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FACULDADE AGES JACOBINA – BENS, POSSE E PROPRIEDADE – PROF. RENATO DAVID - email: renato_32303@trt5.jus.

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BENS, POSSE E PROPRIEDADE

BENS JURÍDICOS

1. Introdução – O objeto das relações jurídicas de direito, é,


justamente, o bem jurídico. Não se pode confundir, entretanto,
BENS JURÍDICOS, COISAS E PATRIMÔNIO, visto que são coisas
distintas.

Vale salientar, todavia, que o Código Civil de 1916 não fazia


diferença entre coisa e bem. Utilizava tais expressões para indicar
os objetos do direito. No entanto, o atual Código Civil de 2002, opta
por utilizar a expressão “bem jurídico” na Parte Geral e a
expressão “coisa” na Parte Especial.

2. Distinção entre Bens e Coisas – O tema é controvertido na


doutrina. Alguns autores sustentam que coisa seria um gênero
dentro do qual os bens constituiriam espécie. Outros, por sua vez,
sustentam que o bem seria gênero no qual estaria contido o estudo
das coisas. O debate possuem 3 correntes:

1ª Corrente – a coisa é o gênero. O bem a espécie.

Alguns sistemas jurídicos utilizam a expressão coisa para significar


o gênero. Coisa seria, portanto tudo aquilo que não é sujeito,
que não é pessoa. Dentro dela estariam os bens jurídicos.

Exemplo ilustrativo disso está no art. 202 do Código Civil de


Portugal: “Diz-se coisa tudo aquilo que pode ser objeto das relações
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jurídicas”. Na nossa doutrina entendem assim Silvio Rodrigues e


Washington de Barros Monteiro.

Sobre tal posicionamento adverte o Mestre Clóvis Beviláqua: “a


palavra coisa, ainda que, sobre certas relações, corresponda, na
técnica jurídica, ao termo bem, todavia dele se distingue. Há bens
jurídicos que não são coisas: a liberdade, a vida, por exemplo.

2ª Corrente – O bem é gênero. A coisa é espécie.

Nesse caso, bem seria a cristalização de um valor jurídico e por


estar na Parte Geral do Código Civil teria o status de gênero.
Englobaria os bens incorpóreos como a ética, a propriedade
intelectual, entre outros, Por outro lado, as coisas seriam tão
somente os bens físicos, materiais, corpóreos. Estariam, assim,
apenas na Parte Especial do Código Civil, no âmbito dos
denominados Direitos Reais, tal como ocorre com o Código Alemão
em seu art. 90: “coisas, no sentido da lei, são somente objetos
corpóreos”. Por essa corrente, portanto, a expressão bem é
gênero que tem como espécies bens corpóreos (coisas) e
incorpóreos (imateriais). Nessa linha, afirmam Luiz Edson
Fachin, Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald.

3ª Corrente – Eclética ou Mista.

Para Caio Mário da Silva Pereira existem bens em sentido amplo


e bens em sentido estrito. Em sentido amplo, seriam todo e
qualquer objeto da relação jurídica, já os em sentido estrito são
somente os bens corpóreos.

Apesar da discussão, há uma prevalência na doutrina pela 2ª


corrente, pois está pautada no texto normativo do Código Civil
de 2002.
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3. Conceito de Bens Jurídicos – Toda utilidade física ou ideal que


possa ser objeto de um direito subjetivo, compreendendo expressão
genérica que engloba tanto os bens corpóreos – denominados
também como coisas; e os incorpóreos – denominados por alguns
de imateriais ou jurídicos.

Depreende-se, dessa forma, que há bens jurídicos que não são


coisas, como exemplificamos a liberdade, a honra, a integridade
moral, a imagem, a vida etc. Já outros bens são coisas e podem
ser, de forma mais clara, apropriados, como uma casa, uma caneta,
livros, relógios etc.

Questão: Filosoficamente, bem será tudo quanto possa


proporcionar ao homem uma satisfação. Juridicamente, porém, são
valores materiais ou imateriais que são objeto de uma relação
jurídica?

4. Classificação dos Bens

4.1 Bens Considerados em Si Mesmos

4.1.1 Imóveis:

a) Por Sua Natureza – Aqueles que podem ser transportados de


um lugar para o outro sem alteração da sua própria substância.
Exemplo: o solo com a sua superfície, os seus acessórios e
adjacências naturais, abrangendo as árvores e os frutos, o espaço
aéreo e o subsolo correspondente;

OBS: as árvores destinadas ao corte, utilizadas pela

indústria madeireira, consideram-se bens móveis por

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antecipação, assim como os frutos que serão colhidos

para alienação.

b) Por Acessão Física, Industrial ou Artificial – Etimologicamente


acessão significa incorporação, união física com aumento de
volume da coisa principal. Dessa maneira, os bens móveis
incorporados intencionalmente ao solo adquirem a natureza
imobiliária, como é o caso do forro de gesso empregado na
construção civil.

De acordo com o art. 1.248 do Código Civil, as acessões podem


ser:

I – Naturais – são as obras da natureza, como as ilhas, o aluvião, a


avulsão;

II – Artificiais ou Físicas – as que o homem incorpora como


plantações, construções, prédios, pontes etc.

OBS: saliente-se, por oportuno que os bens materiais

que integram a estrutura do imóvel também são

considerados imóveis. Ademais, sua separação

provisória não retira de tais bens sua natureza de

imóveis, como por exemplo, a retirada de telhas de um

imóvel para nesse voltarem a ser reempregadas

posteriormente, no final da obra.

c) Bem Imóvel Por acessão Intelectual – são bens móveis, porém


por estarem ligados a uma coisa principal, acabam recebendo o
caráter de imóvel. São destinados para a utilização do bem
principal, sendo claros exemplos as escadas de emergência e as

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máquinas agrícolas. Tais bens podem ser removidos a qualquer


tempo. (corrente minoritária)

OBS: A doutrina majoritária entende não mais ser

possível a classificação dos imóveis por acessão

intelectual, prevista no art. 43, III do Código Civil de

1916, uma vez que passaram à categoria das

pertenças, previstas nos arts. 93 e 94 do Código Civil

de 2002.

Vale ressaltar, ainda, que os aviões e os navios

continuam sendo bens móveis nada obstante a

possibilidade de serem objeto de hipoteca e não de

penhor (art. 1473, incisos VI e VII, CC).

d) Bem Móvel Por Equiparação Legal - São bens imóveis por


mera opção legislativa (política legislativa), sendo irrelevante o seu
aspecto naturalístico. Temos como exemplo, os dos artigos 80 e 81
do CC:

I – os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram;

II – o direito à sucessão aberta;

III – as edificações que separadas do solo, mas conservando a sua


unidade, forem removidas para outro local;

IV – os materiais provisoriamente separados de um prédio, para


nele se reempregarem.

4.1.2 Móveis – São os que podem ser transferidos sem a perda da


sua substância. Portanto, são passíveis de deslocamento sem

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quebra, fratura ou alteração da sua substância ou da sua


destinação econômico-social, a exemplo de uma cadeira, mesa,
computador etc.

OBS: vale lembrar que os animais, classificados na

categoria dos semoventes (bens que se movem por

força orgânica própria), também são considerados

bens móveis, apesar de algumas decisões mais

recentes, a exemplo do direito de visita à animais de

estimação, consagram sua natureza jurídica de bem

móvel.

I – Classificação dos Bens Móveis:

a) fungíveis – os bens que podem ser substituídos por outros da


mesma espécie, qualidade e quantidade, a exemplo do feijão, do
café, do dinheiro etc;

b) infungíveis – os bens de natureza insubstituível, a exemplo de


uma obra de arte;

c) consumíveis – são os bens cujo uso importam destruição


imediata da própria substância, como os alimentos;

d) inconsumíveis – são os bens que suportam uso continuado sem


destruição imediata da sua substância, como os carros, aviões,
roupas etc;

e) divisíveis – são os que se podem repartir em porções reais e


distintas, sem alterar a sua essência, promover diminuição
considerável de valor, formando cada uma das porções um todo
perfeito, a exemplo de uma saca de café;

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f) indivisíveis – são os que não admitem divisão cômoda sem


desvalorização ou dano, a exemplo de um cavalo de corrida;

g) singulares – são os bens considerados em sua individualidade,


representados por uma unidade autônoma e, por isso, distintos de
quaisquer outras, mesmo que no meio de uma coletividade, a
exemplo de uma caneta, um livro etc;

h) coletivos – são os bens considerados em seu conjunto, também


chamados de universalidades, ou seja, aqueles que, em
conjunto, formam um todo homogêneo, como uma coleção de selo,
de determinado objeto etc.

4.2 Bens Reciprocamente Considerados

a) principais – é o bem que existe sobre si, abstrata ou


concretamente, de forma autônoma, como uma árvore em relação
ao fruto, um carro em relação ao seu som etc;

b) acessório – é o bem cuja existência supõe a do principal,


havendo relação de dependência, como o fruto em relação a árvore.

Se dividem:

Frutos – são utilidades renováveis que a coisa principal


periodicamente produz, cuja percepção não diminui a sua
substância. Podem ser:

I – quanto a sua natureza:

a) naturais – gerados pelo bem principal sem necessidade da


intervenção direta. São gerados sem o esforço humano, a exemplo
de uma plantação de laranjas, tomates etc;

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b) industriais – decorrentes da atividade industrial humana. São


aqueles que resultam de linhas de produção, como os
eletrodomésticos;

c) civis ou rendimentos – são as utilidades que a coisa


periodicamente produz, mas não resultam da natureza, como
aluguéis, rendimentos de aplicações etc.

II – quanto à ligação com a coisa principal:

a) colhidos os percebidos – são os frutos já destacados da coisa


principal, mas ainda existentes;

b) pendentes – Aqueles que ainda se encontram ligados à coisa


principal, não tendo sido, ainda destacados;

c) percibiendos – aqueles que deveriam ter sido colhidos, mas não


o foram;

d) estantes – são os frutos que já foram destacados que se


encontram estocados e armazenados para a venda;

e) consumidos – aqueles que não mais existem.

Produtos – são utilidades não renováveis (esgotáveis), cuja


percepção diminui a substância da coisa principal, a exemplo do
carvão de uma mina esgotável, de uma mina de ouro etc.

Pertenças – são bens que, não constituindo partes integrantes,


acoplam-se às coisas principais, se destinando de modo duradouro
ao seu uso, como um ar condicionado, uma máquina de colheita da
fazenda etc.

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Benfeitorias – consistem em tudo aquilo que acrescentamos a


um bem móvel ou imóvel para melhorá-lo, para lhe dar nova
utilidade ou aprazimento.

Dividem-se, em:

a) necessárias – tem por objetivo a conservação de um bem, a


exemplo de uma reforma de uma viga, uma tubulação etc;

b) úteis – tem por objetivo a melhora do bem, aumentando ou


facilitando seu uso, como uma abertura do vão de entrada da casa,
a construção de uma piscina numa academia de ginástica etc;

c) voluptuárias – tem por objetivo ao embelezamento, ao mero


deleite ou recreio, como uma escultura talhada na parede de pedra
do imóvel, um chafariz etc.

4.3 Bens Públicos

4.3.1 Conceito – De acordo com o Código Civil (artigo 98), bens


públicos são aqueles pertencentes às pessoas jurídicas de direito
público interno, quais sejam: União, Estados, DF, Municípios,
Autarquias e Fundações Públicas.

4.3.2 Classificação:

a) bens de uso comum do povo – são os rios, mares, estradas,


ruas etc;

b) bens de uso especial – são os edifícios, os terrenos ou os


móveis destinados ao serviço público;

c) dominicais ou dominiais – aqueles que constituem o patrimônio


das pessoas jurídicas de direito público, podendo ser alugados ou
alienados.

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4.4 Bem de Família

EXERCÍCIOS SOBRE BENS

1 - Os vitrais do Mercado Municipal de São de Paulo, durante a


reforma feita em 2004, foram retirados para limpeza e
restauração da pintura. Considerando a hipótese e as regras
sobre bens jurídicos, assinale a afirmativa correta.

A) Os vitrais, enquanto separados do prédio do Mercado Municipal


durante as obras, são classificados como bens móveis.

B) Os vitrais retirados na qualidade de material de demolição,


considerando que o Mercado Municipal resolva descartar- se deles,
serão considerados bens móveis.

C) Os vitrais do Mercado Municipal, considerando que foram feitos


por grandes artistas europeus, são classificados como bens
fungíveis.

D) Os vitrais retirados para restauração, por sua natureza, são


classificados como bens móveis.

2 - Assinale a opção correta com relação aos bens.

A) São benfeitorias úteis as que têm por fim conservar a coisa ou


evitar que ela se deteriore.

B) O possuidor de má-fé tem direito a ser indenizado pelas


benfeitorias necessárias, podendo exercer o direito de retenção do
bem caso não seja reembolsado do valor dessas benfeitorias.
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C) Considera-se compra e venda imobiliária a alienação de safra de


soja ainda não colhida.

D) A cessão de direitos autorais por um escritor não exige a outorga


do seu cônjuge, por esses direitos serem considerados móveis para
os efeitos legais.

3 - No que se refere aos bens, assinale a opção correta.

A) Um bem consumível pode tornar-se inconsumível por vontade


das partes, o que vinculará terceiros.

B) A lei não pode determinar a indivisibilidade do bem, pois esta


característica decorre da natureza da coisa ou da vontade das
partes.

C) Não podem ser considerados móveis aqueles bens que, uma vez
deslocados, perdem a sua finalidade.

D) A regra de que o acessório segue o principal tem inúmeros


efeitos, entre eles, a presunção absoluta de que o proprietário da
coisa principal também seja o dono do acessório.

4 - De acordo com o disposto no Código Civil a respeito dos


bens, assinale a opção correta.

A) Algumas espécies de bens imóveis podem ser fungíveis.

B) Pertenças são obras feitas na coisa ou despesas que se teve


com ela, com o fim de conservá-la, melhorá-la ou embelezá-la.

C) Para os efeitos legais, considera-se bem imóvel o direito à


sucessão aberta.

D) As benfeitorias úteis são as que têm por finalidade conservar o


bem ou evitar que se deteriore.

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5 - Os bens jurídicos que, não constituindo partes integrantes,


se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao
aformoseamento de outro são classificados como:

A) acessórios.

B) pertenças.

C) imóveis por acessão física.

D) imóveis por acessão industrial.

6 - No que se refere às normas relativas aos bens e a suas


classificações, assinale a opção incorreta.

A) Os bens públicos dominicais são disponíveis e alienáveis.

B) A energia elétrica e os direitos autorais são considerados bens


móveis.

C) Imóveis por acessão intelectual é tudo aquilo que o homem


incorporar permanentemente ao solo, de modo que não se possa
retirar sem destruição.

D) A moeda é coisa incerta e fungível.

7 - Acerca dos bens, assinale a opção incorreta.

A) Se, no contrato de compra e venda de um imóvel rural, nada se


dispuser sobre o destino dos bens móveis que servem aos fins do
imóvel, deve-se entender que esses bens não foram objeto da
negociação.

B) Os produtos de uma exploração do solo são bens acessórios e,


não obstante não terem existência própria, podem ser objeto de ato

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negocial por vontade das partes ou por circunstâncias do próprio


negócio.

C) O direito à sucessão aberta é um bem incorpóreo considerado


por lei como imóvel para que possa receber proteção jurídica.

D) São fungíveis os bens que, por sua qualidade individual, têm


valor especial e não podem ser substituídos sem que haja alteração
de seu conteúdo.

8 - A respeito dos bens no sistema jurídico pátrio, é correto


afirmar que:

A) os bens móveis são considerados benfeitorias que, não se


constituindo partes integrantes, destinam-se de modo duradouro ao
uso, ao serviço ou aformoseamento de outro.

B) o negócio jurídico principal abrange, como regra geral, as


pertenças, salvo se a lei, a vontade dos declarantes ou as
circunstâncias do ato dispuserem de forma diferente.

C) a enfiteuse e as ações negatórias de servidão são bens móveis


por destinação legal.

D) as quotas de uma sociedade empresária e os créditos em geral


são considerados bens móveis.

E) os bens móveis e imóveis são sempre consumíveis.

9 – O Código Civil classifica os bens em públicos e


particulares. Dentre as características dos bens públicos tem-
se, como regra geral, a sua inalienabilidade. Porém,
excepcionalmente, o Código Civil estabelece a possibilidade de
alienação dos bens públicos.
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Assinale a alternativa que indica uma situação em que a


excepcional alienação de bens públicos poderá ocorrer.

A) Podem ser alienados desde que afetados a prestação de um


serviço público.

B) Podem ser alienados desde que sejam bens denominados de


uso comum do povo, enquanto conservarem a sua qualificação, na
forma que a lei determinar.

C) Podem ser alienados desde que sejam bens de uso especial,


independentemente de lei autorizadora.

D) Podem ser alienados desde que sejam bens dominicais,


observadas as exigências legais.

E) Podem ser alienados desde que sejam bens públicos sujeitos à


prescrição aquisitiva.

10 - Caio, visitando a cidade de Macapá, admirou-se com a


beleza da Praça Barão do Rio Branco e da Praça São
Sebastião, locais aprazíveis onde a população local realiza
atividades diárias, unindo cidadãos jovens, com outros mais
experimentados pela vida. As praças abrigam atividade do
Município, em prol da comunidade. Os eventos ali realizados
são gratuitos, mas a presença de vendedores ambulantes
somente ocorre mediante autorização do Município de Macapá,
por meio do pagamento de dinheiro, depositado nos cofres
públicos, cujo valor é destinado à manutenção do local.

Diante do exposto acima, analise as afirmativas a seguir:

I. as praças, como bens públicos, somente podem ser utilizadas


gratuitamente;

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II. a atividade dos ambulantes, como vendedores de mercadorias,


não pode ser autorizada pelo Município, em praças;

III. a população utiliza as praças, em regra, sem gerar qualquer


contribuição pecuniária ao poder público municipal;

IV. sendo bens de uso especial, as praças podem ser cercadas e


fechadas ao uso da coletividade;

V. o Município pode regular as atividades na praça, determinando o


uso gratuito ou remunerado das atividades ali realizadas.

Assinale:

A) se somente a afirmativa I for verdadeira.

B) se somente as afirmativas I e IV forem verdadeiras.

C) se somente as afirmativas I e II forem verdadeiras.

D) se somente as afirmativas II, IV e V forem verdadeiras.

E) se somente as afirmativas III e V forem verdadeiras.

11 - Para os efeitos legais, consideram-se bens móveis:

A) as energias que tenham valor econômico.

B) as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua


unidade, forem removidas para outro local.

C) os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele


se reempregarem.

D) o direito à sucessão aberta.

E) as coisas artificialmente incorporadas ao solo.

12 - A respeito dos bens públicos, é correto afirmar que:

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A) são inalienáveis, exceto quando desafetados, autorizando a lei


ordinária sua venda.

B) são inalienáveis, exceto se lei complementar autorizar sua


alienação.

C) são sempre inalienáveis.

D) são inalienáveis, se forem de uso especial.

E) são inalienáveis, se forem de uso comum.

13 - A transmissão de bens móveis se aperfeiçoa:

A) pela tradição

B) pela compra e venda

C) pelo pagamento do preço

D) pelo acordo de vontade

Posse

1. Incursão Histórica – é possível afirmar que o sistema da tutela


jurídica da posse, hoje existente no Brasil, é, predominantemente,
oriundo do Direito Romano. Todavia, é inegável que, ao longo da
história, esse sistema possessório romano sofreu novas influências,
tais como do Direito Canônico, Napoleônico e Alemão.

Portanto, no que concerne à posse, o ordenamento jurídico brasileiro


traduz uma síntese histórica dos supramencionados sistemas. Dessa
forma, entender a origem da proteção jurídica da posse no Brasil,
perpassa por entender a historicidade dos seus sistemas
influenciadores.

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A origem da posse é controvertida, sendo, porém, incontroverso, que


o seu desenvolvimento aconteceu em Roma. Nesse cenário,
percebe-se que os interditos possessórios que temos hoje são
originários do Direito Romano, embora no Direito Germânico a
proteção da posse estava condicionada à propriedade.

O Direito Consuetudinário Francês, por sua vez, desenvolveu a


noção da simplificação da defesa da posse, por influência da
duração da posse e do fortalecimento de sua proteção, construindo o
que chamamos hoje de posse nova versus posse velha. Foi na
França que surgiu a possibilidade de mandado liminar de
reintegração ou manutenção, aumentando a eficácia da tutela
jurisdicional.

Trazendo tais ilações para o Brasil, hodiernamente o direito pátrio


protege não apenas a posse decorrente da propriedade (posse
causal ou ius possidendi), mas também a posse autônoma,
independentemente de qualquer título, protegida em si mesma (posse
formal, autônoma ou ius possesionis).

2. Objetivo – O escopo protetivo do fenômeno possessório é a paz


social, uma vez ser ela objeto de grandes lutas, citando, por exemplo,
o MST (Movimento dos Sem Terra). Vale lembrar, que as demandas
possessórias no Brasil já renderam grandes embates, tantos
patrimoniais, como pessoais. O ranço latifundiário, decorrente das
sesmarias e depois das capitanias hereditárias, somado ao um
processo histórico concentrador da terra, o qual impediu o acesso
a muitos, leva a posse uma tensão desmedida. Por isso, este instituto
merece toda atenção e tutela pelo ordenamento jurídico brasileiro.

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3. Teorias Explicativas – Foram criadas duas teorias para que


possamos entender a posse. Tais estudos são fundadas no desejo de
identificar, a partir dos elementos da posse, o seu conceito. São elas:

a) Teoria Subjetiva de Friedrich Carl Von Savigny – No seu tratado


da posse, surgido em 1893, buscou teorizar a posse no direito
alemão, com base nos ensinamentos provenientes do Direito
Romano, onde sustentava que a posse se traduziria um poder
material sobre a coisa (elemento objetivo - domínio
físico) com a intenção (animus - elemento subjetivo ou
espiritual) de tê-la para si. Posse = elemento objetivo
(domínio físico) + elemento subjetivo ou espiritual

(animus)

Assim, para o mestre Savigny o corpus seria o elemento material,


identificado no poder físico sobre a coisa, na apreensão física do bem,
do poder de fato, segundo uma relação externa e visível. Já o
animus traduz o desejo, a vontade de ter a coisa como própria, a
relação interna, invisível. Caso não houvesse a intenção, posse não
existiria, mas sim, mera detenção.

Observe-se, por oportuno, sob o ponto de vista prático, esse


entendimento seria gravíssimo para os locatários, comodatários,
usufrutuários etc, pois, como meros detentores (segundo a teoria
subjetiva), não gozam dos efeitos da proteção possessória. Porém
sabemos que para o nosso direito que adotou a teoria objetiva, esses
atores sociais não são apenas detentores, mas possuidores do
bem.

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b) Teoria Objetiva de Rudolf Von Ihering – Foi aluno de Savigny e


tentou melhorar e aparar as arestas da teoria do seu professor. Para
ela, possuidor é a pessoa que se comporta como se fosse
proprietária da coisa, imprimindo destinação econômica a ela,
independentemente da demonstração do animus. Portanto, segundo
esse estudo, apenas o aspecto objetivo importa à configuração de
posse. Perceba que aqui o corpus ganhou uma conotação diversa da
teoria subjetiva, pois não consistia em mero contato físico, mas sim
em uma função econômica, na forma que age o proprietário diante
daquele bem, na conduta de dono.

Posse = Corpus (conduta do dono).

A posse é considerada, pela teoria objetiva, como um direito a ser


protegido para a preservação, consequencial, da própria
propriedade. Tratando de posicionamento diverso da teoria subjetiva,
na qual a posse é protegida pelo fundamento de que todo e qualquer
ato de violência merece resposta estatal, independentemente da
tutela proprietária.

Desse modo, enquanto a teoria subjetiva enxerga a


detenção como um corpus – entendido como poder
físico, sem animus, desprovido de intenção; a teoria
objetiva enxerga a detenção como corpus – conduta do
dono – com uma obstáculo legal que impeça a posse.

A crítica que se faz a essa teoria reside no fato de esta retirar a


autonomia plena da posse e analisando conjuntamente à propriedade,
remetendo à exteriorização da propriedade e conduta do dono.
Malgrado tal crítica feita pelos doutrinadores, essa é a teoria
abraçada, em regra, pelo nosso Código Civil de 2002.
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4 – Conceito – O art. 1.196 do Código Civil afirma ser possuidor o


sujeito de direito que tem de fato o exercício, pleno o não, de alguns
dos poderes inerentes à propriedade, quais sejam, o uso, gozo ou
fruição.

5 – Teoria Adotada Pelo Código Civil – Voltando-se os olhos


para o nosso código, segundo a doutrina majoritária, este adota
majoritariamente a teoria objetiva da posse, tendo em vista a
possibilidade nele prevista de desdobramentos da posse direta e
indireta, na medida em que reconhece ser factível a outra pessoa,
não proprietária do bem, possuí-lo, ante a critério da destinação
econômica.

Todavia, em algumas situações codificadas, há indícios


excepcionais da teoria subjetiva, a exemplo da usucapião, em que
se exige a posse com animus dominis, na posse de boa-fé – sendo
aquela em que o possuído desconhece obstáculo ou vício que impeça
a sua aquisição proprietária.

Na verdade, em uma leitura atual do conceito de posse, esta deve ser


significada com base no texto constitucional, à luz dos seus valores e
princípios, consoante a constitucionalização do Direito Civil. Tal
conceito deverá ser influenciado por valores como a dignidade da
pessoa humana, a solidariedade social, a função social, o direito
social à moradia etc.

Por tudo isso, a posse há de ser verificada, atualmente, consoante a


sua função social, como bem posto pela teoria sociológica da posse, a
qual fora desenvolvida no século XX, na Europa, em especial na Itália,
pelas mãos de Silvio Perozzi, na França aos cuidados de Raymond
Saleilles e, finalmente, na Espanha, por Antônio Hernadez Gil. Todos

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em coro, e em especial o último, proclamando a necessidade de uma


função social da posse.

6 – Detentor (domínio) – são aqueles que apesar de possuírem o


corpus, não possuem a posse do bem. Hipóteses:

a) Fâmulo, gestor ou Servidor da Posse – Seria aquele se


achando em relação de dependência para com outrem,
conserva a posse em nome deste e em cumprimento de
ordens e instruções suas. Temos como exemplo, um
motorista, um caseiro, um adestrador etc;

b) Atos de Permissão/Tolerância – O primeiro seria uma


autorização prévia, induvidosa e expressa para que alguém utilize um
bem de outrem. E segundo seria uma autorização posterior e tácita de
uso de um bem de outrem. Exemplo do primeiro: empréstimo de
uma casa de praia a um amigo. Exemplo do segundo: alguém que
pegou emprestado o carro de João que estava aos cuidados de
sua irmã, e, após saber do empréstimo consente o seu uso.

c) Atos de Violência e Clandestinidade – Diz-se violenta


aquela posse adquirida por meio de violência ou grave ameaça,
fazendo-se uma analogia ao roubo. Já clandestina é aquela adquirida
por destreza, sendo viável a analogia ao furto. Tomemos como
exemplo, José invade as terras de João (na luta pela terra) não
haverá posse pelo invasor, mas mera detenção. Já na destreza,
imagine que seu vizinho de fazenda adentra com a cerca dele, em
sua propriedade, por cinquenta metros na calada da noite.
Enquanto você, invadido, não tiver ciência deste fato, há mera
detenção da área invadida pelo vizinho. Quando, todavia, o

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invadido tiver ciência do ato, passaremos a observar a posse, ainda


que injusta.

d) Bens Públicos – Haja vista serem imprescritíveis, ao passo que


não podem ser usucapidos (arts. 183 e 191 da CF88 e art. 102 do
CC2002), não admitem posse, mas mera detenção, mediante
tolerância.

Obs: É curioso observar, caso dois particulares ocupam


um bem público dominical, nada impede que haja a

utilização de ações possessórias entre eles, sendo

reconhecida, de forma excepcional e sem oponibilidade

ao ente estatal, a posse do bem público, de acordo com

entendimento do STJ no Resp 1.296.964 – DF, Rel. Min.

Luis Felipe Salomão, por unanimidade, julgado em

18/10/2016, DJe 07/12/2016.

7 – Aquisição da Posse – De acordo com o art. 1.204 do CC/02


“adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o
exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à
propriedade”. Percebe-se que o nosso código mais uma vez aderiu a
teoria objetiva, pois é justamente no momento em que há exercício,
pleno ou não, de algumas faculdades inerentes à propriedade que se
adquire esta posse. Saliente-se, por oportuno, que pela teoria da
gravitação jurídica ou universal, esta posse adquirida faz presumir
a dos bens móveis os quais acompanham, uma vez que a coisa
acessória segue a sorte do principal.

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Por último, vale observar que a posse pode ser adquirida pela própria
pessoa, por seu representante ou por terceiro, sem procuração ou
mandato, desde que haja ratificação posterior (CC, art. 1.205).

OBS1: O objeto da posse é o bem corpóreo, uma vez que

os bens corpóreos são insuscetíveis de posse, com

exceção da linha telefônica que pela súmula 193 do STJ

poderá ser adquirida por usucapião.

I – Espécies:

a) aquisição originária – Dar-se-á independentemente de


translatividade ou vontade do possuidor originário. Decorrerá de ato
unilateral, a exemplo da apropriação (apreensão) de coisas
abandonadas, pela usucapião;

b) aquisição derivada – Demanda a existência de posse anterior,


transmitida com a anuência do possuidor primitivo, sendo, em regra,
bilateral. Exemplifica-se com a tradição da posse.

8 – Perda da Posse – Conforme art. 1.223 do CC, perde-se a


posse quando cessa, embora contra a vontade do possuidor, o poder
sobre o bem, ao qual se refere o art. 1.196 do CC. Logo, quando o
possuidor não mais puder exercê-la.

Cessando os atributos relativos à propriedade cessa a posse que é


perdida, extinta. Sendo a posse exteriorização da propriedade, é
justamente quando há perda desta conduta proprietária que a posse é
extinta. É possível afirmar que a posse poderá perdida pela vontade,
ou contra a vontade, do seu titular. Dessa maneira, poderíamos

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ilustrar a perda da posse com a hipótese de abandono, tradição,


ou ainda, por força do perecimento do bem.

No abandono o possuidor intencionalmente se afasta do bem, visando


não ter mais a sua disponibilidade física ou exercer qualquer ato
possessório. Vale salientar, que o abandono da coisa , nem sempre
ocasionará o abandono da propriedade, a exemplo da pessoa que
atira seus objetos do seu navio ao mar, quando em naufrágio, com o
objetivo de recuperá-los posteriormente. E, por último, a inutilização
temporária de um bem não geram abandono, como quem possui uma
casa de praia, mas só frequenta no verão.

Na tradição há a transferência do bem, com a intenção de não mais


conservá-lo em sua posse, em virtude de uma doação, por exemplo.
No que tange à perda da coisa, configura-se quando esta não for
possível encontrá-la, como uma joia que se perdeu no fundo do mar
ou um cão de estimação que fugiu e nunca mais foi encontrado.

9 – Classificação – O ato de classificar é doutrinário. O operador


do direito, com base nas normas positivadas, dedica-se a construir um
sistema classificatório do instituto em estudo. Tal fato não é diferente
na análise da classificação da posse. Dessa forma, ao estudar a
classificação de um assunto, é plenamente possível que sejam
encontradas algumas diferenças, a depender da obra consultada.

a) Posse Direta e Indireta – Posse direta ou imediata é aquela


em que o possuidor tem o contato material e imediato com a coisa. O
titular da posse direta é o não proprietário, a exemplo do locatário,
comodatário e do usufrutuário; Posse Indireta ou mediata é
aquela na qual o possuidor está afastado da coisa, mas aufere
vantagens desta e ainda tem poderes sobre a coisa, como por

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exemplo, o proprietário no contrato de locação e comodato ou o nu-


proprietário no usufruto.

b) Composse Coposse ou Compossessão – É a situação


pelo qual duas ou mais pessoas exercem, simultaneamente, poderes
possessórios sobre a mesma coisa. Há, portanto, um condomínio de
posses. Tem que haver a pluralidade de sujeitos mais coisa
indivisível. Chamada de posse pro indiviso.

OBS2: não é admissível o usucapião de uma coisa em


composse.

Exceção: dois irmãos recebem uma fazenda de

herança, porém apenas um deles cuida dela arcando

com todos os prejuízos. Nesse caso, ele afasta o outro

herdeiro e pode usucapir.

c) Posse Justa e Posse Injusta – Posse Justa é aquela


destituída de violência, clandestinidade ou precariedade, sendo uma
“posse limpa” sem nenhuma repugna do direito. Já a Posse Injusta
seria aquela realizada com violência, clandestinidade ou
precariedade.

d) Posse Nova e Posse Velha – A Nova é aquela que data de


menos de um ano e um dia; enquanto a posse velha é aquela
superior a um ano e um dia.

e) Posse Natural e Posse Civil ou Jurídica – A Natural é


aquela que se constitui pelo exercício de poderes de fato sobre a
coisa, havendo efetiva apreensão material. Já a Civil ou Jurídica é a

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adquirida por força da lei, sem, necessariamente, haver uma


apreensão material da coisa, a exemplo do constituto possessório.

10 - CONSTITUTO POSSESSÓRIO – também conhecido como


cláusula constituti, trata-se de uma operação jurídica que altera a
titularidade da posse.

a) aquele que possuía em nome próprio passa a possuir em nome


alheio. Ex: vendo uma casa que possuía em nome próprio, e coloco
no contrato de compra e venda uma cláusula que prevê minha
permanência na casa na condição, agora, de locatário, nesse caso a
cláusula será a constituti.

b) O ocorre o inverso do constituto possessório, quando uma pessoa


que possui a casa em nome alheio passa a possuir em nome próprio.
Ex: o locatário que possui a casa em nome alheio, compra a casa
passando a possuir em nome próprio, neste caso a cláusula será a
traditio brevi manu.

OBS4: O objeto da posse é o bem corpóreo, uma vez que os bens


incorpóreos são insuscetíveis de posse, com exceção da linha
telefônica que pela súmula 193 do STJ poderá ser adquirida por
usucapião.

OBS5: pela teoria da gravitação jurídica ou universal, esta posse


adquirida faz presumir a dos bens móveis os quais acompanham,
uma vez que a coisa acessória segue a sorte do principal.

I – Espécies:

a) aquisição originária – Dar-se-á independentemente de


translatividade ou vontade do possuidor originário. Decorrerá de ato
unilateral, a exemplo da apropriação (apreensão) de coisas
abandonadas, pela usucapião;
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b) aquisição derivada – Demanda a existência de posse anterior,


transmitida com a anuência do possuidor primitivo, sendo, em regra,
bilateral. Exemplifica-se com a tradição da posse.

PROPRIEDADE

1 – Introdução.

Art. 1.288, CC: “O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor


da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que
injustamente a possua ou detenha”.

OBS 1: é um direito amplo, pois não obedece à forma

binária existente na grande maioria dos direitos, ou seja,

para cada direito temos um poder.

OBS 2: possui 4 direitos:

a) usar;

b) gozar (direito de fruição);

c) dispor da coisa (vender, doar);

d) reaver (direito de reivindicar).

OBS 3: além desses direitos a lei exige a existência de

um título. Para bens imóveis será o registro; já para os

bens móveis será a tradição. Tal título dará

oponibilidade erga omnes, visto ser um direito real sobre

coisa própria.

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OBS 4: podemos fazer agora a distinção entre POSSE,

PROPRIEDADE E DOMÍNIO. Tem posse que possuir um

dos direitos da propriedade; tem propriedade que tem

todos os direitos inerentes à propriedade e mais o título

de proprietário e tem domínio quem tem todos os

direitos da propriedade, porém não tem o título. Exemplo

de dono ou dominador: aquele que possui todos os

requisitos para a usucapião, porém ainda não a requereu

ou se requereu ainda não foi julgado.

OBS 5: observe-se que entre tais institutos não há

hierarquia, uma vez que a propriedade não é melhor que

a posse e que o domínio e vice-versa. Não há, portanto,

uma relação de dependência entre elas, pois elas são

autônomos.

OBS 6: para defender a posse, temos a ação

possessória; já para defender a propriedade, temos a

ação reivindicatória, e, por último, para defender o

domínio, temos a ação publiciana.

OBS 7: caso o dono ou dominador ingresse com uma

ação publiciana e seja procedente, ele poderá levar no

cartório para registro do título?

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NÃO. Essa decisão apenas está dizendo que tal pessoa

apenas tem a titularidade do domínio. Devera, então,

ajuizar uma ação de usucapião. Todavia, nada impede

que as provas que foram produzidas na ação publiciana

sejam utilizadas na futura ação de usucapião, como

prova emprestada.

2 – Teorias Explicativas do Surgimento da Propriedade.

a) Teoria da Ocupação – A propriedade surgiria mediante a


ocupação pelo ser humano da coisa sem dono. Sendo assim,
inexistindo sobre a coisa o domínio de outrem, tornou-se proprietário
aquele que se apossou a coisa pela primeira vez.

CRÌTICA – O direito de propriedade não se restringe, tão somente, à


vontade unilateral do ocupante, sendo que terceiros têm que respeitar
o direito de propriedade.

b) Teoria da Lei – Para essa teoria a propriedade consiste em uma


concessão do direito. Existe pelo simples fato da lei tê-la criado e
garantir o seu exercício.

CRÍTICA – Essa teoria não se sustenta com a constatação de que a


propriedade antecede ao direito, sendo que já existia até mesmo
antes da tutela jurídica.

c) Teoria da Especificação ou do Trabalho - Segundo essa teoria,


a propriedade vem de uma visão impregnada pelo catolicismo, onde
ela deve ser de todos e é por meio do trabalho humano que poderá
surgir a apropriação. Assim é que, por meio da colheita, surgiria a

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propriedade dos frutos e por meio do cultivo da terra que surgiria a


propriedade imobiliária etc.

CRÌTICA – É cediço que os detentores das grandes propriedades são


donos dos imóveis e colocam seus trabalhadores para cuidarem da
terra e que jamais serão donos do que semeiam.

d) Teoria da Natureza Humana – A propriedade é inerente ao ser


humano, sendo pressuposto de existência e liberdade deste.
Justamente por isso é que a propriedade antecede, até mesmo, o
direito positivo e o Estado, figurando como verdadeiro direito natural.

CRÍTICA – Segundo os autores é a teoria que mais se aproxima ao


fenômeno da propriedade.

3 – Conceito:

a) Sintético – é a submissão de uma coisa em todas as suas relações


a uma pessoa;

b) Analítico – é o direito de usar, fruir, dispor de um bem e reavê-lo


em face de quem injustamente o possua;

c) Descritivo – é um direito complexo, absoluto, perpétuo, exclusivo e


elástico pelo qual uma coisa fica submetida à vontade de uma pessoa.

4 – Descoberta – é o achado de coisa extraviada, perdida. O


descobridor que é a pessoa que encontra a aludida coisa, tem que
restituí-la ao seu dono ou quem legitimamente a possua.

OBS 8: a descoberta não traduz uma forma de aquisição

da propriedade.

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OBS 9: observa-se que a coisa perdida é diferente da

coisa abandonada.

a) Recompensa – visando premiar a boa-fé e os atos do descobridor,


o código civil, previu uma recompensa à aquele que devolve a coisa
achada, que doutrinariamente é chamado de ACHÁDEGO.

b) Valor – o achádego não será inferior a 5% do valor da coisa,


somada a indenização pelas despesas que o descobridor houver feito
para a conservação e transporte da coisa.

QUESTÃO: caso a coisa se deteriore nas mãos do descobridor, ele


teria responsabilidade civil perante o proprietário ou o legítimo
possuidor?

De acordo com ao art. 1.235 do CC, apenas haveria tal


responsabilidade em caso de DOLO.

5 – Modalidades – podemos classificar a propriedade, em:

a) Resolúvel – o direito de propriedade fora concebido, inicialmente,


para ser perpétuo. Esta é uma premissa de todo o direito de
propriedade, o qual pertencerá ao proprietário enquanto vivo este for.
Todavia, excepcionalmente, a legislação cível conta a possibilidade de
resolubilidade, a qual permite retirar a perpetuidade do sujeito
proprietário.

Dessa forma que se coloca a propriedade resolúvel ou revogável,


duas são as suas hipóteses:

I – Propriedade Resolúvel de Forma ORIGINÁRIA – quando a sua


causa extintiva constar do próprio título aquisitivo. Exemplo:
retrovenda – é uma cláusula contida no contrato de compra e venda,

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prevendo o direito do vendedor de recobrar a coisa no prazo máximo


de três anos.

II – Propriedade Resolúvel de Forma SUPERVENIENTE – quando


sua causa extintiva não constar no título aquisitivo. Exemplo: seria
uma revogação de uma doação.

OBS 10: a resolução de uma propriedade quando

determinada por causa originária, prevista no título,

opera ex tunc e erga omnes; se decorrente de causa

superveniente, atua ex nunc e inter partes.

b) Fiduciária – é a propriedade resolúvel de coisa móvel infungível


que o devedor, com o objetivo de garantia, transfere ao credor.
Compra de um automóvel financiado pela instituição financeira.

OBS 11: vencida a dívida e não quitada fruto de uma

alienação fiduciária, fica obrigado o credor a vender

judicial ou extrajudicialmente a coisa a terceiros e

aplicar o preço no pagamento de seu credito, restituindo

o restante ao devedor.

OBS 12: ressalte-se que se quando vendida a coisa, o

produto não bastar para o pagamento da dívida e das

despesas de cobrança, continuará o devedor obrigado

pelo restante.

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OBS 13: terceiro que eventualmente pagar a dívida se

sub-rogará (substituirá) no lugar do credor original,

tendo todas as prerrogativas deste em face do devedor.

QUESTÃO:

Analise as proposições abaixo, acerca da propriedade fiduciária:

I – Constituída a propriedade fiduciária, o devedor não pode usar a


coisa, que permanece em sua posse a título de depósito, até o
vencimento da dívida;

II – Desde que haja previsão expressa, o proprietário fiduciário pode


ficar com a coisa alienada em garantia se a dívida não for paga no
vencimento;

III – O terceiro que pagar a dívida, mesmo que não interessado, se


sub-rogará no crédito e na propriedade fiduciária.

Está correto o que se afirma em:

a) I, II e III;

b) II e III, apenas;

c) II, apenas;

d) I, apenas;

e) III, apenas.

QUESTÃO: haverá possibilidade de usucapião do bem dado em


alienação fiduciária?

c) Aparente – é a venda de bem móvel a non domino por aquele que


não seja proprietário da coisa.

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OBS 14: a doutrina e a jurisprudência projetam a teoria

da aparência sobre o direito de propriedade para o fim

de proteger terceiro de boa-fé que celebra negócio

jurídico com aquele que, aparentemente, é o

proprietário, conferindo validade a este negócio,

contudo o STJ tem entendimento em sentido contrário.

6 – Formas de Aquisição da Propriedade Imóvel.

A aquisição da propriedade imóvel se apresenta em formas originárias


(sem atuação intermediária de ninguém) e formas derivadas (com
atuação intermediária).

As Formas Originárias são a acessão e usucapião; já as formas


derivadas são o registro do título e a sucessão (herança)

6.1 Acessões.

a) Conceito – Acessão ou acréscimo é a união física de uma coisa


acessória a uma coisa principal, aumentando o volume desta última
em favor do proprietário que, dono da coisa principal, passa também a
ser titular da coisa acessória. Poderá ser:

I – Artificial – depende da ação humana. Exemplo: construção e


plantação.

II – Natural – independe da ação humana. Tipos:

a) Avulsão – Desprendimento abrupto e repentino de terras.


Exemplo: enchente, inundação;

b) Aluvião – Desprendimento lento e gradual de terras;

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c) Acessão por Formação de Ilhas – As ilhas que se formarem em


correntes comuns pertencem aos proprietários ribeirinhos fronteiriços;

d) Abandono de Álveo – Acréscimo de terras pelos proprietários


ribeirinhos. Exemplo: parte de um rio que deixou de ter água.

OBS 15: no caso de uma AVULSÃO, o proprietário que

perdeu a terra terá um prazo decadencial de um ano

para reclamar o pedaço de terra acrescida, e, dessa

forma, o novo proprietário paga o valor correspondente

ou devolve a porção de terra.

OBS 16: no caso de ALUVIÃO, não há prazo para que o

antigo proprietário reclame a porção de terra.

OBS 17: poderá ocorrer, todavia uma acessão inversa,

quando, por exemplo, um hotel fora construído em um

terreno alheio, ficando, nesse caso, o dono do hotel com

o terreno, porém deve indenizar o dono do terreno.

EXERCÍCIOS:

Marque V ou F para as questões abaixo:

1 – Descoberta é o achado de bem imóvel extraviado ou perdido.

( )

2 – A descoberta traduz uma forma de aquisição da propriedade.

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( )

3 – A recompensa pela coisa achada é chamada pela doutrina de


ACHÁDEGO. ( )

4 – O valor do achádego poderá, em algumas situações, ser inferior a


5%. ( )

5 – Caso a coisa se deteriore nas mãos do descobridor ele terá que


indenizar, em qualquer caso, o verdadeiro dono o valor do bem
encontrado. ( )

6 – O descobridor sempre poderá renunciar o valor do achádego.

( )

7 – A retrovenda é uma forma originária resolúvel da propriedade,


consistente na colocação no contrato de compra e venda do imóvel o
direito de o vendedor comprar de volta o imóvel no prazo máximo de
três anos. ( )

8 – É exemplo de propriedade resolúvel de forma superveniente a


revogação de uma doação. ( )

9 - Vencida a dívida e não quitada fruto de uma alienação fiduciária,


fica obrigado o credor a vender judicial ou extrajudicialmente a coisa a
terceiros e aplicar o preço no pagamento de seu credito, restituindo o
restante ao devedor. ( )

10 - Se quando vendida a coisa, o produto não bastar para o


pagamento da dívida e das despesas de cobrança, o devedor se
exonera do pagamento do restante. ( )

11 - O terceiro que eventualmente pagar a dívida se sub-rogará


(substituirá) no lugar do credor original, tendo todas as prerrogativas
deste em face do devedor. ( )
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12 - No caso de uma AVULSÃO, o proprietário que perdeu a terra terá


um prazo decadencial de um ano para reclamar o pedaço de terra
acrescida, e, dessa forma, o novo proprietário paga o valor
correspondente ou devolve a porção de terra. ( )

13 - São formas derivadas da aquisição de bem imóvel a acessão e


usucapião; já as formas originárias são o registro do título e a
sucessão (herança). ( )

14 – Adquire-se por avulsão em decorrência de acréscimos formados,


sucessiva e imperceptivelmente, por depósitos e aterros naturais ao
longo das margens das correntes, ou pelo desvio das águas desta. (
)

15 – O aumento que o rio acresce às terras de modo vagaroso recebe


o nome de aluvião, e estes acréscimos pertencem aos donos dos
terrenos marginais, mediante indenização. ( )

16 – O caseiro de uma chácara que, se achando-se em relação de


dependência para com o proprietário, conserva a posse em nome
deste e em cumprimento de ordens e instruções suas é considerado
detentor. ( )

17 – Fâmulos da posse são aqueles que exercitam atos de posse em


nome próprio. ( )

18 – A composse é uma situação que se verifica na comunhão pro


indiviso, do qual cada possuidor conta com a fração ideal sobre a
posse. ( )

19 – O constituto possessório é uma modo originário da propriedade. (


)

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20 – Os frutos caídos de árvore do terreno vizinho pertencem ao dono


do solo onde estes caíram. ( )

21 – Segundo o CC, a aquisição por acessão pode se dar por


avulsão, pela formação de ilhas, por aluvião e por plantações e
construções. ( )

22 – É assegurado ao possuidor de boa-fé o direito à indenização


pelas benfeitorias necessárias e úteis. Quanto às voluptuárias, estas,
se não forem pagas, poderão ser levantadas, desde que não
prejudiquem a coisa, conforme art. 1.219 do CC. ( )

23 – O possuidor de má-fé tem direito à indenização pelas


indenizações pelas benfeitorias necessárias, assistindo-lhes o direito
de retenção pela importância destas. ( )

24 – Jeremias e Antônio moram cada um em uma margem do Rio


Tatuapé. Com o passar do tempo, as chuvas, as estiagens e a erosão
do rio alteraram a área da propriedade de cada um. Dessa forma,
Jeremias começou a questionar o atual tamanho da sua propriedade
(se houve aquisição ou diminuição), o que deixou Antônio enfurecido,
pois nada havia feito para prejudicar Jeremias. Antônio também
começou a notar diferenças em seu terreno na margem do rio. Ambos
questionaram se não deveriam receber alguma indenização do outro.
Tal situação trata-se de aquisição por Aluvião, uma vez que
corresponde a acréscimos trazidos pelo rio de forma sucessiva e
imperceptível, não gerando indenização a ninguém. ( )

25 – Sobre este mesmo caso, se o Rio Tatuapé secar, adquirirá a


propriedade da terra aquele que primeiro a tornar produtiva de alguma
maneira, seja como moradia ou como área de trabalho. ( )

7. USUCAPIÃO

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7.1 Conceito – é uma forma de aquisição da propriedade pela posse


prolongada, permitindo a lei que a pessoa que esteja em domínio de
determinado bem, por um certo intervalo de tempo, se transforme em
proprietário, titular da coisa.

7.2 Requisitos:

a) Posse Qualificada -

b) Idoneidade da Coisa -

c) O lapso Temporal -

7.3 Espécies:

a) Extraordinário – trata-se de espécie que independe de título ou de


boa-fé, contentando-se com o mero decurso do prazo, em regra, de
15 anos. Todavia, esse prazo poderá ser reduzido para 10 anos,
acaso seja constatada a posse trabalho (moradia habitual ou obras ou
serviços de caráter produtivo realizadas no bem é a função social da
propriedade).

OBS 18: ocorrendo a usucapião extraordinária, a anterior

matrícula do imóvel será arquivada, sem qualquer tipo

de sucessão da titularidade, uma vez que a usucapião é

causa originária de aquisição da propriedade, de modo

que há uma quebra na cadeia sucessória da matrícula.

b) Ordinário, regular ou comum – Nessa modalidade de usucapião


exige-se tanto o justo título, como a boa-fé, sendo ambos requisitos
específicos. Exatamente por isso que o lapso temporal é menor,
variando entre 10 ou 5 anos. Caso haja apenas o justo título e boa-fé,
o prazo será de 10 anos. Todavia, será de 5 anos se o bem houver

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sido adquirido onerosamente, com base em registro posteriormente


cancelado, e os possuidores tiverem estabelecido moradia ou
realizado investimentos sociais e econômicos (função social da
propriedade).

OBS 19: o usucapião tabular ou convalesça registral é a

possibilidade de um réu, em uma ação de invalidade de

registro público, alegar usucapião em seu favor para,

assim, adquirir a propriedade. Nesse caso o juiz, na

mesma sentença que declara a invalidade do registro,

reconhecerá a usucapião e manterá o réu na posse,

sendo que nessa situação, o prazo será de 5 anos.

OBS 20: tanto na usucapião extraordinária como na

ordinária será possível que a pessoa adquira mais de um

bem.

c) Especial Rural, Agrária, pro labore ou rústica – Aquela pessoa


que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como
seu, por 5 anos ininterruptos, sem oposição, em zona rural, não
superior a 50 hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de
sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade (art.
191, CF de 1988).

OBS 21: percebe-se que esta modalidade especial de

usucapião traz requisitos específicos, uma vez que é

imprescindível que o postulante não seja dono de imóvel

algum, também o decurso de 5 anos, de maneira

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ininterrupta e sem oposição, seja mansa e pacífica e que

a área não seja superior a 50 hectares, não podendo, por

último, ser proprietário de outro imóvel.

OBS 22: Frise-se, por oportuno, na forma do art. 3º da Lei

Federal nº 6.969/81, não ser possível a usucapião agrária

para áreas indispensáveis à segurança nacional, assim

como para terras habitadas por silvícolas e, finalmente,

áreas de interesses ecológicos, tais como as reservas

florestais, biológicas, os parques nacionais, estaduais e

municipais.

OBS 23: Apesar de a doutrina assegurar a possibilidade

apenas de haver usucapião rural pela pessoa física, o

STJ possui entendimento no sentido de permitir que ela

aconteça em favor pessoa jurídica.

d) Urbana ou Pro-misero – Essa modalidade nada mais é do que a


aplicação da modalidade rural, com suas respectivas adaptações, às
áreas urbanas, à luz da função social da propriedade. O objetivo aqui
é a conferência de primeira moradia àquele que não é proprietário de
nenhum outro imóvel.

Art. 183 da CF88: “Aquele que possuir como sua área urbana de até
250 metros quadrados, por 5 anos, ininterruptamente e sem oposição,
utilizando-a para moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio,
desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural”.

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e) De Meação ou Abandono do Lar – Aquela pessoa que exercer,


por 2 anos ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com
exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250 metros quadrados cuja
propriedade dividida com ex-cônjuge ou ex-companheira que
abandonou o lar, utilizando para sua moradia ou de sua família,
adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de
outro imóvel urbano ou rural.

f) Indígena – O Estatuto do Índio prescreve que o índio, integrado ou


não, que ocupe como próprio, por 10 anos consecutivos, trecho de
terra inferior a 50 hectares, adquirir-lhe-á a propriedade plena.

g) Especial Urbano Coletivo – Fenômeno social das comunidades


carentes (também denominadas favelas) dá ensejo a situações nas
quais a população de baixa renda ocupa terrenos de modo
desordenado, mas de maneira mansa e pacífica. Desse modo para a
verificação dessa modalidade de usucapião, se faz necessário a
presença dos seguintes requisitos:

I – Imóvel localizado em área urbana, com posse contínua, mansa e


pacífica (sem oposição), com animus domini, pelo prazo, ao menos,
de 5 anos;

II – Não seja possível averiguar, efetivamente a específica área de


cada possuidor;

III – Que a posse exercitada por famílias carentes, as quais não são
proprietárias de nenhum outro imóvel e com exclusivo de moradia;

IV – Que cada família tenha sua fração do terreno limitada à 250


metros quadrados.

QUESTIONAMENTOS:

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1 – PODE HAVER USUCAPIÃO EM UM BEM CONDOMINIAL?

É forte o entendimento de que bens em condomínio indivisível, assim


como bens de um espólio, não podem ser objeto de usucapião
enquanto se encontrarem nessa situação jurídica. Isto porque, o
estado de indivisão afasta a posse exclusiva sobre todo o bem, sendo
juridicamente impossível a usucapião em face da área incerta.

2 – BEM DE FAMÍLIA PODERÁ SER USUCAPIDO?

A jurisprudência do STJ admite, através do Resp 174.108/SP

3 – UM BEM VINCULADO A UM FINANCIAMENTO JUNTO AO


SISTEMA FINANCEIRO DE HABITAÇÃO (SFH) PODERÁ SER
USUCAPIDO?

A resposta é negativa, uma vez que tal bem está sob a titularidade da
Caixa Econômica Federal, seguindo, dessa forma, o regime do bem
público.

4 – É POSSÍVEL A USUCAPIÃO DE OBJETO PROVENIENTE DE


CRIME?

De acordo com a jurisprudência do STJ o exercício ostensivo do bem


faz cessar a clandestinidade ou a violência de modo a caracterizar o
início da posse.

OBS 24: O STJ também já decidiu que haverá perda de

objeto da ação de usucapião proposta no juízo cível,

quando o juízo criminal decretar a expropriação do

imóvel usucapiendo, em razão de ter sido adquirido com

proventos de crime.

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5 – A USUCAPIÃO PREVALECE SOBRE UMA HIPOTECA JUDICIAL


DE UM IMÓVEL?

Sim. Os efeitos declaratórios de uma sentença de usucapião tem


efeitos ex tunc.

QUESTÃO:

Marcos pediu a seu primo Joaquim que cuidasse de Lauro e Tereza


na velhice, pais de Marcos e tios de Joaquim, enquanto este residia
no imóvel do primeiro. Em troca, prometeu-lhe que o imóvel lhe seria
doado. Ocorre, porém, que marcos veio a falecer inesperadamente,
sem completar a doação. Joaquim cuidou dos tios até que eles
falecessem e seguiu residindo no local sem qualquer contestação,
inclusive pagando IPTU do referido imóvel, por mais de 20 anos
ininterruptos. Ocorre, porém, que Rafael filho único de Marcos que
tinha 24 anos de idade quando o pai morreu, deu o imóvel de garantia
hipotecária para Rogério, com quem tinha negócios. Joaquim,
desconhecendo essa situação, ingressa com ação de usucapião. Qual
a solução do problema?

O fato de Rafael ter hipotecado o imóvel em questão não constitui


óbice ao pleito da usucapião formulado por Joaquim, que poderá
adquirir a propriedade do imóvel livre de qualquer ônus ou encargo.

7.4 Aquisição Por Usucapião de Bem Móvel

Diferentemente das múltiplas formas da usucapião de imóveis, a


usucapião de bens móveis somente ocorrerá de duas maneiras:

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a) Ordinária – Aquele que possuir coisa móvel como sua, continua e


incontestadamente, durante 3 anos, com justo título e boa-fé, adquirir-
lhe-á a propriedade.

b) Extraordinária – Aquele que possuir coisa móvel como sua,


continua e incontestadamente, durante 5 anos, independentemente de
justo título e boa-fé, adquirir-lhe-á a propriedade.

7.5 Aquisição Por Ocupação – Existem coisas no mundo jurídico


que não são de ninguém – res nullius, encontrando-se em estado de
abandono ou inutilidade. Portanto, de acordo com a legislação, quem
se assenhorar de coisa sem dono, para logo, lhe adquire a
propriedade, não sendo essa ocupação vedada em lei. Exemplo:
achar conchas na praia.

OBS 25: não há abandono quando, por exemplo, um

capitão de um navio joga carga no mar para aliviar o

peso em função do perigo. Aqui houve um

desapossamento em virtude de uma emergência, sendo

possível o dono reclamar a carga descoberta por

terceiro.

OBS 26: a ocupação é forma originária de aquisição da

propriedade.

OBS 27: não se deve confundir ocupação com a

descoberta. A ocupação incidirá sobre coisas sem dono

ou abandonadas. Já na descoberta o descobridor tem o

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dever de restituir a coisa ao proprietário, sendo

ressarcido pelo achádego.

7.6 Aquisição Por Achado de Tesouro – A legislação brasileira


também admite a aquisição da propriedade móvel relativa ao depósito
antigo de coisas preciosas, oculto e de cujo dono não haja memória.

OBS 28: para que se configure como tesouro é importante que o


depósito seja de coisas preciosas e realizado pelo homem, não
havendo memória de ser proprietário e estando oculto, sendo
encontrado ao acaso.

OBS 29: encontrado o bem por acaso, deverá ser dividido

por igual entre o proprietário do prédio e quem achar o

tesouro casualmente. Todavia, se o achado for em

decorrência de pesquisas ordenadas pelo dono do

prédio, ou por este não autorizado, o proprietário do

imóvel tornar-se-á dono exclusivo do tesouro.

7.7 Aquisição Por Tradição – Modo derivado de aquisição de


propriedade imobiliária, consistindo na entrega de bem móvel pelo
transmitente ao adquirente, em razão de título oriundo de negócio
jurídico.

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