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DIREITO CIVIL – DOS BENS

PROF. CRISTIANE MALUF

DOS BENS
Código Civil, Livro II artigos: 79 aos 103

Conceito filosófico de bens:


Bem, em sentido filosófico, é tudo o que satisfaz uma necessidade
humana. Juridicamente falando, o conceito de coisas corresponde ao de bens, mas
nem sempre há perfeita sincronização entre as duas expressões. Coisa é o gênero
do qual bem é espécie. É tudo o que existe objetivamente com exclusão dos
homens.

Segundo Clovis Beviláqua bens significa: “valores materiais ou imateriais


que servem de objeto na relação jurídica”.
Bens, então, são coisas materiais, úteis ao homem e com valor econômico e
também, imateriais, desde que possam ser valorados, a exemplo dos direitos autorais
ou de invenção etc.

Certas coisas são insuscetíveis de apropriação pelo homem. São as


chamadas coisas comuns, o mar, o ar atmosférico, por exemplo. Essas coisas
não podem ser objeto de relação jurídica.

Existem também as coisas sem dono (res nullius). São assim denominadas
porque nunca foram apropriadas (ex. animais de caça soltos, peixes, pois
encontram-se à disposição de quem os apanhar ou encontrar.
Obs – essa captura pode ser regulamentada para fins de proteção
ambiental.

Há também a coisa abandonada (res derelicta), que já foi objeto de uma


relação jurídica, mas o seu titular a lançou fora, com a intenção de não mais tê-
la e assim poderá se apropriada por qualquer outra pessoa.

Os romanos separavam os bens em duas categorias:


Bens corpóreos e bens incorpóreos.
 Bens corpóreos: são aqueles que têm uma existência material, podem ser
tocados pelo homem, como uma casa, um terreno e um livro etc;
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 Bens incorpóreos: são aqueles que não tem existência tangível e são
relativos aos direitos que as pessoas físicas ou jurídicas têm sobre as
coisas. Não têm corpo físico, têm existência abstrata ou ideal. Têm valor
econômico. Ex. diretos autorais, o crédito, a sucessão aberta, o fundo
de comércio.

Apesar de não contemplada na lei com suas especificidades, a classificação é


importante, por que a relação jurídica pode ter por objeto uma coisa de existência
material ou um bem de existência abstrata.

Obs – o critério distintivo para os romanos era a tangibilidade. Atualmente


esse procedimento seria inexato por excluir coisas que são perceptíveis por outros
sentidos que não o tato, assim, hoje são considerados bens materiais a eletricidade, o
gás, o vapor (exemplos também de fontes de energia) que podem ser sentidos pelo
olfato, pela visão, entre outros.

Esses bens materiais e imateriais integram o patrimônio da pessoa.

O patrimônio é formado pelos bens corpóreos e incorpóreos.


Em sentido amplo patrimônio é o conjunto de bens de qualquer ordem,
pertencentes a um titular;
Em sentido estrito patrimônio abrange apenas as relações jurídicas ativas
e passivas de que a pessoa é titular, aferíveis economicamente;

Segundo a doutrina, patrimônio é o complexo das relações jurídicas de uma


pessoa, que tiverem valor econômico (tanto os elementos ativos como os
elementos passivos, ou seja, direitos de ordem privada economicamente apreciáveis e
as dívidas).
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O patrimônio então restringe-se aos bens avaliáveis em dinheiro.


As qualidades pessoais e a capacidade física ou técnica do indivíduo, a força de
trabalho são fatores de obtenção de receita e não patrimônio.

Igualmente não integram o patrimônio as relações afetivas da pessoa, os


direitos personalíssimos, familiares e públicos não economicamente apreciáveis,
denominados direitos não patrimoniais.

O nome comercial e o fundo de comércio são considerados patrimônio


porque são direitos; já a clientela, embora com valor, não é considerada
patrimônio.

Obs. - Posse X Propriedade ou domínio


Estar na posse de um bem significa ter o direito de usufruir dele – ex.
aluguel de um imóvel;
Quando um bem é efetivamente seu, faz parte do seu acervo patrimonial,
significa dizer que é de sua propriedade ou domínio.

CLASSIFICAÇÃO DOS BENS

CLASSIFICAÇÃO DOS BENS NO CC/2002

I - Dos bens considerados em si mesmo;


II - Dos bens reciprocamente considerados e
III - Dos bens públicos.

 Os bens considerados em si mesmo distribuem-se por cinco seções:


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CC, arts. 79, 80,81

I - Dos bens imóveis (bens de raiz) - não podem ser removidos sem perder as
suas características/essências (destruição). Ex: o solo e suas partes
integrantes - terreno não pode ser transportado. Esse conceito, no entanto,
não abrange, os imóveis por determinação legal. (Arts. 79 e 80, CC). Assim,
podemos dividir os bens imóveis nas seguintes categorias: por natureza, por
acessão natural, por acessão artificial.

- Bens imóveis por natureza (art. 79, 1ª parte): o solo e tudo aquilo que lhe
incorporar naturalmente. Assim pertencem a esta categoria o solo, com a sua
superfície, subsolo e espaço aéreo. Tudo mais que a ele adere deve ser
considerado imóvel por acessão.

- Bens imóveis por acessão natural (art. 79, 2ª parte): as árvores (quando
destinadas ao corte são consideradas bens móveis por antecipação – plantadas
em vasos também são móveis, porque removíveis); os frutos pendentes (quando
separados são considerados bens móveis), bem como todos os seus acessórios e
adjacências naturais.

- Bens imóveis por acessão artificial ou industrial


Acessão é a justaposição ou aderência de uma coisa a outra. Nesta categoria
é a produzida pelo trabalho do homem e incorpora de forma permanente no
solo de modo que não podem ser retirados sem destruição, modificação,
fratura ou dano. Ex: construções (edifícios). Não se incluem nesse rol
construções provisórias parques de diversões, barracas de feiras, pavilhões
etc.
* Não perdem ainda o caráter de imóveis (art. 81, CC): as casas pré-
fabricadas e os materiais provisoriamente separados de um prédio para nele
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se reempregarem – o que se considera é a finalidade da separação e a


destinação dos materiais – (Ler art. 84, CC).
- Bens imóveis por determinação legal (art. 80, CC): os direitos reais sobre
imóveis e as ações que os asseguram, como também o direito à sucessão aberta
– ainda que todos os bens deixados pelo de cujus sejam móveis; a renúncia à
herança, portanto, é um bem imóvel e deve ser feita por meio de escritura pública
ou termo judicial (art. 1806, CC) - (bens incorpóreos, imateriais (direitos) - o
legislador para maior segurança jurídica os considera imóveis.
II - Dos bens móveis (art. 82, CC)- São móveis os bens suscetíveis de
movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância
ou da destinação econômico-social.
- Bens móveis por natureza que se classificam em:
- semoventes: os que se movem por força própria – os animais.
- propriamente ditos: admitem remoção por força alheia, sem dano, como os
objetos inanimados, não mobilizados por sua destinação – gás, navios,
aeronaves (os últimos são imobilizados somente para fins de hipoteca).
- Bens móveis por determinação legal- ler art. 83, CC
- Bens móveis por antecipação: incorporados ao solo com a intenção de
separá-los oportunamente e convertê-lo em móveis – árvores destinadas ao
corte ou por estarem velhas serem vendidas para fim de demolição.

III - Dos bens fungíveis e consumíveis


- bens fungíveis e infungíveis – são os bens móveis que podem e os que não
podem ser substituídos por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade
(art. 85, CC).

A fungibilidade pode resultar da natureza do bem e da vontade das partes.


Ex.: moeda é fungível (poderá se tornar infungível para um colecionador);
um boi destinado ao corte é fungível (será infungível se emprestado ao
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vizinho para serviços de lavoura); uma cesta de frutas é fungível (será


infungível se emprestada para ornamentação).

* Distinção entre mútuo (objeto somente bens fungíveis) e comodato


(objeto somente bens infungíveis).

* No direito obrigacional também se classificam as obrigações de fazer


em fungíveis e infungíveis.

- Dos bens consumíveis (art. 86, CC) – são os bens móveis cujo uso
importa destruição imediata da própria substância (consumíveis de fato –
gêneros alimentícios), sendo também considerados tais os destinados à
alienação (consumíveis de direito - dinheiro).

- Dos bens inconsumíveis – são os que admitem uso reiterado, sem


destruição de sua substância. Ex.: casa, um carro.
* É importante lembrar que bens consumíveis não se confundem com
bens fungíveis. Pode ser que o bem seja consumível, mas infungível.

- Bens inconsumíveis por convenção: são bens que por sua natureza são
bens consumíveis, contudo, por convenção das partes passam a ser
considerados inconsumíveis. Ex: uma saca de café ou grãos especiais para
exposição onde as partes estipulam que, após o evento, deva ser
devolvida; um alimento comestível ou uma garrafa de bebida rara
emprestados a uma exposição. Ademais, um bem inconsumível de fato
tornar-se juridicamente consumível – livros (não desaparecem pelo fato
de serem utilizados) colocados à venda nas prateleiras de uma livraria.

IV - Dos bens divisíveis e indivisíveis - Com relação à divisibilidade,


consideram-se bens divisíveis aqueles que podem ser fracionados sem alteração
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na sua substância, com diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a


que se destinam (art. 87, CC). Ex: um relógio é indivisível, cada parte não
conservará a qualidade do todo se for desmontado;

* Com diminuição considerável de valor: 10 pessoas herdarem um brilhante


de 50 quilates, que vale mais do que 10 brilhantes de 5 quilates; se esse
brilhante for divisível (e, a não ser pelo critério da diminuição sensível do
valor não o será), qualquer um dos herdeiros poderá prejudicar todos os
outros, se exigir a divisão da pedra.

- Indivisível por determinação da lei (legal – servidões e hipoteca; imóveis


rurais não podem ser dividido em frações inferiores ao módulo regional) ou
por vontade das partes (convencional – prazo não superior a 5 anos,
suscetível de prorrogação ulterior – CC, art. 1.320, §1º)

V - Dos bens singulares e coletivos


 Bens singulares são aqueles considerados quando, embora reunidos, se
consideram de per si, independentemente dos demais (art. 89, CC); ex.:
uma árvore é singular, mas será coletivo se agregada a outras formar
uma floresta.
 Bens coletivos (universais): universalidade de fato: pertinentes a mesma
pessoa (ex.: rebanho, biblioteca –art. 90, CC); universalidade de direito:
o complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor
econômico (herança, patrimônio, fundo de comércio – art. 91, CC).
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 Bens reciprocamente considerados (arts. 92 a 97, CC) –


Dividem-se em principais e acessórios: art. 92, do CC

- Principal: existência própria, por si só.


- Acessório: existência depende do principal.
Exs.: o solo (existe por si só, concretamente, sem qualquer dependência);
a árvore é acessório (sua existência supõe a do solo onde foi plantada);

O contrato de locação, de compra e venda são principais; enquanto que


as fianças, a cláusula penal, nestes estipuladas, são acessórios.

Ex: casa é bem acessório em relação ao solo; sem o solo a casa não tem
como existir; as portas e janelas são bens acessórios em relação à casa;
sem a casa as portas e as janelas não exercerão a função a que se
propõem.

- É importante mencionar que a importância da classificação é o


"princípio de que o acessório segue o principal" (acessorium sequitur
suum principale) – Princípio da Gravitação jurídica. A natureza do
acessório é a mesma do principal - Se o solo é imóvel; a árvore também o
é (por acessão natural); O acessório acompanha o principal em seu
destino - assim se o principal se extingue, extingue-se também o
acessório que segue o destino do principal. O proprietário do principal
também o é do acessório. Essas são as consequências inerentes ao
acessório que segue o principal.

- Espécies de Bens Acessórios (frutos, produtos, pertenças e


benfeitorias)
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a) FRUTOS: utilidades que uma coisa periodicamente produz cuja colheita


não resulta em diminuição do valor ou substância da fonte. Nascem e
renascem sem acarretar-lhe a destruição no todo ou em parte. Não há
destruição da coisa no todo ou em parte.
EXS.: café, cereais, frutos das árvores, leite, as crias dos animais etc.

Os frutos caracterizam-se por três elementos:


 Periodicidade;
 Inalterabilidade da substância da coisa principal;
 Separabilidade desta.

Podem ser classificados:

- QUANTO À ORIGEM:

 naturais desenvolvem-se e se renovam periodicamente em virtude


da força orgânica da própria natureza – (frutos das árvores,
leite, as crias dos animais etc);
 civis: são rendimentos produzidos pela coisa em virtude de sua
utilização por outrem que não o proprietário; decorrente de uma
relação de direito – (juros, aluguéis; fiança);
 industriais: aparecem pela mão do homem, ou seja em razão de
sua atuação sobre a natureza - (produção de uma fábrica, casa
em relação ao solo)
- QUANTO AO ESTADO (relevância utilização no art. 1214, CC):
 Pendentes: enquanto unidos à coisa que os produziu – (frutos de
uma lavoura podem ser negociados ainda pendentes);
 Percebidos ou colhidos: depois de separados – (grãos colhidos);
 Estantes: os separados e armazenados ou acondicionados para
venda – (grãos colhidos e armazenados);
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 Percipiendos: os que deviam ser, mas não foram colhidos ou


utilizados;
 Consumidos: os que não existem mais porque foram utilizados.

b) PRODUTOS: são utilidades que se retiram das coisas diminuindo-lhe a


quantidade, porque não se reproduzem periodicamente (pedras e metais -
ouro em uma mina, petróleo em uma reserva, pedra em uma pedreira).
Distinguem-se dos frutos porque a colheita destes (frutos) não diminui o
valor nem a substância da fonte, enquanto a colheita do produto sim.

* De acordo com o artigo 95 do CC, apesar de ainda não separados


da coisa principal podem os frutos e os produtos serem objetos de
negócios jurídicos. Ex: frutos de uma lavoura podem ser negociados
ainda pendentes; o ouro pode ser negociado antes de sua extração.

c) PERTENÇAS: bens móveis que, não constituindo partes integrantes


(frutos, produtos e benfeitorias) se destinam, de modo duradouro, ao
serviço ou ornamentação de outro (art. 93, CC) - Ex: o equipamento de som
em relação ao automóvel; os armários embutidos em relação ao imóvel;
máquinas utilizadas em uma fábrica, os implementos agrícolas, as
provisões de combustível, os aparelhos de ar condicionado; tratores
destinados à exploração de propriedade agrícola; objetos de decoração
de uma residência; os quadros que adornam as paredes, o trampolim
das piscinas, os santos colocados em nichos próprios; mobiliário em
geral.

* Ver o artigo 94 do CC – distinção de parte integrante (frutos, produtos


e benfeitorias) e pertença negócio jurídico não abrange as pertenças,
salvo resolução legal; manifestação da vontade; ou das circunstâncias do
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caso – Ex.: venda de porteira fechada. Não se aplica, portanto, nesse


caso, a regra de que o acessório segue o principal. As pertenças
geralmente não acompanham o imóvel alienado ou desapropriado.

d) BENFEITORIAS: acréscimos, melhoramentos ou despesas, qualquer


que seja o seu valor, em bem já existente. Classificam-se em
necessárias, úteis e voluptuárias (art. 96, CC).

 Benfeitorias necessárias: têm por fim conservar a coisa e impedir


que ela se deteriore ou pereça. Ex: reparação de uma coluna,
concerto do telhado que esta ruindo.
 Benfeitorias úteis: são as que aumentam ou facilitam o uso da
coisa. Ex: aumento do estacionamento, instalação de aparelhos
hidráulicos, acréscimo de uma varanda, de um banheiro ou de
uma garagem.
 Benfeitorias voluptuárias: são as benfeitorias de mero capricho,
deleite ou recreação. Aumentam o valor da coisa ou tornam a coisa
mais agradável. Ex: trocar o piso, construir uma piscina uma
sauna, decoração em gesso no teto, jardins, mirantes, fontes,
cascatas artificiais.

*Classificação não é de caráter absoluto, podendo uma mesma


benfeitoria enquadrar-se em uma ou em outra espécie, dependendo
das circunstâncias (uma piscina pode ser considerada voluptuária
em uma casa ou condomínio, mas é útil ou necessária em uma
escola de natação).
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OBS. – benfeitorias não se confundem com acessões industriais ou


artificiais, previstas nos artigos 1253 a 1259 CC. As benfeitorias são
obras ou despesas feitas em bem já existente. As acessões industriais
são obras que criam coisas novas, como a edificação de uma casa, e têm
regime jurídico diverso, sendo um dos modos de aquisição de
propriedade imóvel. A pintura ou reparos feitos em casa já existente
constituem benfeitorias.
A retenção – apesar de acarretarem consequências diversas, a
jurisprudência vem reconhecendo o direito de retenção ao possuidor
também nos casos de acessões industriais, malgrado a legislação o
tenha previsto somente para as hipóteses de realização de benfeitoria útil
ou necessária.

 Bens quanto ao titular do domínio

Dividem-se em bens públicos (art. 98, CC) e particulares (por exclusão).

Bens públicos: coisas corpóreas ou incorpóreas pertencentes ao Estado, ou


seja, “as pessoas jurídicas de direito público interno (art. 98, CC).
Compreendem os bens da União, dos Estados, dos Municípios, do Distrito
Federal, além das autarquias e das fundações de direito público”.

o Bens públicos: coisas corpóreas ou incorpóreas pertencentes


ao Estado, ou seja, “as pessoas jurídicas de direito público
interno (art. 98, CC). Compreendem os bens da União, dos
Estados, dos Municípios, do Distrito Federal, além das
autarquias e das fundações de direito público”.- podem ser
utilizados por qualquer um do povo, sem formalidades (praças,
ruas, estradas, rios, mares) – não perde essa característica a
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regulamentação do seu uso pelo Poder Público como na


(hipótese da cobrança de pedágio por exemplo - art. 103,
CC – ou ainda em razão da segurança nacional ou de
interesse público a proibição do trânsito em determinado
local); assim o povo possui apenas o direito de uso, pois o
domínio, com características especiais, (guarda,
administração e fiscalização) pertence à Pessoa Jurídica de
Direito Público.

o Bens de uso especial – se destinam especialmente à


execução de serviços públicos; utilizados exclusivamente pelo
Poder Público (prédios onde funcionam as repartições
burocráticas; repartições públicas, secretarias, escolas,
ministérios etc);

* Os bens de uso comum e de uso especial apresentam as características


de inalienabilidade (não absoluta podendo perder tal característica pelo
fenômeno da desafetação – art. 100, CC), imprescritibilidade,
impenhorabilidade e impossibilidade de oneração.

o Bens dominicais ou do patrimônio disponível – constituem


patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto
de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades (CC,
art. 99, III); sobre eles o Poder Público exerce poderes de
proprietário (bens que não são de uso comum ou especial –
terras devolutas; estradas de ferro; oficinas e fazendas
pertencentes ao Estado); não estando afetados pela finalidade
pública específica, podem ser alienados observadas as
exigências legais (art. 101, CC).
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Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são


inalienáveis enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a
lei determinar (art. 100 CC). Além de inalienáveis, são imprescritíveis e
impenhoráveis – estão fora do comércio e impassíveis de oneração.
A inalienabilidade não é absoluta, a não ser com relação àqueles que,
por sua própria natureza, são insuscetíveis de valoração patrimonial, como
os mares, os rios navegáveis. Os suscetíveis de valoração podem perder a
inalienabilidade que lhes é peculiar pela desafetação.
Desafetação – é alteração da destinação do bem, visando incluir bens de
uso comum do povo ou bens de uso especial na categoria de bens
dominicais, para possibilitar a alienação.
Por outro lado, a característica de alienabilidade dos bens dominicais
também não é absoluta, podendo esse bem ser perdido pela afetação,
ou seja, passar da categoria de bem dominical para categoria de bem
de domínio público, tornando-o inalienável.

A afetação e a desafetação podem se dar de forma expressa ou de forma


tácita.
Serão expressas quando decorrer de ato administrativo ou da lei;
Serão tácitas quando resultarem de atuação direta da administração, sem
manifestação expressa de sua vontade ou de fato da natureza.
Ex. a Administração pode baixar decreto estabelecendo que
determinado imóvel, integrado na categoria de bens dominicais, será
destinado à instalação de uma escola; ou pode simplesmente instalar
a escola nesse prédio, sem qualquer declaração expressa.

* SÚMULA 340 DO STF: Os bens dominicais, como os demais bens


públicos não podem ser objetos de usucapião.
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Bens particulares:

Os Bens particulares são os bens que não pertencem às pessoas jurídicas de


direito público. O método é por exclusão. Aquilo que não pertence ao Estado
será pertencente às pessoas de direito privado, quer natural que r as pessoas
jurídicas.
 Bens quanto a possibilidade de serem ou não comercializados –
É o estudo dos bens quanto à possibilidade deles serem alienados ou não.
Os bens alienáveis são aqueles disponíveis ou sem restrições. Podem ser
transferidos de forma onerosa ou gratuita ao patrimônio de outra pessoa.
Possibilidades : Compra – venda – troca – doação – aluguel - empréstimo
Os bens inalienáveis são aqueles que estão fora do comércio.
São bens naturalmente indisponíveis.
Classificam-se em:
o naturalmente indisponíveis – insuscetíveis de apropriação pelo
homem (ar atmosférico, a água do mar de uso comum, luz do
sol, as estrelas) – água do mar e ar atmosférico podem ser
comercializados se captados em pequenas porções (há, nesses
casos, apropriação).
o legalmente indisponíveis (por força de lei) – bens de uso
comum e de uso especial, bens de incapazes, herança de
pessoa viva; direitos a personalidade, preservados em
respeito à dignidade da pessoa humana, como a liberdade, a
honra, a vida; órgãos do corpo humano (art. 199, § 4º, CF).
o Indisponíveis pela vontade humana – deixados em testamento ou
doados, com cláusula de inalienabilidade – CC, arts. 1.848 e 1.911)

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