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Direito das Coisas

mikhail.cancelier@ufsc.br

12/05 - Atividade 1

19/05 - Seminário - Reforma agrária

01/06 - Atividade 2

02/06 - Seminário - Terras indígenas

08/06 - Prova 1

09/06 - Atividade 3

15/06 - Seminário - Comunidades indígenas

22/06 - Atividade 4

30/06 - Seminário - Coletivos urbanos

13/07 - Atividade 5

14/07 - Seminário - Populações ribeirinhas

20/07 - Prova 2

21/07 - 2a chamada

27/07 - Recuperação

Aula 27.04 - Definições


Coisas x bens

● Coisa possui valor econômico

● Bem é um conceito mais amplo, nem todo bem é coisa, mas toda coisa é bem.

● Coisas são bens que podem ser trabalhados economicamente, pode-se dar valor.

● Considerados em si mesmos
Bens considerados em si mesmos
Bem corpóreo x incorpóreo

● Bem corpóreo tem materialidade

● Bem incorpóreo não possui materialidade (registro de software, direito de autor,


marca)

Bens móveis e imóveis

● Bem imóvel é fixo ao solo, de modo que se ele tentar ser movido, ele perderá sua
função.

● Solo é o bem imóvel por natureza - é a base.

○ É bem o principal sempre, e por isso, as outras coisas, quando incorporadas


ao solo, se tornam imóveis

○ Bens imóveis por acessão, bens à princípio móveis, que ao serem


incorporados ao solo se tornam imóveis.

■ Bens imóveis por acessão natural - ex. semente deixada pelo


passarinho

■ Bens imóveis por acessão artificial - ex. casas

○ Bens móveis - podem ser movimentados sem terem sua natureza alterada,
sem sofrerem dano, alteração.

■ Bens móveis por natureza: naturalmente, ao ver o bem, é possível


perceber que ele é móvel

■ Bens semovente: é um bem que se move sozinho. Ex. animais.

● O Código Civil trata os animais como bens móveis semoventes


(ultrapassado).

● Movimento europeu de senciência: trabalhar os animais como


objetos mas como sujeito de direitos (ainda podem ser
vendidos, mas não podem ser tratados como objetos). Projeto
de lei quase finalizado que trará a senciência para a legislação
pátria.

■ Bens móveis por antecipação: série de bens imóveis que são retirados
do bem imóvel principal, ex. agricultura. Esses bens já são tratados
como bem móvel e não como bem imóvel (a lei protege mais bem
imóveis)

Bens divisíveis ou indivisíveis

○ Bens divisíveis: o bem pode ser dividido sem perder sua essência. A porção tem o
mesmo valor, as mesmas características, a mesma qualidade do bem inteiro. Ex.
porção de café tem o mesmo valor da saca inteira.

○ Bem divisível: quando há separação, o bem não possui mais o mesmo valor.
Inviabilizam a separação pois fazem com que o bem inteiro tenha sua utilidade
reduzida. Ex. dividir o celular.

■ Por natureza: naturalmente é indivisível, ex. semovente, roupas,

■ Por vontade das partes: cláusula contratual dispondo que o bem, ex. terreno,
não poderá ser separado por certo período de tempo. As partes estipulam
cláusulas de indivisibilidade. Talvez originalmente ele não fosse indivisível.

■ Por meios legais: Estado define que o bem não pode mais ser dividido,
Municípios têm poder para legislar sobre a indivisibilidade de bens.
Florianópolis proíbe a divisão de terrenos em espaços menores de 45 m2.

Bens fungíveis x infungíveis

● Bem fungível: pode ser substituído.

● Bem infungível: não pode ser substituído, ou por um valor emocional ou por não
haver bem igual.

Bens reciprocamente considerados


Bens principais e acessórios

● O bem principal leva o acessório junto com ele.

● Para fazer a relação, é preciso ver quem "manda" na relação. Ex. carro é bem
acessório da concessionária, ele serve à ela, mas ele é principal quando comparado
à fragrância de carro.

● Bens acessórios podem ser:

○ Produtos: esgotam o bem principal. O bem principal termina conforme se tira


o produto dele. Ex. mina, pedreira.
○ Frutos: é possível fazer a extração períodica, tirando o fruto do bem principal
sem causar dano considerável ao bem principal.

■ Natural: frutas

■ Industriais: produzidos em fábrica

■ Civis: aluguel, juros.

○ Pertenças: se elas forem retiradas elas não retiram a essência do bem


principal. Não é fundamental o uso do bem.

■ Não segue o principal, ex. decoração da casa - é destacado o valor da


casa.

○ Benfeitorias: melhoram o bem principal.

■ Necessárias: é indispensável para utilização do bem. Ex. queda do


telhado.

■ Úteis: é importante para o uso do bem, traz valor e facilita seu útil,
mas não é indispensável para o bem.

■ Voluptuárias: não tem utilidade, ex. papel de parede.

Titularidade
● Bens públicos: bens pertencentes ao Estado

● Bens privados: de propriedade individual.

Aula 28.04 - Posse

Conceito
● A posse não é um direito real em razão da forma.

● A posse é uma situação de fato, a propriedade exige o registro.

● Mesma relação do casamento para a união estável.

● O que precisa ser demonstrado para configurar forma é que a pessoa tem relação de
fato com o bem.
● Se equipara à propriedade.

● Existem duas formas de regulamentação da posse

● Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno
ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.

○ A posse é objetiva - o que precisa ser demonstrado é que a pessoa esta se


relacionando com a posse como se ela fosse proprietária.

● Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como
não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de
cessar a violência ou a clandestinidade.

○ Alguns atos não permitem que pessoas que, mesmo demonstrando que se
relacionam com o bem, não tenham posse.

○ Atos de permissão ou tolerância - tolerar que alguém use o bem não


significa que a pessoa detém a posse. Ex. pessoa que fica determinado
período de tempo na sua casa não detém direitos possessórios. Diferente do
aluguel do apartamento, onde o proprietário cede parte de seu direito
possessório.

○ Atos violentos ou clandestinos - atos violentos e clandestinos não geram


posse enquanto durar a violência. Ato violento por exemplo, roubo (tentativa
de aquisição da posse por ato violento). Ato clandestino, por exemplo, furto
(tentativa de aquisição da posse por ato clandestino).

Formas de Posse
● Posse causal:

○ É a posse que se tem enquanto proprietário do carro. Além de proprietário,


você detém a posse. Todo proprietário é também possessor.

● Posse formal:

○ É a posse por natureza, demonstração de que, embora a pessoa não tenha


formalizado a relação com o bem, ela passou tanto tempo se relacionando
com ele como se fosse proprietário, que ela adquire direitos de posse.
Ex.ação de usucapião.
Posse x Detenção
● Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de
dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento
de ordens ou instruções suas.

● Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve este
artigo, em relação ao bem e à outra pessoa, presume-se detentor, até que prove o
contrário.

● O detentor é a figura menor protegida pelo direito das coisas. A relação entre o
detentor e o bem não gera direitos, porém ele têm que cumprir as obrigações para
as quais ele o bem foi cedido, Tem obrigação de fazer o que foi estabelecido e
obrigação de cuidado.

● Fâmulo da posse (ex. caseiro, cozinheiro, empregada). Pessoas que estão em contato
direto com a posse, mas não tem relação possessória.

Classificação

Direta x Indireta - Art. 1.197


● Posse direta:

○ É quem esta mais proximo do bem

○ Ex. relação locatícia - o possuidor direto é o locatário.

○ A posse direta não dá direito de propriedade. A posse indireta não anula a


direta e nem vice-versa.

○ A posse pode se desdobrar. O locatário pode sublocar o bem. Todos vão ter
a mesma posse.

● Posse indireta:

○ É quem esta mais distante do bem

○ Possui os mesmos direitos do possuidor direto, não há distinção.

○ Ex. relação locatícia - o possuidor indireto é o locador


Justa x Injusta - Art. 1.200
● Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária.

● Para ter caracterização de posse violenta é preciso ter força física, violência em
relação à coisa ou à pessoa.

● Justa:

○ É a posse que não possui origem violenta, nem clandestina e nem precária.

○ Os prazos são menores.

● Injusta:

○ A posse injusta é aquela que foi iniciada de forma violenta ou clandestina.

○ A violência por si só não gera posse. No entanto, a violência somente será


considerada enquanto ela estiver acontecendo. Se após a violência, o dono
não busca se restituir, a violência pode ser curada. Assim, embora de origem
violenta, ela passa a ser aceita como posse.

○ Se após a violência ou a clandestinidade, a pessoa não busca restituí-la,


começa a contar o tempo de posse.

○ O uso da coisa é muito importante.

○ A pessoa pode aplicar a autotutela para proteção do bem, no caso de posse


violenta. A pessoa que esta junto também pode. A violência deve ser
aplicada na mesma medida que foi aplicada.

○ Se o proprietário demonstrar que ele tentou pegar a coisa de volta, ele


manterá a posse.

● Precariedade:

○ Se alguém pega algo que lhe foi dado de confiança, ela nunca terá posse. A
precariedade não vira posse.

○ Não pode ser considerada posse pois houve um abuso de confiança.

○ Aplicação de função social da propriedade

○ Busca permitir o privilégio do uso - se alguém não está usando bem o bem e
outra pessoa começa a utilizá-lo, ela esta usando melhor o bem e por isso
detém a posse.
○ A precariedade se baseia em uma relação de confiança, a pessoa só pegou o
bem pois lhe foi dado em confiança, não porque o bem não estava sendo
bem aproveitado.

○ É preciso ter a permissão.

○ Ex. empregada doméstica que pega algo e não devolve.

Boa-fé x Má-fé - Art. 1.201


● Boa-fé:

○ Se a pessoa, de boa-fé, não tinha como saber que a origem da posse era
injusta, ela será possuidora de boa-fé

○ O proprietário sempre terá direito de perseguir a coisa, mesmo que o


possuidor esteja de boa-fé.

○ A perseguição do bem não termina. O proprietário sempre poderá buscar o


bem, mesmo que o possuidor seja de boa-fé.

○ A pessoa que está de boa-fé precisa comprová-la. A boa-fé precisa ser


comprovada.

○ Se o proprietário demonstrar que se movimentou para restituir o bem, ele


poderá persegui-lo.

● Má-fé:

○ Quando a pessoa tem noção de que a origem da posse foi injusta, a sua
posse será de má-fé.

○ Ela também poderá adquirir a posse após certo período.

Originária x Derivada
● Originária:

○ Posse de algo que não pertence a ninguém. Ex. coisas abandonadas,


pescaria, adoção de cachorro de rua, coisas no lixo.

○ A posse originária é ocupada.

○ A partir da ocupação, a coisa é da pessoa, que além da posse, detém


propriedade.
● Derivada:

○ São coisas transmitidas, que não eram possuídas por ninguém. Há relação
entre quem recebe e quem dá.

Aula 04.05

Descoberta
● A coisa descoberta é a coisa que esta claramente perdida. A coisa perdida não pode
ser ocupada por outra pessoa pois ela não tem dono.

● Dever de devolução:

○ Art. 1.233. Quem quer que ache coisa alheia perdida há de restituí-la ao
dono ou legítimo possuidor.

○ Se a pessoa que encontrar a coisa perdida optar por pegá-la, ela deverá
devolver a coisa. Ela possui obrigação de devolver.

○ Se a pessoa não devolver, ela poderá ser processada por apropriação


indevida.

● Achádego:

○ A pessoa que receber a coisa perdida, ela é obrigada a pagar a quem


devolveu. No entanto, a pessoa pode abrir mão (se ela abrir mão, ela não
pode voltar atrás depois).

○ A pessoa que perdeu a coisa, não tem o dever de receber a coisa quando ela
for devolvida. Se ela não pegar a coisa de volta, não há mais direito ao
achádego.

● Responsabilidade

○ Se a pessoa opta por descobrir a coisa, ela tem responsabilidade pela coisa.
Ex. se a pessoa encontrar um cachorro, ela terá que arcar com seus gastos.
Esses gastos podem ser cobrados independentemente da devolução. Mesmo
se o dono ficar com a coisa ou não, o dono deverá pagar esses valores.

○ Se a pessoa não encontrar o dono, ela deverá devolvê-la ao Estado, Em SC,


deverá devolver à guarda municipal.
○ Se a pessoa devolver pro Estado e depois o dono receber a coisa, quem a
encontrou ainda vai poder exigir o achádego.

○ Enquanto a pessoa esta com a coisa encontrada, ela não possui posse, ela é
detentora.

Posse e seus efeitos


● Responsabilidade

○ Possuidor de boa-fé não responde pelas perdas e danos.

○ Se a pessoa esta de má-fé ela deverá responder pelas perdas e danos

○ Ex. comprei vacas que eu sei que tem origem de um furto. Se o dono vier
buscá-las e elas estiverem mortas, o comprador deverá pagar pelas perdas.
Só há um exceção se for possível comprovar que a perda ocorreria mesmo se
estivesse com o dono original (enchente que atingiria as duas fazendas)

● Frutos:

○ Se o possuidor for de boa-fé, ela pode ficar com os frutos colhidos,


percebidos.

○ No entanto, os frutos que ainda não foram colhidos, o proprietário tem direito
ao fruto, mas indenizar o possuidor de boa-fé (entende-se que o proprietário
só receberá o fruto pois o possuidor cuidou bem da coisa).

○ Possuidor de má-fé não tem direito a nada.

○ Se o proprietário conseguir comprovar que, se a coisa não tivesse sido tirada


dele e que o possuidor de má-fé não utilizou a coisa da maneira certa, de
forma que os frutos não foram colhidos por conta disso, o proprietário poderá
requerer a indenização por esses frutos não percebidos.

Direitos reais

Propriedade:
● Na propriedade, há uma concretização formal da posse.

● Na propriedade móvel, é possível que a formalidade seja uma nota fiscal.


● Tradição = entrega.

● Enquanto não há a entrega, a coisa é de responsabilidade do vendedor.

● A propriedade de coisa imóvel só é adquirida com o registro e com o título.

● Poderes do proprietário:

○ Usar: usar a coisa. Ex. morar na casa, vestir a roupa. Tanto proprietário
quanto possuidor podem usar a coisa.

○ Gozar: são as vantagens obtidas com a coisa. Ex. aluguel da coisa. Tanto
proprietário quanto possuidor podem usar a coisa

○ Dispor: vender, doar. A disposição completa da coisa somente existe para o


proprietário. Possuidor também pode dispor da posse (bens de posse são
mais baratos pois é mais inseguro).

○ Reaver: só o proprietário tem esse direito. O proprietário pode reaver a coisa


de qualquer pessoa. O proprietário pode reaver de qualquer um. O possuidor
não pode reaver a coisa do proprietário.

Usucapião
● Ação de usucapião: possuidor no pólo ativo (quer receber o bem por meio de
usucapião) e proprietário no polo passivo.

● Não há troca financeira, o proprietário não recebe nada

● O possuidor precisa comprovar duas coisas:

○ Posse: a posse deve ser qualificada (mais forte). Assim, o possuidor deverá
demonstrar que se relacionou com a coisa:

i. sem interrupção (demonstrar que não deixou de se relacionar com a


coisa. Ele pode se distanciar da coisa por certo período). A pessoa
pode alugar a coisa para outra pessoa. O possuidor deve agir como se
fosse dono.

ii. sem oposição: o proprietário não pode tentar reaver a coisa. Se tentar
impedir que a posse se concretizasse, o prazo reiniciará.

● A aquisição do bem ocorre através da perda do direito de uso da coisa pelo


proprietário.
● Se a posse é clandestina, o tempo de posse não tem início.

● Posse clandestina/violenta não caracteriza posse (só gera posse quando a


violência/clandestinidade cessa)

● Ex. proprietário que viajar não pode ter seu bem usucapido, pois ele não tinha
conhecimento da coisa. No entanto, a partir do momento em que ele tem
conhecimento e não busca restituir a posse, a clandestinidade cessa.

Ação de usucapião
● É preciso chamar o Estado e todos os vizinhos.

● Extraordinária:

○ Precisa comprovar apenas o tempo de 15 anos de posse, sem interrupção e


sem oposição.

○ Não importa se a posse é de má-fé ou de boa-fé, se o possuidor possui


outros bens, o tipo de imóvel, etc.

○ Sentença declaratória deverá ser registrada para que o possuidor adquira


propriedade.

○ Se for possível comprovar 10 anos de posse, sem oposição e sem


interrupção, mas que a coisa foi utilizada para moradia ou para obras e
serviços, retira-se 5 anos de contagem.

● Ordinária:

○ 10 anos de posse, sem interrupção e sem oposição

○ Justo título (contrato de compra e venda - documento que comprove que a


coisa foi passada pelo proprietário/possuidor antigo)

○ Boa-fé.

○ Se for comprovada i) a moradia/investimentos ou ii) registro prévio de título


só é necessário comprovar 5 anos de posse, sem interrupção e sem oposição,
justo título e boa-fé.
Aula 05.05
Usucapião Especiais
● No usucapião especial, a pessoa deve se relacionar de maneira específica com o
imóvel.

● São políticas públicas de acesso à propriedade para quem não tem propriedade.

● Usucapião rural e urbano

○ Usucapião rural e urbano estão previstos constitucionalmente.

○ Requisitos:

■ O imóvel de quem esta pedindo o usucapião deve ser o único imóvel


da pessoa que esta pedindo.

■ Existe um limite de 250 m2 para imóveis urbanos e 50 hectares para


imóveis rurais.

■ No caso de usucapião rural, a pessoa deve comprovar que exerce


trabalho naquele bem. Por causa disso, ela também é chamada de
usucapião pro labore

■ No caso de usucapião urbano, a pessoa deve comprovar que mora no


bem.

■ Comprovação de 5 anos de posse.

● Usucapião urbano coletiva:

○ Espaço grande de terra, na cidade, onde várias famílias habitam. Nesse caso,
é possível que o grupo faça o pedido de usucapião do todo. Se eles
conseguirem a propriedade, ela será quase em um formato condominial -
todos terão uma fração ideal daquele todo.

● "Usucapião de defesa":

○ Famílias que habitam um imóvel por mais de 5 anos e que sofrem uma ação
de despejo, podem se defender comprovando que moram no bem e
ofertando o pagamento da indenização pelo imóvel. No entanto, não é
usucapião pois as pessoas devem indenizar o proprietário do imóvel e no
usucapião não há troca financeira.
● Usucapião familiar:

○ Núcleo familiar (formado por um casal casado ou em união estável) que


divide a posse de um bem e tem a propriedade do bem (independentemente
do regime matrimonial e de quem possui a propriedade).

○ Uma das partes do casal abandona o parceiro e o lar (deixa o espaço, sem se
preocupar com a relação familiar)

○ O parceiro que ficou na casa, se permanecer lá por pelo menos 2 anos, terá
direito a entrar com uma ação de usucapião.

○ Requisitos:

■ Imóvel único

■ Máximo de 250 m2

■ Legislação fala apenas de imóvel urbano, mas a jurisprudência


entende que é cabível para imóveis rurais também.

Acessão
● O modo de aquisição é um fenômeno natural, que não foi gerado diretamente pelo
ser humano.

● Ocorre em: ilhas, aluvião, avulsão e álveo abandonado.

● Ilhas:

○ Nesse caso será dividido o terreno que foi gerado entre os proprietários
ribeirinhos (que moram na beira do rio).

○ Formação: 3 regras: - baixa da quantidade de água de forma permanente,


aparece terra, que pode ser utilizada.

○ Só pode pedir a propriedade os proprietários ribeirinhos, margem do rio vai


fazer margem com a casa deles, com a parte da frente (testada); da testada
do terreno, até o meio do rio, fica com aquela parte da terra

● Aluvião:

○ Só ocorre em razão de águas privadas (água privada é aquela que não é


navegável, águas navegáveis devem ser públicas).
○ Ocorre quando a correnteza do rio, ao longo do tempo (lentamente), carrega
a terra de um lugar a outro, sendo acumulado no terreno de outra pessoa,
que não o proprietário.

○ Se o proprietário não fizer nada para evitar isso, a outra pessoa conseguirá
ter propriedade sobre esse pedaço de terra que foi transportado.

● Avulsão:

○ Acréscimo de terra para outro terreno em razão de algum desmoronamento,


deslizamento, enchente, etc.

○ A parte que recebeu o terreno por avulsão, ele poderá ficar com o terreno se
ele pagar para o proprietário.

○ O proprietário original tem 1 ano (a partir do momento em que teve


conhecimento) para reclamar, se ele não reclamar, quem recebeu a terra
poderá ficar com esse acréscimo.

○ Se a pessoa não quiser ficar com a terra, ela deverá deixar que o proprietário
tire a terra.

○ Importante verificar que não houve intervenção direta de uma das partes
pois nesse caso, a parte que sofreu o acréscimo ou a diminuição poderá
entrar com uma ação por danos materiais.

● Álveo abandonado:

○ Rio abandonado (que secou).

○ Será dividido o terreno que foi gerado entre os proprietários ribeirinhos (que
moram na beira do rio).

Registro
● Título translativo

○ Quando se compra um bem imóvel, tem-se um título translativo, ou seja, um


título que permite a transição daquele imóvel.

● Escritura pública

○ Registro do título no cartório de registro de imóveis do local do imóvel.


○ Registrar o imóvel significa inserir seu nome na história daquele bem, se
tornando o principal responsável por ele.

○ O título pode ser feito ou não por escritura pública. Não será necessário
quando o bem valer menos do que 30 salários mínimos. Nesse caso, basta
registrar o contrato de compra e venda.

○ O registro no tabelionato tem como objetivo dar efeito à propriedade. Pode


ser em qualquer tabelionato, não precisa ser no do local do imóvel. O
cartório de notas tem como atividade a lavratura de documentos que
retratem a realidade do ato jurídico, demonstrando a vontade das partes e
dando autenticidade a documentos e assinaturas. Dentro os atos praticados
pelo notário estão: lavratura de escrituras públicas (tais como: compra e
venda, doação, permuta, alienação fiduciária, união estável, procurações,
divórcios, atas notariais, testamentos, entre outros),

○ Tanto o contrato por escritura pública ou não, ambos têm que ser
registrados.

Registro, matrícula e averbação.


● Matrícula

○ É o nascimento do bem imóvel.

○ Acompanha o imóvel para sempre.

● Registro

○ Mudanças na matrícula.

○ Tendo títulos válidos, quem registra primeiro vai receber a propriedade do


bem; só com registro que vincula o bem pra você;

○ É a transferência de propriedade, através do registro, que autoriza que o


comprador adquira a propriedade.

● Averbação

○ Adiciona informações.

○ Algumas averbações são apenas adições ou modificações de informações;


outras são de transferência de propriedade, essas vão gerar um novo número
de registro.

● Número de registro x número de matrícula


○ O número do registro é diferente do número de matrícula. O número de
matrícula acompanha o bem imóvel para sempre. Cada mudança na
matrícula gera um novo número de registro.

○ Se o terreno sofre uma mudança grande em suas características, é possível


gerar um novo imóvel, que deve ter uma nova matrícula.

● Prenotação:

○ Se alguém vende um bem para duas outras pessoas no mesmo dia, terá a
propriedade quem registrá-lo primeiro.

○ Se duas pessoas forem registrar seu contrato no mesmo dia, quem recebe é
quem prenotar primeiro. Prenotar é entregar a documentação toda para o
oficial de justiça, que te dará um número de protocolo.

○ Se as duas prenotações ocorrerem ao mesmo tempo, deve-se levar em conta


o horário da assinatura.

Aula 11.05 - Aquisição de propriedade


móvel
● Acessão: incorporação de um bem móvel em um bem imóvel (plantação na terra,
construção de uma casa, etc).

● Acessão artificial: incorporação feita pelo homem. Transformação do bem móvel em


imóvel

● A regra geral é a de que o dono do bem principal (terra) é o dono do bem


incorporado. Não é preciso comprovar isso, a propriedade da coisa móvel
incorporada é presumível pela propriedade do bem imóvel.

● Terreno próprio e material alheio: pegar sementes de outro e plantar no seu


terreno. A propriedade será do proprietário da propriedade principal. Acessório
segue o principal. É importante verificar se a aquisição foi de boa fé ou de má-fé.

○ Se for de má-fé, a propriedade continuará sendo da pessoa que pegou o


material, mas ela precisará indenizar o dono do material pelo valor dele
(valor de indenização) + dano moral.
○ Se for de boa-fé, somente deverá indenizar pelo valor da coisa incorporada.
Se já foi incorporado deve-se privilegiar o bom uso da coisa (se ela for
retirada perderá o uso, o que não é o desejável).

● Terreno alheio e material próprio: construir no terreno de alguém, por exemplo. A


propriedade continuará sendo daquele que possui propriedade sobre o bem
principal.

○ Se a pessoa estiver de boa-fé, ela poderá exigir indenização pelo "trabalho"


feito.

○ Se estiver de má-fé, deve pagar indenização e ainda, se for da vontade do


proprietário, retirar a coisa.

Zona lindeira
● Zona lindeira são terras vizinhas, grudadas.

Acessão de zona lindeira em menos do que 20%:


● Construção de boa-fé:

● Art. 1.258. Se a construção, feita parcialmente em solo próprio, invade solo alheio
em proporção não superior à vigésima parte deste, adquire o construtor de boa-fé a
propriedade da parte do solo invadido, se o valor da construção exceder o dessa
parte, e responde por indenização que represente, também, o valor da área perdida
e a desvalorização da área remanescente.

● Se o tanto de terra invadido não corresponder à 20% da terra do outro e a pessoa


que invadiu, estando de boa-fé, demonstra que o valor invadido excede em muito o
valor da terra que foi invadida pelo construtor (cálculo do valor da terra x valor da
construção), a prioridade da propriedade é daquele que invadiu.

● Ele tem o direito de pedir a propriedade daquela terra. Se ele não pedir, ele vai ter
que destruir aquilo que foi invadido.

● Se invadiu menos que 20% terra do outro (terra invadida), estando de boa-fé, e
demonstrando que valor do que foi construído excede em muito o valor daquela
terra que foi invadida pelo construtor, traz a prioridade da propriedade pro dono da
construção:
● Pode pedir a transferência de propriedade, vai ter que pagar indenização
correspondente ao 1) valor da terra; 2) ao tanto que a terra valorizou seu imóvel; e 3)
ao tanto que desvalorizou a terra do outro;

● Construção de má-fé:

● Art. 1.258. Parágrafo único. Pagando em décuplo as perdas e danos previstos neste
artigo, o construtor de má-fé adquire a propriedade da parte do solo que invadiu, se
em proporção à vigésima parte deste e o valor da construção exceder
consideravelmente o dessa parte e não se puder demolir a porção invasora sem
grave prejuízo para a construção.

● O construtor de má-fé vai poder receber a prioridade se pagar 10x o que pagaria de
indenização se estivesse de boa-fé; teria que comprovar, também, que não pode
destruir o que foi construído, se não coloca em risco a construção como um todo.

● Se não conseguir comprovar isso, não recebe prioridade; tira tudo e ainda recebe
indenização.

● Se ele estiver de má-fé, para conseguir a propriedade, ele precisa demonstrar que a
construção correrá risco, que não excedeu 20% e que possui valor muito excessivo.

Acessão de zona lindeira em mais do que 20%:


● Boa-fé:

● Art. 1.259. Se o construtor estiver de boa-fé, e a invasão do solo alheio exceder a vigésima
parte deste, adquire a propriedade da parte do solo invadido, e responde por perdas e danos
que abranjam o valor que a invasão acrescer à construção, mais o da área perdida e o da
desvalorização da área remanescente;

● Também tem que provar que o valor da construção excede consideravelmente o valor da
terra.

● Tem que pagar de indenização: i) valor do terreno; ii) valor que a construção acresceu à
construção e iii) valor que a construção desvalorizou o terreno.

● Má-fé:

● Art. 1.259. se de má-fé, é obrigado a demolir o que nele construiu, pagando as perdas e
danos apurados, que serão devidos em dobro.

● Também tem que provar que o valor da construção excede consideravelmente o valor da
● Quem invadiu tem que demolir, não tem opção (mesmo que cause dano à
construção inteira) e tem que pagar a mesma indenização que teria que pagar se
estivesse de boa-fé multiplicado por dois.

Aula 19.05 - Aquisição de propriedade


móvel

Ocupação
● Forma originária de aquisição de propriedade (não tem relação direta entre o antigo
dono e o atual dono, pessoa que quer se tornar dona daquela coisa); se desfazendo
daquilo: se descarta da propriedade do bem: no lixo, por exemplo; houve o
abandono da coisa: outra pessoa pode pegar, está ocupando aquele objeto;
abandono da propriedade: quando pega: ocupa: originário; uma pessoa se
desfazendo da propriedade, e a outra “ganhando” a propriedade;

● Quando não é de ninguém, Estado reconhece que não tem dono prévio: quando
pesca um peixe: ocupação de coisa móvel;

Especificação
● Alguém que não é proprietário do bem móvel, pega o bem móvel de outra pessoa e
transforma numa nova espécie de bem móvel: vai conseguir a propriedade desse
bem móvel; o trabalho naquilo vai valer mais, se for comprovado que vale mais do
que o objeto original, e comprovando isso, pode pegar a coisa pra ele;

● Modo originário de aquisição: não vem do proprietário anterior, vem do fazer na


coisa;

● Eventualmente vai ter que pagar alguma indenização pelo valor de base da coisa;
trabalho que fez na coisa faz com que tenha se transformado numa nova coisa;
movimento foi de boa-fé ou má-fé: se comprova má-fé, consegue inverter a regra;
especificar: criar bem móvel novo.

● Alguém que trabalha em algo, poderá adquirir a coisa, em razão do valor agregado à
coisa pelo seu trabalho.

● Aquilo que foi incorporado de valor físico, o que foi trabalhado, vale mais
● Comprovando que o trabalho vale mais do que a coisa, a pessoa que trabalhou vai
poder adquirir a coisa móvel.

● Importa se o movimento foi de boa-fé ou de má-fé.

● Se a má-fé é comprovada, a regra é invertida - a especificação fica com o


proprietário.

Usucapião
● Usucapião de bem móvel é possível.

● Usucapião extraordinária:

○ 5 anos sem interrupção, nem oposição e com intenção de ser dono.

● Usucapião ordinária:

○ 3 anos sem interrupção, nem oposição e com intenção de ser dono.

○ Justo título

○ Boa-fé

● A coisa furtada pode ser usucapida.

Tradição
● Comprando o bem móvel; o que precisa é a entrega (tradição); sem essa entrega,
não tem ... de titularidade do bem móvel; pra ter propriedade do bem móvel, tem
que ter a entrega do bem móvel; importante entregar, pois protege o futuro
proprietário; para transferência propriedade: entrega; tradição fictícia: quando recebe
a chave do carro: data da tradição (benéfica pra quem tá vendendo, em cima da
tradição fictícia); precisa da transferência física; forma derivada de aquisição de
propriedade;

Direito de vizinhança
● Prédio é todo, terreno, casa, edificação, etc.

● Bens de prédios = bens imóveis.

● Conflito de prédios - um bem imóvel interfere no outro.


● As outras propriedades limitam o uso da sua propriedade.

● Não se restringe à vizinhança contígua. Vizinhança contígua é a vizinhança grudada.

● O que importa é a propagação dos atos. Se ao utilizar o seu bem, você atinge a
propriedade do outro, você pode ser considerado vizinho desse outro. Esse outro
pode fazer valer seu direito para limitar sua propriedade.

Uso anormal da propriedade


● Art. 1.277. O proprietário ou o possuidor de um prédio tem o direito de fazer cessar
as interferências prejudiciais à segurança, ao sossego e à saúde dos que o habitam,
provocadas pela utilização de propriedade vizinha.

● Precisa configurar dano à segurança, ao sossego ou à saúde, para que seja possível
limitar o uso da propriedade do vizinho.

● Ação de demolição, por exemplo, se baseia neste artigo.

● A propriedade deve ser utilizada de forma normal. O artigo 1.277 prevê as


hipóteses de uso anormal da propriedade.

○ Barulho, cheiro, uso de agrotóxicos, lixo, água parada, etc. que interferem na
propriedade vizinha são considerados usos anormais.

● Para analisar o uso normal, não se considera bons costumes.

● Sossego estético: ex. bairros sem muro - extrapola o uso normal da sociedade
naquela região. Causa interferência ao sossego externo (não precisa ter uma norma).

● Teoria da pré-ocupação: histórico do local, localização e a natureza irão definir a


normalidade. Se a pré-ocupação for barulhenta, o barulho de alguém não será
considerado anormal.

● Interesse público pode alterar a normalidade. Se o prejuízo à segurança, sossego,


saúde gerar mais benefício do que dano, o interesse público deverá prevalecer. O
dano não pode ser ao coletivo (ex. poluição). Aquele que esta causando dano deve
comprovar que tentou reduzir o dano. Ex. indústria que gera barulho, mas gera
empregos, industrializa a região.

Árvores limítrofes
● Árvore limítrofe: é a árvore que está enraizada em dois terrenos diferentes.
● Ambos os proprietários são responsáveis pela árvore limítrofe - condomínio
obrigatório.

● Se a árvore não é exatamente dividida entre os terrenos, ela não é limítrofe. Mas se
ela atinge o outro terreno (ainda que em porcentagem inferior à 50%), ele pode
cortar a parte que lhe atinge, desde que não cause dano ao bem principal.

● Se a árvore é limítrofe, os proprietários podem cobrar um do outro.

● Se a árvore gerar frutos e não houver condomínio (não for limítrofe), a parte que for
atingida pelos frutos não pode colhê-los (mas pode cortar o galho).

● Ação demarcatória - busca delimitar o terreno de cada um.

● Quem quer realizar benfeitorias pode realizá-las sem a aceitação do outro (desde
que não o prejudique)

Passagens forçadas
● Casos de passagem forçada: é preciso da propriedade vizinha para ter acesso a algo
ou para dar vazão a algo que passe pelo seu bem.

● Hipóteses:

○ Cabos e Tubulações:: passagem pelo subsolo. Deve pedir a passagem pelo


terreno que seja mais fácil passar - não necessariamente o mais próximo,
mas o mais fácil, menos custoso. Quem custeia a obra é a pessoa que a força.

○ Águas: é preciso possibilitar a vazão. Ex. terreno mais alto tem o direito de
forçar a passagem da água ao terreno mais baixo - ele é obrigado a receber
essa água. Ele pode exigir que o prédio mais alto faça a passagem de forma
correta, mas não pode impedir que a passagem aconteça. Um prédio vizinho
pode exigir que o vizinho não construa uma barragem.

● Indenização: Indenização pelo valor que desvaloriza do terreno vizinho + custeio da


obra.

Imóvel encravado
● É o imóvel que esta rodeado por outros imóveis, que não tem saída para a rua.

● Todo o imóvel tem direito a ter algum tipo de acesso a via pública (tanto faz se for
acesso à água ou à via).
● O terreno encravado vai poder fazer uma estradinha para ter acesso à via pública -
ele não adquire a propriedade do vizinho, ele só pode força-lo a criar essa
passagem.

● Deve demonstrar qual terreno é mais fácil para se criar o acesso à via pública

● Indenização pelo valor que desvaloriza do terreno vizinho + custeio da obra.

● Se inicialmente não havia encravamento, mas o encravamento ocorreu por conta de


um desmembramento, quem deu causa ao encravamento somente poderá requerer
a passagem daquele que teve a passagem desmembrada.

Aula 23.06 - Condomínio Geral


● Art. 1.314. Cada condômino pode usar da coisa conforme sua destinação, sobre ela
exercer todos os direitos compatíveis com a indivisão, reivindicá-la de terceiro,
defender a sua posse e alhear a respectiva parte ideal, ou gravá-la

● Parágrafo único. Nenhum dos condôminos pode alterar a destinação da coisa


comum, nem dar posse, uso ou gozo dela a estranhos, sem o consenso dos outros.

● A princípio, o possuidor é único

● No condomínio, uma coisa pode ser de propriedade de várias pessoas.

● Condomínio = copropriedade (domínio = propriedade)

Parte ideal
● Não é um limite exato, é uma parte "ideal", a coisa não é quebrada no meio.

● A parte exerce seus direitos proprietários sobre a parte ideal.

● Entre os condôminos: a parte ideal depende do valor pago por cada um. A fração
ideal também será levada em conta para estabelecer os ônus da relação
condominial (quanto mais você contribui mais você tem que pagar e mais você usa).

● Independentemente da porcentagem da parte ideal, o condômino sempre poderá


defender a coisa contra terceiros, como se tivesse a propriedade integral do bem.

● Se o condômino quiser sair do condomínio, ele pode vender, mas os outros


condôminos têm preferência para comprá-la.

● Direito de divisão da coisa:


● Se a pessoa pede a divisão da coisa, o condomínio acaba - extinção do condomínio,
pedir a divisão = vender o bem e cada um recebe sua parte.

● Divisão = divórcio.

● Não precisa de motivo para que a relação condominial acabe.

● A regra é que a coisa é divisível a qualquer tempo.

● Exceção: cláusula que estabelece um período de indivisibilidade. Tempo máximo de


indivisão: 5 anos, que podem ser renovados por mais 5 (max. 10). Ex. relações
societárias.

● Renúncia: A pessoa não consegue mais arcar com a posição de condomínio. Ela
precisa comprovar que não consegue mais fazer parte daquela relação condominial -
ela pede a renúncia. Nesse caso, ela se exige do pagamento de dívidas. É como se
fosse uma falência interna. Nesse caso há dois caminhos:

○ Outros condôminos querem ficar com a parte que está sendo renunciada.
Caso haja mais do que um outro condômino, ficará com a parte quem quitar
as dívidas de quem renunciar,

○ Outros condôminos não querem ficar com a parte que esta sendo renunciada.
Vende-se a parte, extingue-se o condomínio.

● Condomínio forçado:

○ Condomínio forçado sempre: muro que divide um espaço entre duas pessoas.
Ambos são corresponsáveis

Condomínio edilício:
● São os edifícios. É um condomínio edificado verticalmente - várias copropriedades
no mesmo terreno.

● Outro nome é propriedade horizontal. Não se confunde com condomínio de casas.

● Além da parte ideal (área comum), você tem a área privativa (é de uma pessoa só).

● A parte privativa é só daquele proprietário, o proprietário do apartamento pode fazer


o que quiser com aquele apartamento.

● Junto com a área privativa, o proprietário adquire uma área ideal da propriedade
comum (geralmente calculada com base na área da parte privativa)
● Área comum: tudo que esta fora do seu apartamento. É o condomínio que decide o
que fará com essa parte.

● O uso da área comum é regulamentado pelo condomínio.

● Embora a propriedade seja sua, os outros condôminos vão interferir nas formas
como você lida com a área comum.

● STJ limita poder de regulamentação dos condomínios na proibição de animais no


geral e de fechamento das sacadas. O condomínio pode interferir no tipo de animais
permitidos.

● Garagem/hobby box são áreas privativas, mas a vida útil delas se aproxima à área
comum - o condomínio pode definir como a garagem vai ser utilizada, o que vai ser
colocado lá. Tem condomínio que permite alugar essa garagem para terceiros, tem
condomínio que não autoriza isso.

Ato de instituição
● Para gerar um condomínio edilício, ele precisa ser constituído.

● Originalmente, há apenas um imóvel (ex. terreno).

● A transformação do bem inicial em um bem condominial é chamado de instituição


do condomínio.

● Isso pode ser um ato entre vivos ou entre mortos.

● Requisitos do ato de instituição:

○ Finalidade do condomínio - se é residencial, comercial ou misto.

○ Individualização das áreas privativas - estabelecer as metragens exatas


destinadas para cada área privada detalhadamente. É preciso saber quais
propriedades novas vão ser geradas.

○ Frações ideais - é preciso mostrar como a fração ideal será calculada, como a
parte comum será dividida entre os condôminos proprietários.

○ O código não fala, mas precisa da localização do bem também.

● O condomínio é um ente despersonificado - será sempre representado pelo síndico.


Aula 30.06 - Condomínio

Convenção do condomínio
● Sem convenção não tem condomínio

● É o "ato de constituição"

● O ato de instituição cria o condomínio e o ato de constituição constitui o condomínio,


dá as bases normativas e de convivência do condomínio.

● É obrigatória para todos que estão no espaço, a partir do momento que entraram
nele (convidados, faxineira, etc)

● Para ser oponível a terceiros deve estar registrada no cartório. Mas não é necessário
que se registre.

● Para a alteração do ato de constituição é necessário um quorum de ⅔ dos


condôminos.

● Quórum dos condôminos = quorum das frações ideais

● O STJ tem restringido o direito de estabelecer qualquer coisa na convenção de


condomínio. Ex. não é mais permitido proibir a existência de animais, não pode
limitar acesso por airbnb, mas pode estabelecer uma sanção maior para locatário
eventual.

Requisitos da constituição
● Questões relacionadas à cobrança dos condôminos, como ela será calculada

● Questões relacionadas à administração do condomínio

● Funcionamento das assembleias (há uma norma geral no código civil, mas a
convenção deve especificar)

● Sanções e como elas serão calculadas

● Não é interessante fazer uma constituição muito completa porque é difícil alterá-la.

Assembleia do condomínio
● Cria as normas e julga os casos interno
● "poder judiciário"

● Quem convoca a assembleia é o síndico - A forma de convocação da assembleia


deve estar na convenção.

● Requisitos da Assembleia

○ Ata

○ Pontos que serão votados e o quorum para decisão de cada ponto - só pode
levar à votação o que estiver na ata de convocação.

○ Local e horário da 1a e 2a convocacao

● 1a e 2a convocacao:

○ 1a convocacao: se o síndico conseguir contabilizar dentro de um período de


tempo que ele estabeleceu, que já estão presentes metade + 1 das frações
ideais (esse é o quorum geral).

○ 2a convocacao: se não houver o quorum suficiente na 1a convocação, em 2a


convocação, as pessoas que comparecerem irão decidir. Em segunda
convocação, o quorum será da maioria das pessoas (e não das frações
ideais).

● Direito de voto

○ Quem vota é o condômino, nesse caso é o proprietário. Se outra pessoa for


votar, o proprietário tem que dar uma procuração para que ele vote de
determinada maneira ou como ele quiser.

○ O código civil usa o termo condomínio tanto de forma ampla (todos que
estão naquele espaço) ou de forma restrita (proprietário).

○ Se o condômino atrasou alguma mensalidade ele não pode votar. Só pode


votar o condômino que esta quite com o condomínio. Isso não significa que
ele não pode participar da assembleia. A convenção chama os moradores,
mas o voto é só do condômino com quitação comprovada.

○ Síndico deve exigir essa quitação, é responsabilidade ele

● Assembleia ordinária x extraordinária

○ Ordinária: é obrigatória uma vez por ano. É a prestação de contas do


condomínio.
○ Extraordinária: pode ser chamada a qualquer momento. Podem ser
chamadas quantas forem necessárias.

● Convocação da assembleia

○ Se o síndico não convocar a assembleia, ¼ dos condôminos (proprietários)


podem convocá-la.

Direitos e deveres
● Área privada - condômino pode utilizar a área privada como quiser, desde que não
interfira na vizinhança. Convenção pode limitar o uso.

○ Ex. não pode ouvir música após certo horário, não pode usar sapato depois
de certo horário, etc.

○ Outro exemplo é a garagem - apesar de ser uma área privada, a convenção


pode limitar que seja somente veículos, não sendo possível colocar materiais
de construção, por exemplo.

○ A convenção não pode limitar a disposição da área privada principal, mas


pode limitar a disposição da garagem (ex. não pode vender a garagem para
alguém de fora).

● Área comum - não há direito de disposição, apenas de usufruto, desde que não
prejudique o uso dos outros. Convenção pode limitar a área comum para inquilinos
eventuais.

● Votação - É direito do proprietário votar, desde que apresente a quitação das taxas
condominiais

● Deveres dos condôminos

○ Deveres financeiros:

■ Pagamento das taxas condominiais (juros de 1% ao mês e multa


máxima do valor do débito)

■ A responsabilidade pelo pagamento é sempre do proprietário.

○ Deveres comportamentais:

■ Segurança: questões comportamentais que podem gerar insegurança


aos demais condôminos são proibidas

■ Fachada: a fachada (tudo que vai pra fora) não pode ser alterada. A
parede externa, a porta, a maçaneta, etc. tudo isso é fachada.
■ Destinação: não pode alterar a destinação do imóvel de residencial
para comercial. Isso não significa que não pode ser feito home office,
mas a função principal não pode ser alterada.

■ Bons costumes: respeito aos bons costumes.

○ Inquilino pode ser expulso, proprietário não.

○ O Código da a base de multa, a convenção pode alterar. Multa pode ser


multiplicada por 10 caso seja reincidente

Administração
● O código civil permite que qualquer um seja síndico, a convenção pode limitar.

● Eleições obrigatoriamente a cada 2 anos - validade da eleição.

● Não há limite no código para reeleição.

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