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Art. 548. É nula a doação de todos os bens sem reserva de parte, ou renda
suficiente para a subsistência do doador.
Imóveis (artigos 79 a 81 do CC): são imóveis os bens que não podem ser
movidos ou removidos sem perderem as suas características. Por
exemplo, uma casa.
1. Por acessão física, industrial ou artificial – tratam dos bens que são
incorporados permanentemente ao solo, como construções.
2. Por natureza ou por essência – são bens imóveis por natureza,
representam o solo e tudo o que lhe incorporar naturalmente, como o
espaço aéreo e o subsolo.
3. Por disposição legal – trata dos bens determinados imóveis por meio do
ordenamento jurídico, como os direitos reais e as ações que o
asseguram, e o direito à sucessão aberta.
1. Por antecipação – aqueles que passem a ser móveis por força alheia, por
exemplo, uma colheita que é retirada do solo
2. Por natureza – bens que possuem movimento próprio. Aqui pode entrar
o exemplo dos bens semoventes, que são bens que se movem por força
própria, como os animais.
3. Por determinação legal – classificados pelo ordenamento jurídico como
bens móveis. A exemplo disso, temos a -já mencionada- energia elétrica.
QUANTO À DIVISIBILIDADE
Divisíveis (art. 87 CC) – bens divisíveis são os que se podem fracionar sem
alteração na sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do
uso a que se destinam. Por exemplo, sacas de cereais, que se podem dividir
indeterminadamente sem prejuízo de suas características essenciais.
Indivisíveis – são bens que, quando fracionados, deixam de constituir um bem
perfeito, pois perdem sua qualidade, sua essência. Por esta razão, qualquer
obrigação referente a esses bens também será indivisível.
Os bens singulares (art. 89 CC) são aqueles que, mesmo que formem um
conjunto, podem ser considerados em si mesmo, por exemplo, os materiais de
construção usados numa casa.
Já no caso dos bens coletivos, regidos pelos artigos 90 e 91 do código civil, são
aqueles formados por vários bens singulares que, quando juntos, transformam-
se em um bem coletivo, podendo ser coletivo por universalidade de fato, ou
seja, com destinação unitária, pertencentes a uma única pessoa, e, ainda, por
universalidade jurídica, que se trata de um complexo de relações jurídicas de
uma pessoa.
Exemplo de universalidade fato: Boiada -> bens (bois) reunidos com uma
destinação única e própria.
O patrimônio, para o Prof. Silvio Rodrigues, nada mais é que o acervo de bens
de uma pessoa que podem ser convertidos em dinheiro.
Vale lembrar que as relações jurídicas podem significar tanto um débito quanto
um crédito;
O artigo 92 do CC define estes dois tipos de bens sendo principal o bem que
existe por si só, abstrata ou concretamente, e o acessório, aquele cuja existência
pressupõe a do principal.
Frutos – são uma espécie de bem acessório que se originam do bem principal
sem prejudicá-lo. Por exemplo, os frutos de uma árvore.
Frutos, quanto ao seu estado, são definidos por Clóvis Bevilacqua como:
Uso geral ou comum do povo – não precisa de permissão especial para sua
utilização de modo ordinário, como no caso de uma praça pública. Mesmo que
haja cobrança para uso de determinados bens como esses, eles não deixam de
ser classificados como comuns do povo.
Uso especial – bens que o Estado usa para a realização de exercício públicos
específico.
Dominicais – constituem patrimônio das pessoa jurídica de direito público
interno e, portanto, podem ser alienados. Podem ser bem móvel ou imóvel,
como estrada de ferro.
OBS: Não se sabe bem ao certo que tipo de bem seria o meio-ambiente.
Classifica-o, assim, como corrente, por ser interesse de todos. É um
bem difuso por abarcar matéria civil e constitucional, já que sua regulação visa
à proteção de nossa geração e de futuras.
Quando se tratar de res nullis, faz-se referência àquele bem, móvel ou imóvel,
que não tem dono, não pertence a ninguém.
Súmula 205 do STJ: A Lei 8.009/90 aplica-se à penhora realizada antes de sua
vigência.
Súmula 449 STJ: "A vaga de garagem que possui matrícula própria no registro de
imóveis não constitui bem de família para efeito de penhora".
V - para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia real pelo
casal ou pela entidade familiar;
VI - por ter sido adquirido com produto de crime ou para execução de sentença
penal condenatória a ressarcimento, indenização ou perdimento de bens.
VII - por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação.
Após termos visto os elementos do fato jurídico em sentido amplo, vamos dar
início, nesta aula, ao tema de Negócios Jurídicos.
O negócio jurídico, importante notar, não está restrito ao direito patrimonial. Ele
pode manifestar-se, por exemplo, no Direito de Família, no Direito de
Personalidade, etc.
Existência
Estudamos os aspectos gerais do Negócio Jurídico, sua formação,
desenvolvimento, e os detalhes da sua incorporação no ordenamento jurídico
brasileiro. Agora, iremos analisar o que a doutrina chama de planos do negócio
jurídico.
Não é unânime entre os doutrinadores quais são estes elementos que se situam
no plano da existência. Para Carlos Roberto Gonçalves os elementos são:
Declaração de vontade;
Finalidade negocial, e
Idoneidade do objeto.
Para que haja uma Declaração de vontade, via de regra, vimos que é sempre
necessária alguma manifestação, comportamento ativo do agente ou uma
presunção em virtude da lei.
Assim, é difícil concluir que o silêncio tenha alguma relevância para efeitos de
declaração de vontade. Porém, veremos, o silêncio é de grande relevância aos
efeitos no negócio jurídico. A título de exemplo, vejamos o artigo 111 do
Código Civil Brasileiro de 2002:
Fica claro, assim, que o silêncio pode, sim, ser interpretado como manifestação
de vontade quando a lei lhe atribui este efeito, conferindo, destarte, existência
ao negócio jurídico.
Neste caso, se a outra parte desconhecer a reserva mental, ou seja, se não sabia
dos desígnios íntimos do outro agente, que são contraditórios à declaração de
vontade, não há repercussão jurídica alguma.
Por outro lado, se a pessoa a quem foi dirigida a declaração conhece a reserva
mental, acaba configurando-se, segundo Moreira Alves, uma hipótese de
ausência de vontade, e, por conseguinte, de inexistência do negócio jurídico.
Por fim, Carlos Roberto Gonçalves cita como exemplo o casamento celebrado
por autoridade incompetente em razão da matéria, como um delegado de
polícia. É o nada jurídico. Seria um casamento “à lá Bonnie e Clyde”, mas, de
qualquer forma, inexistente.
Por fim, segundo Francisco Amaral, temos a idoneidade do objeto, que seria a
apresentação dos requisitos ou qualidades que a lei exige para que o negócio
produza os efeitos desejados.
Validade
Dando continuidade ao estudos dos planos do negócio jurídico, e uma vez já
visto o plano da existência, iremos ver o plano seguinte da tripartição, o plano
da validade.
Agente capaz;
Objeto lícito, possível, determinado ou determinável; e
Forma prescrita ou não defesa em lei.
Além do agente capaz, o negócio jurídico, para que seja válido, requer a
presença de um objeto lícito, possível, determinado ou determinável. Vamos ver
cada um destes conceitos.
Segundo Carlos Roberto Gonçalves, objeto lícito é aquele que não atenta contra
a lei, a moral ou os bons costumes. Assim, se o objeto do contrato é imoral, não
é raro os tribunais aplicarem o princípio de que, ninguém pode se valer da
própria torpeza, ou então, se ambas as partes agiram com torpeza,
malandragem, nenhuma delas pode exigir, por exemplo, em um contrato, a
devolução da importância que pagou.
Com relação à possibilidade, ou seja, objeto possível, tem-se que uma eventual
impossibilidade pode se dar por razões físicas ou jurídicas. A impossibilidade
física nada mais é do que um evento que não pode acontecer em virtude das
leis físicas ou naturais.
Por fim, diz-se do objeto que deve ser determinado ou determinável. Por essa
razão, por exemplo, é permitida a venda de coisa incerta, em que indicação se
dá pelo gênero ou pela quantidade.
Eficácia
Trataremos agora daquele que, segundo o Professor Antônio Junqueira de
Azevedo, é o último plano do negócio jurídico que a mente humana deve
examinar. É o plano da eficácia.
Ao analisarmos este plano, não iremos tratar de toda e qualquer eficácia prática
do negócio, mas sim da eficácia jurídica. Especialmente, da sua eficácia própria
ou típica, isto é: da eficácia dos direitos manifestados como desejados.
Termo;
Condição, e
Modo ou encargo.
Importante destacar que nem toda condição tem o poder de influir na eficácia
de um negócio jurídico. Para que ela tenha esse poder é necessário que ela seja
lícita, ou seja, não contrarie a lei, a ordem pública e os bons costumes, sob pena
de gerar nulidade do negócio jurídico. São, ainda, vedadas as condições que
privam as partes de todo o efeito do ato ou que o sujeitam ao puro arbítrio de
uma das partes.
Além de lícita, a condição tem que ser possível, não havendo nenhum
impedimento de ordem física ou jurídica para seu cumprimento. Já com relação
aos efeitos da condição, há uma divisão bastante importante entre condição
resolutiva e suspensiva.
Contudo, existem alguns negócios jurídicos que não admitem condição. Via de
regra, diz o Professor Carlos Roberto Gonçalves, a condição é possível nos atos
de natureza patrimonial, com algumas exceções. Dentro dessas exceções está a
aceitação e renúncia de herança. A condição não pode integrar os de caráter
patrimonial pessoal, como os direitos de família puros, e os direitos
personalíssimos, como casamento, o reconhecimento de filho, a adoção e a
emancipação.
O termo, por sua vez, nos dizeres de San Tiago Dantas (1911-1964), pode ser
definido como o momento futuro, que se determina no tempo, em que os
efeitos do negócio jurídico devem começar ou devem cessar de ser produzidos.
O momento definido (portanto, certo), como define Renan Lotufo, pode ser
referido diretamente no calendário, sendo, então, chamado de dies certus
quando, ou pode ter como referência um acontecimento cujo momento não é
possível precisar, mas que certamente ocorrerá, aí será chamado de dies
incertus quando.
O mais comum, porém, é ver essa divisão chamada de termo inicial (dies a quo),
em que têm início os efeitos do negócio, e termo final (dies ad quem), que tem
eficácia resolutiva na medida em que ele extingue os efeitos do negócio.
Flávio Tartuce alerta-nos para o fato de que não se deve confundir termo com
prazo. Prazo é justamente o lapso temporal que se dá entre o termo inicial e o
final.
Por fim, o Professor Vicente Rao (1892-1978) define modo ou encargo (artigo
136 Código Civil 2002) como uma determinação, imposta pelo autor do ato de
uma liberalidade, que adere a este ato de liberalidade, restringindo o ato a
determinados moldes desejados. Expliquemos melhor.
Por fim, o negócio jurídico pode ser plurilateral, ou seja, envolve mais de duas
partes, como acontece com os consórcios de veículos, por exemplo.
Neutro, que, segundo Carlos Roberto Gonçalves, não pode ser incluído
na categoria dos onerosos nem dos gratuitos porque lhe falta atribuição
patrimonial. Como, por exemplo, negócios que têm por finalidade a
vinculação de um bem, como o que o torna indisponível pela cláusula de
inalienabilidade, ou o que impede a comunicação com outro cônjuge
mediante a cláusula de incomunicabilidade.
Bifronte é o negócio jurídico que pode ser oneroso ou gratuito
segundo a vontade das partes. E isto acontece nos casos de mútuo, de
mandato e depósito.
Erro
Nesta aula iremos tratar daquilo que a doutrina e a lei chamam de defeitos do
negócio jurídico. Mas antes, façamos breve recapitulação: estudamos, em
algumas aulas, que um dos elementos que atribuem existência a um negócio
jurídico é a declaração de vontade.
Estudamos também que, para que este negócio seja válido, é necessário que a
vontade seja manifestada de maneira livre. Acontece que, não raras vezes, pode
ocorrer de a vontade vir a ser declarada de
maneira distorcida ou deficiente em desfavor do próprio declarante, de uma
terceira pessoa ou em prejuízo da ordem pública.
Nas palavras de Flávio Tartuce, erro ou ignorância é o engano fático. Uma falsa
noção em relação à pessoa, ao objeto do negócio ou a um direito, o que
acomete uma das partes do negócio jurídico.
Para que o erro seja capaz de anular o negócio jurídico, ele tem que
ser substancial, partindo-se do princípio, segundo o Professor Renan Lotufo, de
que, sem que tivesse sido cometido erro, o negócio não teria se realizado. Ou,
se o agente conhecesse a verdade, não manifestaria vontade de concluir o
negócio jurídico.
Em outras palavras, o erro não pode ser acidental. Ou seja, ele não pode estar
relacionado a características secundárias do objeto ou da pessoa, de modo que,
ainda que conhecida a realidade o negócio, ele ainda seria realizado.
O erro substancial, que é o que nos interessa, já que pode anular o negócio
jurídico, pode dar-se:
Dolo
Na última aula, estudamos o primeiro dos defeitos do negócio jurídico que é
o erro. Nesta aula, ainda tratando sobre os defeitos, vamos estudar o dolo.
Vamos lá!
Já o dolo acidental, nos termos do artigo 146 do Código Civil de 2002, que é
lateral ou secundário, não chegaria a impedir a celebração do negócio. A
consequência desta distinção é que o dolo acidental não vicia o negócio
jurídico. Apenas obriga a satisfação das perdas e danos.
Existe também uma divisão entre dolus bonus e dolus malus. O primeiro, o
dolus bonus, é um dolo tolerável, destituído de gravidade suficiente para viciar a
declaração de vontade. Dá-se quando os vendedores supervalorizam as
qualidades dos produtos que eles estão vendendo, por exemplo. Acontece com
muita frequência, inclusive, não? Quantas vezes não compramos um
hambúrguer cuja foto era sensacional e nos deparamos um hambúrguer
minúsculo e uma alface murcha? Silvio Rodrigues, entretanto, diz que falta o
requisito da gravidade a este exagero no gabar-se das virtudes de uma coisa
posta à venda.
Coação.
Na última aula, estudamos um dos defeitos do negócio jurídico, o dolo. Agora,
como prometido, vamos apresentar mais um dos defeitos do negócio jurídico, a
coação.
O legislador não faz nenhuma menção à coação física! Ele menciona somente a
coação moral, que é também chamada de coação relativa.
Mas por que o legislador faria isso? A razão para isso é muito, muito simples.
Pensemos: caso haja coação física, também chamada de absoluta, simplesmente
não há qualquer vontade da parte forçada a ser expressada. Logo, o negócio
jurídico celebrado é inexistente.
O Professor Renan Lotufo aponta que a ameaça ou violência que interessam à
coação são mais duas das várias formas de coação psicológica que podem
influenciar a autonomia da vontade de quem pratica o negócio.
Esta coação psicológica, em verdade, não exclui (como faz a violência física)
nem a vontade do negócio nem a determinação causal da vontade, porém
diminui e prejudica a liberdade dessa determinação.
O Artigo 151 do Código Civil de 2002 dispõe que a coação, “para viciar a
declaração de vontade, tem que ser tal que incuta ao paciente o temor de dano
iminente considerável à sua pessoa, à sua família ou aos seus bens”.
Quando se diz que a coação deve ser a causa determinante do ato, é necessária
a existência de um nexo de causalidade entre a ameaça que foi realizada e a
anuência para celebração do negócio jurídico, de modo que, sem a coação, o
negócio não teria sido realizado.
Esta ameaça, contudo, deve ser considerável, ou seja, deve estar revestida de
uma gravidade suficiente para que o agente tenha fundadas razões para que
não queira ver esta ameaça cumprida. Enfim, tem que fazer medo. Nestes casos,
avalia-se sempre se as ameaças são graves pelos critérios pessoais, subjetivos,
da vítima, e não pelo critério do homem e mulher médios.
O Artigo 153 do Código Civil de 2002, entretanto, faz uma ressalva no sentido
de que não se considera coação o simples temor reverencial, ou seja, o receio
de desapontar os pais, ou outras pessoas a quem se deve respeito ou superior
hierárquico.
Além de grave, a ameaça tem que ser injusta. Esta injustiça pode ser
entendida, nas palavras do Professor Carlos Roberto Gonçalves, como ilícita,
contrária ao direito ou abusiva.
É por este motivo que existe a prescrição do mencionado artigo 153 do CC de
que “não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito”.
O dano ainda tem que ser atual ou iminente. Sobre este aspecto, Silvio
Rodrigues diz o seguinte: “parece-me que a ideia de atual ou iminente se traduz
de atualidade, de brevidade do acontecimento do dano. Isto porque a ameaça
de um mal se realizar em um futuro distante surge menos intensa, perde parte
de sua força, e carece no sentido da inexorabilidade de que se deva revestir. A
existência de dilatado intervalo entre a ameaça e o desfecho do ato ameaçado
permite à vítima lhe elidirem os efeitos, por meio do recurso a quem pode
protegê-lo”.
Estado de Perigo
Ainda dentro dos defeitos do negócio jurídico, iremos tratar do chamado
estado de perigo.
No meio do caminho, seu cavalo perdeu uma das ferraduras, caiu, levantou-se
e, em seguida, saiu em disparada sozinho. Nesta ocasião, sem o seu cavalo,
Ricardo III grita, segundo Shakespeare na sua peça homônima, o famoso “o
meu reino, por um cavalo!”
Feita essa breve ressalva, vamos dar uma olhada nos elementos que estruturam
o estado de perigo.
Se este for desconhecido por ela, ou seja, presumindo-se que a parte não sabia
o que se passava de risco para a outra, ela terá agido de boa-fé, sem o animus
de prejudicar, o que elimina a anulabilidade do negócio.
Lesão
Entrando de sola na lei, o artigo 157 do Código Civil afirma que “Ocorre a lesão
quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, obriga-se
a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta”.
Para que possamos compreender bem este instituto, vamos estudar os aspectos
que se diferenciam do estado de perigo, sendo estes aspectos sistematizados
pelo Professor Carlos Roberto Gonçalves:
Importante notar que a lesão ocorre, via de regra, nos contratos comutativos
em que há prestações certas e determinadas e em um contexto em que é
possível vislumbrar as vantagens e sacrifícios.
Diferente do que ocorre nos contratos aleatórios, nos quais o risco é o elemento
central do negócio, havendo uma incerteza quanto às vantagens e benefícios
que podem imergir. Nos contratos aleatórios, só é possível falar-se em lesão,
segundo Anelise Becker, quando a vantagem que uma das partes obtém é
excessiva, ou seja, quando é desproporcional em relação ao risco normal do
contrato.
Finalizando mais um dos vícios do negócio jurídico, vamos ver na próxima aula
um vício social do negócio jurídico, a chamada fraude contra credores.
Respire, posicione-se na cadeira, anote no post-it aquele conceito mais difícil de
guardar, grude-o na geladeira para não esquecer e vamos para a próxima e
penúltima aula do curso.
O artigo 158 do Código Civil 2002, diz que “os negócios de transmissão
gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar o devedor já insolvente,
ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser
anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos”.
Neste caso, como bem pontua o Professor Carlos Roberto Gonçalves, a fraude
contra credores não conduz a nenhum descompasso entre o íntimo querer do
agente e sua declaração. A vontade manifestada corresponde exatamente ao
seu desejo, mas ela é exteriorizada com a intenção de prejudicar terceiros. Por
esta razão, como havíamos antecipado, a fraude contra credores é tratada como
um vício social.
Ainda que não haja uma unanimidade, segundo Pablo Estolze, a verdade é que,
caso se trate de atos gratuitos de alienação que são praticados em fraudes
contra credores, esse requisito subjetivo representado pelo consilium fraudis é
presumido.
Tem legitimidade ativa para propor essa ação, conhecida como Ação Pauliana,
os credores quirografários já que eles não possuem nenhuma garantia especial
de recebimento do crédito, de modo que o patrimônio geral do devedor é a
única garantia que resta a eles.
Já com relação à legitimidade passiva, tem-se que a ação anulatória deve ser
proposta contra o devedor insolvente e também contra a pessoa que celebrou
o negócio fraudulento, bem como contra eventuais terceiros adquirentes de
má-fé, caso o bem já tenha sido transmitido a estes terceiros.
Por fim, é importante estabelecer uma diferença entre a fraude contra credores
e a fraude à execução.
Muito embora a simulação não esteja no capítulo que trata dos defeitos do
negócio jurídico, mas sim daquele que trata da sua invalidade, faz mais sentido
estudar a simulação nesta oportunidade pelo fato de ela constituir um vício
social.
Ao contrário dos defeitos do negócio jurídico que a gente estudou nas últimas
aulas, que geram a anulabilidade, ou nulidade relativa, já que o negócio pode
ser convalidado; a simulação figura como causa de nulidade! Ou seja, trata-se
de um defeito insanável.
O artigo 167, §1° do Código Civil de 2002, estabelece que haverá simulação
nos negócios jurídicos quando:
Por fim, uma importante novidade trazida pelo Código Civil de 2002 foi o §2°
do artigo 167, que dispõe que “ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé
em face dos contraentes do negócio jurídico simulado”.