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1. BEM X COISA
Para Silvio Rodrigues, coisa seria gênero, e bem seria espécie. Para
ele, "coisa é tudo que existe objetivamente, com exclusão do homem". Os "bens são
coisas que, por serem úteis e raras, são suscetíveis de apropriação e contêm valor
econômico".
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2. CLASSIFICAÇÃO DOS BENS:
a) IMÓVEIS: de acordo com a natureza, bens imóveis são aqueles que não podem ser
transportados, sem destruição (alteração de sua substância), de um lugar para outro.
Ex.: terreno. Ao definir imóveis o CC dispôs tratar-se do solo e de tudo quanto lhe for
incorporado de maneira natural ou artificial (art. 79, CC).
a.1. Bens Imóveis por NATUREZA: aqueles que foram incorporados por força
natural. Ex.: solo, árvore que nasce naturalmente, frutos pendentes, espaço aéreo, o
subsolo.
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a.2. Bens Imóveis por ACESSÃO FÍSICA ARTIFICIAL (INDUSTRIAL): são
aqueles que foram incorporados pelo homem, permanentemente, ao solo. Ex.: semente
lançada ao solo, plantações, edifícios e construções.
a.3. Bens Imóveis por determinação legal (art. 80, CC): A lei diz que é imóvel.
(aqueles que são considerados imóveis para receber uma proteção jurídica maior). São
eles:
I. “os direitos reais sobre bens imóveis” ; (por esta razão há uma
grande formalidade na lavratura de uma hipoteca, por exemplo);
Obs. hipoteca (direito reais sobre imóvel, portanto, também imóvel consoante a regra
supra exposta) embora consistente em garantia real em regra incidente sobre bens
imóveis, nem sempre consistirá bem imóvel, haja vista que na especifica hipótese da
hipoteca incidente sobre navio e aeronaves (reprise-se, bens móveis para fins de
classificação) será considerada bem móvel.
b) MÓVEIS: são aqueles que podem ser movidos de um local para outro, por força
própria (bens semoventes: animais) ou alheia (móveis propriamente ditos: uma
cadeira), sem que seja alterada a sua substância ou destinação econômico-social (art. 82,
CC).
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b.1. Bens móveis por natureza: aqueles que podem ser transportados (ou se
transportar) de um local para outro, sem que se destruam. Ex.: os materiais de uma
construção que ainda não foram utilizados na obra; um livro; um animal de estimação;
cadeira; etc.
b.2. Móveis por antecipação: Segundo Tartuce, "são os bens que eram bens
imóveis, mas que foram mobilizados por uma atividade humana. Exemplo típico é a
árvore cortada, que se transforma em lenha, para alguma finalidade".
Para ROSENVALD e CHAVES FARIAS, são "àqueles bens que, embora imóveis
pela sua natureza, foram mobilizados pela vontade humana, em face de sua função
econômica". Os autores citam o exemplo de uma safra ainda não colhida ou a árvore
destinada ao corte. Verifica-se nestes exemplos, que embora incorporados ao solo, há
destinação prévia de sua mobilização.
b.3. Móveis por determinação legal (art. 83, CC): a lei determina que o bem é
móvel (são tratados como móveis para receber uma proteção jurídica menor). São eles:
Obs.: Por esta razão há furto de energia elétrica. Furto recai apenas sobre bens
móveis.
Exemplo: penhor - cidadão faz empréstimo na CEF e dá seu relógio como garantia,
por penhor. O indivíduo deste modo empenha o relógio (CUIDADO! NÃO DIZER
NUNCA “PENHORANDO” O BEM MÓVEL EM GARANTIA, MAS
SIM “EMPENHANDO” O BEM MÓVEL EM GARANTIA, neste caso). A garantia de
penhor é um direito real sobre bem móvel.
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DANGER:
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Obs.: Esta classificação tem importância nos contratos de empréstimo, referindo-se o
mútuo (empréstimo de consumo) ao empréstimo de bens fungíveis (ex.:
empréstimo de dinheiro), e o comodato (empréstimo de uso) ao empréstimo de
bens infungíveis (ex.: empréstimo de casa, carro, etc.).
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2.5. BENS DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS:
a) Bens divisíveis: segundo o art. 87 do Código Civil, "bens divisíveis são os que se
podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição considerável de
valor, ou prejuízo do uso a que se destinam".
b) Bens indivisíveis – São os bens que não podem ser divididos porque a divisão
acarreta alteração na substância, diminuição do valor ou prejuízo da utilidade.
Ex.: um cavalo vivo dividido ao meio deixa de ser semovente; um veículo; etc.
Obs.: Essa indivisibilidade pode ocorrer por determinação legal (Ex.: herança que é
indivisível até a partilha; a servidão) ou pela vontade das partes.
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2.6. BENS SINGULARES E COLETIVOS:
b1. Universalidade de fato – são bens de propriedade de uma pessoa e, por sua
vontade, são tratadas coletivamente. Exemplo: um rebanho, uma boiada, uma biblioteca;
pinacoteca (quadros), etc. (art. 90, CC).
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2.7. BENS PRINCIPAIS E ACESSÓRIOS:
1º) FRUTOS (art. 95, CC) são bens acessórios que têm origem no bem principal; é
uma utilidade RENOVÁVEL, cuja percepção NÃO ESGOTA a substância da
coisa principal (SE REGENERAM). Os frutos podem ser:
a) Frutos Naturais: são aqueles que decorrem da essência (se regeneram por
natureza) da coisa principal. Ex.: frutos de uma árvore (maçã, laranja, etc.).
Também o bezerro é fruto, já que não impede que a vaca possa dar outras crias.
2º) PRODUTOS: são bens acessórios que saem da bem principal, diminuindo sua
quantidade ou substância, ou seja, é uma utilidade NÃO RENOVÁVEL e cuja
percepção ESGOTA a coisa principal (NÃO SE REGENERAM).
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Exemplos: petróleo é uma utilidade que não se renova; o carvão mineral em relação à
mina do qual foi retirado também é um exemplo de produto.
3º) BENFEITORIAS: são acréscimos (obras) introduzidos pelo HOMEM (que não é
proprietário), na estrutura de um bem móvel ou imóvel, com o propósito de
CONSERVÁ-LO, MELHORÁ-LO, ou EMBELEZÁ-LO, conforme artigos 96 do
Código Civil. Enquanto os frutos e produtos (já estudados) decorrem do bem principal,
as benfeitorias são nele introduzidas.
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do bem. Para tanto, será necessário analisar se o possuidor estava de boa-fé ou má-fé.
4ª) PERTENÇAS (art. 93, CC): são bens acessórios destinados, de forma
duradoura, a servir a um bem principal, atendendo aos seus fins, ou seja, destinados
ao seu uso, serviço ou aformoseamento. Ex.: ar-condicionado colocado em uma casa na
praia; máquinas utilizadas em uma fábrica.
DANGER:
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Resposta: Segundo a doutrina mais respeitada sim, é uma pertença, ressalvada a
hipótese do GPS ou parelho de som estar integrado no automóvel desde a fábrica,
quando será considerada parte integrante do principal. A pertença se acopla ao
todo, mas jamais será parte dependente do todo.
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3. BEM DE FAMÍLIA
3.1. Introdução
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bem de família aos solteiros, divorciados e viúvos, com base no art. 6º da CF
(direito à moradia).
DANGER: A Súmula 449 do STJ não considera como bem de família a vaga de
garagem com matrícula própria, que pode sofrer os efeitos da penhora.
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3.3. Bem de Família Voluntário ou Convencional
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8.009/90 (bem de família involuntário), ou seja, havendo mais de um imóvel, a
proteção recairá sobre o de menor valor.
Ex.: João possui um imóvel no valor de R$ 300.000,00, bem como, outros quatro
imóveis no valor de R$ 150.000,00. Poderá João instituir o imóvel mais valioso como
bem de família, porém, caso assim não faça, a proteção a ser aplicada é a da Lei
8.009/90, razão pela qual, será protegido o bem de menor valor, ou seja, um daqueles
cujo valor é de R$ 150.000,00.
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expressamente pelo art. 46 da Lei Complementar 150/2015 (Nova Lei do
Trabalho Doméstico).
4. Para a execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia real pelo casal
ou pela entidade familiar;
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Obs.: BEM DE FAMÍLIA OFERTADO = O STJ já pacificou o entendimento de que
as restritas hipóteses de penhorabilidade do bem de família são previstas em lei,
consideradas normas cogentes (norma que não admite convenção pelas partes), não
sendo admitida a penhora de bens fora das hipóteses previstas em lei, mesmo que o
devedor o queira. Assim, não é possível a renúncia à impenhorabilidade do
bem de família.
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