Você está na página 1de 12

Direito Civil

- Parte Geral -
- Teoria Geral do Direito Civil -

Prof. Me. Giovanni Weine Paulino Chaves


1.1) Definição – Lugar onde a pessoa natural estabelece residência com
ânimo definitivo, convertendo-o em regra, em centro principal de seus
negócios jurídicos ou de sua atividade profissional. (art. 70, CC/2002)

Abrange:
- Vida privada da pessoa – sua residência;
- Vida social ou profissional.

1.2) Conceitos diferenças –


- Moradia: onde a pessoa se estabelece provisoriamente.
- Residência – lugar onde a pessoa se estabelece habitualmente.

1.3) Elementos do domicílio –


• Objetivo – ato de fixar-se em determinado local;
• Subjetivo – ânimo definitivo de permanência.
1.4) Pluralidade de domicílios:

- Princípio da pluralidade domiciliar - Vivendo em cada uma delas, sem


ter uma como a principal será domicílio qualquer uma delas. (art. 71,
CC/2002). Ex.: Indivíduo mora em um lugar com sua família e exerce
atividade profissional em outra.

- Abrangência do conceito de domicílio: (art. 72, CC/2002)


É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações
concernentes à profissão, o lugar onde ela é exercida.
Se exercitar em lugares diversos, cada uma constituirá domicílio
para as relações que lhe corresponderem.

1.5) Domicílio aparente ou ocasional: (art. 73, CC/2002).

- Teoria do domicílio aparente ou ocasional – pessoa natural que não tenha


residência habitual, ter-se-á por domicílio o lugar onde for encontrada. Ex.:
ciganos, profissionais de circo, etc.
1.6) Domicílio da Pessoa Jurídica:

- É a sua sede, indicada em seu ato constitutivo.


- Não indicando será onde funcionarem suas diretorias ou administrações, ou,
se possuir filiais, em diversos lugares - cada um deles será domicílio para os
atos nele praticados. (art. 75, CC/2002)
- Administração com sede no estrangeiro – lugar do estabelecimento situado
no Brasil.
- Pessoas Jurídicas de Direito Público:
* União – DF;
* Estados e Territórios – capitais;
* Município – lugar onde funcione a administração municipal;
* demais pessoas jurídicas – onde funcionar a administração ou o que
constar nos atos constitutivos.

1.7) Espécies de domicílio:

a) Voluntário – Ato de livre vontade do sujeito em fixar residência em


determinado local com ânimo definitivo.
b) Legal ou necessário – Decorre do mandamento da lei, em atenção à
condição especial de determinadas pessoas. (art. 76, CC/2002). São elas:
- Incapaz – o do seu representante ou assistente;
- Servidor público – lugar em que exerce as suas funções;
- Militar – Onde servir;
Obs.: Se Marinha ou Aeronáutica – a sede do comando em
que estiver subordinado.
- Marítimo – lugar onde o navio estiver matriculado;
- Preso – lugar onde cumpre a sentença.

c) De eleição ou especial – decorre do ajuste entre as partes de um


contrato. (art. 78, CC/2002).
Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílio
onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigações dele resultantes.
Só poderá ser invocado este dispositivo nos casos em que prevalecer o
princípio da igualdade entre os contratantes – Direitos do consumidor e
direitos trabalhistas.
2.1) Definição – Utilidade, física ou imaterial, objeto de uma relação
jurídica, seja pessoal ou real.
2.2) Classificação –
a)Bens considerados em si mesmos:
a.1) Bens Corpóreos x Bens Incorpóreos:
C – Possuem existência material. Ex.: livro, casa, carro.
I – Existência ideal, abstrata. Ex.: direitos autorais.
a.2) Bens Móveis x Bens Imóveis:
Móvel – podem ser transportados de um local para outro sem alteração da
substância. Ex.: computador, relógio, carro, etc.
Enquadra os bens semoventes – bens que se movimentam de um
local para outro por movimento próprio. Ex.: animais.
Imóvel – Não podem ser transportados sem que altere sua substância. Ex.:
terreno, casa.
Obs.: Importância prática da distinção – forma de alienação.
a.3) Bens Fungíveis x Bens Infungíveis:
F – Aqueles que podem ser substituídos por outro de mesma espécie,
quantidade e qualidade. Ex.: café, soja, dinheiro.
I – Natureza insubstituível. Ex.: obra de arte.
Obs.: Vontade das partes em transformar bem fungível em infungível. Ex.:
aliança de casamento.
Obs.: Importância prática da distinção – contratos de mútuo ou comodato.

a.4) Bens Consumíveis x Bens Inconsumíveis:


C – bens móveis cujo uso importa destruição imediata da substância. Ex.:
alimentos.
I – bens que suportam o uso continuado sem prejuízo do seu perecimento
progressivo e natural. Ex.: automóvel, vestuário, etc.
Obs.: Vontade das partes em transformar bem consumível em
inconsumível. Ex.: garrafa de vinho raro.
a.5) Bens Divisíveis x Bens Indivisíveis:
D – podem ser fracionados sem alteração da substância, diminuir seu valor
ou prejudicar o uso a que se destina. Ex.: barra de ouro.
I – não há possibilidade de fracionamento. Ex.: animais, carro.

Obs.: Importância prática da distinção – aplica-se às obrigações e aos


direitos – mesmo sendo prestação divisível, o credor não pode ser obrigado
a receber por partes, se assim não convencionou.
Se prestação indivisível com pluralidade de devedores – cada um
será obrigado pela dívida toda.

a.6) Bens Singulares x Bens Coletivos:


S – Coisas consideradas na sua individualidade. Podem ser: um livro;
C – Compostos de várias coisas singulares, formando um todo homogêneo.
Ex.: biblioteca, rebanho.

b) Bens reciprocamente considerados:


b.1) Bens principais: possui autonomia estrutural.
b.2) Bens Acessórios: a existência supõe a do principal. São eles:
- Frutos: utilidades que periodicamente a coisa produz, cuja
percepção não diminui sua substância.
Classificação quanto a natureza:
* Naturais – gerados pelo principal sem necessidade de
intervenção direta do homem. Ex.: laranja, crias de um rebanho.
* Industriais – decorre da atividade industrial. Ex.: manufaturas.
* Civis – utilidades que a coisa produz que viabiliza a percepção
de uma renda. Ex.: juros, aluguel.
Classificação quanto a ligação com a coisa principal:
* Colhidos ou percebidos – destacados da coisa principal. Ex.:
laranja.
* Pendentes – ligados à coisa principal. Ex.: fruto na árvore.
* Percipiendos – deveriam ter sido colhidos mas não foram.
* Estantes – frutos destacados e estocados para a venda.
* Consumidos – não mais existem.
- Produtos: utilidades que a coisa principal produz, cuja percepção
diminui sua substância. Ex.: pedras e metais retirados da pedreira.
- Rendimentos: gera a percepção de uma renda. Ex.: aluguel, juros
- Pertenças: bens que, não constituindo parte integrante, se
destinam, de modo duradouro ao uso ou serviço de outro. Ex.: máquinas de
uma fábrica, ar-condicionado, etc.
- Benfeitorias: obra realizada pelo homem na estrutura da coisa
principal.
* Úteis – visa facilitar a utilização da coisa. Ex.: abertura de uma
nova porta na garagem.
* Necessárias – realizadas para evitar deterioração da coisa
principal. Ex.: reparo no telhado de uma casa, em uma viga, etc.
* Voluptuárias – empreendidas para mero deleite. Ex.:
decoração de um jardim.

Obs.: Toda benfeitoria é artificial.


Obs.: Para identificar o tipo da benfeitoria é necessário observar
a utilidade do bem. Ex.: Piscina.
c) Bens públicos e particulares:
c.1) Públicos – pertencem a União, aos Estados ou aos municípios.
Classificam-se em:
- Uso comum do povo – qualquer pessoa indeterminada pode
utilizar. São inalienáveis. Ex.: praias, ruas, praças, etc.
- Bens de uso especial – utilizados pelo Poder Público para
realização de seus serviços ou é atribuído a determinada pessoa. São
inalienáveis. Ex.: Escolas públicas, prefeituras, etc.
- Bens dominicais ou dominiais – não possui utilização direta e
imediata do povo mas pertencem ao patrimônio estatal. São alienáveis,
observada a lei. Ex.: terrenos da Marinha.
c.2) Particulares – aqueles que não pertencerem ao domínio público.
d) Bem de família VOLUNTÁRIO:
d.1) Definição – prédio destinado pela entidade familiar (casal, união
estável, monoparental) e por terceiro (por testamento ou doação) ao
exclusivo domicílio desta, mediante especialização no Registro Imobiliário.
d.2) Características – impenhorabilidade limitada do imóvel residencial
(isenta-o de dívidas futuras) e inalienabilidade relativa do imóvel (após
instituído não pode ter outro destino ou ser alienado, senão com expressa
autorização dos interessados e seus representantes legais.
e) Bem de família LEGAL: (Lei 8.009/90)
e.1) Definição – impenhorabilidade do único imóvel residencial da entidade
familiar, isentando-o de dívidas civis de qualquer natureza, contraídas pelos
cônjuges, pais ou filhos que sejam proprietários e nele residam.
Obs.: Tal isenção compreende os bens móveis que guarnecem a residência,
desde que quitados. Ex.: teclado, computador, televisor, etc.

e.2 – Exceções a impenhorabilidade:


- créditos trabalhistas da própria residência; REVOGADO PELA LC 150/15
- crédito obtido de financiamento para construção ou aquisição do imóvel;
- pensão alimentícia;
- cobrança de IPTU, taxas e contribuições devidas em função do imóvel;
- execução de hipoteca sobre o imóvel;
- por ter sido adquirido com produto de crime;
- obrigação decorrente de fiança – Lei 8.245/91.

Obs.: É considerado impenhorável o imóvel do devedor solteiro?

Você também pode gostar