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Referências

ABNT. NBR 6022: informação e documentação: artigo em publicação periódica científica


impressa: apresentação. Rio de Janeiro, 2003. 5 p.

ABNT. NBR 6023: informação e documentação: elaboração: referências. Rio de Janeiro,


2002. 24 p.

ABNT. NBR 14724: informação e documentação: trabalhos acadêmicos: apresentação.


Rio de Janeiro, 2002. 6 p.

COMARELLA, Rafaela Lunardi. Educação superior a distância: evasão discente.


Florianópolis, 2009. 125 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia e Gestão do
Conhecimento) – Centro Tecnológico, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis,
2009.
Patrimônio Público,
DAL MOLIN, Beatriz Helena et al. Mapa referencialMateriais e Logística
para construção de material
didático para o Programa e-Tec Brasil. Florianópolis: UFSC, 2008. 73 p.
Mauro José Kummer
SOBRENOME, Nome. Título do livro. Cidade: Editora, ano.

SOBRENOME, Nome. Título do artigo: complemento. Nome da Revista, Cidade, v. X, n.


X, p. XX-XX, mês ano.

SOBRENOME, Nome. Título do trabalho publicado. In: NOME DO CONGRESSO. Número,


ano, cidade onde se realizou o Congresso. Anais ou Proceedings ou Resumos... Local
de publicação: Editora: data de publicação. Volume, se houver. Páginas inicial e final do
trabalho.

AUTOR. Título. Informações complementares (Coordenação, desenvolvida por,


apresenta..., quando houver etc...). Disponível em: <http://www...>. Acesso em: dia mês
ano.

PARANÁ

Curitiba-PR
2011
Palavra do Professor-autor

Prezado aluno, este material de apoio para suas aulas foi desenvolvido com
muito cuidado. Por meio dele você encontrará informações relevantes e atu-
ais sobre as atividades relacionadas aos profissionais que trabalham com a
Gestão de Materiais, Patrimônio e Logística. Esta disciplina está articulada
com a disciplina de Ética, Finanças e Contabilidade. Apenas o texto não é
suficiente para esgotar assuntos tão importantes e cheios de nuances. Assim
incentivo-o a dar continuidade as suas aprendizagens, por meio de pesquisas
em sites e em diferentes materiais. A Formação em áreas associadas à tec-
nologia exige dedicação e interesse. Certamente você o terá. Bons estudos
e bom proveito.

Professor Mauro José Kummer

11 e-Tec Brasil
Aula 1 – Recursos e patrimônio
público

Prezado aluno, nessa aula você encontrará os primeiro termos relaciona-


dos à disciplina. Serão definidos termos, como: Despesa Pública, Patri-
mônio Público, Bens Públicos e recursos.

Objetivos da aula: Proporcionar os primeiros contatos com o tema Re-


cursos e Patrimônio Público

1.1 Recursos
Toda organização efetua processos de transformação. Objetos e pessoas são
continuamente transformados. Em Administração, a ação de transformar
chama-se processo e já foi sinônimo de produção (Gestão de Processos
Fabris). O termo Produção foi expandido e com o passar do tempo foram
incorporadas atividades relacionadas à área de serviços. O conceito passou
então a chamar-se de operações (Gestão da Produção e de Serviços). Assim
uma organização, seja qual for independente do que ela faça ou proporcio-
ne pode ser entendida sob a visão da Gestão de Operações.

Figura 1.1: Gestão de Operações


Fonte: Elaborado pelo autor

O processo de transformar pode resultar em saídas tangíveis (produtos) ou


intangíveis (serviços).

Figura 1.2: Transformação de Recursos em


Produtos e/ou Serviços
Fonte: Elaborado pelo autor

15 e-Tec Brasil
Como nada se cria a partir do nada, para haver uma saída de um processo
deve necessariamente haver uma entrada (recurso). Em uma transformação
existem dois elementos relacionados à entrada de um processo, são eles
elementos a serem transformados e elementos transformadores. Os
elementos a serem transformados são chamados de recursos. São cinco os
tipos de recursos:

Figura 1.3: Tipos de Recursos


Fonte: Elaborado pelo autor

Então, vamos nos concentrar no estudo sobre recursos e aprofundar a ques-


tão sobre os denominados materiais e patrimoniais, muito embora todos
os tipos de recursos sejam importantes e estejam interligados vamos deixar
para vocês buscarem mais conhecimentos sobre os demais tipos de recursos
classificados como: Capital, Humanos e Tecnológicos.

Não existem recursos infinitos ou renováveis, ou seja, eles sempre são finitos,
portanto cabe à Administração buscar alternativas para mitigar o seu uso e
aproveitá-los melhor.

e-Tec Brasil 16 Patrimônio Público, Materiais e Logística


1.2 Administração de Recursos Patrimoniais
A administração dos recursos patrimoniais trata da sequência de opera-
ções que vão desde a identificação dos fornecedores, passando pela compra
e recebimento do bem, para depois lidar com sua conservação, manutenção
e, quando for o caso, de sua alienação.

Bens são muitas vezes considerados como riqueza e, frequentemente, são


tratados como sinônimos para recursos. Uma ambulância (automóvel) é con-
siderada como um bem (móvel), mas seu uso é tratado como recurso para se
atingir um fim (saúde pública).

Figura 1.4: Ambulância SAMU


Fonte: http://www.es.gov.br

1.2.1 O que é despesa pública?


São gastos fixados em lei orçamentária ou em leis especiais destinadas a execução
de serviços públicos e dos aumentos patrimoniais. São divididas em dois grupos,
a saber: Despesa Orçamentária e Despesa Extra-orçamentária. Despesa
orçamentária é aquela que depende de autorização legislativa e é fixada no
orçamento público. Despesa extra-orçamentária é aquela paga à margem da lei
orçamentária, não depende de autorização legislativa, mas depende de receitas
extra-orçamentárias.
Figura 1.5: Gastos Públicos
Fonte:www.shutterstock.com

Aula 1 – Recursos e patrimônio público 17 e-Tec Brasil


1.2.2 O que é Patrimônio Público?
Corresponde ao conjunto de bens, direitos e obrigações avaliáveis em moeda
corrente, das entidades que compõem a Administração Pública. O Código
Civil Brasileiro, em seu artigo 98, determina que “são públicos os bens de
domínio nacional pertencentes à União, aos Estados, ou aos Municípios”.
Todos os outros são particulares, seja qual for à pessoa a quem pertencem.
Os bens públicos são:

De uso comum do povo como mares, rios, estradas, ruas e praças.

Figura 1.6: Patrimônio de uso comum


Fonte: www.shutterstock.com

Aproveite e faça uma visita De uso especial como edifícios ou terrenos aplicados a serviço ou
virtual ao palácio Iguaçu,
sede do governo do estabelecimentos federais, estaduais ou municipais.
Estado do Paraná, no
link: http://www.casacivil.
pr.gov.br/ipix/vis_index.php.

e-Tec Brasil 18 Patrimônio Público, Materiais e Logística


Dominicais, isto é que constituem o patrimônio da União, dos Estados, ou
dos Municípios, como objeto de direito pessoal, ou real de cada uma dessas
entidades. (artigo 99). Bens Dominicais: constituem o patrimônio público, e
são considerados para efeito de escrituração e de registro contábil.

Bens Patrimoniais são recursos das organizações.

1.2.3 O que é Patrimônio?


Patrimônio pode ser conceituado como um conjunto de bens, valores, direi-
tos e obrigações de uma pessoa ou organização seja ela pública ou privada.
Administrar o patrimônio significa gerir direitos e obrigações.

Bens patrimoniais podem ser entendidos como instalações, prédios, terrenos,


equipamentos e veículos das organizações.

Resumo
Nessa aula você aprendeu o que são recursos organizacionais, estudou o
conceito ampliado de operações, iniciou a compreensão sobre a importância
da administração patrimonial, estabeleceu uma associação entre recursos e
despesa pública e o que é patrimônio público.

Atividades de aprendizagem
• Pesquise o conceito de Patrimônio Público no MCASP!

Aula 1 – Recursos e patrimônio público 19 e-Tec Brasil


Aula 2 – Gestão de materiais na
área pública

Nesta aula você conhecerá um pouco mais sobre o que é Gestão de Ma-
teriais e o que são estoques.

Objetivos da aula: Estudar e aprender sobre a Gestão de Materiais na


área Pública e sobre os estoques.

2.1 A Gestão de Materiais na área Pública


Vamos relacionar estes processos de Gestão de materiais às suas causas ge-
radoras, representadas pelo desequilíbrio que existe entre a necessidade de
consumo e a necessidade de fornecimento.

A Gestão de materiais é a etapa seguinte a da adjudicação da licitação. O


combate ao desperdício, amplamente defendido pela população brasileira, a
globalização da economia, a diminuição das barreiras comerciais são fatores Adjudicação
s.f. Direito Ato, judicial ou
impulsionadores da chamada “compra correta”. administrativo, que dá a alguém
a posse de determinados bens.
Atribuição do objeto adjudicado
Compra correta é um conceito complexo que envolve quantidade, ao adjudicatário.
qualidade, custos e prazos.

O conceito de compra correta terá um significado mais claro ao decorrer


dos estudos nas próximas aulas. Para iniciarmos a defesa das razões e da
importância da gestão de materiais para as organizações públicas, vamos
recorrer ao exemplo simples representado pela caixa de água. Em uma caixa
d’água existe uma entrada (a fonte de suprimento). A entrada de água pode
se apresentar de forma variável, como nas nossas residências, em algumas
horas do dia a água está disponível e em outras pode ocorrer à falta em
determinados períodos (curtos ou longos) ou mesmo a interrupção total dos
serviços. Isto representa a chamada imprevisibilidade e o fator de risco
do abastecimento. Como imprevisibilidade, teremos todos os fatores in-
ternos e externos que contribuirão negativamente para que ocorra falta de
itens em estoque. O risco está associado à imprevisibilidade e é objeto de
preocupação dos gestores. Ações para minimização de riscos fazem parte
das tarefas dos gestores. A imprevisibilidade e o risco são motivos da exis-
tência da caixa de água. Se existisse contínuo abastecimento de água, na
quantidade necessária, não haveria necessidade da caixa d’água, certo?

21 e-Tec Brasil
Analisando o tamanho do orçamento da estrutura pública como uma orga-
nização, pode-se ter uma ideia da dimensão da importância que a gestão
de materiais tem, seus efeitos internos sobre a organização estatal, seus
beneficiários assim como seus efeitos sobre seus fornecedores e a socieda-
de. Quando o governo estabelece um processo de compras ocorre intensa
mobilização na economia, pois os valores envolvidos são muitas vezes signi-
ficativamente elevados e em grandes quantidades.

Entender a dinâmica das compras (além do processo de licitação), posiciona-


ram-se a frente das situações emergenciais, ter estoques para poder fazer a
máquina pública continuar em movimento, tudo isto dentro de um padrão
ético e sob constante vigilância formam o conjunto de desafios da gestão de
materiais na administração pública.

Figura 2.1: Atendimento médico


Fonte:www.shutterstock.com

2.2 Estoques
Todas as organizações têm estoques e que de acordo com as políticas
públicas e dos modelos de gestão praticados, estes estoques poderão ser
maiores ou menores. É importante diferenciar estoques de armazenagem.
Quando falamos em estoques nos referimos a coisas tangíveis, ou seja, ao
dinheiro público armazenado sobre a forma de produtos. Armazém se refere
à estrutura física e operacional para conter, proteger, manter e disponibi-
lizar estes estoques. Armazenagem é o ato de guardar coisas em armazéns.

e-Tec Brasil 22 Patrimônio Público, Materiais e Logística


Figura 2.2: Estoque
Fonte:www.shutterstock.com

O armazém, assim como as pessoas que nele trabalham, normalmente não


é percebido no dia a dia das organizações públicas. São consideradas estru-
turas de apoio para atividades meio e não atividades fim. Essas represen-
tam as pessoas e equipamentos que estão por trás das paredes realizando
um serviço importante, mas longe dos olhos dos demais.

Resumo
Nesta aula, você teve oportunidade de iniciar o estudo do tema Gestão do
Patrimônio Público e algumas de suas implicações. Além disso, você teve
contato com o elemento de ligação desta aula com a próxima, que vai apro-
fundar o tema sobre materiais. Lembre-se que os temas são relacionados,
quem cuida do patrimônio acaba se envolvendo com a administração de
materiais.

Atividades de aprendizagem
• Aproveite e pesquise sobre as diferenças entre Material de Consumo
e Material Permanente.

Aula 2 – Gestão de materiais na área pública 23 e-Tec Brasil


Aula 3 – Ética na gestão de
materiais

Nesta aula você estudará a relação entre a ética e a gestão de materiais


e a formulação de códigos de ética.

Objetivos da aula: Compreender a relação da ética envolvida na questão


da gestão de materiais e a aplicação de um código de ética pública.

3.1 Ética na Gestão de Materiais


Antes de entrarmos na parte técnica do assunto de Gestão de Materiais,
Patrimônio Público e Logística é preciso estudar a questão da ética e da
moral em Gestão de Materiais. A gestão de materiais e bens patrimoniais
necessariamente passa pela compra, armazenagem e destinação de produ-
tos e serviços. Assim é preciso conceituar alguns termos para evitar má inter-
pretação. Primeiramente volte nos seus estudos e reveja a parte já estudada
sobre ética. O ponto de partida é que existe certa confusão entre o que vem
a ser moral e o que vem a ser ética. Vamos rever as definições que você já
aprendeu, mas agora com ênfase em Gestão de Patrimônio:

Definição de Moral: você poderá pesquisar e comprovar que existem


diversas definições para o termo, uma delas, segundo o Moderno Dicio-
nário da Língua Portuguesa é: “Parte da filosofia que trata dos atos hu-
manos, dos bons costumes e deveres do homem em sociedade e perante
os de sua classe” (MICHAELIS, 1998).

Definição de Ética: Da mesma forma que para moral, existem diversas


definições para ética. Novamente do dicionário vamos buscar “Parte da
filosofia que estuda os valores morais e princípios ideais de conduta hu-
mana”. (MICHAELIS,1998)

De certa forma a moral está fora do homem e a ética dentro do homem, ou


seja cada um de nós sabe extamante o que é certo e o que é errado. Isto está
dentro de nós, portanto é ética. Outra forma de ver a questão é aceitar a
ética como o julgamento da moral. A moral é do grupo, dos outros, você e
eu como indivíduos podemos querer fazer parte de um grupo, ou seja moral

25 e-Tec Brasil
é um conjunto de atos e pensamentos, praticados e aceitos por determinado
grupo de pessoas, portanto como existem diversos grupos, existem diversas
morais, mas a ética é apenas nossa, portanto é única.

3.1.1 Aética e antiética: o que significam?


Aética é uma palavra formada pelo sufixo “a” mais a palavra ética. O “a”
significa a não existência de discussão e da necessária compreensão para
determinada situação, é como se o campo do conhecimento ainda não ti-
vesse sido suficientemente estudado e discutido e portanto não alcançado
uma clarificação, limite no qual não existe uma opinião formada sobre algo.
Antiética, da mesma forma é uma palavra formada pelo sufixo “anti” e a
palavra ética. Neste caso “anti” significa a negação de algo, ou seja a nega-
ção da ética. É assim que se descreve um comportamento contrário ao que
a ética afirma ser o certo.

Uma outra maneira de se ver a relação entre moral e ética é que a


ética é o julgamento da moral.

Bom, então por que se estuda ética em administração de materiais?

Transcendental Esta é uma resposta simples e ao mesmo tempo complexa. Uma delas é
adj. Filosofia. Que pertence
à razão pura, a priori, porque os profissionais de compras trabalham com a saída de dinheiro
anteriormente a qualquer das instituições e por esta razão são alvo de pessoas inescrupulosas, que
experiência, e que constitui
uma condição prévia dessa querem amealhar parte do dinheiro público de forma ilícita. A outra é
experiência: segundo Kant, transcendente, justifica-se pela nossa imperfeição como criatura e a nossa
o espaço e o tempo são dois
conceitos transcendentais. continua busca por sermos melhores.

Não basta ser ético e honesto, é essencial parecer como tal.

Você já deve ter aprendido que o desvio do dinheiro se dá tanto pela saída
do caixa, por meio dos pagamentos efetuados, mas há outra forma de se
desviar dinheiro das instituições públicas se dá pela entrada de dinheiro, ou
seja, pela arrecadação.

Outra questão que envolve a ética se dá sobre o comportamento de


Pesquise as chamadas disfunções
da burocracia apontadas por funcionários públicos inescrupulosos que criam dificuldades operacionais aos
Max Weber no livro: “Introdução beneficiários (clientes) e fornecedores e exigem benesses em contrapartida.
a Administração” de Antonio
Cesar Amaru Maximiniano. Está é a chamada disfunção maxweberiana (Max Weber).

e-Tec Brasil 26 Patrimônio Público, Materiais e Logística


A legislação pública se vale de dispositivos legais, que punem os
funcionários que agem de má fé contra a gestão dos recursos pú-
blicos.ética é o julgamento da moral.

3.2 Código de ética em compras

É importante que as empresas públicas além das questões legais pertinentes,


desenvolvam um código de ética no intuito de estabelecer um conjunto
de procedimentos a serem observados e seguidos pelos negociadores Analise o código de ética
do Conselho Brasileiro dos
profissionais e que leve em consideração, entre outros, os seguintes temas: Executivos de Compras, para
tanto visite o
site http://www.cbec.org.br
a) Integridade pessoal dentro e fora da organização; você poderia aplicá-lo em sua
organização?
b) Competência pessoal;

c) Cumprimento das legislações que afetam os negócios;

d) Conflito de interesses;

e) Manifestações de hospitalidade e presentes;

f) Confidencialidade de informações empresariais;

g) Comportamento nas negociações;

h) Sustentatbilidade;

i) Responsabilidade social.

As organizações devem criar seus códigos de ética tanto para a


área de compras, quanto para a área de entrega (vendas) de pro-
dutos e serviços.

3.2.1 O que é conflito de interesses?


É desejável que o funcionário tenha em sua pasta funcional uma declaração
assinada sobre a aceitação das consequências de seus atos e sobre atividades
que não possam ser desenvolvidas durante o exercício de sua função que
deva ser seguido, sob pena de demissão por justa causa. Por exemplo, um
comprador de órgão público não pode ser sócio de empresa privada que
venda produtos e serviços ao governo, pior ainda se a venda for feita para
o próprio setor no qual o funcionário é o comprador. Cabe ao negociador
perceber que seus interesses pessoais poderão conflitar ou possam ser vistos

Aula 3 – Ética na gestão de materiais 27 e-Tec Brasil


como passíveis de afetar sua imparcialidade no julgamento dos processos,
no decorrer da atividade negocial, ele deve informar sua supervisão para que
esta julgue sobre o eventual conflito de interesses.

O comprador não pode ter conflitos de interesse com a organização

3.2.2 O
 que são manifestações de hospitalidade e
presentes?
Fornecedores podem usar, intencionalmente e com frequência, de técnicas
para agradar aos clientes. Isto pode ser feito de diversas maneiras. Um sim-
ples “brinde” como uma caneta, uma agenda, ou mesmo uma refeição ou
ainda viagens com hospedagens e diárias pagas. As organizações devem
explicitar o que é permitido ao funcionário público e o que não é.

Discuta com seus colegas sobre as diferenças de percepção sobre o valor


que uma pessoa atribui a um presente serem totalmente diferentes daqueles
percebidos por outra pessoa. Ou seja, a mesma ética aplicada em compras
deve ser seguida em vendas (ou entrega dos produtos e serviços). Lembre-se
que existem organizações públicas que vendem produtos e serviços.

Nas manifestações de hospitalidade como convites para “almoços de negó-


cio”, a boa prática é que o comprador pague suas despesas normalmente,
não aceitando que os fornecedores as paguem.

Em caso de eventos como feiras, simpósios, congressos e atividades similares


proporcionadas por fornecedores e que normalmente são realizadas para
lançamento de produtos, a frequência, dimensão e facilidades colocadas
para o convidado devem ser observadas com cuidado para que não sejam
excessivas e venham a exercer impacto na cooptação do comprador pelo
excessos de “bondades”.

O servidor público deve cuidar para não aceitar brindes que


comprometam sua capacidade de discernimento

3.2.3 O
 que é a confidencialidade de informações
empresariais?
O tema da confidencialidade de informações pode ser visto sob dois ângu-
los diferentes; um relativa às informações internas da organização pública
e outro relativo a dos fornecedores com os quais desenvolve os contatos
comerciais.

e-Tec Brasil 28 Patrimônio Público, Materiais e Logística


Informações da organização pública: Por sua atuação profissional, o compra-
dor participa dos processos de discussão internos e toma conhecimento de
dados de sua organização e, alguns, particularmente de grande necessidade
de sigilo.

Nas relações e contratações com os fornecedores, o comprador deve ater-se


ao estrito limite do uso das informações relativas aos produtos e serviços,
objetos da negociação e, caso seja necessário o fornecimento de informa-
ções consideradas sigilosas aos fornecedores; deve obter dos mesmos, por
escrito, mediante contrato de confidencialidade, declaração ou declarações
de manutenção do sigilo sobre as mesmas.

A organização e o fornecedor quando necessário devem


estabelecer contratos de confidencialidade de informações para
evitar transtornos e possíveis processos jurídicos.

Os compradores das organizações públicas devem deixar claro em seus con-


tratos com fornecedores que estes não poderão, salvo após autorização es-
crita e expressa, utilizar em suas peças promocionais o nome ou marcas da
empresa contratante.

3.2.4 O que são informações dos fornecedores?


O comprador toma conhecimento de informações de seus fornecedores so-
bre preços, capacidades, condições comerciais, aspectos societários e cadas-
trais, etc. Tais informações devem ser utilizadas exclusivamente para o pro-
cesso negocial com seu fornecedor, não devendo nunca ser divulgadas para
terceiras partes, não importando se para obter vantagens em negociações
com terceiros ou não.

Um cuidado especial ocorre nos processos licitatórios nos quais são abertas
as propostas comerciais, dos diversos pretensos fornecedores de produtos e
serviços. Neste momento é permitido a apresentação de recursos de parte de
fornecedores, contra outros fornecedores concorrentes, por entender haver
prejuízo na disputa.

Resumo
Nesta aula, você teve oportunidade de iniciar o estudo sobre as relações
entre a ética e a gestão de compras de materiais e de patrimônio público
e algumas de suas implicações. Lembre-se que quem cuida de patrimônio
acaba se envolvendo com a administração de materiais e com as compras.

Aula 3 – Ética na gestão de materiais 29 e-Tec Brasil


Aula 6 – Gestão de compras

Nesta aula você encontrará aspectos ligados a Gestão de Materiais e


algumas preocupações dos gestores e funcionários desta área.

Objetivos da aula: estudar e compreender a estrutura organizacional


da área de gestão de materiais (compras), o papel dos fornecedores
como fonte de informações e dos modismos administrativos aplicados
na gestão de materiais.

6.1 A estrutura organizacional


A estrutura das organizações pode ser interpretada como uma extensão físi-
ca do pensamento do gestor que se manifesta fisicamente por uma relação
de poderes e atribuições. Pessoas são colocadas para trabalhar juntas por
diversos motivos. A representação física das relações de poder e de depen-
dência entre estas pessoas é chamada de organograma. Nas organizações
públicas encontramos formas diferentes de nomear os departamentos res-
ponsáveis pelas atividades de compras e de gestão de materiais, tais como
departamento de compras, engenharia de compras, central de compras,
gestão de materiais, departamento de logística e por aí afora. Estas diferen-
tes formas de nomear representam a diversidade do pensamento adminis-
trativo (teorias da administração).

Figura 6.1: Trabalho


Fonte: www.shutterstock.com

41 e-Tec Brasil
Vamos simplificar a questão e chamar simplesmente de gestão de compras. A
gestão de compras pode ser descrita, de forma simples, como sendo a interface
entre a unidade pública e seus fornecedores, para obter informações, produtos
e serviços. Esta definição coloca a função compras como atividade meio e não
como atividade fim. Isto pode desagradar profissionais da área que gostariam
de ver o seu departamento como o mais importante da organização pública.

A organização pública deve ser vista como um sistema, onde não


existe nenhum departamento mais importante do que o outro.

Uma primeira atividade da gestão de compras é de estabelecer os contatos


com os fornecedores.

6.2 Fornecedores como fonte de informações


O profissional da gestão de compras tem suas atividades facilitadas pelos
próprios fornecedores, pois em muitos casos são eles que normalmente
procuram as organizações públicas e oferecem produtos, serviços e
informação. Esta forma reativa de trabalhar pode levar os profissionais
da gestão de compras a um acomodamento. Você deve investigar novos
fornecedores potenciais, na busca constante por fornecedores de tecnologias
Figura 6.2: Conectados
Fonte: www.shutterstock.com emergentes. Você deve manter-se pró-ativo para não cair nas armadilhas
da passividade.

A gestão de compras deve fornecer suporte técnico às operações


Pró-ativo
adj. Que pensa e age governamentais, pois vivemos na era da informação e os próprios
antecipadamente. Que, por fornecedores são fontes valiosas de conhecimento. As operações precisam
antecipação, adota medidas
para evitar ou resolver futuros ser continuamente realimentadas por informações sobre os insumos,
problemas.
recursos transformadores, também chamados de matérias-primas e
recursos auxiliares, também chamados de materiais auxiliares.

6.2.1 O que são materiais auxiliares?


São aqueles empregados nos processos, mas que efetivamente não são
entregues ao beneficiário. Um médico pode medir a temperatura do
paciente, mas não precisa entregar o termômetro ao mesmo. A gestão de
compras deve abrir canais de comunicação, por meio de solicitações de
demonstrações, visitas a feiras nacionais e internacionais e atuar no
desenvolvimento dos fornecedores.

e-Tec Brasil 42 Patrimônio Público, Materiais e Logística


O gestor deve ter
sempre em mente
que o ciclo de vida dos
produtos interfere na
decisão de compras.

Figura 6.3: Feira Internacional


Fonte: www.shutterstock.com

6.3 Modismos na gestão de materiais


Existe certo “modismo” atualmente em se terceirizar, de remeter tudo
quanto possível à organização para ser feito fora, por outras pessoas, sem
refletir muito sobre a questão. A linha de defesa desta forma imediatista de
pensamento adiminstrativo é a de que é preciso concentrar o esforço no
foco principal da organização. É bom frisar que este tipo de raciocínio levou
as organizações a terceirizar processos e que depois tiveram de voltar atrás.
Outra crítica feita neste caso é a falsa ideia de se utilizar a terceirização como
alternativa para fugir da lei de responsabilidade fiscal.

Em primeiro lugar se deve analisar a possibilidade de se fazer a


atividade internamente e só depois de se comprar externamente.
existe nenhum departamento mais importante do que o outro.

A decisão de se fazer externamente deve ser considerada, quando não


haja capacidade marginal disponível. Os fatores, custo, qualidade, rapidez,
confiabilidade e flexibilidade servem de parâmetro para apoiar a escolha da
decisão.

A decisão de fazer ou comprar deve ser estrategicamente


ponderada!

Resumo
Nesta aula, você teve oportunidade de iniciar o estudo do tema Gestão Pa-
trimônio Público e algumas de suas implicações.

Aula 6 – Gestão de compras 43 e-Tec Brasil


Atividades de aprendizagem
• Pesquise quais são os limites impostos pela lei de responsabilidade fiscal,
no que se refere a gastos para pagamento de funcionalismo. Se você fos-
se o gestor responsável como resolveria uma situação hipotética na qual
você estaria acima do limite permitido.

Anotações

e-Tec Brasil 44 Patrimônio Público, Materiais e Logística


Aula 7 – A evolução da gestão de
materiais

Nesta aula você aprenderá sobre a evolução do pensamento


administrativo, aplicado a gestão de materiais, compreenderá o que
vem a ser burocracia e seus desvios. Como a gestão pela qualidade e
o pensamento estratégico afetam a gestão pública e por que os custos
são importantes.

Objetivos da aula: Compreender a relação sistêmica e holística da


administração de materiais nas organizações públicas.

7.1 Evolução do pensamento administrativo


Quando Henry Ford iniciou a “Ford Company”, tinha como objetivo ganhar
em todas as etapas do processo de fabricação. Pensava em fazer tudo para
sua atividade fim, queria ser autossuficiente e independente. Afinal para que
trabalhar com fornecedores e gerar lucro para os outros se ele poderia fazer
por si? Seria ótimo ficar com esta parcela dos lucros. Enquanto organizações
como a Ford pensavam na sua autossuficiência como alternativa, organiza-
O fordismo é um sistema de
ções como a General Motors - GM pensavam de forma diferente, na medida produção, criado pelo empresário
em que compravam outras organizações fabricantes de veículos, mantinham norte-americano Henry Ford.
Sua principal característica é
a independência destes, e isto contribuia para uma pluralidade de ações, na a fabricação em massa. Ford
inventou este sistema em 1914,
competição entre elas no tocante a usar componentes comuns. para sua indústria de automóveis
projetando um sistema baseado
numa linha de montagem.
No caso da Ford a gestão de compras não se desenvolveria tanto quanto Fonte: Ataptado de http://www.
na GM. Nesta época, e até os dias de hoje, o pensamento dominante é de infoescola.com/economia/
fordismo/
que a relação entre comprador e fornecedor pendia para a relação ganha-
-perde, ou seja, enquanto alguém ganha o outro perde, seja o estado seja
o fornecedor.

Após a reconstrução dos países arrasados pela segunda guerra mundial, a


Um filme interessante que
relação entre oferta e demanda se alterou drasticamente. Na medida em aborda o taylorismo e o
fordismo é “Tempos Modernos”
que as organizações públicas assumiam características de um estado centra- (1936), produzido e estrelado
lizador, percebiam que seus resultados deixavam de ser suficientes para se por Charles Chaplin. O filme
faz uma crítica ao sistema de
concentrar no processos internos, na busca de eficiência e eficácia. produção em série, além de
mostrar a combalida economia
norte-americana após a crise
econômica de 1929.

45 e-Tec Brasil
7.2 O
 modelo burocrático proposto por Max
Weber
O sociológo Max Waber propôs que a burocracia seria a melhor forma de
administrar países e governos, por conseguinte organizações. As ideias de
Weber tiveram ampla aceitação e passaram a dominar nas funções públicas.

Burocracia não é algo bom nem mau.

É necessário advogar em favor da burocracia e desmistificar o senso comum.


O senso comum produz a falsa ideia de que a burocracia é algo ruim. Na
Algumas tentativas de verdade os desvios do pensamento proposto por Max Weber, a chamada dis-
desburocratizar o serviço público,
foram feitas durante o regime função da burocracia é que é criticável. A burocracia pela burocracia, o con-
militar, para aprofundar seu trole pelo controle, a limitação da ação do funcionário público, os desvios de
conhecimento visite o
site: http://www. conduta no qual o funcionário cria dificuldades para depois “vender” favo-
desburocratizar.org.br
Lá você poderá entrar em
res não são compatíveis com a definição proposta por Weber de burocracia.
contato com as ações tomadas
pelo então ministro da
desburocratização Hélio Beltrão, Este processo continuou evoluindo até que na década de 1980, na Inglaterra
as quais ainda são válidas. O que e nos Estados Unidos, e depois no Brasil a gestão neoliberalizante impul-
você percebe entre a situação
atual e a situação de então? sionou a sociedade a cobrar dos órgãos públicos melhorias significativas, e
entre elas a simplificação dos processos de compras públicas. A lógica por
trás dos chamados sistemas de gestão, baseados na qualidade é colocar o
beneficiário como centro das ações.

Uma das maiores dificuldades para os processos públicos é a inconstância do


abastecimento de insumos, o que obriga as organizações públicas a investir
em estoques de segurança. Esta inconstância na verdade é um problema que
está atrelado ao fato dos órgãos públicos “importam problemas” de seus
fornecedores.

O processo produtivo, na medida em que percebia os estoques


como “problemas” buscou alternativas em compras.

7.3 A gestão pela qualidade


A revolução da qualidade no Brasil começou com o governo de Fernando
Collor de Melo. Foi criada a Fundação Prêmio Nacional da Qualidade. A
partir dai a administração brasileira mudou significativamente. Os princípios
qualitativos passaram a ser incorporados na elaboração de produtos e
serviços. O comportamento do beneficiário (cliente) mudou radicalmente.

e-Tec Brasil 46 Patrimônio Público, Materiais e Logística


7.4 A gestão estratégica
O uso de ferramentas estratégicas pela administração permite que as or-
ganizações tenham melhores resultados operacionais nas políticas públicas
de curto a longo prazo. O uso da estratégia na administração foi mais uma
das formas de se buscar vantagem em um mercado altamente competitivo.
Na administração, com viés em planejamento estratégico, afirma-se que se
deve transformar as ameaças (externas) em oportunidades (externas), ou
seja, a ameaça representada pelo fornecedor (inconstância) na oportunidade Viés
Fig. De maneira indireta. Tendên-
(parceria) com o fornecedor. Isto exige uma mudança radical na maneira de cias, propensão.
se ver a relação entre a instituição pública e fornecedor.

Se analisarmos o que um fornecedor objetiva, veremos que pode ser o cres-


cimento de seu faturamento, outro objetivo pode ser a diminuição do custo
de vendas, que pode ser obtido pela diminuição do tamanho da carteira de
clientes. Da mesma forma que o fornecedor tem seus objetivos estratégicos
o governo também os tem: rapidez, confiabilidade, flexibilidade, qualidade
e custos.

7.5 Custos
Se os custos são um problema para as organizações públicas, a redução do
tamanho dos estoques e a melhoria no processo de compras, sem prejudicar
a operação, é um objetivo a ser conquistado. Uma das formas de se diminuir
o tamanho dos estoques é eliminar a incerteza do reabastecimento, ou seja,
aumentando a confiabilidade da entrega do fornecedor. Outra forma é au-
mentando a rapidez da entrega, mas isto também pode significar aumento
de custos. Se o fornecedor pode ser mais flexível na entrega esta também é
um ponto que permite ganhos ao estado. A qualidade do produto entregue
também reduz os estoques, pois se pode trabalhar com qualidade assegura-
da e desta forma os estoques podem ser menores e consequentemente os
custos.

Os custos devem ser observados não de forma pontual e isolada como preço
por unidade comprada, mas se deve enchergar o valor total, que envolve to-
das as perdas decorrentes da falta de flexibilidade, da falta de confiabilidade,
da falta de qualidade, da baixa rapidez e os custos sociais como a poluição e
o excesso de consumo de energia.

É preciso enchergar os custos de forma global e não pontual.

Aula 7 – A evolução da gestão de materiais 47 e-Tec Brasil


Desta forma, as organizações sejam elas públicas ou particulares (fornecedo-
res) podem negociar sobre uma base mais clara e objetiva. Um fornecedor
pode ter a sua carteira de pedidos para uma organização pública aumentada
enquanto o governo pode obter produtos com maior confiabilidade na en-
trega. Assim se estabelece uma relação de parceria ganha-ganha.

A gestão de compras pode e deve desenvolver os fornecedores utilizando as


boas práticas de sua organização como, por exemplo, um sistema da qua-
lidade e um sistema de informações eletrônicas. Muitos fornecedores tra-
balham com pouca tecnologia ou ainda com controles manuais e arcaicos.
Essa prática inviabiliza a eficácia no controle de custos e consequentemente
aumenta os ricos de perdas.

Figura 7.1: Computador bolsa de valores, Nasdaq


Fonte: http://olhardigital.uol.com.br

Resumo
Nesta aula, você teve oportunidade de iniciar o estudo do tema Gestão Pa-
trimônio Público e algumas de suas implicações.

Atividade de aprendizagem
• Pesquise o que diz a Lei 8.666 de 21 de junho de 1993 acesse o link:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8666compilado.htm
e verifique as modalidades de julgamento constantes no artigo 45º.

e-Tec Brasil 48 Patrimônio Público, Materiais e Logística


Aula 8 – Estoques na área pública

Nesta aula você aprenderá que os estoques podem ser classificados em


tipos, entenderá o valor que os estoques têm para os beneficiários e por
fim estudará o modelo simplificado de funcionamento de estoques.

Objetivos da aula: aprender sobre os tipos de estoques, a criação de valor


para os beneficiários e estudar sobre o funcionamento dos estoques.

8.1 O
 s diferentes tipos de armazéns e de
estoques
É comum acontecer de se chamar estoques de armazéns, mas isto não é cor-
reto. Será que todos os armazéns são iguais? Será que todos os estoques são
iguais? A pergunta será respondida em partes. Vamos começar dizendo que
não. Os armazéns refletem a condição que os produtos em estoque exigem
da armazenagem. Outra questão está associada à finalidade dos estoques,
portanto os estoques também são diferentes. Então, o que diferencia os
tipos de estoques é a sua finalidade? Isto mesmo! Resumidamente temos
quatro tipos de estoques. Estoques de proteção, estoques intermediários,
estoques de ciclo, estoques de produtos acabados e uma variação deste
chamado de estoques de canal.

8.1.1 O que é estoque de proteção?


É aquele que protege, no caso, a organização pública, contra a falta de insu-
mos necessários para o funcionamento dos processos. Este tipo de estoque
impede que a organização pare de transformar. Ele é formado pelos mate-
riais produtivos e improdutivos necessários. Normalmente são encontrados
nas entradas dos processos das organizações (estoques de entrada). Os esto-
ques de proteção servem para diminuir o risco e a incerteza do abastecimen-
to, que ocorre nas organizações e podem ser significativamente onerosos.
Normalmente são planejados para atender certos períodos de faltas.

Toda organização tem estoques por menores que eles sejam!

49 e-Tec Brasil
8.1.2 O que são estoques intermediários?
São aqueles que ocorrem no meio do processo e são decorrentes dos des-
Absenteísmo compassos que ocorrem entre as diversas etapas dos processos como: falhas
ou absentismo/absenteísmo
é usado para designar as em equipamentos, ritmos diferentes de trabalho entre etapas nos processos,
ausências dos trabalhadores no não conformidades de qualidade nos materiais, absenteísmo e outras cau-
processo de trabalho, seja por
falta ou atraso. sas. Normalmente este tipo de estoque não é planejado.

8.1.3 O que são estoques de ciclo?


São aqueles que ocorrem quando utilizamos as mesmas máquinas e equipa-
mentos para diversos processos. Pense num laboratório estadual que produz
medicamentos; onde encontramos vários tipos de máquinas e equipamen-
tos de uso comum para todos os produtos ali industrializados, uma máquina
para embalar pode processar todos os tipos de medicamentos. É preciso
produzir quantidades suficientes de medicamentos para atender aos benefi-
ciários enquanto um novo ciclo de bateladas é feita. Se mais de um tipo de
remédio é produzido, a batelada terá de ser suficientemente grande para su-
portar a demanda por todo o período até que se possa repetir a nova batela-
da do primeiro tipo de remédio feito, fechando um ciclo. Normalmente este
tipo de estoque é planejado para que o tempo, no qual os produtos produ-
zidos ficam disponíveis seja maior que o tempo necessário para o consumo.

Veja na figura 8.1 a representação de estoques de ciclo:

Figura 8.1: Representação de estoques de ciclo


Fonte: Elaborado pelo autor, adaptado de Slack, Chambers e Johnston (2002)..

e-Tec Brasil 50 Patrimônio Público, Materiais e Logística


8.1.4 O que são estoques de produtos acabados?
A organização pública produz diversos tipos de produtos acabados que são
estocados. A água e os remédios são bons exemplos deste tipo de estoques.
Podem significar pronta resposta de atendimento aos pedidos e, portanto
rápido atendimento. Excesso de estoques de produtos acabados pode em
alguns casos significar prejuízos, assim como a falta de estoques significa a
falta do abastecimento ao público beneficiário.

8.1.5 O que são estoques de canal?


Os estoques de produtos acabados, quando em trânsito e por longos perío-
dos são chamados de estoques de canal. Imagine o processo de vacinação.
Se o transporte demorar uma semana para transportar os remédios fica evi-
denciado o surgimento do estoque de canal. Lembre que os meios de trans-
porte devem oferecer as mesmas condições físicas existentes nos armazéns,
portanto são “armazéns em movimento”. Os diferentes tipos de modais
de transporte apresentam diferentes tempos de percurso. Quando o tempo
gasto no trânsito é muito pequeno este tipo de estoque nem é considerado,
mas se o tempo for elevado deve ser considerado. Outro bom exemplo é a
quantidade de água existente nos tubos (rede de distribuição) que alimen-
tam um município.

8.2 Modelo de estoque


Vamos estudar o funcionamento de uma caixa de água. Existe uma taxa de
vazão de entrada que chamaremos de Te, da mesma forma existe uma taxa
vazão de saída chamada de Ts. Dentro da caixa existe uma quantidade de
água, um estoque, que chamaremos de E.

Figura 8.2: O efeito regularizador dos estoques


Fonte: Elaborado pelo autor

Aula 8 – Estoques na área pública 51 e-Tec Brasil


Vamos analisar três possíveis situações:

a) quando entra mais água na caixa do que sai

b) quando entra menos água na caixa do que saí;

c) quando a quantidade de água que entra na caixa é igual a que sai.

Se Te é maior do que Ts é facil perceber que o nível do estoque cresce. Re-


presentado o esquema teríamos

Te > Ts então E aumenta

A segunda possibilidade analisa o que ocorre quando Te é menor do que Ts,


então o estoque diminui. Representado o esquema teríamos:

Te < Ts então E diminui

Na terceira situação temos uma condição de equilíbrio, onde a entrada de


água corresponde a saída de água e, portanto, o estoque não cresce. Repre-
sentando teríamos:

Te = Ts então E permanece no mesmo nível

Apesar de não manifestarmos neste momento opiniões sobre as duas pri-


meiras situações a terceira situação parece ser a propositalmente desejada,
pois aponta para uma condição de estabilidade. É mais fácil gerenciar algo
estável do que instável, portanto é preferível administrar uma organização
em uma situação de estabilidade do que em uma situação de instabilidade.
Processos sob controle e estáveis permitem ações planejadas de melhoria
contínua. A busca pela estabilidade se apresenta como um dos maiores de-
safios para o gestor de materiais.

Atuando desta forma a gestão de materiais proporciona condições de esta-


bilidade para a Administração, que por sua vez procura conciliar as diferen-
ças entre a demanda e a oferta. Um mau sistema de gestão de materiais se
reflete pelo aumento da dificuldade ao gestor, podendo até gerar prejuízos
consideráveis aos beneficiários da organização pública.

e-Tec Brasil 52 Patrimônio Público, Materiais e Logística


8.3 Estoques como valor para o beneficiário
Outro grande desafio da gestão de materiais é conciliar os tempos de rea-
bastecimento, com os volumes necessários, com a qualidade especificada no
pedido de compras e com custos competitivos. Esta complexidade de fatores
aumenta o desafio de se trabalhar com os processos de gestão, exigindo
profissionais altamente qualificados e com uma visão sistêmica e holística
da organização pública.

As modernas administrações dirigem seus esforços para acrescentar valor


aos produtos e serviços por ela produzidos. Acrescentar valor se dá por meio
de operações que melhoram os produtos e serviços, adicionando caracterís-
ticas que os beneficiários creditam como valor.

O valor de um produto ou serviço é “percebido” pelo beneficiário

O valor associado ao produto ou serviço é entregue por meio de políticas


públicas como valor final ao beneficiário. A diferença entre o custo de
aquisição de um produto ou serviço, a disponibilização e entrega deste
produto/serviço corresponde a margem de valor que o produto/serviço
produz.

Resumo
Nesta aula, você iniciou o estudo sobre tipos de Estoques e algumas de
suas implicações. Aprendeu como o valor dos estoques é percebido pelos
beneficiários.

Atividade de aprendizagem
• Pesquise sobre o processo de suprimento de gêneros de alimentação no
Exército, dos Depósitos até as Unidades consumidoras, e identifique os
Estoques de Proteção, Estoques de Ciclo e Estoques de Canal.

Aula 8 – Estoques na área pública 53 e-Tec Brasil


Aula 9 – Estoques

Nesta aula você aprenderá que os estoques podem ser classificados de


formas diferentes e compreenderá a relacionação da quantidade a ser
estocada, com o tempo que os bens ficarão estocados e a necessária
forma de controle sobre os itens estocados.

Objetivos da aula: expandir a interpretação do que é estoque, relacionando


os fatores tempo com quantidade e com sistemas de controle.

9.1 O que são estoques?


Na aula anterior explicamos os tipos de estoques. Agora vamos aprofundar
a questão. Uma forma bastante simples de responder a esta questão é por
meio do conceito de acumulação. Portanto, estoque é a acumulação de
algo. O que será este “algo”? Dentro da administração este “algo” pode ser
chamado de objeto transformado ou ainda de recurso a ser transformado,
assim podemos ter estoques de:

• Materiais;

• Informações;

• Beneficiários (consumidores).

A ideia mais simples ao pensar em estoques é a de bens tangíveis, objetos


comprados e guardados para uso posterior.

Outra forma mais recente de se pensar sobre estoques é extender seu con-
ceito e aplicação para informações. Veja o caso da companhia de energia e
eletricidade de seu estado, em todos os domicílios consumidores de energia
elétrica dos estados estão armazenados e cadastrados nos bancos de dados
da Companhia. Outro exemplo é o seu RG, o seu CPF que são informações
e são estocados. Este conjunto de informações armazenadas pode ser pro-
cessadas para diversos fins.

55 e-Tec Brasil
Figura 9.1: Rede Elétrica
Fonte: http://www.bohnen.com.br

Um ponto bastante polêmico é pensar em estoques de pessoas (os benefi-


ciários), porém se pensarmos que uma fila é um estoque não fica mais difícil
pensar em pessoas como estoques. Este ponto é polêmico, pois envolve uma
questão ética. Tratar pessoas como objetos é uma grave falha do gestor pú-
blico. Ao tratar pessoas é preciso uma atenção especial, o gestor necessita
outras competências adicionais. Se a Secretaria de Saúde planeja atender
pessoas em um posto médico, provavelmente haverá uma fila, na Secretaria
de Educação se deve pensar nas filas para matrículas dos alunos, portanto
outro estoque. O Tribunal Eleitoral organizará atendimento à população e
gerenciará filas. Filas são estoques em movimento. Veja que foi apresenta-
da a você a ideia dos estoques em movimento. Vamos nos concentrar um
pouco mais na questão dos estoques físicos referentes a materiais tangíveis.

O gestor deve cuidar ao gestionar pessoas como estoques.

Os estoques também podem ser compreendidos sob outra forma de análise,


uma relacionada a materiais necessários para a atividade fim do órgão pú-
blico e outra relativa a materiais não relacionados a atividade fim (atividade
meio).

Mas o que é atividade fim e atividade meio? Para simplificar vamos pen-
sar em um item comum achado em vários órgaõs públicos, a tinta para
impressoras. Se um órgão público tem por finalidade prestar serviços de im-
pressão de documentos e imprime todos os contra-cheques do funcionalis-

e-Tec Brasil 56 Patrimônio Público, Materiais e Logística


mo público, esta tinta está diretamente ligada a atividade-fim do órgão, que
é imprimir os contra-cheques. Já para outra organização pública qualquer,
como por exemplo, uma Secretaria de Transportes, que comprasse a mesma
tinta de impressora, este item poderia ser classificado como não relativo a
atividade-fim, pois o objetivo do órgão não é ser centro de impressões de
documentos, muito embora seja necessário imprimí-los. Esta divisão apre-
sentada pode ser também entendida como estoque de bens produtivos e
bens improdutivos.

9.2 Tempo, quantidades e controles


Os estoques trazem ao gestor algumas preocupações como: Quanto pedir?
Quando pedir? Como controlar o sistema?

A questão de quanto pedir pode ser facilmente compreendida se usarmos


como exemplo a nossa vida pessoal. Por mais que você coma pão todo dia,
nenhum de nós compraria em uma única vez, pão na quantidade que come-
mos em um mês, pois sabemos que não adianta comprar pão desta forma,
pois o mesmo irá envelhecer e será desperdiçado antes que o usemos.

Porém a questão agora passa para outro ponto, será que eu tenho a verba
suficiente e necessária para fazer esta compra? Pode ser que não tenha este
dinheiro. Também é necessário pensar no local para armazenar, será que
cabe no meu depósito? Isto traz em discussão a questão da frequência das
compras.

Então com que frequência devemos efetuar as compras?

Vamos ver a segunda questão, quando pedir? Aqui também podemos pen-
sar no exemplo de nossas vidas como uma simples referência. Se eu con-
sumo uma caixa de leite do tipo longa vida por semana, as compras feitas
posteriormente a uma semana implicarão na falta do item. A questão de
como controlar merece um pouco mais de atenção e cálculo. Para isto são
necessários sistemas computacionais.

Sistemas computacionais permitem controles precisos de


quantidades, prazos e validades sobre os itens em estoque.

Aula 9 – Estoques 57 e-Tec Brasil


A tecnologia hoje oferece diversos modelos de sistemas de controle. Existem
técnicas de previsão que permitem ao gestor determinar os períodos nos
Sazonal quais deverão ser feitas as compras. As técnicas de previsão devem considerar
adj. Relativo à estação do ano,
à sazão. as variações cíclicas e sazonais e os períodos de validade.

9.3 Formas de controle de itens em estoque


Os produtos estocados podem ter características que afetem a forma como
são controlados. Se um produto se apresenta estável em suas características
físicas, ou seja, não é afetado (inerte) com o passar do tempo o gestor pode
controlar de uma forma mais simples. Os últimos itens podem ser misturados
com os já existentes sem que isto represente problemas. Outros itens podem
sofrer ação do tempo, neste caso devem ser respeitados os prazos máximos
de armazenagem que ainda garantem o uso do produto em condições
(validade). Os primeiro materiais podem ser controlados pelo sistema Último
que Entra é o Primeiro que Sai – UEPS, e o segundo tipo pode ser controlado
pelo sistema Primeiro que Entra é o Primeiro que Sai – PEPS. Uma variação
do sistema PEPS é chamada de Primeiro que Expira (validade) é o Primeiro
que Sai.

Outra forma de controle dos itens em estoque é chamada de curva ABC. A


curva ABC é uma classificação econômica dos itens em estoque. Como os
valores e as quantidades variam significativamente quando é calculado um
fator.

Resumo
Nesta aula, você teve oportunidade de iniciar o estudo do tema Gestão
Patrimônio Público e algumas de suas implicações. Além disto, você teve
contato com o elemento de ligação desta unidade com a próxima, que vai
aprofundar o tema sobre materiais. Lembre-se que os temas são relacionados,
quem cuida de patrimônio acaba se envolvendo com a administração de
materiais. E também aprendeu mais sobre estoques e como os fatores
tempo e frequência interferem nas escolhas relacionadas à quantidade a ser
estocada, com o tempo que os bens ficarão estocados e a necessária forma
de controle sobre os itens estocados.

e-Tec Brasil 58 Patrimônio Público, Materiais e Logística


Aula 10 – Custos de estoques e
dinâmica de estoques

Nesta aula você aprenderá sobre os diferentes tipos de custos associados


aos estoques e a dinâmica associada a eles.

Objetivos da aula: Estudar sobre a formação de custos associados a


estoques e compreender a dinâmica associada às decisões do gestor
sobre os volumes a serem comprados, relacionando custos e volumes.

10.1 Custos associados aos estoques


Manter estoques custa dinheiro sem dúvida. Para uma melhor compreensão
deste assunto é preciso começar a separar estes custos. Vamos começar pelo
custo de obtenção, ou seja, o custo de comprar. A apropriação de custos em
uma estrutura pública pode ser compreendida da mesma forma que ocorre
em uma organização não pública. A nova lei da contabilidade unificou este
conceito. Esta é uma boa prática que permite clarificar e dar transparência
as ações dos gestores públicos. Normalmente as organizações não públicas
buscam continuamente a redução de seus custos para que se mantenham
competitivas frente a concorrência.

Gestão de custos é muito importante!

Porém nas organizações públicas, esta busca frenética por redução de cus-
tos, não ocorrre com a mesma intensidade. Não existe concorrência entre
organizações públicas, uma não precisa ser melhor do que a outra. Este tipo
de visão é antiquada e ultrapassada. Por que então ser melhor? Uma res-
posta simples. Pelo povo! Embora esta não seja ainda uma preocupação em
escala diferente das organizações não públicas, ela existe e a falta dela pode
ser punida pelos orgãos competentes como crime de prevaricação.

Nas organizações não públicas o cuidado com o gasto do dinheiro é feito


com maior cautela por que afeta diretamente o dono da organização. Na
organização o controle é feito de forma coercitiva por meio de leis. A estru-
tura de custos públicos carece de acompanhamento que considere o fator Coerção
Ato de constranger alguém a
competitividade, isto implica em certa acomodação da máquina pública. fazer alguma coisa.
O efeito equivalente que o mercado produz sobre empresas não públicas
(concorrência) o governo deve produzir por meio de leis.

61 e-Tec Brasil
Vamos voltar a questão dos custos. Comprar também custa, tente estabe-
lecer o quanto pode custar montar um processo licitatório, este é um bom
exercício de gestão. Na aula anterior vimos que podem ser necessárias com-
pras seguidas. O gestor público pode ter a falsa sensação que comprar não
custa, por já estar nos custos da instituição. Isto é um erro. Outro custo a ser
contabilizado é decorrente da perda dos descontos de preços. Se eu comprar
em quantidade, posso negociar um desconto, posso barganhar.

Barganhar não é errado.

O custo da falta de estoques também é significativo, principalmente, sob o


cunho do descumprimento de políticas de governo. Outro custo importante
é o custo do capital de giro, lembre que o dinheiro parado também custa, se
eu não tenho o dinheiro posso ter que pedir emprestado.

Agora vamos pensar no custo de armazenagem, o custo da estrutura física,


prédios, equipamentos, pessoas, tecnologia, informação, materiais de con-
sumo e alimentação.

Figura 10.1: Armazém


Fonte: www.shutterstock.com

Aos estoques podem ser incorporados ainda custos de obsolecência e custos


de ineficiência operacional. Como vocês puderam ver, são vários os custos
relacionados aos estoques. Antes de aprofundarmos a questão vamos anali-
sar o comportamento dos estoques. Volte e reveja o modelo da caixa d’água.

e-Tec Brasil 62 Patrimônio Público, Materiais e Logística


10.2 Dinâmica dos estoques
O primeiro ponto a ser definido é a quantidade (volume) de pedido (com-
pras a serem feitas) que chamaremos de Q. Na figura abaixo Q representa
o ponto máximo que alcança o nosso estoque. Q vai ser representado em
unidades de medida (peças, metros, litros, quilos, ou qualquer outra unidade
de armazenagem). A letra D representa a demanda ou consumo. Portanto
se partirmos do ponto Q na medida em que o consumo D ocorre o nível do
estoque diminui até chegar a zero.

Figura 10.2: Representação gráfica da dinâmica dos estoques


Fonte: Elaborado pelo autor

Para melhores esclarecimentos sobre esta parte consulte o capítulo 10 do


livro Administração de Materiais e Recursos Materiais de Martins e Alt., edi-
tora Saraiva, 2006.

Para facilitar a representação gráfica foi estabelecido que o consumo é fixo,


portanto, a cada unidade de tempo (segundo, minuto, hora, dia, etc) a mes-
ma quantidade será consumida e, assim, o nível de estoque gradativamente
diminuirá a uma taxa constante. Analise o gráfico e veja a reta que mostra

Aula 10 – Custos de estoques e dinâmica de estoques 63 e-Tec Brasil


este consumo. Esta reta representa a taxa de consumo (quantidade de al-
gum item consumida por unidade de tempo). É possível relacionar o par de
informações (quantidade e tempo) e como ponto de destaque temos um
instante quando o estoque é zerado (0).

Outro ponto que merece ser conhecido é a metade do valor de Q (Q/2 é


chamado de estoque médio). Este ponto tem importância para o cálculo a
ser apresentado adiante, por hora não se esqueça dele. Se após atingir o
ponto de mínimo que corresponde ao zero (0) houver um reabastecimento
instantâneo de estoque na quantidade Q e se mantendo o mesmo consumo
se estabelece um ciclo representado pela curva “dente de serra” mostrada
no gráfico. Se o nível de estoque Q é diminuído pela demanda D de forma
contínua haverá um instante em que novamente atigiremos o ponto nulo, a
diferença entre estes dois instantes permite calcularmos o intervalo de tem-
po correspondente a cobertura do estoque, a isto chamaremos de tempo
consumo.

Observe a figura 10.3 a seguir, ela representa a mesma situação, porém a


dinâmica é diferente. Repare que são novos limites, que a demanda é igual,
mas que a quantidade comprada é outra, portanto o intervalo de tempo de
cobertura se alterou.

Figura 10.3: Dinâmica de Estoques


Fonte: Elabora pelo autor

e-Tec Brasil 64 Patrimônio Público, Materiais e Logística


Observe também que o valor de Q/2 (estoque médio) é menor agora. Refli-
ta um pouco sobre isto.

Resumo
Nesta aula, você aprendeu sobre os custos de se manter itens em estoque e
suas implicações.

Atividades de aprendizagem
1. O que é crime de prevaricação? Conheça o conceito, no art. 319 do
Código Penal. ANOTE!

Aula 10 – Custos de estoques e dinâmica de estoques 65 e-Tec Brasil


Aula 11 – Logística e cadeia de
suprimentos

Nesta aula você encontrará as definições para a velha logística e para


a nova logística, terá oportunidade de estudar o que é cadeia de
suprimentos.

Objetivo da aula: Iniciar os estudos sobre logística e a extensão do


conceito que levou a criação da chamada Cadeia de Suprimentos, os
fatores que levaram ao renascimento da logística.

11.1 Logística
Mas o que é Logística? A Logística não é algo nada novo. A logística é bas-
tante antiga e tem características militares. Antes de se entrar em guerra
com outro reino os senhores da guerra mandavam espiões na frente que
estudavam o território inimigo. Um grupo de batedores seguia logo após
para preparar o território, para receber os responsáveis pelas estruturas de
apoio, barracas, cozinhas, fortificações e somente depois o grande exército
se movia em segurança. Era preciso provisionar o exército para se assegurar
o êxito da campanha.

Figura 11.1: Segunda Guerra Mundial (1939-1945)


Fonte: www.shutterstock.com

A logística é tão antiga quanto as organizações.

67 e-Tec Brasil
A arte da guerra ganhou velocidade e dinamismo durante a segunda guerra
mundial com a blitzkrieg alemã também conhecida por “guerra relâmpa-
go”. O objetivo era invadir com o exército rapidamente para não dar tempo
de reação ao oponente. Com isto os processos logísiticos militares se acele-
raram significativamente. O fator tempo passou a ser decisivo na conquista.

Com o fim da II guerra mundial os exércitos foram fortemente desmobi-


lizados, as organizações públicas e civis receberam muitos ex-oficiais dos
exércitos (vencedores e vencidos). A influência militar na administração pode
ser atribuida como um ponto de partida para o aprimoramento desta prática
nas modernas organizações.

No pós guerra as organizações adotaram práticas militares em


seus processos administrativos.

O conceito atual de logísitica envolve questões diferentes: onde antes ha-


viam exércitos em guerra, hoje temos organizações públicas ou privadas ten-
tando chegar aos seus beneficiários (clientes). O objetivo não é conquistar o
território alheio, mas sim atender ao beneficiário rapidamente.

A logística posiciona os produtos (itens) para uso dos beneficiários.

Outra questão da nova logística é atuar para criar valor para o beneficiário.
Criar valor para o beneficiário é um dos objetivos da gestão pública. Este não
é um curso sobre políticas públicas, porém a existência da logísitica como
a temos hoje é decorrente deste pensamento. A logística deve estar ligada
diretamente as políticas públicas e se traduzir em ações necessárias para que
estas políticas se realizem, isto cria valor para os beneficiários.

As ações logísticas viabilizam os desejos dos beneficiários.

Mas qual é a relação entre compras e logística se estamos falando sobre


políticas públicas? Tenha em mente que as organizações devem ser vistas
como um sistema complexo e as boas práticas de gestão obtidas devem
ser usadas no atendimento aos beneficiários, assim o resultado será melhor
para o sistema. Ver a organização como um sistema significa ver a interrela-
ção entre cada uma das partes de uma organização, compreender que um
efeito produzido sobre uma parte produz resultados sobre outras partes.
Complexo significa que uma organização é feita de diversas partes e que
a constituição destas partes não é simples. Complexo não é sinônimo para

e-Tec Brasil 68 Patrimônio Público, Materiais e Logística


complicado. Complicado significa algo de difícil solução. Boas práticas são
aquelas que servem de exemplo. Boas práticas de gestão devem ser copia-
das, adaptadas e aplicadas para que se possa fazer a melhoria contínua dos
processos e obter melhores resultados para produtos e serviços.

11.2 Mas o que é cadeia de suprimento?


Nada melhor do que uma imagem para exemplificar o conceito. Veja na
figura abaixo o sentido da cadeia de suprimentos:

Figura 11.2: Cadeia de Suprimento


Fonte: Elaborado pelo autor, adaptado de Slack, Chambers e Johnston (2002)

A cadeia de suprimentos é a relação existente desde a camada mais externa


de fornecedores em direção a camada mais externa de beneficiários. A ca-
deia transcende a simples organização. É uma visão maior do serviço e para
que funcione os modelos de gestão devem ser modificados, caso contrário
não haverá o ganho sinergético que a cadeia proporciona. Você deve com-
preender que usaremos o termo logística, de forma atual, para se referir
a todo o processo envolvendo desde fornecedores de fornecedores (2ª ca-
mada) até beneficiários de beneficiários (2ª camada), o que cooresponde a
“Gestão da Cadeia de Suprimentos” na figura.

As primeiras unidades se referem a gestão de compras e correspondem


ao apresentado na figura acima, ou seja a relação entre o fornecedor de 1ª
camada e a unidade pública.

Aula 11 – Logística e cadeia de suprimentos 69 e-Tec Brasil


Resumo
Nesta aula, você teve oportunidade de iniciar o estudo do tema Gestão Patri-
mônio Público e algumas de suas implicações. Além disto, você teve contato
com o elemento de ligação desta unidade com a próxima, que vai aprofun-
dar o tema sobre materiais. Lembre-se que os temas são relacionados, quem
cuida de patrimônio acaba se envolvendo com a administração de materiais.

Atividade de aprendizagem
1. Analise o vídeo sobre as eleições no Brasil, assista em: http://www.tse.
gov.br/internet/institucional/o_tse_video.htm

2. Pesquise o termo blitzkrieg em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Blitzkrieg


como ela se parece com a atual logística. Estabeleça um paralelo entre elas.

e-Tec Brasil 70 Patrimônio Público, Materiais e Logística


Aula 15 – A incerteza na logística

Nesta aula você aprenderá o que são modais de transporte e que as va-
riações nos tempos de percurso e de processos internos são causas da
incerteza logística.

Objetivos da aula: Estudar os diferentes tipos de modais e aprender sobre


os fatores que levam a incerteza nas operações logísticas.

15.1 Modais
Nos objetivos operacionais, estudados na aula anterior, vimos que os fatores
rapidez e variância têm impacto direto no resultado qualitativo do pro-
cesso logístico. Os diversos modais (aéreo, rodoviário, ferroviário, aquático,
dutoviário) empregados nas atividades logísticas, enfrentam diferenças em
suas velocidades de operação e possibilitam significativas variações em seus
processos operacionais. Modais são modelos de transporte. O modal mais
comum no Brasil é o rodoviário. O modal rodoviário tem pequena capacida-
de de carga e a velocidade de transporte é da ordem de 60 km por hora. O
modal ferroviário tem capacidade de transporte superior e apresenta quase
a mesma velocidade média. O transporte aéreo é o mais rápido e tem ca-
pacidade pequena de transporte. O transporte aquaviário é mais lento, mas
de grande capacidade e o modal dutoviário apresenta grande capacidade
de transporte e baixa velocidade. O sistema dutoviário normalmente não é
visto, mas é um dos mais importantes. O petróleo é enviado às refinarias por
meio dos dutos. A água e os esgotos são transportados por dutos.

Figura 15.1: Meios de transporte


Fonte: www.shutterstock.com

83 e-Tec Brasil
15.2 Incerteza nos processos logísticos
Uma empresa de transportes rodoviários entre Curitiba e Foz do Iguaçu pode
cobrir os 600 km em 8 horas. Se ocorrerem obras na rodovia o veículo pode
sofrer um atraso. Isto representa variações na velocidade. Tempo de viagem
é sinônimo de velocidade. Este é um fator externo ao controle da organi-
zação, mas a organização pode ter variações em seus processos internos,
como na emissão de pedidos onde erros de preenchimento de formulários
Consulte o livro "Logística podem representar a suspensão do envio de materiais para a correção de
Empresarial", de Bowersox e
Closs, editora Atlas (2001) nos dados, implicando que o tempo para processar um pedido se altere isto
capítulos: 10 Infraestrutura produz variância.
e 11 Gerenciamento
de Transportes para
melhores esclarecimentos e
aprofundamento dos conceitos
Para o beneficiário os atrasos ocorridos serão somados representando uma
aqui apresentados. variação maior, a qual pode ser extremamente significativa.

A Transmissão de pedidos de um posto de saúde pode ocorrer desde meio


dia até o máximo de três dias. O processamento de um pedido pela central
de medicamentos pode ser efetuado entre um e quatro dias. Estes efeitos
começam a ser somados, aumentado o chamado tempo do ciclo do pedido.

Figura 15.2: Variações nos processos logísticos


Fonte: Elaborado pelo autor, adaptado de Slack, Chambers e Johnston (2002)

A Separação do pedido na central de medicamentos acrescenta tempos de


um a vinte dias, o transporte de mercadorias (remédios) acrescenta tempo
de dois a dez dias e finalmente a entrega a unidade beneficiária (cliente)
pode consumir de meio dia a três dias, totalizando uma janela de tempo que
varia de um mínimo de cinco dias até um máximo de quarenta dias.

e-Tec Brasil 84 Patrimônio Público, Materiais e Logística


Processos estáveis são desejáveis e mais fáceis de gerenciar.

O objetivo gerencial logístico é diminuir a incerteza de suas ações, de tra-


balhar com janelas de tempo mais estreitas, pois significam processos mais
estáveis, com menor variação, o que se apresenta para o beneficiário como
qualidade do serviço.

Variações mínimas representam também economia, pois se pode trabalhar


com níveis de estoque menores, empregando menos capital.

Resumo
Nesta aula, você teve oportunidade de iniciar o estudo sobre incerteza na
logística.

Anotações

Aula 15 – A incerteza na logística 85 e-Tec Brasil


Aula 19 – Gerenciamento de
depósitos

Nesta aula você encontrará informações sobre depósitos, os cuidados as-


sociados a eles, as operações feitas e as tecnologias encontradas.

Objetivos da aula: conhecer as operações de gestão de depósitos e os


cuidados associados a elas.

19.1 Depósitos
Outro grande ponto de apoio aos processos logísiticos são as estruturas de
depósitos (armazenagem). Os depósitos flexibilizam a trabalho logístico e su-
portam os elevados padrões de nível de serviço ao beneficiário. Os princípios
operacionais de armazanagem nos depósitos são decorrentes do: projeto de
rede, da tecnologia de manuseio e do plano de estocagem.

Figura 19.1: Armazém


Fonte: www.shutterstock.com

19.2 Depósitos e o projeto de rede logístico


O projeto da rede logísitica é elaborado tomando por base caracterísiticas
das instalações físicas, da movimentação interna dos produtos, da localiza-
ção externa e dos acessos rodoviários, por exemplo, opta construir prédios
de um pavimento, para economizar (energia) ao elevar cargas pesadas ou
desajeitadas, disposição das entradas e saídas dos prédios, de forma que o
percurso seja linear ou em forma de “U”. A segurança do armazém está
associada ao número de acessos.

99 e-Tec Brasil
Figura 19.2: Mapa rodoviário
Fonte: http://www.adbragantina.com.br

19.3 Características de armazenagem


Os armazéns devem permitir que os produtos ali depositados sejam man-
tidos em condições estáveis. Produtos de maior movimentação devem fi-
car nas áreas mais próximas aos sistemas de movimentação, produtos mais
pesados na parte inferior das estanterias e produtos mais leves na parte
superior das estanterias, produtos de grandes dimensões ou “esbeltos” na
parte inferior das estanterias, produtos de pequenas dimensões na parte
superior das mesmas. Outros critérios de ocupação devem ser levados em
consideração na escolha dos endereços internos dos produtos, como custo
dos produtos, cuidados com higiene, pericolusidade, validade ou fragilidade
dos produtos.

Armazéns para alimentos podem ter sistemas sofisticados para controle de


temperatura.

e-Tec Brasil 100 Patrimônio Público, Materiais e Logística


Figura 19.3: Vacinas
Fonte: www.shutterstock.com

O projeto do armazém deve ser concebido de forma a eliminar o duplo


manuseio ou o excessivo manuseio. Os pontos de gargalo também devem
ser exaustivamente estudados. Gargalos podem aparecer em função
da sazonalidade da demanda, isto significa que mesmo itens de grande
consumo podem ficar em pontos afastados em determinados momentos,
como por exemplo, itens marcadamente sazonais, por serem intensamente
consumidos em pequeno período de tempo de poucos dias ou semanas,
frente a outros itens de grande consumo, porém de consumo mais regular
ao longo do ano

Depósitos suportam níveis de serviço elevados.

19.4 Plano de estocagem


Guardar os produtos nos armazéns exige do gestor público conhecimento
adicional. Deve ser elaborado um plano de estocagem para os produtos.
O plano permite alocar produtos conforme deteminadas características
conhecidas tais como: dimensão (forma espacial), peso, densidade, valor e
sazonalidade de abastecimento como, demanda dependente ou demanda
independente. O plano de estocagem considera também as caracterísiticas
físicas do prédio do armazém de forma que favoreça a movimentação.

O depósito deve ter sua localização estabelecida.

Aula 19 – Gerenciamento de depósitos 101 e-Tec Brasil


19.5 Localização
Um depósito dentro de uma região urbana estará limitado por alguns fatores
como: a velocidade dos veículos de transporte, tipo do veículo (algumas
cidades impedem que caminhões grandes trafeguem na região central),
ao crescimento urbano. Cidades com grande crescimento como São Paulo
impedem que os depósitos sejam ampliados por falta de espaço. O local do
depósito também tem de considerar o tipo de mão de obra a ser empregada
e os serviços locais necessários e disponíveis tais como bancos, comércio,
restaurantes, hospitais, postos policiais e de postos combustíveis. Legislações
municipais e estaduais também podem ser restritivas a ponto de causar sérios
transtornos às operações logísticas como com líquidos inflamáveis, materiais
tóxicos, patogênicos ou radioativos.

Um depósito deve ter em seu projeto a previsão de área para expansão. É


comum se ocupar áreas livres de 3 a 5 vezes superiores a área construída
inicialmente. Em alguns casos é necessário um tipo de solo e de piso que
suportem grandes pesos como nas indústrias de base.

Resumo
Nesta aula, você teve oportunidade de iniciar o estudo da gestão de armazéns.

Atividades de aprendizagem
• Se sua cidade dispõe de aeroporto operado pela INFRAERO você pode fazer
uma pesquisa sobre o funcionamento dos diversos depósitos que existem
em um aeroporto. Caso contrário verifique que outros tipos de depósitos
existem relacionados às empresas de transporte público ou privado.

e-Tec Brasil 102


Aula 20 – Movimentação de materiais

Nesta aula você encontrará princípios de ação de gestão sobre movimen-


tação de materiais.

Objetivos da aula: estudar os fatores inerentes a movimentação de mate-


riais como: equipamentos, riscos de acidentes e tecnologias.

20.1 Movimentação de materiais


Além de proteger os produtos, um armazém tem por função armazenar e
facilitar a movimentação dos produtos. A movimentação de materiais deve
levar em conta as caracterísiticas físicas dos produtos, a tecnologia disponí-
vel, os custos e seus beneficiários.

Para que o sistema logístico tenha ganhos que se reflitam para a organização
e para seus beneficiários é preciso o uso intenso de tecnologia. A criatividade
nas operações e a busca por soluções alternativas tem se mostrado como o
maior e melhor desafio para os operadores logísiticos.

A movimentação exige cuidados com segurança, pois a possibilidade de aci-


dentes é grande. Os veículos de carga exigem operadores certificados e ha-
bilitados. Os operadores devem conhecer os primeiros socorros, assim como
operar os equipamentos de segurança.

Um armazém pode funcionar 24 horas por dia e necessita de operadores, su-


pervisores, pessoal de manutenção, pessoal de segurança, primeiro socorros
e de serviços de alimentação.

O emprego de mão de obra feminina é uma realidade nesta área. As mu-


lheres tem tido melhor desempenho do que os homens na operação de
máquinas.

20.2 Ergonomia
Outro grande dilema de gestores está entre decidir adaptar o homem ao
ambiente ou adaptar o ambiente ao homem. Para esclarecer a questão va-

103 e-Tec Brasil


mos buscar nos ensinamentos históricos as referências necessárias. Uma de-
las vem de Vitruvio, entre outras atividades era arquiteto. Na arquitetura
o homem é a medida das coisas. Ou seja, a altura, o tamanho dos braços,
das pernas é utilizado na produção das edificações. Os móveis e utensílios
devem ser aproximados das dimensões humanas. O corpo humano é frágil
e deve ser cuidado.
O Homem Vitruviano é um
desenho de 1492, feito por
Leonardo Da Vinci,
no qual expõe o traçado e
proporções do corpo humano.
Também é um conceito da obra
“Os dez livros da Arquitetura”,
do arquiteto romano Marco
Vitruvio Polião. Fonte:
http://www.infoescola.com/
desenho/o-homem-vitruviano

Figura 20.1: Homem de Vitruvio, de Leonardo


da Vinci
Fonte: http://rabiscosesafanoes.blogspot.com

A movimentação de materiais potencializa a ocorrência de acidentes. A pos-


tura ao apanhar cargas manualmente deve ser fonte constante de preocu
pação dos gestores. Várias doenças ocupacionais são decorrentes de des-
cuidos ou de falta de informação. Entre as doenças mais comuns, estão as
Lombalgia lombalgias, podendo chegar ao extremo de causar afastamento ou mesmo
s.f. Dor na região lombar. (A
expressão “mal dos rins” é aposentadoria precoce.
sinônimo de lombalgia, mas
os rins propriamente ditos
raramente são responsáveis
por esse mal, visto que na
maioria das vezes se trata de
lombartrose ou de lumbago).

Figura 20.2: Acidente de trabalho


Fonte: www.shutterstock.com

e-Tec Brasil 104 Patrimônio Público, Materiais e Logística


20.3 T
ecnologias de movimentação e
manuseio
As tecnologias empregadas na movimentação e no manuseio dos produtos
devem permitir o menor número de operações possíveis, de forma a diminuir
a interferência humana. Alguns armazéns são robotizados, assim podem
operar sem que haja operação manual. Mediante robos, munidos de leitores
de posição e de leitores de códigos de barra, associados a tecnologias de co-
municação móvel é possível que um computador controle a saída (consumo)
de determinado item, em um posto de saúde distante centenas ou mesmo
milhares de quilômetros, e informe ao computador que controla o armazém
(estoque) e por sua vez que este ordene o movimento de picking a um robo Picking
termo técnico utilizado nas
responsável por percorrer o estoque até a posição (coordenadas) e retirar da operações de coleta de itens em
posição o item e encaminhá-lo para a área de despacho (saída). Repetidas depósitos.
viagens do robo permitem que os itens sejam alocados em uma posição de
saída (balança). O conjunto de documentos legais necessários para o trans-
porte é emitido automaticamente pelo sistema. O sistema conhece as infor-
mações dos pesos dos itens, multiplica pela quantidade e compara o peso
calculado a partir da nota fiscal com o registro da balança, sendo desneces-
sário a ação humana. Somente em casos de erro ou acidente a interferência
humana é necessária.

A atividade de movimentação pode ser facilitada se os itens estiverem agru-


pados em containers padrões, pallets e caixas. Isto facilita a operação e dimi-
nui a quantidade de erros e acidentes no depósito.

Figura 20.3: Containers


Fonte: www.shutterstock.com

Aula 20 – Movimentação de materiais 105 e-Tec Brasil


Outros equipamentos são utilizados na movimentação interna nos arma-
zéns. Você encontrará desde esteiras transportadoras, praleteiras, pás-car-
regadeiras, guinchos, pontes rolantes, empilhadeiras entre outros. O uso de
sistemas de etiquetas com leitores de códigos de barra facilita as operações,
pois aumenta a velocidade e diminui os erros permitindo operações mais se-
guras. Sistemas de transmissão por rádio frequência e outros dispositivos de
comunicação, facilitamos processos evitando que os operadores retornem
para buscar por informações. A variedade tecnológica disponível atende aos
mais elevados níveis de serviço, favorecendo o resultado operacional do ar-
mazém.

Resumo
Nesta aula você teve oportunidade de iniciar o estudo sobre movimentação
de materiais, dos riscos associados ao trabalho e do emprego de tecnologias
nos depósitos.

Anotações

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Referências

Martins, Petrônio Garcia; Alt, paylo Renato de Campos Administração de


Materiais e Recursos Patrimoniais. Editora Saraiva, São Paulo, 2006.

Bowersox e Closs Logística Empresarial editora Atlas, São Paulo, 2001.

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