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13. A responsabilidade por prejuízos. Por outro lado, e cumulativamente com os salários
de tramitação, o despedimento ilícito pode implicar para o empregador
responsabilidade por danos patrimoniais e não patrimoniais que o trabalhador tenha
sofrido em consequência daquele ato e das circunstancias que o tenham rodeado .
estes prejuízos de muita diversa natureza, são acessórios ou colaterais em relação ao
da perda do emprego, mas casualmente ligados ao despedimento como ato ilícito.
Podem apontar-se como exemplos a perda do acesso a gorjetas e a outros benefícios
dados por terceiros.
14. O regime dos salários intercalares. Foi muitos discutido o ponto de saber se,
aproveitando o trabalhador a desocupação resultante do despedimento para exercer
uma atividade renumerada, deveriam os respetivos rendimentos ser deduzidos no
valor dos salários intercalares a pagar pelo empregador. O CT resolve explicitamente a
questão no sentido afirmativo ( art.390º/2). O CT vai mesmo ao ponto de declarar
dedutíveis os valores recebidos a titulo de subsidio de desemprego ( art.390º-c). Estas
soluções permitem fazer coincidir o valor devido pela entidade empregadora com o
que corresponde à privação patrimonial efetivamente sofrida pelo trabalhador, como
se de mera reparação de prejuízos se tratasse, mas é por outro lado penalizadora dos
trabalhadores mais diligentes e produtivos que com as ocupações exercidas, podem
acabar por exonerar o autor do despedimento ilícito relativamente a uma parte
importante das consequências do ato.
16. A oposição à reintegração. A reintegração efetiva, como se disse, é muito rara, pois em
regra nem o empregador nem o trabalhador a desejam. Dai que a lei ofereça tanto a
um como o outro, meios de oposição à reintegração. Mas fá-lo de modo assimétrico.
O trabalhador pode opor-se à reintegração a todo o tempo, optando pela
indemnização de antiguidade “ até ao termo da discussão em audiência final de
julgamento” ( art. 391º/1), ou seja até a fase imediatamente anterior À decisão do
tribunal, e sem necessidade de fundamentar essa escolha. A opção do trabalhador tem
que ser forçosamente acolhida na mesma decisão.
A lei atribui assim ao trabalhador um direito potestativo de conformação das
consequências finais da decisão do tribunal. Encontra-se aqui uma forma atípica ou
inominada de extinção do contrato de trabalho. Na verdade a cessão do vinculo não é
juridicamente o efeito imediatamente visado pela declaração de opção do
trabalhador, mas a consequência desta e do contexto em que ela surge.
O empregador, por seu turno, tem, em certos casos, bastantes circunscritos, a
possibilidade de pedir que o tribunal, na sua decisão, rejeite ( “ exclua” é o termo
usado pela lei) a reintegração, invocando, como fundamento do pedido, factos e
circunstancias que tornem o regresso do trabalhador gravemente prejudicial e
perturbador da empresa ( art. 392º/1) .
A justificação exigida pela lei ao empregador é praticamente incontrolável pelo juiz:
tem o caráter de um prognóstico quanto ao comportamento futuro de um
trabalhador e às consequências que poderá ter o regresso desse trabalhador.
Como é obvio o pedido do empregador pode ser indeferido; esta decisão coloca-nos,
de novo, ante uma forma atípica e inominada de extinção do contrato: a resolução
judicial.
Nos termos do art.392º/3, a indemnização passa a ser fixada entre 30 a 60 dias de
retribuição base e diuturnidades por ano de antiguidade, não podendo ser inferior a
seis meses.