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Teoria Geral do Direito Civil

Washington Luiz Junior


6 - Dos Bens
• 6.1 - Classificação
• 6.2 - Bem de família
Considerações iniciais
• Pessoas – persona – sujeito do direito;

• Bens (espécie do gênero coisa) – res – objeto


do direito;
• Coisas que constituem o objeto da tutela
jurídica, que tem valor econômico, imediato
ou mediato;
• Nem todas as coisas interessam ao direito, eis
que as pessoas só têm interesse em apropriar
bens úteis a satisfação de suas necessidades;
• Portanto bens são coisas, mas nem todas as
coisas são bens;
• As coisas são gênero do qual os bens são
espécies;
• As coisas são tudo que existe na natureza, com
exceção das pessoas;
• Bens são as coisas existentes na natureza que
proporcionam as pessoas uma utilidade,
sendo suscetíveis de aferição de seu valor
econômico e de apropriação, dando origem a
um instituto jurídico denominado domínio;
• Assim o conceito de coisa tem um sentido
mais amplo que o de bens, que é mais
restrito;
Conceito
• Bens são as coisas materiais ou imateriais, que
possuem valor e expressão econômica, podem
ser objeto de uma relação de direito e são
suscetíveis de apropriação.
Bens considerados em si mesmos
• Móveis, imóveis e semoventes:
• Móveis – são bens que podem ser transportados
de um lugar para o outro, sem deterioração na
sua forma ou substância;
• Imóveis - são os que não podem ser
transportados de um lugar para o outro, sem
destruição;
• Semovente: são os animais, porém esta categoria
enquadra-se nos bens móveis.
É importante para o direito, dentre outros
aspectos, tal distinção eis que:
ÞA propriedade imóvel adquire-se em regra pelo registro; a
dos móveis pela tradição;
ÞOs bens imóveis não podem ser alienados sem a anuência
do cônjuge (outorga uxoria ou consentimento marital)
exceto pelo regime da separação total de bens ou, em se
tratando de empresário casado, qualquer que seja o
regime de bens, os imóveis que integrem o patrimônio da
empresa;
ÞO tempo para adquirir um imóvel por usucapião é maior
(5, 10 ou 15 anos) do que para adquirir um móvel (3 ou 5
anos);
• TÍTULO ÚNICO
• DAS DIFERENTES CLASSES DE BENS
• CAPÍTULO I
• DOS BENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS
• Seção I
• Dos Bens Imóveis
• Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto
se lhe incorporar natural ou artificialmente.
Imóveis por sua natureza
• O solo e tudo quando se lhe incorporar
naturalmente, compreendendo as árvores e os
frutos pendentes, o espaço aéreo e o subsolo;
• Obs.: as árvores só mantém a qualidade de
imóvel enquanto ligadas ao solo; quando
extraídas deste, passam a ser bens móveis por
antecipação. Se plantadas em jarros ou vasos,
são móveis, pois podem ser removidas. O
mesmo diz-se dos frutos e das pedras e metais.
CCB
• Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis:

• I - as edificações que, separadas do solo, mas


conservando a sua unidade, forem removidas
para outro local;
• II - os materiais provisoriamente separados de
um prédio, para nele se reempregarem.
Imóveis por acessão física artificial
• Acessão é justaposição, aumento, acréscimo ou
aderência de uma coisa a outra, inclui tudo
aquilo que o homem incorporar definitivamente
ao solo, como a semente, os edifícios e
construções, de modo que não possam ser
retirados sem destruição ou modificação em
sua estrutura. Implica pois, a participação
humana, através de seu trabalho. Exs.: tijolos,
madeiras, canos de uma construção.
Importante
• Se o imóvel for removido para outro local, não
perde o caráter de imóvel, caso conserve a sua
substancia (casas de madeira ou pré
fabricadas). Também nãoperdem o caráter de
imóvel os materiais provisoriamente se
parados de um prédio, para nele mesmo se
reempregarem.
Imóveis por acessão intelectual (ou por
destinação do proprietário)
• São as coisas móveis que o titular mantém no
imóvel para exploração da atividade
econômica ou industrial ou para comodidade.
• Exs.: tratores ou máquinas agrícolas,
equipamentos, ar condicionado;
Obs.
• A imobilização do imóvel por acessão
intelectual não é definitiva, já que a qualquer
tempo, pode ser mobilizada, por mera
declaração de vontade, retornando a sua
condição de móvel.
Imóveis por determinação legal
• São aqueles que mesmo sendo móveis a lei
conferiu o caráter de imóveis. São os direitos
reais sobre imóveis (usufruto, uso, habitação,
etc.) e ações que o assegurem; direito a
sucessão aberta (direitos hereditários), ainda
que a herança seja formada só de bens
móveis. Além de imóveis por determinação
legal, são bens incorpóreos.
CCB
• Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos
legais:

• I - os direitos reais sobre imóveis e as ações


que os asseguram;
• II - o direito à sucessão aberta.
Obs.
• Os navios e aeronaves, apesar de terem
natureza móvel, são considerados imóveis,
pois têm matrícula, registro e sujeitam-se á
hipoteca. A lei lhes deu essa classificação para
que possam receber maior proteção jurídica.
Bens móveis
• Móveis por natureza:
• São as coisas corpóreas que se podem
remover sem dano, , por força própria ou
alheia. Os que se removem de um lugar para o
outro, por força própria, são os semoventes
(animais) e, por força estranha, os demais, que
são chamados de móveis propriamente dito.
CCB
• Seção II
• Dos Bens Móveis
• Art. 82. São móveis os bens suscetíveis de
movimento próprio, ou de remoção por força
alheia, sem alteração da substância ou da
destinação econômico-social.
Móveis por antecipação
• São aqueles mobilizados pela vontade
humana, em função da atividade econômica.
Ex.:
• árvores, frutos, pedras e metais aderentes ao
imóvel, são imóveis;
• Separados deste, passam a categoria de
móveis por antecipação.
CCB
• Art. 84. Os materiais destinados a alguma
construção, enquanto não forem empregados,
conservam sua qualidade de móveis;
readquirem essa qualidade os provenientes da
demolição de algum prédio.
MÓVEIS POR DETERMINAÇÃO LEGAL

• São os direitos reais sobre objetos móveis e as


ações correspondentes; os direitos pessoais
de caráter patrimonial; os direitos autorais; a
propriedade industrial; as patentes de
invenção; o fundo de comércio, as ações das
companhias e quotas de sociedade; os
créditos em geral. Equipara-se a coisa móvel a
energia elétrica.
CCB
• Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos
legais:
• I - as energias que tenham valor econômico;
• II - os direitos reais sobre objetos móveis e as
ações correspondentes;
• III - os direitos pessoais de caráter patrimonial
e respectivas ações.
Bens fungíveis e infungíveis
• São os que podem e os que não podem
respectivamente, ser substituído por outro da
mesma espécie, quantidade e qualidade.
• Exs.
• quadro de um pintor famoso é infungível;
• Gasolina, dinheiro, gêneros alimentícios, são
fungíveis;
Obs.
• Em princípio a FUNgibilidade é atributo dos
bens móveis e a INfungibilidade atributo de
bens imóveis; porém há móveis infungíveis
Alguns efeitos
1) O devedor não se libera da obrigação
enquanto não entregar o bem, se este for
infungível;
2) Já as coisas fungíveis tem poder liberatório,
liberando o devedor da obrigação quando da
entrega ao credor de uma coisa em
substituição a outra, desde que do mesmo
gênero, qualidade e quantidade;
3) Nas obrigações de fazer, será esta fungível se
puder ser realizada por outra pessoa que não
seja o devedor, num ato que não requer
técnica ou especialização;
4) Será infungível quando só puder ser realizada
pelo próprio devedor, devido as suas
qualidades pessoais ou habilidades técnicas,
como por exemplo, a contratação de um
cantor famoso para fazer um show;
Bens consumíveis e bens inconsumíveis

• Consumíveis são os bens móveis cujo uso


importa a destruição imediata da própria
substância, extinguem-se como primeiro uso.
Ex.: alimentos.
• Inconsumíveis são os que podem ser utilizados
continuamente, reiteradamente, sem que se
atinja a sua integridade, são os duráveis,
porém não necessariamente eternos ou
indestrutíveis.
CCB
• Art. 86. São consumíveis os bens móveis cujo
uso importa destruição imediata da própria
substância, sendo também considerados tais
os destinados à alienação.
obs
• Um bem inconsumível pode perder este
atributo, quando destinado a alienação, ao
consumo. Assim, um livro é um bem
inconsumível mas no momento em que é
colocado na prateleira para a venda torna-se
consumível, em virtude da destinação que foi
dada ao bem. Uma roupa ou um computador,
constituem outros exemplos.
Bens divisíveis e bens indivisíveis
• São divisíveis os bens que podem ser
fracionados em partes homogêneas e
distintas, sem que percam as qualidades
essenciais ou tenham diminuído o seu valor
econômico. Cada parte autônoma conserva a
mesma qualidade e característica.
• Ex. uma saca de café;
• São indivisíveis os que se partidos ou
fracionados, perdem a qualidade ou
substância.
• Ex.: um relógio.
CCB
• Seção IV
Dos Bens Divisíveis
• Art. 87. Bens divisíveis são os que se podem
fracionar sem alteração na sua substância,
diminuição considerável de valor, ou prejuízo do
uso a que se destinam.
• Art. 88. Os bens naturalmente divisíveis podem
tornar-se indivisíveis por determinação da lei ou
por vontade das partes.
Os bens indivisíveis podem ser classificados
em:
• BENS INDIVISÍVEIS POR NATUREZA: quando
não puderem ser fracionados sem alteração de sua
substância ou no seu valor.
• Ex.: um cavalo, um quadro;

• BENS INDIVISÍVEIS POR DETERMINAÇÃO


LEGAL:
• a hipoteca é indivisível. Ainda que o devedor cumpra
uma parte do débito, os bens gravados continuam
integralmente onerados para garantir o saldo devedor.
• BENS INDIVISÍVEIS POR VONTADE DAS
PARTES:
• Quando as partes ajustam tornar indivisível uma
obrigação originariamente divisível.
• Ex.: obrigações indivisíveis
• Art. 314. Ainda que a obrigação tenha por objeto
prestação divisível, não pode o credor ser
obrigado a receber, nem o devedor a pagar, por
partes, se assim não se ajustou.
Bens singulares e coletivos
• Bens singulares são aqueles que embora
reunidos , podem ser considerados
individualmente, independente dos demais.
São considerados em sua individualidade.
• Ex.: tijolos de uma parede; frutos de uma
árvore;
Bens coletivos
• Ou universais são os constituídos por várias coisas
singulares, consideradas em conjunto e formando um
todo único. O CCB prevê a universalidade:
-> de fato: que são os bens que embora singulares,
tenham destinação unitária;
Ex.: uma biblioteca, uma galeria de quadros, um
rebanho;
-> de direito: como um complexo de relações jurídicas,
dotadas de apreciação econômica;
Ex.: herança, patrimônio, fundo de comércio;
Seção V
Dos Bens Singulares e Coletivos
• Art. 89. São singulares os bens que, embora reunidos, se
consideram de per si, independentemente dos demais.

• Art. 90. Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens


singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham
destinação unitária.
• Parágrafo único. Os bens que formam essa universalidade
podem ser objeto de relações jurídicas próprias.

• Art. 91. Constitui universalidade de direito o complexo de


relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor econômico.
Bens reciprocamente considerados
• Sob esse aspecto os bens dividem-se em:
• 1. principal;
• 2. acessório;
CAPÍTULO II
DOS BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS
• Art. 92. Principal é o bem que existe sobre si,
abstrata ou concretamente; acessório, aquele
cuja existência supõe a do principal.
Principais e acessórios
• Principal é a coisa que existe por si só, abstrata
ou concretamente;
• Acessório é aquele cuja existência supõe a da
principal, sendo acessório tudo que nele se
incorporar permanentemente.
Obs.
• O acessório só existe juridicamente em função
da existência do principal; sob a dependência
deste;
• Nos imóveis por exemplo, tudo que adere ao
solo é acessório, sendo este o principal;
• No móveis, principal é aquele para o qual os
outros se destinam, para fins de uso, enfeite
ou complemento. Ex.: pneus em um carro;

• No contrato de locação a fiança é acessória.


Efeitos
• A coisa acessória segue a principal. A natureza
do acessório será a mesma do principal (se
este for bem móvel, aquele também o será).
• A coisa acessória pertence ao titular da
principal. Quem for proprietário do bem
principal também será do acessório;
Espécies de bem acessório
• Frutos:
• São utilidades produzidas periodicamente
pelo bem, mantendo-se este em relação a sua
substância intacto.
• Características (segundo Orlando Gomes):
periodicidade, inalterabilidade da substância e
separabilidade periódica da coisa principal.
Quanto a sua origem
• Os frutos podem ser:
• Naturais: quando se mantêm e se renovam
periodicamente pela própria força orgânica da
coisa.
• Ex. cria de animais, ovos, frutos de árvores;
Industriais
• Quando devidos a produção humana
(intervenção do homem sobre a natureza);
• Ex. produção de uma fábrica;
Civis
• Rendimentos oriundos de utilização de coisa
por outrem, que não o proprietário da coisa.
• Ex. aluguéis, dividendos.
Quanto ao seu estado
• Podem ser classificados como:
• Pendentes: quando ainda ligados a coisa que o
produziu, sem estarem destacados ou
separados desta;
• Ex. fruto na árvore;
Percebidos
• Os já separados ou colhidos;
Estantes
• Os armazenados para expedição ou venda.
Consumidos
• Os que não mais existem porque já foram
utilizados.
Produtos
• São as utilidades que se podem retirar de uma
coisa, alterando a sua substância, com
diminuição da quantidade até o esgotamento,
porque não se reproduzem periodicamente.
Ocorre com a redução paulatina em sua
quantidade.
• Ex. pedras de uma pedreira, metais preciosos
de uma mina, petróleo de um poço.
Rendimentos
• São os frutos civis, ou prestações periódicas,
em dinheiro, decorrentes da concessão de um
uso e gozo de um bem, que uma pessoa
concede à outra.
• Ex. o aluguel de uma casa.
• Obs. Em verdade o conceito de rendimento
identifica-se com o de fruto civil.
Benfeitorias
• São obras ou despesas que se fazem em um
bem para conservá-lo, melhorá-lo ou
embelezá-lo.
• Desta forma são três as formas de
benfeitorias:
• Voluptuárias;
• Úteis;
• Necessárias;
• Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias.

• § 1º São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso


habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado
valor.

• § 2º São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem.

• § 3º São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se
deteriore.

• Art. 97. Não se consideram benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos


sobrevindos ao bem sem a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor.
Voluptuárias
• De mero deleite ou recreio ou
aformoseamento, que não melhoram o uso
habitual da coisa.
• Ex. Construção de uma piscina, de uma quadra
de esportes;
Úteis
• As que aumentam ou facilitam o uso da coisa;
• Ex. construção de uma garagem;
Necessárias
• As que tem por fim conservar a coisa ou evitar
que se deteriore.
• Ex. reforma de prédio que ameace ruir.
Obs 1
• Não são consideradas benfeitorias:
• A) melhoramentos ou acréscimos na coisa que
não tiveram intervenção do proprietário
(acessão natural);
• B) acessões artificiais;
• C) a pintura em relação a tela;
• D) a escultura em relação a matéria prima;
Obs 2
• Uma benfeitoria, dependendo da destinação,
pode assumir o caráter diferente do que
normalmente é. Assim, a construção de uma
piscina em uma casa pode ser considerada
voluptuária, mas em um colégio ou uma
academia de hidroginástica ou em um clube
recreativo pode ser útil ou necessária.
• Tudo irá depender de como ou em que
circunstância será utilizada.
Pertenças

• No Código Civil de 2002, no capítulo da parte


geral dedicado aos bens reciprocamente
considerados, introduziu-se a figura das
pertenças, verdadeira novidade legislativa no
âmbito do direito privado brasileiro.
• Com relação a bens acessórios, existindo ou não regra
expressa, valerá o principio de que o acessório segue a
sorte do principal por simples questão de lógica.
• Mesmo inexistindo a regra expressa, não é possível
imaginar que vendida a macieira, a maçã pendente não
será do novo proprietário; que paga a dívida e extinta a
obrigação, a fiança como acessório continuará a existir; ou
por fim, que vendida a gleba de terras, a acessão formada
pela avulsão continuará a pertencer ao antigo
proprietário. A regra do artigo 59, portanto, não está
reproduzida no novo Código Civil por ser desnecessária.
• A exceção a essa regra se dará no caso das pertenças por
força do artigo 94 do novo Código Civil.
• As pertenças são aqueles bens que se destinam de modo
duradouro ao uso, serviço ou aformoseamento de outro, e
não se constituem partes integrantes (art. 93).
• Assim, o ar condicionado será pertença, assim como um
quadro, um piano com relação a casa. O rádio será
pertença em relação ao carro.
• As pertenças NÃO SEGUEM a sorte da coisa principal, salvo
por disposição expressa das partes ou determinação legal.
• Com relação às partes integrantes, mantém-se
a idéia de que seguem a sorte do principal.
• Isso porque, as partes integrantes são bens
unidos de tal modo à coisa principal, que essa
ficaria incompleta sem a parte integrante.
Assim uma torneira, os canos e os fios são
partes integrantes de uma casa e os pneus de
um carro.
• Em conclusão, em se tratando de frutos,
produtos, benfeitorias, acessões e partes
integrantes, pela lógica do ordenamento e a
natureza do acessório, proclama-se que o
acessório seguirá a sorte do principal, ainda que
não haja regra expressa nesse sentido.
• Regra inversa ocorre com relação às pertenças,
que só seguirão a sorte do principal por
expressa disposição de lei ou acordo das partes.
• Art. 93. São pertenças os bens que, não
constituindo partes integrantes, se destinam,
de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao
aformoseamento de outro.
• Art. 94. Os negócios jurídicos que dizem
respeito ao bem principal não abrangem as
pertenças, salvo se o contrário resultar da lei,
da manifestação de vontade, ou das
circunstâncias do caso.
Bens considerados em relação ao titular do
domínio
• Quanto aos sujeitos (titulares) a que
pertencem, os bens classificam-se em públicos
e privados.
• Os bens públicos são os de domínio nacional
pertencentes à União, aos Estados e aos
Municípios.
• Todos os demais por exclusão, são
considerados particulares.
• Conforme as pessoas jurídicas a que pertençam
serão estes bens: federais, estaduais ou
municipais;
• Os bens que pertencem a uma pessoa física ou
jurídica de direito privado são bens particulares;
• Há coisas porém que não são públicas nem
privadas. Ex. os tesouros, as coisas abandonadas,
os animais selvagens em liberdade.
CCB
• Art. 99. São bens públicos:

• I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;

• II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou


estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal,
inclusive os de suas autarquias;

• III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito


público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.

• Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os


bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado
estrutura de direito privado.
• Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso
especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação,
na forma que a lei determinar.

• Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados,


observadas as exigências da lei.

• Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião.

• Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou
retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a
cuja administração pertencerem.
Classificação
• De uso comum do povo:
• Embora pertencentes à pessoa jurídica de
direito público, seu uso é facultado aos
particulares, sem restrição, , podendo esta
utilização ser gratuita ou não.
• Exs. : ruas, praças, estradas, mar, praia, rios.
• Não perdem este caráter, ainda que seja
condicionado o seu uso a certos requisitos;
• Ex.: cobrança para entrar em museu; pedágios;

• O poder público pode ainda, suspender o


eventual uso por questões de segurança do
próprio usuário.
• Ex. interdição de praia poluída.
De uso especial
• São os que são utilizados pelo próprio poder
público, em decorrência ou não da prestação
de seus serviços.
• Ex. prédios onde funcionam escolas públicas;
Tribunais.
Dominiais ou dominicais
• Por exclusão, compõe os demais bens da
administração pública, patrimônio das pessoas
jurídicas de direito público.
• Estado na qualidade de proprietário.
• Ex.: estradas de ferro, terras devolutas, terras
ocupadas por índios, sítios arqueológicos.
Características dos bens públicos
• Inalienabilidade – não podem ser vendidos,
salvo autorização legal;
• Imprescritibilidade – não podem ser
adquiridos por usucapião, a não ser nos casos
em que a lei preveja;
• Impenhorabilidade – não podem ser dados em
garantia de dívida;
Bens fora do comércio
• Em geral por possuírem valor econômico, os
bens tem livre circulação e podem ser
transferidos do domínio de um titular para o
patrimônio de outro. São abertos a qualquer
forma de alienação ou oneração;
• Entretanto alguns bens estão fora do
comércio; são aqueles que não são suscetíveis
de apropriação, ou seja, inalienáveis.
São espécies de bens inalienáveis:
• Os inalienáveis por natureza – aqueles cujo uso
não consegue exauri-los, os quais são
insuscetíveis de apropriação pelo homem (o ar,
a luz solar, o mar) e os direitos da
personalidade.
• Ressalte-se que, quando o ar e a água são
captados para a comercialização, perdem essa
qualidade, tornando-se suscetíveis de
apropriação.
Os legalmente inalienáveis:
• Aqueles cuja comercialização a lei restringe,
embora sejam suscetíveis de apropriação. Não
há proibição absoluta suas a exigência de
autorização legal.
• Ex.: bens públicos, bens de incapazes, bens de
família;
Inalienáveis por vontade humana
• Aqueles aos quais são impostas cláusula de
inalienabilidade, temporária ou vitalícia.
• Ex. doação com cláusula de inalienabilidade.
Bens de família
• Art. 1711. Podem os cônjuges, ou a entidade
familiar, mediante escritura pública ou
testamento, destinar parte de seu patrimônio
para instituir bem de família, desde que não
ultrapasse um terço do patrimônio líquido
existente ao tempo da instituição, mantidas as
regras sobre a impenhorabilidade do imóvel
residencial estabelecida em lei especial.
LEI Nº 8.009, DE 29 DE MARÇO DE
1990.
• Conversão da Medida Provisória nº 143, de 1990Dispõe sobre a
impenhorabilidade do bem de família.
• Faço saber que o PRESIDENTE DA REPÚBLICA adotou a Medida
Provisória nº 143, de 1990, que o Congresso Nacional aprovou, e eu,
NELSON CARNEIRO, Presidente do Senado Federal, para os efeitos do
disposto no parágrafo único do art. 62 da Constituição Federal,
promulgo a seguinte lei:

• Art. 1º O imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é


impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil,
comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos
cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele
residam, salvo nas hipóteses previstas nesta lei.

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