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Prof. GIALUCA
Muitos identificam Roma antiga como o nascedouro do direito comercial, no entanto essa civilização
não chegou a conhecê-lo, pois o direito civil contemplava normas que regiam eficazmente todas as relações
de direito privado.
Surgiu como ramo autônomo na Idade Média, como forma de dar proteção e segurança à atividade
mercantil. Num primeiro momento, apresentou-se como espécie sui generis de direito, emanado dos
costumes mercantis e das corporações comerciais, sendo só após assumido pelo Estado. Apresentou 4 fases:
1) Fase das Corporações de Ofício (subjetiva) (sec. XXII – XVI) – Corporações criadas para regrar
os atos comerciais que nasciam na Itália e que não eram disciplinados. Uso dos costumes. Burguesia recente
da Itália - Classe formada por artesão e mercadores. O direito comercial era classista, fechado e corporativo.
Era considerado comerciante quem estivesse inscrito em uma corporação de ofício. Não interessava o que se
fazia, mas sim se estivesse inscrito numa corporação. Requisito suprido, as regras mercantis lhe eram
aplicáveis.
Os tribunais eram compostos pelos próprios comerciantes, que atuavam como juízes.
2) Fase dos Estados Nacionais (subjetiva) (sec. XVI – XVIII) – Foi nesta fase que explodiu o
mercantilismo (seu ápice) em especial na Inglaterra, França, Holanda. Existia a pretensão dos Estados em
atuar/intervir nas atividades mercantis. A jurisdição mercantil passou a ser do Estado.
2) Fase Napoleonica objetiva – também conhecida como Teoria dos Atos de Comércio. Com a
revolução francesa o direito comercial é visto por uma nova perspectiva. Era considerado comerciante quem,
com habitualidade e buscando lucro, praticasse atos do comércio. Tais atos estavam elencados no
regulamento 737/1850. Tratava-se de uma lista taxativa na qual as atividades mercantis estavam elencadas.
A mera inscrição não era suficiente para ser comerciante. A grande crítica apontada ainda hoje é que a lista é
casuística, sem critérios técnicos para a inserção das atividades. O CCom/1850, que não está revogado na
parte do comércio marítimo, filiou-se a esta fase. O prestador de serviços e o negociante de bens imóveis não
eram considerados comerciantes.
Teoria dos atos de comércio (França) – Codificação Napoleônica:
Adotado pelo Código Napoleônico, comerciante era definido objetivamente como sendo aquele que exercia
atos de comércio. No entanto, tais atos nunca foram muito bem conceituados. Assim, a legislação comercial
não atendia apenas a uma classe específica (comerciantes) mas quaisquer cidadãos que viessem a praticar
tais atos.
Alfredo Rocco definiu-os como sendo “todo aquele ato que realiza ou facilita uma interposição na troca”.
Código Comercial Brasileiro de 1850
Em que pese ter sido inspirado no Código Napoleônico, não adotou a teoria dos atos de comércio. Pelo código
seria comerciante quem se matriculasse em algum dos tribunais do comercio do império e fizesse da
mercancia sua profissão habitual. No entanto, também não definiu o que seja mercancia.
E tal diferenciação era muito importante à época, em razão de haver justiças civil e comercial. Assim, tal
definição fixaria competência jurisdicional.
O regulamento 737 regulou o que seria considerado mercancia. No entanto, com a extinção dos tribunais de
comercio, essa definição passou a ser meramente indicativa da atividade. E comerciante passou a ser
considerado aquele que pratica a intermediação entre consumidor e produtor, com finalidade lucrativa.
Comerciante (PF) e Sociedade Comercial (PJ) – Terminologia adotada pelo CCOM. Eram
necessárias as seguintes características (Teoria dos Atos de Comércio)
• Habitualidade
• Lucratividade
• Atos de comércio – elencados no regulamento 737/1850, atos entendidos pela legislação como
comerciais.
O problema é que essa análise era estritamente objetiva. Havendo habitualidade e lucratividade,
mas praticando atos que não previstos expressamente na legislação, não se podia designar
comerciante/sociedade comercial, como as imobiliárias. Estaria fora, por exemplo, do benefício da
concordata, na previsão da antiga lei de falências (7661/45), que havia revogado a parte terceira do CCOM.
O CC/02 revogou expressamente a parte primeira do CCOM (art. 2045), e adotou a Teoria da
Empresa (966), em substituição à Teoria dos Atos de Comércio.
VERA HELENA MELO FRANCO - AUTONOMIA DO DIREITO COMERCIAL: o direito comercial é, perante o
direito civil, ramo autônomo que se apresenta como um direito especial, especialização esta decorrente das
necessidades específicas das relações comerciais. O que aconteceu com o código Civil foi uma unificação
formal, de forma. Não ocorreu uma unificação substancial, de conteúdo.
ATOS DE COMÉRCIO
• O Código Civil revogou não todo o Código Comercial, apenas a primeira parte, qual seja, a parte do
COMÉRCIO EM GERAL.
• Como já havia sido revogado a parte DAS QUEBRAS, continua em vigor até hoje a parte do COMÉRCIO
MARÍTIMO.
o PARTE I – DO COMÉRCIO EM GERAL (foi adotada a teoria dos atos de comércio) – REVOGADO PELO CC
o PARTE II – COMÉRCIO MARÍTIMO (EM VIGOR ATÉ HOJE)
o PARTE III – DAS QUEBRAS (havia sido revogado pelo decreto-lei 7661/45, que foi revogado pela lei
11101/05)
• Normalmente as questões formuladas através de comércio marítimo são as mesmas, tais como a referente
a ARRIBADA FORÇADA:
Art. 741 - São causas justas para arribada forçada:
1 - falta de víveres ou aguada;
2 - qualquer acidente acontecido à equipagem, cargo ou navio, que impossibilite este de continuar a navegar;
3 - temor fundado de inimigo ou pirata.