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Compilado
Márcia Elias
Universidade Lusíada Porto
Direito Comercial da Empresa
Aula Teórica Dr. Sérgio Machado
Dia 20.09.21
Aula de Apresentação
Revenda- importante
Atos de Comércio
Atos Subjetivistas:
Além de todos os contratos e obrigações dos comerciantes (1º), que
não forem de natureza exclusivamente civil (2º), e se o contrário
do próprio ato não resultar (3º).
1º- desde que tenham capacidade para o fazer- não estejam sobre o
regime dos maiores acompanhados ou que não sejam menores.
2- Sociedades comerciais- remissão para o 17º- há determinadas
pessoas que estão inibidas de serem comerciantes, mas não quer
dizer que estão inibidas de praticar atos de comércio.
“Que não forem exclusivamente civil” - há atos civis que não são
atos de comercio- ex: casamento, perfilhação, a designação do tutor
pelos pais- não podem ser comerciais.
“Se o contrário do próprio ato não resultar” – nós vamos ter que
verificar se o ato praticado pela pessoa tem conexão ou não tem
conexão com a atividade comercial daquela pessoa- se aquela
pessoa pratica reiteradamente atos de comércio- se faz disso seu
modo de vida. Aqui vamos chamar à pessoa o homem médio ou
bom pai de família- temos que verificar se do próprio ato e não das
circunstâncias não resultar que ele possui qualquer conexão com o
comércio do seu autor.
Vamos pegar no homem médio e ver se o ato tem conexão com a
atividade daquela pessoa.
É aquela que vamos seguir aqui. Diz que o artigo 230º qualifica os
atos das empresas- qualificação de atos comerciais. Para o
professor Lobo xavier, entende que há uma multiplicidade de atos
fundamentais da empresa. Para o professor Coutinho de abreu, este
entende que há atos característicos da exploração da empresa.
1º crítica à visão subjetivista do professor José Tavares:
Temos que ter atenção aos atos das empresas- mas há atos
explicitamente comerciais e atos implicitamente comercias.
Se nada nos é dito no caso prático que aquela pessoa não tem
capacidade vamos presumir que tem capacidade para praticar atos
de comércio, nos termos do artigo 13º.
Ex: uma pessoa que gasta muito dinheiro no casino, jogo e está a
lesar o património do casal- a sua mulher vai tentar pedir que lhe
seja colocada uma medida de acompanhamento.
Artigo 316º CC
Artigo 317º CC
- Nota: aliena a) – estão excluídos desta alínea os créditos entre
comerciantes no exercício do comercio
- Relações dos atos onerosos - Artigo 102º C. Com:
Ter em atenção o artigo 17º, 14º- quem não pode praticar atos de
comércio.
14º- remissão para 17º e 253º do C.Com. 180º, 254, 298º, nº3 do C.
Sociedades Comerciais.
Ex: O João Oliveira quer constituir uma firma com o seu nome,
mas já existe registada uma firma com esse nome, ora, não o pode
fazer.
A Empresa e o Estabelecimento
A Empresa
Exemplos práticos:
195º
Artigo 195.º - Transferência a pedido do trabalhador
• Cadeiras;
• Frigoríficos, etc.
As cadeiras, por ex, do magestic, ou as cadeiras do café brasileira
em braga é um elemento caracterizador e essencial daquele
estabelecimento. Mas, as cadeiras do café da esquina que tem só 3
anos é diferente. Temos que ter em atenção se aquele mobiliário
são elementos essenciais- se retirarmos os elementos, vamos
descaracterizar aquele estabelecimento. Isto para efeitos de
transmissão.
2 - Não há trespasse:
1. A cessão produz efeitos em relação ao devedor desde que lhe seja notificada,
ainda que extrajudicialmente, ou desde que ele a aceite.
2. Se, porém, antes da notificação ou aceitação, o devedor pagar ao cedente ou
celebrar com ele algum negócio jurídico relativo ao crédito, nem o pagamento nem o
negócio é oponível ao cessionário, se este provar que o devedor tinha conhecimento
da cessão
Código do trabalho
Artigo 136.º - Pacto de não concorrência
Trespasse- 1112º
2 - Não há trespasse:
Tem que ser comunicada- 1038º- f) Não proporcionar a outrem o gozo total ou parcial
da coisa por meio de cessão onerosa ou gratuita da sua posição jurídica, sublocação
ou comodato, exceto se a lei o permitir ou o locador o autorizar; g) Comunicar ao
locador, dentro de 15 dias, a cedência do gozo da coisa por algum dos referidos
títulos, quando permitida ou autorizada;
Se não for comunicada é ineficaz- 424º, 1059º CC nº2
Os 15 dias não é linear- ou 1109º, nº2- gravato morais- quem tem o ónus da prova da
comunicação? Trespassante ou trespassário
Convém que a comunicação seja feita por carta registada com aviso de receção para
se ficar com uma prova.
c) O uso do prédio para fim diverso daquele a que se destina, ainda que a alteração do
uso não implique maior desgaste ou desvalorização para o prédio;
e) A cessão, total ou parcial, temporária ou permanente e onerosa ou gratuita, do gozo
do prédio, quando ilícita, inválida ou ineficaz perante o senhorio.
Artigo 1091.º - (Regra geral) - tem sido alvo de crítica por parte da doutrina
O legislador fez isto à pressa e não atendeu às regras gerais do direito de
preferência. O nº8 foi julgado inconstitucional
Temos aqui também uma situação- nº4 do 1112º pode ser afastado
no contrato porque é uma norma supletiva
4 - O senhorio tem direito de preferência no trespasse por venda ou dação em
cumprimento, salvo convenção em contrário.
Duração do arrendamento
Podemos ter um arrendamento por tempo indeterminado, mas
vamos ver depois as regras.
Fim do arrendamento
Incumprimento
Contrato de arrendamento
O contrato de arrendamento tem que ter forma escrita- artigo 1069º,
sob pena de nulidade. Se o contrato não foi escrito, pode a
contraparte fazer prova que existe um contrato de arrendamento.
Regra: tem que ser reduzido a escrito.
Os contratos de arrendamento comercial com prazo superior a 6
anos têm que ser sujeitos a registo para ser oponível a terceiros-
artigo 5º do código do registo.
1. O arrendamento urbano só pode recair sobre locais cuja aptidão para o fim do
contrato seja atestada pelas entidades competentes, designadamente através de
licença de utilização, quando exigível.
2. Diploma próprio regula o requisito previsto no número anterior e define os
elementos que o contrato de arrendamento urbano deve conter.
A quer montar um estabelecimento- temos que aferir se esse
estabelecimento tem condições para acolher essas atividades.
Direito Comercial da Empresa
Aula Teórica Dr. Sérgio Machado
Dia 17.11.21
Contrato de arrendamento
Ex: incêndio.
Como é que se vai proceder?
Nós podemos concluir que um ato pode ser qualificado como ato
objetivo de comércio bastando que para tanto esteja previsto na lei
comercial.
Houve razões para que o legislador previsse na lei comercial um
determinado tipo de relações jurídicas e não outras. As razões que
motivaram o legislador são de natureza muito diversa porque leva,
inclusivamente, a que os atos objetivos sejam eles próprios sujeitos
a variadíssimas classificações.
Ex: qual será na nossa opinião a relação jurídica que nenhum
legislador podia deixar de qualificar como comercial? A revenda-
compra e venda comercial.
A compra e venda é um ato civil.
A compra para revenda é aquilo que normalmente se classifica
como um ato objetivo- está regulado no código comercial. As
razões que levaram o legislador a prever a compra para revenda em
legislação comercial são razões que têm a ver com a própria
substância do ato.
A compra para revenda é o habitat natural do direito comercial.
Caso pratico
Caso Prático:
Continuação
Caso Prático:
Resolução:
Qual a consequência?
Um NJ pode ser ineficaz:
• Invalidade:
o Nulidade
o Anulabilidade
• Inexistência
Coisa diferente é a ineficácia em sentido estrito em que na verdade
o NJ é válido, mas razão adicional não produz os efeitos para os
quais está destinado.
Aqui temos uma solução mais pragmática, o negócio usurário é
anulável (?) de forma geral, mas pelo 1146, nº3 (solução especifica
para o mútuo) promove a redução ope legis do juro convencionado
que ultrapasse os limites legais a esses mesmos limites. “…” no
fundo esta norma é uma decorrência do princípio do
aproveitamento do negócio jurídico fazendo com que o mesmo
fique constrangido aos limites da lei. (reduz-se automaticamente)E
se houver juro cobrado em excesso o mesmo terá que se devolvido.
Caso prático:
Caso prático:
Continuação:
A questão é saber se no caso da locação de estabelecimento
comercial também há obrigação de não concorrência. Também
existe. A configuração é completamente diversa.
A primeira grande característica da obrigação de não
concorrência no trespasse tem que ver com o seu próprio
fundamento- nós vimos que a grande natureza desta obrigação é
o seu caráter implícito- é algo que emerge dos princípios que
estão associados à celebração do contrato, designadamente o
princípio contra a boa-fé e a garantia contra a evicção- não é
uma obrigação que seja objeto de previsão e nessa medida de
regulamentação legal.
Ao contrário, na locação é perfeitamente possível detetarmos na
lei as causas da sua existência- obrigação que resulta
explicitamente da lei.
No trespasse: aquele que vende o estabelecimento comercial tem
a obrigação implícita de não concorrer com aquele que lhe
adquiriu o estabelecimento comercial.
Em relação ao locador, é evidente que o problema não pode
colocar-se dessa maneira. Qual será a fonte legal em relação a esta
obrigação? 1031º, alínea b).
Locatário também está obrigado à não concorrência?
Locatário pode abrir outro estabelecimento que seja
concorrente com aquele que ele próprio está a explorar?
A locação tem uma duração temporária- isto pode ser uma
forma de durante a vigência da locação, de ele transferir a
clientela daquele estabelecimento para outro- prejuízo
manifesta.
Regra- 1043º cc
f) Artigo 1043.º - (Dever de manutenção e restituição da coisa)
g) 1. Na falta de convenção, o locatário é obrigado a manter e restituir a coisa
no estado em que a recebeu, ressalvadas as deteriorações inerentes a uma
prudente utilização, em conformidade com os fins do contrato.
2. Presume-se que a coisa foi entregue ao locatário em bom estado de
manutenção, quando não exista documento onde as partes tenham descrito o
estado dela ao tempo da entrega.
Empresa:
1º parte: ela diz: são comerciais os atos que estão previstas nesta
lei. Ao considerar como único critério relevante para a
qualificação da relação jurídica a circunstância de ela estar
regulada nesta lei está a prescindir da qualidade do sujeito. Ou
seja, no fundo estamos a dizer: se a relação jurídica estiver aqui
prevista, independentemente da qualidade dos sujeitos que nela
intervêm, ela é comercial. A norma não adianta o critério
substantivo que leva a que as relações jurídicas estejam previstas
no código comercial e que sejam consideradas como comerciais.
Se está prevista nesta lei, então é comercial.
Quando a primeira parte diz: a esta lei, hoje em dia essa expressão
deve ser interpretada muito extensivamente. Agora não é só nesta
lei, é em qualquer diploma jurídico de direito comercial ou até em
qualquer norma de direito comercial ainda que inserida num
diploma globalmente civil.
Independentemente do sujeito que nela intervenha.
Se não conseguirmos concluir que uma determinada relação
jurídica é comercial, à luz dessa primeira parte do artigo 2º,
podemos recorrer à segunda parte da norma.
Para além das relações jurídicas que estão previstas em diplomas
de direito comercial, ainda há outra possibilidade: há os que não
estão previstos e também são atos de comércios (relações jurídicas
comerciais). Aqui regressa a influencia subjetivista- serão ainda
como comerciais as obrigações dos comerciantes que não tenham
natureza exclusivamente civil.
A qualificação da relação jurídica comercial à luz desta segunda
parte depende da verificação de 3 requisitos- cumulativos.
1º- qualidade do comerciante; Artigo 13º do Código Comercial 2º-
o ato não pode ter natureza exclusivamente civil;
3º- se o contrário do próprio ato não resultar.
3º requisito:
“se o contrário do próprio ato não resultar”
A primeira coisa que temos que perceber é esta: ao contrário do que
se passa com o segundo requisito, este tem que ser aferido em
concreto, tendo em conta o concreto ato que estamos a procurar
qualificar.
O que está aqui em causa é a conclusão que é retirada pela pessoa
que contrata com o nosso comerciante. No fundo, é a opinião que
um homem médio, colocado na posição de um real declaratário em
face e apenas em face das circunstâncias que pode observar no
momento da prática do ato acerca da eventual ligação entre o ato
propriamente dito e a atividade comercial do sujeito.
Será que este ato está relacionado com a atividade profissional
dele? O que é que eu posso concluir? Ou o ato está relacionado ou
não está relacionado, ou então eu tenho dúvidas que esteja- não
posso assegurar que não esteja.
Para que o ato possa ser qualificado como comercial é necessário
que tudo aquilo que rodeia a prática do ato não revele ao terceiro
que contrata com o comerciante a ideia de que o ato nada tem que
ver com a atividade profissional dele.
Ex: vamos imaginar que um construtor civil se dirige ao seu
fornecedor habitual e sem prestar qualquer esclarecimento, compra
uma tonelada de cimento, sendo certo que ele pretende doar esse
cimento a uma associação. Qual será a conclusão que o vendedor
de cimento retirará em face daquilo que tem conhecimento em
relação à eventual ligação, conexão que esse ato mantenha com a
atividade de quem lhe comprou o cimento?
É obvio que ele pensa que o cimento se destina à atividade do
comerciante, logo, neste caso, estaria verificado o último requisito.
O ato seria comercial à luz da 2º parte do artigo 2º.
Caso Prático:
Resolução:
Caso prático
Resposta:
Arrendamento comercial
Caso prático:
Resolução:
A partir daqui vamos estudar alguns negócios que têm por objeto a
empresa. Alguns deles têm por objeto único exclusivo a empresa,
designadamente o trespasse e a locação de estabelecimento
comercial (também dita cessão de exploração de estabelecimento
comercial).
Ideias importantes:
Nota:
É usual falar-se em sociedade comercial e em empresa com o
mesmo sentido- como se fossem a mesma coisa.
Na verdade, não o são.
A empresa é uma realidade produtiva que pode ser objeto de
negócios- que pode ser transacionada. A empresa é a coisa concreta
que está afeta à produção, à prestação de serviços, ao comércio de
uma determinada realidade. A empresa é o café propriamente dito,
é o restaurante, etc.
A sociedade comercial é uma pessoa jurídica que alguém constituiu
para explorar a empresa. É a pessoa jurídica constituída por uma
ou mais pessoas físicas com o propósito de detenção e exploração
de uma empresa.
A SONAE são várias sociedades comerciais- cada uma detém uma
empresa ou várias empresas. A empresa são os múltiplos
hipermercados que eles têm- continentes são as empresas.
A partir daqui vamos estudar alguns negócios que têm por objeto a
empresa. Alguns deles têm por objeto único exclusivo a empresa,
designadamente o trespasse e a locação de estabelecimento
comercial (também dita cessão de exploração de estabelecimento
comercial).
Ideias importantes:
Nota:
Resolução:
É evidente que num restaurante ou num café têm que ter mesas ou
cadeiras, a questão é saber se têm que ter aquelas mesas e aquelas
cadeiras.
Exemplos:
- A compra e venda (modalidade mais frequente de trespasse);
- A doação;
- A dação em pagamento (é o pagamento de uma dívida através da
entrega de um determinado bem, ora, trespasso o meu
estabelecimento comercial para o pagamento de uma divida);
-a entrada para uma sociedade comercial em espécie precisamente
através de um estabelecimento comercial (a constituição de uma
sociedade comercial pressupõe que os sócios realizem entradas,
em regra, que transfiram para a sociedade dinheiro para
realizarem o chamado capital social, mas na verdade, a realização
das entradas não tem, necessariamente, de ser feita em
dinheiro, pode ser feita através de qualquer bem suscetível de
avaliação pecuniária, designadamente, através de um
estabelecimento comercial. Ora, eu transfiro para a sociedade o
meu estabelecimento comercial, em troca de uma participação que
vou ter no capital social da mesma. E realizei por esse via a minha
entrada na sociedade e nessa decorrência foi-me atribuída uma
participação no capital social dessa sociedade).
- Trespasse: