetivamente comercial porque falha logo o 1º
requisito.

Caso prático:
Abílio (dono de uma mercearia de bairro) foi abordado por Bruna (vendedora de queijo) e
tendo se encantado com a beleza da rapariga prontamente lhe encomendou uma quantidade
avultada de queijo, os quais por serem tantos acabaram por se estragar. Por não os ter
conseguido vender ficou a dever 500€ a Bruna mas ainda completamente apaixonado, ainda
comprou uma pulseira em prata que ofereceu a Bruna.

1. Qualifique os atos e classifique os sujeitos

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2. Abílio é casado com Carota em comunhão de adquiridos e Carlota pretende saber se as


dívidas de 400.000€ que Abílio contrariu perante fornecedores também as
responsabiliza.

1. Resolução:
O Abílio é comerciante?

1. Tem capacidade jurídica

2. Abílio pratica reiteradamente atos de comércio

3. Abílio atua em nome próprio

Verificado-se os 3 requisitos, o Abílio é efetivamente comerciante


Bruna é comerciante?

1. A Bruna tem capacidade jurídica

2. A Bruna é agricultora. A agricultura pode ser uma atividade comercial se for


desenvolvida no âmbito de uma empresa. Não tendo nenhum elemento que nos faça
querer que Bruna desenvolve a sua atividade no âmbito de uma empresa. Ora, assim
sendo, Bruna não é comerciante porque é uma agricultora que desenvolve a sua
atividade sem ser no âmbito de uma empresa

Carlota é comerciante?
Não temos informação deste sujeito
Atos:

1. Compra dos queijos (é um ato objetivamente comercial)

2. Compra da pulseira (não é um ato objetivamente comercial)

Na qualificação da compra dos queijos o primeiro passo é procurar qualificar o ato como
objetivamente comercial. A c/v comercial é regulada no 463º Ccom. Neste artigo prevêm-se 4
situações em que uma compra é um ato objetivamente comercial.

1. Quando o objeto da compra é uma participação social

2. Quando a compra é feita em bolsa

3. Quando o objeto comprado é para alugar

4. Quando o objeto comprado é para revender – foi isto que sucedeu na compra dos
queijos, assim sendo, aquela compra é um ato objetivamente comercial e portanto fica
sujeita às regras do Direito Comercial.

Compra da pulseira:
A compra da jóia não é um ato objetivamente comercial porque não se enquadra em
nenhuma das situações previstas no art 463º Ccom. Quanto ao facto de poder ser um
ato subjetivamente comercial, era necessário que se verificassem 3 requisitos:

1. O ato tinha de ser praticado por um comerciante e Abílio era comerciante

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2. Era necessário que o ato não fosse exclusivamente civil e o ato não é
exclusivamente civil

3. Se não resultar do próprio ato o contrário. Neste 3º requisito irá presumir-se que
um ato praticado por um comerciante foi feito no âmbito da atividade comercial
desse comerciante. Se essa presunção se mantiver o ato é subjetivamente
comercial. Na situação do caso prático era possível provar o contrário da presunção
e era possivel ilidir a presunção pela natureza do objeto comprado, Abílio sendo
merceiro não transiona jóias por isso é possível provar/demonstrar que aquela
compra foi alheia à atividade de Abílio. Conclusão: feita esta prova, o ato não seria
subjetivamente comercial. O art 230º Ccom qualifica como comerciais atos mas
para isso são necessários 3 requisitos:

1. O ato tem de ser praticado no âmbito de uma empresa. Não sabemos e não
temos elementos suficientes para responder se estamos na presença de uma
empresa e portanto temos de colocar 3 hipóteses: 1 – se concluirmos que não
exististe aqui uma empresa então o art 230º não se pode aplicar porque falha
logo o 1º requisito. 2º- mas se concluirmos que estamos na presença de uma
empresa então verifica-se o 1º dos requisitos para aplicarmos o art 230º Ccom.

2. A empresa que praticou o ato tem de desenvolver uma das atividades do art
230º Ccom. A atividade desenvolvida pela empresa de Abílio aplicar-se-ia no
230º nº2 Ccom.

3. O art 230º Ccom só qualifica como comerciais os atos principais ou acessórios


praticados por uma empresa. O ato de Abílio não é nem principal nem
secundário. O ato de Abílio é o chamado ato supérfulo que é um ato que nem
é principal nem é secundário. Falha o 3º requisito para aplicarmos o art 230º
Ccom. Conclusão: a compra da pulseira não é um ato objetivamente comercial,
não é um ato subjetivamente comercial e nem é um ato que se enquadre no
art 230º Ccom e portanto não é um ato comercial, é um ato civil.

Consequências de qualificarmos um ato como comercial


Introdução:
Quando aplicamos o Direito Comercial que se vai implicar a aplicação de regras diferentes das
do Direito Civil e o Direito Comercial tem regras próprias sobretudo em 7 pontos:

1. Regime de dívidas do cônjuge comerciante: quanto a este ponto de matéria existem 2


artigos que temos de considerar, o art 1691º d) Cciv e o art 15º Ccom. A leitura conjunta do
1691º CC e do art 15º Ccom estabelecem uma dupla presunção.

1ª presunção: presume-se que as dívidas do comerciante foram contraídas em proveito


do casal
2ª presunção: presume-se que as dívidas de um comerciante foram contraídas no
âmbito da sua atividade comercial.
Uma dívida de um comerciante estende-se ao seu cônjuge a não ser que se ilida ma
daquelas presunções.
REGIMES MATRIMONIAIS
Os cônjuges podem casar num de 3 regimes patrimoniais:

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1 – regime da separação de bens (em portugal este é o regime regra): neste regime
não há património comum dos cônjuges o que era seu antes do casamento
continua a ser seu e o que cada um adquirir depois do casamento continua a ser
património próprio. Se um cônjuges comerciante é casado no regime da separação
de bens as suas dívidas comerciais não vão ser transmitidas pois não há património
comum.
2 – regime da comunhão de adquiridos: estabelece-se o seguinte: os bens de cada
um dos cônjuges tinha antes do matrimónio continuam a ser exclusivamente seus.
Os bens que cada um dos cônjuges adquira depois do casamento presumem-se
património comum do casamento, é património dos dois. Ex: o A comprou uma
casa em 2009. Em 2010 contraiu matrimónio com B. Em 2012 adquiriu um iate. A
casa é património exclusivo de A mesmo depois do casamento. O iate é património
de ambos.
3 – regime de comunhão geral de bens (era o regime regra antes de entrar o Cciv
atual): com o casamento todos os bens de cada um dos cônjuges passam a ser
património comum, mesmo os bens que eram de propriedade exclusiva de cada
um deles antes do casamento. Exceção: salários e heranças. Existia património
comum. Esse património comum só não vai responder pelas dívidas do
comerciante em duas situações:

A) Se se provar que a dívida não foi feita em proveito comum do casal

B) Se se provar que a dívida em causa não foi contraída no âmbito da


atividade comercial do comerciante.

António é proprietário de uma mercearia. O António é casado com Beatriz, o António


comprou uma viatura por 20.000€. Deixou de pagar. Beatriz questiona-se se é responsável por
aquela dívida sabendo-se que o casamento foi contraído pela comunhão de adquiridos e a
viatura foi adquirida depois do casamento. Como argumento Beatriz afirma que nunca
conduziu aquele automóvel.
Resposta:
A resposta a esta questão vai ter de assumir duas presunções:

1. Art 15º Ccom: a compra daquele automóvel foi feita ainda no exercício da atividade
comercial de António uma vez que António é comerciante

2. Art 1691º d) Ccom: presume-se que a dívida contraída no âmbito do comércio (no caso
como daquele carro) foram usufruídas por ambos os cônjuges.

Se estas duas presunções se mantiverem, Beatriz e consequentemente o património


comum do casal vai ser responsável por aquela dívida.
Sim, a resposta tendencial é de que Beatriz é responsável por aquela dívida. Como é que
Beatriz se pode desonerar daquela responsabilidade? Abstratamente Beatriz teria 3
meios:

1. Provar que estava casada em regime de separação de bens (no regime de separação
de bens não há património comum). Casualisticamente este argumento não pode ser
utilizado porque António e Beatriz casaram em regime de comunhão de adquiridos.

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2. Ilidir a presunção do art 15º Ccom (conseguir provar o contrário do que diz o art 15º
Ccom). Portanto, Beatriz no caso concreto teria que provar que a compra daquele
automóvel por António tinha sido um ato completamente alheio à sua atividade
comercial. Se fizesse essa prova, ilidiria a presunção do art 15º Ccom e
deresponsabilizava a Beatriz daquela dívida.

3. Ilidir a presunção do 1691º d) Ccom. O 1691º d) presume que as dívidas do


comerciante beneficiavam ambos os membros do casal. Transposta para o caso
prático esta presunção assume que tanto por António como Beatriz tenham
beneficiado daquela viatura e portanto para ilidir esta presunção Beatriz tem de
entrgar o contrato, isto é, tem de provar que nunca usufruir daquela viatura. O que é
usufruir ou beneficiar? Quanto aquilo que se entendo como beneficio ou usufruto
existem duas doutrinas:

1. Teoria materialista: segundo a qual há benefício comum do casal quando ambos


ultilizam materialmente/fisicamente o bem que originou a dívida.

2. Teoria de benefício próprio: segundo a qual há usufruto comum do casal quando


ambos obtém vantagens económicas recorrentes daquela aquisição, sejam elas
diretas ou indiretas.

Na primeira das doutrinas, Beatriz teria de provar que nunca tinha utilizado
aquela viatura. De acordo com a segunda teoria, Beatriz teria de provar que
nunca ter obtido nenhuma vantagem económica recorrente daquela viatura. Se
não conseguisse argumentar e provar alguns destes pontos anteriores a dívida
contraída por António estender-se-ia a Beatriz e por consequência daquela dívida
responsabilizaria o património comum do casal.

2. Fiança comercial

3. Prazos de prescrição (prescrição: prazo que a lei confere para o exercício de um


direito)

4. Forma dos contratos

5. Juros

6. Vencimento das obrigações comerciais: o vencimento das obrigações diz respeito


ao momento em que o cumprimento dessa obrigação é exigida (o momento em
que o credor pode exigir ao devedor a realização de uma prestação devida). O
vencimento das obrigações vai depender do tipo de obrigação em causa. Sendo
que quanto ao vencimento podemos distinguir 3 tipos de obrigações:

a) Obrigações a prazo: são aquelas obrigações em que o credor e o


devedor definem uma data para o cumprimento. Neste tipo de
obrigações o vencimento ocorre na data acordada. Mais ainda, após a
data estipulada o devedor entra em mora (forma de incumprimento
temporária).

b) Obrigações condicionais: são aquelas em que a prestação só é devida


quando se verificar um facto ou um evento de que as partes fizeram

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depender o cumprimento. Ex: O A empresta a B 10.000€ e B estava


desempregado. Convencionaram que B só restituirá aqueles 10.000€
quando B voltar a ter emprego. A obrigação tornar-se-à exigivel
quando esse evento acontecer. Quando? Não sabemos. Nas obrigações
condicionais o vencimento verifica-se quando ocorre o facto ou um
evento. Nas obrigação condicionais não é necessário interpelar o
devedor.

c) Obrigações pura (categoria residual): e portanto são obrigações puras


aquelas que não forem a prazo ou condicionais. Na prática não há uma
data para o cumprimento nem há um facto que despolete o
cumprimento. Nas obrigações puras existem duas regras do regime:

- o credor pode pedir a prestação a qualquer altura assim como o


devedorpode exigir a prestação a qualquer altura
- para reclamar a prestação o credor tem de intrepelar o devedor (art
805º Ccom). A intrepelação é um ato jurídico consistente numa
declaração dirigida do credor ao devedor em que o credor vai reclamar
a prestação e vai conceder ao devedor um prazo razoável para o
cumprimento. O devedor só entrará em mora ou em atraso se não
realizar a prestação até ao fim do prazo razoável que foi conferido pelo
credor. Ex: se o credor A hoje pretendesse a restituição dos 10.000€
teria de interpelar o devedor B. E tem de conceder um prazo razoável
para que B realize a prestação devida. Digamos que o prazo razoável
em concretoera de 1 mês. Até ao dia 5 de Dezembro poderia o
devedor B restituir os 10.000€ sendo que até esse dia 5 de Dezembro
não há qualquer atraso da prestação devida (B só entrará em
mora/atraso a partir de dia 6 de Dezembro se não tiver cumprido até
ai). As obrigações puras não favorecem as práticas comerciais e por
essa razão foi aprovado o DL 62/2013 de 10 de Maio. Esse diploma
tem o seguinte regime fundamental: nas relações comerciais
pecuniárias se as partes não tiverem convencionado uma data para o
pagamento esse pagamento é devido ao fim de 30 dias. Suponhamos
que o empréstimo feito por A a B é comercial e que eles não definiram
uma data para a restituição desse empréstimo. Por força do DL
62/2013 a restituição da quantia emprestada deve ocorrer ao fim de
30 dias sem que o credor tenha de interpelar o devedor.

7. Solidariedade entre devedores

TESTE:

CASO PRÁTICO COM DUAS PERGUNTAS

1. IDENTIFICAR OS COMERCIANTES

2. IDENTIFICAR OS ATOS

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TAMBÉM VAI HAVER UMA PERGUNTA TEÓRICA QUE PODE INCIDIR EM ALGUM TEMA
ALEATÓRIO DO PROGRAMA

DL 62/2013:
Art 2º remete para o art 3º b)
Art 3º b) – noção de transação negocial. À partida esta alínea excluiria a noção de transação
comercial, as pessoas singulares.
Este dl aplica-se também às pessoas singulares desde que sejam comerciantes

Âmbito de aplicação do DL:


Temos desde logo um âmbito subjetivo e este DL só se aplica a relações jurídicas ou a contratos
estabelecidos entre sociedades comerciais, empresas comerciais, comerciantes singulares e
ainda a entidades públicas. As entidades públicas não são qualificadas por este DL como
comerciantes, contudo o legislador estende a aplicabilidade deste diploma às entidades
públicas, o que tem uma razão de ser.
Quanto à noção do que é uma entidade pública atentem que alínea c remete para o art 2º do
código dos contratos públicos.
Quanto ao âmbito objetivo, temos de atender ao art 3º b) e este DL só se aplica ao pagamento
relativo ao fornecimento de bens ou de serviços estabelecidos entre as pessoas e o âmbito
subjetivo. O art 2º nº2 tem um âmbito excludente, os seja, descreve situações não abrangidas
pelo DL.

Conteúdo do diploma:
O essencial deste DL consta no art 4º nº3. A regra é então a seguinte: nas transações
comerciais tal como definidas no DL existe o vencimento da obrigação em regra ao fim de 30
dias após o devedor receber a fatura, sendo que o inicio da contagem desse prazo não
necessita de interpelação do credor. O âmbito da aplicação deste DL não é totalmente
correspondente à aplicação dos atos comerciais. O DL 62/2013 só se aplica aos atos comerciais
bilaterais, assim se afastando do regime do art 99º Ccom.

Solidariedade entre devedores


A solidariedade dos devedores pressupõe a existência de mais do que um devedor. O art 100º
Ccom estabelece a regra da solidariedade entre os devedores de uma relação comercial. Nas
relações comerciais a regra é a solidariedade entre os devedores. No que consiste numa
exceção à regra da conjução dos devedores que se aplica no Direito Civil. Na conjução entre os
devedores que é oposta à solidariedade existem duas regras:
1º salvo estipulação em contrário e sendo vários os devedores presume-se que cada um deles
o é em igual medida. Ex: A empresta 3000€ a B, C e D sem qualquer outra menção. Existe uma
plurarildade de devedores à restituição. Aplicando-se a regra da conjunção vai-se presumir que
cada um daqueles devedores é devedor em igual percentagem/medida.
2º o credor só pode reclamar de cada um dos devedores essa quantia/percentagem de
responsabilidade.
Inversamente no Direito Comercial temos a regra da solidariedade que se opõe à regra da
conjunção. De acordo com o regime da solidariedade, o credor pode reclamar de cada um dos

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devedores a totalidade da dívida. Na solidariedade, depois do devedor que cumpra tem o


direito de regresso sobre os restantes devedores e nesse direito de regresso vai-se aplicar a
conjução. Contudo, o parágrafo único do art 100º Ccom estabelece uma exceção à aplicação do
regime da solidariedade que ocorre quando a parte devedora não é comerciante e ato
comercial quanto a ela não é comercial. Ex: o stand automóvel vende o carro a B e C. B e C
tornam-se devedores de 20.000€. B e C são médicos e compraram a viatura para utilização
corrente. São B e C devedores solidários? Do ponto de vista do stand automóvel a venda é
objetivamente comercial, o stand comprou para revender. Mas já não será do ponto de vista
dos compradores B e C. O ato não é objetivamente comercial porque não se enquadra em
nenhuma das 4 situações previstas no art 463º Ccom. Por outro lado o ato não é
subjetivamente comercial uma vez que B e C não são comerciantes. Por fim, também não seria
possível aplicar o art 230º Ccom uma vez que nada indicia que B e C são uma empresa (são
duas pessoas singulares). Na perspetiva dos compradores, B e C, o ato não é comercial e
portanto estariamos na presença de um ato unilateralmente comercial. Por regra e de acordo
com o art 99º Ccom, os atos unilateralmente comerciais estão sujeitos ao Direito Comercial,
mas há exceções e uma dessas exceções consta precisamente do parágrafo único do artigo
100º Ccom,onde é dito que não se aplica o regime da solidariedade quando:
1º o ato não for comercial da perspetiva dos devedores
2º não houver convenção em contrário
No nosso exemplo, para os devedores B e C o ato não era comercial e também não existia
qualquer convenção quanto à sua solidariedade. Dessa forma, não se aplicaria a eles a regra da
solidariedade, portanto eles eram devedores conjuntos.

Prescrição
Introdução: a prescrição diz respeito aos efeitos da passagem do tempo às relações jurídicas e
estabelece a lei que qualquer direito tem o prazo para ser exercido. No Direito Civil os prazos
dee prescrição está nos arts 300º e ss CC.
Existem dois tipos de prescrições:

1. Prescrições extintivas: faz cessar o direito, extingue o direito. Prescrevendo extintivamente um


direito o credor deixa de o poder reclamar ainda que consiga fazer a sua prova

2. Prescrições presuntivas: não extingue o direito, apenas inverte o ónus da prova. Até existir uma
prescrição presuntiva, a prova do cumprimento cabe ao devedor (regra geral do art 342º e ss
CC). Mas com a presunºão presuntiva há uma inversão desse ónus probatório uma vez que se
estabelece uma presunção a esse ónus probatório, uma vez que se estabelece uma presunção
ilidivel de cumprimento. Existindo uma prescrição presuntiva a lei vai assumir que o devedor já
cumpriu. Contudo o credor ainda pode reclamar o crédito (prestação) contudo agora passa a
ser o credor que vai ter de fazer a prova do não cumprimento.

Lei 23/96 de 26/07

Distinção entre prescrição extintiva e presuntiva: art 300º e ss CC.


O art 317º CC estabelece um prazo de prescrição presuntiva relativamente aos seguintes
créditos:
- alojamento e habitação a estudantes

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- créditos, serviços de saúde e de ensino


- créditos dos comerciantes relativamente a quem não seja comerciante
- créditos derivados do exercício da indústria
- créditos do exercício de profissões liberais
Os créditos derivados dos serviços públicos essenciais prescrevem extintivamente ao fim de 6
meses após a sua prestação (art 10º nº1 lei 23/96 de 26/07).

Caso prático

Diana e Filipa fazem tapetes de arraiolos. Diana e Filipa compraram uma carrinha para entregar
os tapetes de arraiolos. E depois contrataram o Guilherme para proceder esse transporte.

1. Qualificar os sujeitos como comerciantes:


A Diana e a Filipa são artesães. O artesanto à partida está excluída da comercialidade,
logo, Diana e Filipa à partida não serão comerciantes. O artesanato e a agricultura
podem ser considerados atividades comerciais e os seu sujeitos podem ser
considerados comerciantes se o seu artesanato for desenvolvido em modos
empresariais, isto é no Âmbito de uma empresa. Uma empresa para existir requer 3
requisitos cumulativos:
a) Só existe uma empresa quando existe uma agregação de várias pessoas, capitais e
meios.
b) Cáracter permanente, duradouro, continuado.
c) Aquela atividade tem de prosseguir o lucro
Diana e Filipa exerciam atos comerciais. Por outro lado Diana e Filipa preenchidas os 3
requisitos para serem consideradas comerciantes:
1. Capacidade jurídica
2. Fazer do comércio profissão
3. Atuavam em nome próprio
Diana e Filipa eram comerciantes
Quanto a Guilherme, Guilherme tinha personalidade jurídica, praticava atos de
comércio mas não atuava em nome próprio.
Tinhamos aqui 2 atos:
1. A compra da carrinha. É um ato objetivamente comercial? Não. Nos termos do art
463ºCcom indica 4 situações em que uma comora é objetivamente comercial.
a) Quando o objeto comprado são participações comerciais numa sociedade
comercial (não é o caso);
b) Quando uma compra for feita em bolsa (também não é o caso);
c) Quando a compra for feita para alugar o objeto comprado (também não foi o
caso);
d) Quando a compra é feita com o intuito de revenda (também não é a
situação).
Conclusão: o ato não é objetivamente comercial
3 requisitos para que um ato seja subjetivamente comercial:
a) O ato ser praticado como comerciante (e Diana e Filipa são comerciantes)
b) O ato em questão não pode ser excluisivamente civil (e não é)

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c) O ato subjetivamente comercial não pode resultar do próprio ato o


contrário, isto é, não podem resultar das circunstâncias que aquela
compra não estava relacionada com a atividade comercial de Diana e
Filipa. Há uma presunção ilidivel que a compra daquela viatura está
relacionada com a atidade comercial de Diana e Filipa. Se essa presunção
se mantiver, o 3º requisito verifica-se. Essa presunção só não se mantém
se se provar o contrário, isto é, se se provar que compra daquela viatura
não estava relacionada com a atividade comercial de Diana e Filipa. Não
era possível provar-se o contrário porque efetivamente a viatura foi
integrada na atividade comercial de Diana e Filipa.
Conclusão: o ato seria subjetivamente comercial.
2. Transporte: o ato em questão do que determina em determinado dia Guilherme
entrega um tapete na sede da Sonae. É um ato objetivamente comercial? O
transporte está regulado no art 366º Ccom. O art 366º CCom são qualifica como
objetivamente comercial o transporte quando este é feito por uma empresa em
que a sua atividade principal era o transporte e a atividade principal da empresa
de Diana e Filipa não é o transporte, logo, o ato não é objetivamente comercial.
Será o ato subjetivamente comercial? O Guilherme é que faz o transporte e ele
não é comerciante logo o ato não é subjetivamente comercial.
O art 230º Ccom para se aplicar existe 3 requistos cumulativos:
1. O ato deve ser praticado no âmbito de uma empresa
2. A empresa em questão tem de desenvolver uma das atividades elencado no
art 230º Ccom. A atividade de transporte é feita por uma empresa que se
dedica à entrega de bens (art 230º nº2 Ccom)
3. O art 230º Ccom só qualifica os atos ou que sejam principais ou os atos
secundários da empresa.este seria um ato secundário. Não era um ato
imprescindivel para a desenvolver a atividade de uma empresa mas
certamente aumentava a sua orodutividade. Conclusão: aquele transporte era
um ato subjetivamnte comercial através do art 230º Ccom.
O DL 62/2013 visa com que nas obrigações comerciais de pagamento não haja
obrigações puras, não existindo uma data do pagamento, o pagamento é
devido ao fim de 30 dias independentemente da interpelação do credor.

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