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DIREITO CIVIL I

Prof.ª Sandra Abreu

Material de apoio 2

DOS BENS

Os sujeitos de direito, pessoas naturais e jurídicas, são sujeitos de direito e dos bens
como objeto das relações jurídicas.
Todo direito tem o seu objeto, como o direito subjetivo é poder outorgado a um titular,
requer um objeto como instrumento de realização de suas finalidades jurídicas.
Podemos classificar esse objeto da seguinte forma:

1. Bens imóveis e bens móveis


Os bens imóveis, denominados como bens de raiz, são aqueles que não podem
ser transportados, sem a sua destruição, de um para outro lado, denominados
bens de raiz, como o solo e suas partes integrantes, mas não abrange os imóveis
por determinação legal nem as edificações que, separadas do solo, conservam
sua unidade, podendo ser removidas para outro local, arts. 81,I e 83, CC.

“Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou
artificialmente.

Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais:


I — os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram;
II — o direito à sucessão aberta.”

A natureza pode fazer acréscimos ao solo, que a ele aderem, sendo tratados
juridicamente como acessórios dele. O fenômeno pode dar-se pela formação de
ilhas, aluvião, avulsão, abandono de álveo, sendo considerado modo
originário de aquisição da propriedade, criado por lei (CC, art. 1.248, I a IV),
em virtude do qual tudo o que se incorpora a um bem fica pertencendo ao seu
proprietário.

Imóveis por acessão artificial ou industrial

Acessão significa justaposição ou aderência de uma coisa à outra. O homem


também pode incorporar bens móveis, como materiais de construção e sementes
ao solo, dando origem às acessões artificiais ou industriais que se constituem em
modo originário de aquisição da propriedade imóvel.

Toda construção ou plantação existente em um terreno presume-se feita pelo


proprietário e à sua custa, até que se prove o contrário (CC, art. 1.253).

“Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis: I — as edificações que, separadas do


solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local; II — os
materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem.”

Imóveis por determinação legal

O art. 80 do Código Civil considera imóveis para os efeitos legais:

“I — os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram;


II — o direito à sucessão aberta.”

O legislador para maior segurança nas relações jurídicas que envolvam


determinadas situações, nos traz as hipóteses acima, condicionando qualquer
transação, como venda e compra, acessão, usucapião, direito hereditário, dentre
outras modalidades a obrigatoriedade em lavrar escritura pública e registro no
Cartório de Registro de Imóveis, artigos 108, 1226 e 1227, Código Civil e, ainda
a autorização do cônjuge, nos termos do artigo 1647, Código Civil.

2. Bens móveis
Os bens móveis podem ser classificados da seguinte forma:

Os bens móveis são aqueles que podem ser transportados de um lugar para o outro,
por força própria ou estranha sem deterioração.

Podemos exemplificar com a casa pré-fabricada, enquanto exposta à venda ou


transportada, não pode ser considerada imóvel, conforme o artigo 81, I, Código
Civil, mas depois de alterada a destinação econômico-social, será considerada
imóvel, sujeita ao pagamento do imposto predial, não exigido do fabricante e
comerciante.

Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis:


I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem
removidas para outro local;
II - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se
reempregarem.

Art. 82. São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por
força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social.
Semoventes

São os suscetíveis de movimento próprio, como os animais. Movem-se de um


local para outro por força própria. Recebem o mesmo tratamento jurídico
dispensado aos bens móveis propriamente ditos. Por essa razão, pouco ou nenhum
interesse prático há em distingui-los.

Móveis propriamente ditos

São os que admitem remoção por força alheia, sem dano, como os objetos
inanimados, não imobilizados por sua destinação econômico-social, como
exemplos: “moedas, títulos da dívida pública e de dívida particular, mercadorias,
ações de companhias, materiais de construção, enquanto não forem empregados.
O gás e a corrente elétrica, embora não tenham corporalidade, recebe o tratamento
de bem móvel. Com efeito, o Código Penal equipara a energia elétrica, à coisa
móvel, conforme o artigo 155, §3º, Código Penal:

Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor
econômico.

O art. 83 do Código Civil considera móveis para os efeitos legais:


I — as energias que tenham valor econômico;
II — os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes;
III — os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações.”

São bens imateriais, que adquirem essa qualidade jurídica por disposição legal.
Podem ser cedidos independentemente de outorga uxória ou marital. Incluem-se, nesse
rol, o fundo de comércio, as quotas e ações de sociedades empresárias, os direitos do
autor (Lei n. 9.610/98, art. 3º), os créditos em geral etc.
A Lei n. 9.279/96, que dispõe sobre a propriedade industrial, também a considera, no
art. 5º, coisa móvel, abrangendo os direitos oriundos do poder de criação e invenção
do indivíduo.
Quanto aos direitos reais, mencionados no inc. II do citado art. 83 do Código Civil,
compreendem tanto os de gozo e fruição sobre objetos móveis (propriedade, usufruto
etc.), como os de garantia (penhor, hipoteca etc.) e as ações a eles correspondentes.
O inc. III refere-se aos direitos pessoais ou direitos de obrigação, de caráter
patrimonial, que são suscetíveis de circulação jurídica, e respectivas ações. As ações que
os asseguram, pelo nosso direito positivo, são também tratadas como bens móveis, e não
apenas elementos tutelares dos direitos.

Móveis por antecipação

São bens incorporados ao solo, mas com a intenção de separá-los oportunamente e


convertê-los em móveis, como as árvores destinadas ao corte e os frutos ainda não
colhidos.

Bens fungíveis e infungíveis


Bens fungíveis são “os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie,
qualidade e quantidade”, dispõe o art. 85 do Código Civil, como o dinheiro e os gêneros
alimentícios em geral.
Art. 85. São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie,
qualidade e quantidade.
Bens infungíveis
São bens personalizados ou individualizados, por exemplo, um quadro de um pintor
célebre. A fungibilidade é característica dos bens móveis, como o menciona o referido
dispositivo legal. Pode ocorrer, no entanto, que, em certos negócios, a fungibilidade
venha a alcançar os imóveis, por exemplo, no ajuste entre sócios de um loteamento
sobre eventual partilha em caso de desfazimento da sociedade, quando o que se retira
receberá certa quantidade de lotes.

Diniz, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro – Vol. 1 – 38ª Edição 2021.
Gonçalves, Carlos Roberto; Lenza, Pedro. Direito Civil Esquematizado - Vol. 1 - 13ª
edição 2023.

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