Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA tal modo que num mesmo ordenamento, em um mesmo conjunto de normas são
regulados o direito civil e o direito comercial. Assim, por exemplo, as normas que
O direito comercial tem início na Idade Média. Para Gladston Mamede, a
regulam as relações obrigacionais são aplicáveis tanto para as operações
origem está nas regiões de Ur e Lagash (cidades mesopotâmicas da Idade Antiga),
corriqueiras de consumidores quanto para as complexas relações entre
mas o que é aceito pela maioria é que o começo está com o florescimento das
empresários. Também é nesse ordenamento, que se adota a teoria da empresa,
primeiras cidades (burgos) e o desenvolvimento do comércio marítimo.
abandonando-se o termo “comércio” e adotando-se o termo “empresa”.
Durante a Idade Média, com a ausência de um Estado centralizado, as
regras eram estabelecidas dentro dos limites dos feudos. Na baixa Idade Média,
observa-se a decadência do sistema feudal e o fortalecimento das cidades, e,
socialmente, uma nova classe começa a ganhar força: a dos mercadores
ambulantes que agora tinham condições de se fixarem, e precisavam de regras para
as suas atividades, que simplesmente eram ignoradas pelo tradicional direito civil.
Como era de se esperar, também este período foi superado, já que não era
possível prever e relacionar todos os atos que poderiam ser comerciais. O terceiro e
atual momento é o iniciado pelo Código Civil italiano de 1942. O foco agora não
são os atos comerciais, mas a atividade realizada pelo empresário.
1.2 EVOLUÇÃO DO DIREITO COMERCIAL NO BRASIL • atos de comércio por força de lei, que são caracterizados como ato de
comércio simplesmente por força de lei, como, por exemplo, os atos realizados
No Brasil, durante todo o período de colonização, se aplicava apenas as pelas sociedades por ações.
normas portuguesas (por exemplo, as Ordenações Filipinas). Com a vinda da
Corte para o Brasil em 1808, a colônia brasileira passa a ser o centro do império O Regulamento 737 foi revogado em 1875, mas sua lista de atos de
português. Além disso, a abertura dos portos às nações aliadas de Portugal fez com comércio continuou sendo utilizada, o que, na prática, gerava problemas, pois vários
que fosse criada a “Real Junta de Comércio, Fábrica e Navegação deste Estado do atos, por não pertencerem à lista, não eram considerados comerciais, como a
Brasil e seus Domínios Ultramarinos”, por um alvará real em 23-8-1808. Em 1815, compra e venda de imóveis, a atividade rural, a prestação de serviços, entre outros.
passa a ser designada “Real Junta de Comércio, Fábrica e Navegação do Império
do Brasil” e perdura até 1850 com a publicação do Código Comercial de 1850. A Dessa necessidade, e por influência do Código Civil italiano de 1942, o
Real Junta de Comércio, além de resolver inicialmente conflitos ultramarinos, Brasil, antes mesmo do Código Civil de 2002, começa a adotar a teoria da
cuidava das matrículas dos negociantes e das certidões necessárias à época. empresa, como pode se notar, por exemplo, na Lei n. 8.934/94, que trata do
Registro de Empresas Mercantis.
A nossa primeira regulamentação é o Código Comercial de 1850, que segue
a influência do Código Francês de 1808, adotando, portanto, o critério objetivo da Com o Código Civil de 2002 adota-se oficialmente a teoria da empresa e
teoria dos atos de comércio. ocorre a unificação, ao menos formal, do direito civil com o direito empresarial. Esta
unificação formal não é absoluta, já que parte do Código Comercial de 1850 ainda
Embora não houvesse uma relação dos atos de comércio no Código continua em vigor, e o direito empresarial continua a ser disciplinado por várias leis
Comercial, o Regulamento 737, também de 1850, definia em seu art. 19 quais atos especiais, tais como a Lei n. 6.404/76 (sociedades anônimas), o Dec. 57.663/66
seriam de comércio: “§ 1º A compra e venda ou troca de efeitos móveis ou (letra de câmbio e nota promissória), a Lei n. 7.357/85 (cheque), a Lei n. 8.934/94
semoventes, para os vender por grosso ou a retalho, na mesma espécie ou (registro de empresas) etc.
manufaturados, ou para alugar o seu uso. § 2º As operações de câmbio, banco e
corretagem. § 3º As empresas de fábricas, de comissões, de depósito, de Agora o empresário é definido de acordo com o art. 966 do Código Civil de
expedição, consignação e transportes de mercadorias, de espetáculos públicos. § 4º 2002, como quem “exerce profissionalmente atividade econômica organizada
Os seguros, fretamentos, riscos e quaisquer contratos relativos ao comércio para a produção ou a circulação de bens ou de serviços”.
marítimo. § 5º A armação e expedição de navios”.