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Introdução
Alguns autores classificam os bens como espécie do gênero coisas,
sendo estas tudo que existe na natureza, e aqueles as coisas que são úteis ao
homem, economicamente valoráveis e suscetíveis de apropriação.
O Código Civil de 1916 fazia confusão entre bens e coisas; o atual utiliza
apenas a expressão bens. Mesmo a doutrina classifica de forma diversa bens
e coisas, sendo que muitos utilizam ambas as expressões como sinônimo.
Corpóreos ou incorpóreos
O nosso Código Civil não faz distinção entre bens corpóreos ou incorpó-
reos, como os romanos faziam, contudo essa definição é plausível.
O efeito direto dessa definição é que os bens móveis podem ser adquiri-
dos por simples tradição, sendo que se forem considerados imóveis exigem
escritura pública e, em regra, registro no Cartório de Registros de Imóveis
para que sejam adquiridos.
Ainda, no caso de bens imóveis, caso seu titular seja casado em qualquer
tipo de regime de bens, salvo por separação total de bens, necessita, para
que haja alienação ou hipoteca, a outorga do outro cônjuge (marital ou
uxória), mas, caso o bem seja móvel, tal autorização não é exigida.
Outro efeito prático recai sobre o prazo para usucapião, bem como para
os direitos reais, sendo a hipoteca para bens imóveis e penhor para bens
móveis.
Imóveis
Os bens imóveis são, em regra, os bens que não podem ser transportados
ou removidos de um lugar para o outro sem perder a sua característica, inte-
gridade ou diminuir-lhe o valor.
CC,
Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou
artificialmente.
I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas
para outro local;
Art. 84. Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados,
conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da
demolição de algum prédio.
Bens fungíveis:
Art. 85. São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie,
qualidade e quantidade.
Bens infungíveis: são os bens que são “únicos”, não podendo ser substi-
tuídos por outro de mesmo gênero, qualidade ou quantidade, mesmo
que de maior valor (CC, art. 313).
Art. 86. São consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria
substância, sendo também considerados tais os destinados à alienação.
Art. 1.392. Salvo disposição em contrário, o usufruto estende-se aos acessórios da coisa e
seus acrescidos.
§1.º Se, entre os acessórios e os acrescidos, houver coisas consumíveis, terá o usufrutuário
o dever de restituir, findo o usufruto, as que ainda houver e, das outras, o equivalente em
gênero, qualidade e quantidade, ou, não sendo possível, o seu valor, estimado ao tempo
da restituição.
Art. 87. Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância,
diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam.
Art. 88. Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação da
lei ou por vontade das partes.
Art. 1.320. A todo tempo será lícito ao condômino exigir a divisão da coisa comum,
respondendo o quinhão de cada um pela sua parte nas despesas da divisão.
§1.º Podem os condôminos acordar que fique indivisa a coisa comum por prazo não maior
de cinco anos, suscetível de prorrogação ulterior.
§2.º Não poderá exceder de cinco anos a indivisão estabelecida pelo doador ou pelo
testador.
Art. 89. São singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de per si,
independentemente dos demais.
Art. 95. Apesar de ainda não separados do bem principal, os frutos e produtos podem ser
objeto de negócio jurídico.
Pertenças
CC,
Art. 93. São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de
modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro.
Cuidado:
CC,
Art. 94. Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem
as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das
circunstâncias do caso.
Bens particulares
São os bens que não pertencem às pessoas jurídicas de Direito Público
interno, pertencendo, então, em regra, às pessoas naturais ou jurídicas de
Direito Privado.
CC,
Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de
Direito Público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que
pertencerem.
Res nullius
São as coisas que não pertencem a ninguém, coisas sem dono – animais
selvagens, peixes do mar etc. Os bens imóveis nunca serão res nullius.
Bens públicos
São os bens que pertencem a uma entidade de Direito Público interno,
sejam da União, estados-membros, Distrito Federal, Municípios, Territórios,
Autarquias etc.
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público,
como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.
Bens de uso especial – são os bens utilizados pelo próprio Poder Pú-
blico para execução da função pública – as repartições públicas, os
prédios de escolas públicas, ministérios, prédios da Justiça etc.
Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis,
enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar.
Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei.
CF,
Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinquenta metros
quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua
moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de
outro imóvel urbano ou rural.
[...]
CC,
terras ocupadas pelos índios (CF, art. 231, §4.º); bens de menores (CC,
art. 1.691); terrenos de construção de condomínio edilício enquanto
perdurar o condomínio (CC, art. 1.331, §2.º); bens de família (CC, art.
1.711 a 1.722 e Lei 8.009/90); bens gravados com cláusula de inaliena-
bilidade (CC, art. 1.911).
Resolução de questão
1. (Funrio) Diante da classificação dos bens jurídicos adotados pelo Código
Civil Brasileiro de 2002, um automóvel é classificado como bem:
Assertivas:
Indivisível – bem que não permite divisão sem perder a sua inte-
gridade ou diminuir-lhe efetivamente o valor. Certa.
Solução: E
Atividades de aplicação
1. (Fepese) Assinale a alternativa correta. Consideram-se bens móveis para
os efeitos legais, de acordo com o Código Civil:
Dica de estudo
Caro aluno, é muito importante saber para a prova a classificação dos
bens públicos.
Referências
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tiça, 1972.
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: teoria geral do Direito
Civil. 26. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. v. 1.
GOMES, Orlando. Introdução ao Direito Civil. 19. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2007.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil – parte geral. 13. ed. São Paulo: Saraiva,
2003. (Coleção Sinopses Jurídicas).
______. Direito Civil – parte geral. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. (Coleção Sinop-
ses Jurídicas).
LIMONGI FRANÇA, R. Forma do Ato Jurídico. São Paulo: Saraiva, 1977. p. 192.
(Enciclopédia Saraiva do Direito). v. 38.
MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil – parte geral. 34. ed.
São Paulo: Saraiva, 1997.
______. Curso de Direito Civil – parte I. 32. ed. São Paulo: Saraiva, 2003.
SILVA PEREIRA, Caio Mário da. Instituições de Direito Civil. 18. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 1996.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: parte geral. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
WALD, Arnold. Direito Civil: introdução e parte geral. 11. ed. São Paulo: Saraiva,
2009.
Gabarito
1. B
2. C
3. C