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Aula 1 – Noções de Direitos Reais II

1. Introdução
 Direitos existenciais (são os direitos da personalidade);
 Direitos patrimoniais (direitos obrigacionais (= pessoais = de credito) e direitos
reais);
Obs.: alguns autores têm defendido que os direitos reais devem ser vistos também sob o
aspecto existencial, vez que a propriedade promove direitos da personalidade.
Ex.: quem é proprietário de um imóvel (moradia) tem o resguardo de sua privacidade,
integridade física, saúde, etc.

2. Conceito
 O direito real consiste no poder jurídico, direto ou imediato do titular sobre a
coisa, com exclusividade e contra todos. No polo passivo, incluem-se os
membros da coletividade, pois todos devem abster-se de qualquer atitude que
possa turbar o direito do titular: no instante em que alguém viola esse dever, o
sujeito passivo, até então indeterminado, torna-se determinado (Carlos Roberto
Gonçalves, p. 109).
 Relação direta entre a pessoa e a coisa.

3. Rol taxativo
Art. 1225, CC: São direitos reais: I - a propriedade; II - a superfície; III - as servidões;
IV - o usufruto; V - o uso; VI - a habitação; VII - o direito do promitente comprador do
imóvel; VIII - o penhor; IX - a hipoteca; X - a anticrese. XI - a concessão de uso
especial para fins de moradia; (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007) XII - a concessão
de direito real de uso; e (Redação dada pela Medida Provisória nº 759. de 2016); XII - a
concessão de direito real de uso; e (Redação dada pela Lei nº 13.465, de 2017); XIII - a
laje. (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017).
 O CC excluiu a enfiteuse e a constituição de renda sobre imóvel, que constavam
da codificação de 1916 e incluiu o direito de superfície e o direito do promitente
comprador do imóvel.
4. Características
 São direitos absolutos (por mais que não possa ser exercido sempre e de
qualquer maneira), vez que oponíveis à coletividade (erga omnes). O objeto da
relação entre o titular do direito real e a coletividade é o dever geral de
abstenção. Havendo violação a tal dever nascerá a pretensão do titular de
impedir a agressão, ter seus prejuízos ressarcidos, etc.
Obs.: diz-se que os direitos obrigacionais são relativos, com eficácia apenas entre os
negociantes (inter partes).
 Possuem direito de sequela, visto que o titular do direito real tem o poder de
perseguir a coisa, reavendo-a de quem quer que injustamente a possua ou
detenha.
Ex.: João pegou dinheiro emprestado no banco e concedeu seu apartamento em
garantia, por meio de hipoteca. Se João vender seu imóvel para Maria, e não pagar a
dívida com o banco, este poderá alienar o imóvel para pagamento da dívida, mesmo que
o imóvel não mais esteja com o devedor.
Obs.: diz-se que os direitos obrigacionais não possuem direito de sequela.
 São previstos num rol taxativo legal, sendo que os participantes não podem
criar novos direitos reais que não estejam previstos em lei.
Obs.: diz-se que os direitos obrigacionais são exemplificativos, vigorando a autonomia
privada das partes na criação de novos direitos.
 Possuem caráter atributivo, já que para exercer os poderes inerentes ao direito
real, o titular independe da colaboração de quem quer que seja.
Obs.: diz-se que os direitos obrigacionais são cooperativos.

5. Aquisição
 Os direitos reais sobre coisas móveis, quando constituídos, ou transmitidos por
atos entre vivos, em regra só se adquirem com a tradição. Exemplo de exceção:
usucapião.
 Já os direitos reais sobre imóveis constituídos ou transmitidos por atos entre
vivos, em regra só se adquirem com o registro no cartório de registro de
imóveis. Exemplo de exceções: avulsão, usucapião, comunicação de bens por
celebração de casamento.
Obs.: antes da tradição ou registro existe apenas um direito obrigacional (mas não real).
6. Poderes ou faculdades inerentes à propriedade
 No direito de propriedade, o titular detém consigo todos os poderes inerentes à
propriedade, quais sejam: usar, fruir, dispor e reaver de quem quer que a
injustamente possua ou detenha.
 Usar: poder de utilizar a coisa ou mantê-la à sua disposição, sem alterar a sua
substância.
Ex.: o titular usa o imóvel quando mora nele ou simplesmente o mantém em seu poder.
 Fruir (gozar): poder de extrair benefícios econômicos da coisa (extrair frutos e
produtos).
 Dispor: poder de decidir quanto ao destino a ser dado à coisa: alienar totalmente
(vender, doar), alienar parcialmente (instituir servidão, usufruto, etc.), abandonar
e destruir.
 Reivindicar: poder de reaver a coisa de quem quer que injustamente a possua
ou detenha.
 Quando todos esses poderes se acham reunidos em só uma pessoa, diz-se que ela
é titular da propriedade plena.
 O proprietário, no entanto, pode transferir algum ou alguns dos poderes a um
terceiro. Nesse caso, a propriedade passa a ser limitada.
 Assim, por exemplo, no usufruto: o usufrutuário recebe os poderes de usar e
fruir da coisa, enquanto que o nu-proprietário permanece com os poderes de
reivindicar e dispor.

7. Classificação dos direitos reais sobre coisas próprias


 A propriedade se classifica como direito real sobre coisa própria;
 Já os demais direitos reais se estabelecem na coisa alheia, onerando ou limitando
o direito do respectivo dono; são denominados, por isso, direitos reais na coisa
alheia, e serão os estudados nesse semestre. Podem ser divididos, didaticamente,
em:
i) Direitos reais de fruição: proporcionam o aproveitamento de utilidades
materiais em bem alheio. Ex.: superfície, servidão, uso, usufruto, habitação,
concessão de uso especial para fins de moradia, a concessão de direito real
de uso, direito de laje.
ii) Direitos reais de garantia: vinculam bem alheio à satisfação de um direito
de crédito. Ex.: penhor, hipoteca; a anticrese.
iii) Direito real de aquisição: buscam proteger o direito do titular em tornar-se
proprietário de um bem alheio. Ex.: direito do promitente comprador do
imóvel.

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