1.1) Definição – Lugar onde a pessoa natural estabelece residência com ânimo definitivo, convertendo-o em regra, em centro principal de seus negócios jurídicos ou de sua atividade profissional. (art. 70, CC/2002)
Abrange: - Vida privada da pessoa – sua residência; - Vida social ou profissional.
1.2) Conceitos diferenças –
- Moradia: onde a pessoa se estabelece provisoriamente. - Residência – lugar onde a pessoa se estabelece habitualmente.
1.3) Elementos do domicílio –
• Objetivo – ato de fixar-se em determinado local; • Subjetivo – ânimo definitivo de permanência. 1.4) Pluralidade de domicílios:
- Princípio da pluralidade domiciliar - Vivendo em cada uma delas, sem
ter uma como a principal será domicílio qualquer uma delas. (art. 71, CC/2002). Ex.: Indivíduo mora em um lugar com sua família e exerce atividade profissional em outra.
- Abrangência do conceito de domicílio: (art. 72, CC/2002)
É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde ela é exercida. Se exercitar em lugares diversos, cada uma constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem.
1.5) Domicílio aparente ou ocasional: (art. 73, CC/2002).
- Teoria do domicílio aparente ou ocasional – pessoa natural que não tenha
residência habitual, ter-se-á por domicílio o lugar onde for encontrada. Ex.: ciganos, profissionais de circo, etc. 1.6) Domicílio da Pessoa Jurídica:
- É a sua sede, indicada em seu ato constitutivo.
- Não indicando será onde funcionarem suas diretorias ou administrações, ou, se possuir filiais, em diversos lugares - cada um deles será domicílio para os atos nele praticados. (art. 75, CC/2002) - Administração com sede no estrangeiro – lugar do estabelecimento situado no Brasil. - Pessoas Jurídicas de Direito Público: * União – DF; * Estados e Territórios – capitais; * Município – lugar onde funcione a administração municipal; * demais pessoas jurídicas – onde funcionar a administração ou o que constar nos atos constitutivos.
1.7) Espécies de domicílio:
a) Voluntário – Ato de livre vontade do sujeito em fixar residência em
determinado local com ânimo definitivo. b) Legal ou necessário – Decorre do mandamento da lei, em atenção à condição especial de determinadas pessoas. (art. 76, CC/2002). São elas: - Incapaz – o do seu representante ou assistente; - Servidor público – lugar em que exerce as suas funções; - Militar – Onde servir; Obs.: Se Marinha ou Aeronáutica – a sede do comando em que estiver subordinado. - Marítimo – lugar onde o navio estiver matriculado; - Preso – lugar onde cumpre a sentença.
c) De eleição ou especial – decorre do ajuste entre as partes de um
contrato. (art. 78, CC/2002). Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigações dele resultantes. Só poderá ser invocado este dispositivo nos casos em que prevalecer o princípio da igualdade entre os contratantes – Direitos do consumidor e direitos trabalhistas. 2.1) Definição – Utilidade, física ou imaterial, objeto de uma relação jurídica, seja pessoal ou real. 2.2) Classificação – a)Bens considerados em si mesmos: a.1) Bens Corpóreos x Bens Incorpóreos: C – Possuem existência material. Ex.: livro, casa, carro. I – Existência ideal, abstrata. Ex.: direitos autorais. a.2) Bens Móveis x Bens Imóveis: Móvel – podem ser transportados de um local para outro sem alteração da substância. Ex.: computador, relógio, carro, etc. Enquadra os bens semoventes – bens que se movimentam de um local para outro por movimento próprio. Ex.: animais. Imóvel – Não podem ser transportados sem que altere sua substância. Ex.: terreno, casa. Obs.: Importância prática da distinção – forma de alienação. a.3) Bens Fungíveis x Bens Infungíveis: F – Aqueles que podem ser substituídos por outro de mesma espécie, quantidade e qualidade. Ex.: café, soja, dinheiro. I – Natureza insubstituível. Ex.: obra de arte. Obs.: Vontade das partes em transformar bem fungível em infungível. Ex.: aliança de casamento. Obs.: Importância prática da distinção – contratos de mútuo ou comodato.
a.4) Bens Consumíveis x Bens Inconsumíveis:
C – bens móveis cujo uso importa destruição imediata da substância. Ex.: alimentos. I – bens que suportam o uso continuado sem prejuízo do seu perecimento progressivo e natural. Ex.: automóvel, vestuário, etc. Obs.: Vontade das partes em transformar bem consumível em inconsumível. Ex.: garrafa de vinho raro. a.5) Bens Divisíveis x Bens Indivisíveis: D – podem ser fracionados sem alteração da substância, diminuir seu valor ou prejudicar o uso a que se destina. Ex.: barra de ouro. I – não há possibilidade de fracionamento. Ex.: animais, carro.
Obs.: Importância prática da distinção – aplica-se às obrigações e aos
direitos – mesmo sendo prestação divisível, o credor não pode ser obrigado a receber por partes, se assim não convencionou. Se prestação indivisível com pluralidade de devedores – cada um será obrigado pela dívida toda.
a.6) Bens Singulares x Bens Coletivos:
S – Coisas consideradas na sua individualidade. Podem ser: um livro; C – Compostos de várias coisas singulares, formando um todo homogêneo. Ex.: biblioteca, rebanho.
b) Bens reciprocamente considerados:
b.1) Bens principais: possui autonomia estrutural. b.2) Bens Acessórios: a existência supõe a do principal. São eles: - Frutos: utilidades que periodicamente a coisa produz, cuja percepção não diminui sua substância. Classificação quanto a natureza: * Naturais – gerados pelo principal sem necessidade de intervenção direta do homem. Ex.: laranja, crias de um rebanho. * Industriais – decorre da atividade industrial. Ex.: manufaturas. * Civis – utilidades que a coisa produz que viabiliza a percepção de uma renda. Ex.: juros, aluguel. Classificação quanto a ligação com a coisa principal: * Colhidos ou percebidos – destacados da coisa principal. Ex.: laranja. * Pendentes – ligados à coisa principal. Ex.: fruto na árvore. * Percipiendos – deveriam ter sido colhidos mas não foram. * Estantes – frutos destacados e estocados para a venda. * Consumidos – não mais existem. - Produtos: utilidades que a coisa principal produz, cuja percepção diminui sua substância. Ex.: pedras e metais retirados da pedreira. - Rendimentos: gera a percepção de uma renda. Ex.: aluguel, juros - Pertenças: bens que, não constituindo parte integrante, se destinam, de modo duradouro ao uso ou serviço de outro. Ex.: máquinas de uma fábrica, ar-condicionado, etc. - Benfeitorias: obra realizada pelo homem na estrutura da coisa principal. * Úteis – visa facilitar a utilização da coisa. Ex.: abertura de uma nova porta na garagem. * Necessárias – realizadas para evitar deterioração da coisa principal. Ex.: reparo no telhado de uma casa, em uma viga, etc. * Voluptuárias – empreendidas para mero deleite. Ex.: decoração de um jardim.
Obs.: Toda benfeitoria é artificial.
Obs.: Para identificar o tipo da benfeitoria é necessário observar a utilidade do bem. Ex.: Piscina. c) Bens públicos e particulares: c.1) Públicos – pertencem a União, aos Estados ou aos municípios. Classificam-se em: - Uso comum do povo – qualquer pessoa indeterminada pode utilizar. São inalienáveis. Ex.: praias, ruas, praças, etc. - Bens de uso especial – utilizados pelo Poder Público para realização de seus serviços ou é atribuído a determinada pessoa. São inalienáveis. Ex.: Escolas públicas, prefeituras, etc. - Bens dominicais ou dominiais – não possui utilização direta e imediata do povo mas pertencem ao patrimônio estatal. São alienáveis, observada a lei. Ex.: terrenos da Marinha. c.2) Particulares – aqueles que não pertencerem ao domínio público. d) Bem de família VOLUNTÁRIO: d.1) Definição – prédio destinado pela entidade familiar (casal, união estável, monoparental) e por terceiro (por testamento ou doação) ao exclusivo domicílio desta, mediante especialização no Registro Imobiliário. d.2) Características – impenhorabilidade limitada do imóvel residencial (isenta-o de dívidas futuras) e inalienabilidade relativa do imóvel (após instituído não pode ter outro destino ou ser alienado, senão com expressa autorização dos interessados e seus representantes legais. e) Bem de família LEGAL: (Lei 8.009/90) e.1) Definição – impenhorabilidade do único imóvel residencial da entidade familiar, isentando-o de dívidas civis de qualquer natureza, contraídas pelos cônjuges, pais ou filhos que sejam proprietários e nele residam. Obs.: Tal isenção compreende os bens móveis que guarnecem a residência, desde que quitados. Ex.: teclado, computador, televisor, etc.
e.2 – Exceções a impenhorabilidade:
- créditos trabalhistas da própria residência; REVOGADO PELA LC 150/15 - crédito obtido de financiamento para construção ou aquisição do imóvel; - pensão alimentícia; - cobrança de IPTU, taxas e contribuições devidas em função do imóvel; - execução de hipoteca sobre o imóvel; - por ter sido adquirido com produto de crime; - obrigação decorrente de fiança – Lei 8.245/91.
Obs.: É considerado impenhorável o imóvel do devedor solteiro?