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Historicamente se buscou ligar a figura do comerciante à prática dos chamados atos
de comércio e estes à manufatura e à distribuição das mercadorias.
Foram a história e lei que traçaram a verdadeira distinção entre os atos do comércio e os
atos civis.
4.2.1- Sistema francês (Código Comercial de 1807 – Cód. Napoleônico) adotou o critério
objetivo ou real (foi seguido por vários códigos, como o italiano, o holandês, o austríaco
e o português de 1829) Esse sistema definiu os atos praticados por esses mercadores
como caracterizadores de sua profissão.
Código Francês (1807, art. 1°): “São comerciantes aqueles que exercem
atos de comércio e deles fazem profissão habitual”.
Mas a critica que se faz é que a profissão não se confunde com o hábito
de comercializar, pois a profissão é a atividade pela qual o indivíduo
obtém seus meios de vida.
4.2.2- Sistema italiano – Cód. Civil de 1942.
4.2.3- Sistema espanhol – É um Sistema Eclético - Código de 1829
Considera a capacidade do agente, a obrigatoriedade do registro e a habitualidade.
OBS: No Brasil, pela inexistência de definição legal expressa, cabe á doutrina e à jurisprudência
elaborarem o conceito de comerciante.
O conceito de comerciante é uma das coisas mais difíceis do Direito Comercial. Inexiste
modernamente uma definição que atenda a todas as correntes doutrinárias, às quais, na falta
de um conceito moderno aceitável, debatem-se em questões históricas ou em definições legais
que foram surgindo ao longo da história do comércio.
Rubens Requião, citando Vidari, transcreve o conceito de comércio formulado por esse
ilustre estudioso do direito, nos seguintes termos:
Vê-se que no conceito de Vidari a presença de três elementos jurídicos que somados
indicam o que seja um comerciante, quais sejam:
- mediação;
- fim lucrativo;
1
Curso de Direito Comercial, Ed. Saraiva, 2ª edição, p.3.
- profissionalidade;
1ª- fase subjetiva-corporativista, na qual a doutrina entendeu que o Direito Comercial era
um direito exclusivo da classe dos comerciantes, em função das poderosas corporações e
ligas de ofício. Nessa fase as pendências de natureza comerciais eram decididas pelos
magistrados (chamados de cônsules) eleitos entre os próprios comerciantes.
2ª- fase objetiva (também chamada de fase Napoleônica), teve início com o liberalismo
econômico, onde o ato de comércio era facultado a todos os cidadãos, desde que
praticassem determinados atos previstos em lei. Extinguem-se todas as corporações de
ofício, por considerá-las resquícios de uma sociedade feudal e cheia de privilégios (o Código
Brasileiro surgiu nesta época e foi influenciado por essa corrente doutrinária).
Neste período o centro do raciocínio para a definição do que era matéria comercial se
centrava na natureza do ato praticado e não no agente que o praticava.
3ª- fase subjetiva moderna ou empresarial – esta corrente doutrinária e legal se encontra
em plena elaboração. Nela se leva em consideração a pessoa do empresário, conceituado
como aquele que exerce profissionalmente qualquer atividade econômica organizada,
exceto a atividade intelectual para a produção ou circulação de bens ou serviços. Nesse
período não se leva em conta o conceito histórico do comerciante (aquele que intermedia a
produção o consumo), nem a prática de determinados atos definidos como comerciais (conceito
objetivo), mas a qualidade daquele que exerce a atividade empresarial.
A ideia de “atos de comércio” de corre do conceito objetivo de comerciante.
Atualmente, a legislação brasileira vive uma fase de transição entre o conceito objetivo
e o conceito moderno ou empresarial. Nesse atual sistema, não há mais a classificação entre
“atos civis” e “atos comerciais”, mas em atos empresariais ou não empresariais.
O núcleo do sistema objetivo é o ato de comércio e, para estudá-lo, são consideradas duas
ordens de classificação: a enumerativa, sob influência do Código Napoleônico de 1807, que
trazia taxativamente a relação de atividades consideradas mercantis, e a descritiva, que resume
numa relação meramente exemplificativa as atividades consideradas mercantis. Entende-se
que o direito brasileiro é exemplificativo ou descritivo.
Ato de comércio é um ato jurídico e, como tal, é “todo ato lícito, que tenha por fim imediato
adquirir, resguardar, transferir, modificar ou extinguir direitos”. Será um ato comercial quando
sujeito à legislação comercial, tratando-se de conceito legal inteiramente legal, decorrente
dos arts. 18, 19, 21 do C. Comercial e dos arts. 10 a 20 do reg. 737 e de outras normas
extravagantes.
4.5 - O CONCEITO MODERNO DE EMPRESA E EMPRESÁRIO NO DIREITO BRASILEIRO
Existe uma grande dificuldade da doutrina em definir o que seja empresa, tendo os
estudiosos, na sua maioria, partido da definição de empresário, para chegar à de empresa.
2- Lei 4.137, de 10.09.62 (coíbe o abuso do poder econômico) diz em seu art. 6º:
“considera-se empresa toda organização de natureza civil ou mercantil destinada à exploração
por pessoa física ou jurídica de qualquer atividade com fins lucrativos”.
3- Lei 8.964 de 18.11.94 que dispõe sobre o registro Público de Empresas Mercantis
e atividades Afins, onde a intenção do legislador é recepcionar em nosso direito o ato
empresarial, em contraposição ao ato de comércio.
Poder-se-ia definir o que seja empresa, considerando a sua estrutura, sua função
no mundo econômico e atuação do seu elemento principal que é o empresário, como:
“Um organismo econômico, ou seja, um organismo que tem seu centro numa
organização baseada em princípios técnicos e leis econômicas, lastreada na atuação do
empresário, constituindo-se, assim, num veículo implementador ou facilitador da
geração e circulação das riquezas e serviços, agindo pela combinação de elementos
pessoais e reais, colocados em função de uma pessoa que se chama empresário,
visando a geração ou , intermediação da atividade econômica.
4.4.1- A EMPRESA É UMA IDÉIA ABSTARATA OU ELA É “REAL”?
A empresa considerada como elemento econômico até pode ser uma realidade,
porquanto se pode sentir a sua atuação no mundo produtivo como ente impulsionador da
riqueza, contudo, juridicamente não se pode negar que ela é uma abstração. Não se tem a
sua definição, nem enquadramento legal claro.
Assim, pode-se concluir que ela é uma mera abstração, haja vista que não se tem
senão uma idéia abstrata do que seja. “o exercício de uma atividade”
A esmagadora maioria da doutrina considera a empresa desprovida de personalidade
jurídica (Guglielmo Endemann – Italiano/1899 é uma das exceções).
4
In Manual de Direito Comercial, Ed. Bookseller, 1999, página 52.
5
Rubens Requião,. Curso de Direito Comercial, vol. 1, p. 74
Assim, distingue-se a atividade empresária em 3 elementos formadores: a
economicidade (a criação de riquezas), a organização (que é a estrutura visível de fatores
objetivos e subjetivos de produção) e a profissionalidade, que é a habitualidade de seu
exercício.
Definição do C. Civil Italiano, adotado pelo projeto de C. Civil, define apenas
empresário: “quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a
produção ou circulação de bens ou serviços”.