Você está na página 1de 3

Direitos Reais

Aula nº
Data:
Conteúdo: Introdução ao direito das coisas. Conceito de direitos reais. Rol taxativo (art. 1225). Diferença
entre Direitos Pessoais e Direitos Reais. Princípios. Classificação dos Direitos Reais. Figuras hibridas:
Obrigações propter rem, Ônus reais e obrigações com eficácia real.

1. Conceito
O direito das coisas é o complexo de normas que regulam as relações jurídicas referentes às coisas suscetíveis
de apropriação pelo homem, sejam elas móveis ou imóveis. De modo geral, compreende os bens materiais,
ou seja, a propriedade e seus desmembramentos.

2. Caracteristicas
DIREITOS REAIS DIREITOS PESSOAIS
Rol taxativo (art. 1225,cc) Rol exemplificativo
Regulam às relações entre pessoas e coisas Regulam às relações entre pessoas
Oponível Erga omnes Oponível Inter partes
Caráter permanente Caráter temporário
Podem ser adquiridos por usucapião Não podem ser adquiridos por usucapião

3. Quais são os direitos reais?


São aqueles descritos em rol taxativo no artigo 1225, CC. Vejamos:
Art. 1.225. São direitos reais:

I – a propriedade; X – a anticrese;
II – a superfície; XI – a concessão de uso especial para fins de
III – as servidões; moradia; (Incluído pela Lei
IV – o usufruto; 11.481/2007)
V – o uso; XII – a concessão de direito real de uso; (Incluído
VI – a habitação; pela Lei 11.481/2007) e
VII – o direito do promitente comprador do XII – a laje. (Incluído pela Lei 13.465/2017)”.
imóvel;
VIII – o penhor;
IX – a hipoteca;

Profª Isadora Moura Fé Cavalcanti Coelho. Advogada, professora, especialista em Direito Público Municipal, Direito
Civil e Processual Civil e em Direito Previdenciário. Mestranda em Propriedade Intelectual pela UNIVASF.
mourafeisadora@outlook.com
Mas e a posse? Ela não é um direito real?
NÃO! A posse é um direito sui generis, ou seja, não é nem um Direito Real e nem um Direito Pessoal.
Porém, devido às semelhanças com o Direito Real, os doutrinadores a encaixaram na temática.

4. Princípios

PRINCIPIO DA ADERÊNCIA/ESPECIALIZAÇÃO/INERÊNCIA = Relação de senhoria entre o sujeito e a coisa.


Art 1228, CC: O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do
poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.

PRINCÍPIO DO ABSOLUTISMO= O titular do direito real possui a faculdade de se opor a qualquer pessoal
que intervenha no seu direito ou lhe cause algum dano (erga omnes).

PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE/VISIBILIDADE = Os bens imóveis só se adquirem pelo REGISTRO no cartório.


Os bem móveis só se adquirem após a TRADIÇÃO.
Art. 1.227, CC. Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se
adquirem com o registro no Cartório de Registro de Imóveis dos referidos títulos (arts. 1.245 a 1.247), salvo
os casos expressos neste Código.
Art. 1.226, CC. Os direitos reais sobre coisas móveis, quando constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos,
só se adquirem com a tradição.

PRINCÍPIO DA TAXATIVIDADE/NUMERUS CLAUSUS = Os direitos reais são somente os que estão dispostos
em Lei.

PRINCÍPIO DA PERPETUIDADE = Os direitos reais não se perdem pelo não uso, apenas pelos meios legais.

PRINCÍPIO DA EXCLUSIVIDADE = Não pode haver direitos reais, de igual conteúdo, sobre a mesma coisa.

PRINCÍPIO DO DESMEMBRAMENTO/ELASTICIDADE = Os direitos reais podem ser transferidos para


terceiros.

5. Classificação
Os Direitos Reais se dividem em Direitos Reais sobre coisas próprias e Direitos reais sobre coisas alheias.

Profª Isadora Moura Fé Cavalcanti Coelho. Advogada, professora, especialista em Direito Público Municipal, Direito
Civil e Processual Civil e em Direito Previdenciário. Mestranda em Propriedade Intelectual pela UNIVASF.
mourafeisadora@outlook.com
➔ Direitos reais sobre coisas próprias: garantem os poderes dispostos no Art. 1228, CC
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do
poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.
a) Direito de usar a coisa (jus utendi): é a prerrogativa que o titular da coisa tem de servir-se da coisa
da forma que bem entender, desde que respeite às normas legais.
b) Direito de gozar a coisa (juiz fruendi): garante ao titular da coisa o direito de aproveitamento de
todos os frutos que a coisa possa gerar. O titular tem o direito de explorar economicamente a sua
coisa, se ele assim o quiser.
c) Direito de dispor da coisa (jus disponendi): o titular pode alienar a coisa a qualquer título.
d) Direito de reivindicar a coisa (jus vindicatio): o titular da coisa tem o direito de reivindicar o seu
bem de quem o detenha de forma injusta ou ilegal.

➔ Direitos reais sobre coisas alheias: Os poderes são limitados, pois a pessoa recebe permissão do
proprietário para exercer apenas alguns dos poderes dispostos no art. 1228,CC.

6. Figuras Hibridas

➔ OBRIGAÇÕES PROPTER REM (em razão da coisa).


Obrigação própria da coisa. Vai surgir pela simples aquisição. Exemplos:
Obrigação imposta ao condômino de concorrer para as despesas de conservação da coisa comum (CC,
art. 1.315); Art. 1.315. O condômino é obrigado, na proporção de sua parte, a concorrer para as despesas de
conservação ou divisão da coisa, e a suportar os ônus a que estiver sujeita.

O condômino, no condomínio em edificações, não pode alterar a fachada do prédio (CC, art. 1.336, III);
Art. 1.336. São deveres do condômino: III - não alterar a forma e a cor da fachada, das partes e
esquadrias externas;

➔ ÔNUS REAIS
Encargos que limitam a fruição e disposição da coisa. Ex: bem hipotecado ou dado em penhor.

➔ OBRIGAÇÃO COM EFICÁCIA REAL


são as que, sem perder seu caráter de direito a uma prestação, transmitem-se e são oponíveis a terceiro
que adquira direito sobre determinado bem. Uma obrigação “qualquer” com eficácia real. Ex: contrato de
aluguel registrado em cartório.

Profª Isadora Moura Fé Cavalcanti Coelho. Advogada, professora, especialista em Direito Público Municipal, Direito
Civil e Processual Civil e em Direito Previdenciário. Mestranda em Propriedade Intelectual pela UNIVASF.
mourafeisadora@outlook.com

Você também pode gostar