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Direito do Trabalho

Prof. Me. Uérlei Magalhaes de Morais


MÓDULO VIII

PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA

No direito romano as ações civis eram perpétuas, o que ocasionava um


grande transtorno social, pois o devedor vivia em fuga permanente do credor,
já que este poderia, a qualquer momento, cobrar a dívida.

Com a finalidade de fixar prazo para as ações, de forma a garantir a paz


ao devedor e uma estabilidade nas relações sociais, a Constituição de
Teodósio II, em 434, fixou a prescrição das ações perpétuas em 30 anos, que
se destinava a extinguir o direito de ação.

Finalidade Principal
A estabilidade, a segurança e a tranquilidade nas relações jurídicas,
assim como a previsibilidade das regras que regulam estas relações.

No interesse do objetivo o tempo é elemento fundamental, pois seu


transcurso sepulta a pretensão e direitos se não reivindicados oportunamente.

Sua finalidade é de ordem pública: a cobrança por prazo


indeterminado, de ordem perpétua, trás a insegurança jurídica e conflito social.

Finalidade Punitiva ao Omisso: tem caráter de sanção, pois se o titular


do direito ofendido não age, propondo a ação ara restabelecer o equilíbrio
desfeito, o Estado consolida a situação criada, punindo, dessa forma, àquele
que negligenciou na defesa de seu direito.

PRESCRIÇÃO

É a extinção do direito de ação, do direito de exigir, pretender. O não


exercício tempestivo da ação, isto é, o não ajuizamento oportuno da ação que
assegura o direito violado impede, de acordo com esta posição, seu exercício,
o direito de ação.

É a extinção da pretensão de um direito material violado pelo decurso


dos prazos previstos em lei, desde que não haja causa impeditiva, interruptiva
ou suspensiva de seu decurso – Arts. 189, 205 e 206 do CC c/c arts. 26 e 27
do CDC.

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Retira a exigibilidade de um direito. O direito em si sobrevive e pode ser
exercido extrajudicialmente, mas não mais cobrado.

A prescrição só começa a fluir a parti do direito lesionado e do


consequente aparecimento da pretensão. O transcurso do tempo aliado a
inércia não justificável do titular do crédito, acarretam na prescrição, que não
atingem a validade da obrigação, mas a eficácia da pretensão.

DECADÊNCIA

É a perda do direito potestativo (indiscutível, inviolável, não cabe


discussão) pelo decurso de prazo previsto em lei ou no contrato para o seu
exercício.

Enquanto que a prescrição torna inexigível uma pretensão, a decadência


extingue o próprio direito.

O prazo decadencial é sempre fatal.

Desafia a decadência o prazo para ajuizar:

a) Inquérito para apuração de falta grave contra empregado estável, se


suspenso (súmula 62, do TST c/c sumula 403, do STF) – 30 dias;
b) Mandado de segurança. Lei n. 12.016/2009 – 120 dias;
c) Embargos à execução – 5 dias;
d) Ação rescisória – 2 anos;

Prescrição – art. 189 a 206, CC Decadência – art. 207 a 211, CC

Extingue a pretensão Extingue o direito

Pode ser conhecido de ofício pelo juiz Pode ser conhecida de ofício pelo juiz
– art. 219, §5º, CPC. – art. 210, CC.

Suas hipóteses e prazos são fixados Suas hipóteses e prazos são fixados
por lei e as partes não podem alterá- pela lei ou pela vontade das partes.
los ou criar novas hipóteses. Art. 192, Os prazos previstos em lei não podem
do CC. ser alterados pela vontade das partes.

Pode ser renunciada depois de Não pode ser renunciada – art. 209,
consumada – art. 191, do CC. do CC.

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PRESCRIÇÃO TRABALHISTA

Prescrição Aquisitiva (usucapião): no Direito do Trabalho é


excepcional, podendo ocorrer sobre ferramentas de trabalho. (art. 1.260 e art.
1.261, CC).

Prescrição Extintiva: diz respeito á pretensão, a exigibilidade do direito.


Começa a fluir após a extinção do pacto, independente de ter ou não ocorrido
alguma lesão.

Prazo é de 02 (dois) anos, nos termos do art. 7º, XXIX, CF c/c art. 11, da
CLT. Extinto o ajuste trabalhista o empregado terá o prazo de dois anos para
ajuizar a ação trabalhista que vise à reparação de qualquer lesão ocorrida na
vigência do contrato. Transcorrido o prazo, sem que a parte tenha exercido seu
direito, a pretensão estará prescrita.

A prescrição bienal distingue das demais, porque seu prazo não começa
a fluir da lesão e sim da desconstituição do contrato.

Prescrição Total: aplica-se as lesões contratuais (não previstas em


lei) que se iniciaram há muito e que se estancaram há mais de cinco anos de
ajuizamento da ação. .

Prazo é de cinco anos da lesão. Está relacionado com ato único


praticado, que é aquele que não se protrai no tempo, não repercute mês a
mês. (ex. dano moral ao contrário é redução salarial, art. 468, CLT e 7º, CF).

Prescrição Parcial: é de cinco anos e torna inexigíveis as parcelas


anteriores a cinco anos da data do ajuizamento da ação. Súmula 308, do TST.

Decorre de previsão legal ou de direito de trato sucessivo.

Prescrição Intercorrente:

tem cabimento quando a parte deixa de providenciar o andamento do


processo, na diligencia que lhe competia. Seu prazo é idêntico ao prazo para
ajuizamento da ação, portanto é de dois anos para os contratos extintos e de
cinco anos se ainda vigente o pacto.

Na fase de conhecimento a inércia da parte acarretará a extinção do processo


sem julgamento do mérito (art. 485, II e III do CPC) ou com julgamento do

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mérito (art. 487, I, do CPC). Portanto a prescrição intercorrente teria cabimento
na fase executória de título judicial ou acordo não cumprido.

De acordo com art. 878 da CLT a execução será promovida por qualquer
interessado ou, caso a parte não esteja representada por advogado, poderá ser
iniciada de ofício pelo juiz.

Logo, quando não representada por advogado a parte exequente não sofrerá
os efeitos da prescrição intercorrente, sendo que o julgador poderá decretar a
prescrição intercorrente pela inércia quando o advogado da parte não promova
a execução de forma voluntária dentro do prazo.

Além de previsão na súmula n. 327 do STF, o art. 11-A, da CLT, permite a


aplicação do instituto na Justiça do Trabalho.

CASOS ESPECIAIS

Menor: quanto o menos de 18 anos não correr a prescrição, nos termos


do art. 440, da CLT.

A lei se refere ao menos de 18 anos, e não ao incapaz. O casamento,


emprego público, colação de grau em curso superior, não alteram a prescrição
a ser aplicada ao menor.

Interrupção: previsto no art. 202 do CC, é taxativo e não podem as


partes criar outros prazos.

Cessada a causa que a determinou o prazo prescricional recomeça a


correr desde o início (marco zero).

A interrupção só pode ocorrer uma única vez, havendo vários atos


interruptivos apenas o primeiro deste irá interromper a prescrição.

A interposição da Reclamação Trabalhista, por si já suspende o prazo


prescricional, nos termos da OJ n. 392, da SDI-I do TST.

Suspensão: previsto nos art. 197, 199 e 200 do CC, e no art. 625-G, da
CLT, além de outros prazo espalhados pela lei. Da mesma forma que a
interrupção, as hipóteses de suspensão são taxativas não podendo as partes
modifica-las.

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Cessada a causa que determinou a suspensão, o prazo continua a fluir,
sem desprezo do prazo já transcorrido.

Ação Declaratória para Fins Previdenciário – Imprescritível – art. 11,


§1º, CLT

FGTS – 5 anos. Súmula 362, do TST.

Súmula nº 362 do TST - FGTS. PRESCRIÇÃO (nova redação) - Res.


198/2015, republicada em razão de erro material – DEJT divulgado em 12,
15 e 16.06.2015. I – Para os casos em que a ciência da lesão ocorreu a partir
de 13.11.2014, é quinquenal a prescrição do direito de reclamar contra o não-
recolhimento de contribuição para o FGTS, observado o prazo de dois anos
após o término do contrato; II – Para os casos em que o prazo prescricional já
estava em curso em 13.11.2014, aplica-se o prazo prescricional que se
consumar primeiro: trinta anos, contados do termo inicial, ou cinco anos, a
partir de 13.11.2014 (STF-ARE-709212/DF).

AVISO PRÉVIO

Nas relações de emprego, quando uma das partes deseja rescindir, sem
justa causa, o contrato de trabalho por prazo indeterminado, deverá,
antecipadamente, notificar à outra parte, através do aviso prévio.

Aviso prévio é a comunicação da rescisão do contrato de trabalho por uma


das partes, empregador ou empregado, que decide extingui-lo, com a
antecedência que estiver obrigada por força de lei.

Pode-se conceituá-lo, também, como a denúncia do contrato de trabalho por


prazo indeterminado, objetivando fixar o seu termo final.

MODALIDADES

Ocorrendo a rescisão do contrato de trabalho, sem justa causa, por


iniciativa do empregador, poderá ele optar pela concessão do aviso prévio
trabalhado ou indenizado, da mesma forma, quando o empregado pede
demissão.

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AVISO PRÉVIO INDENIZADO

Considera-se aviso prévio indenizado quando o empregador determina o


desligamento imediato do empregado e efetua o pagamento da parcela
relativa ao respectivo período.

Considera-se também aviso prévio indenizado quando o empregado se desliga


de imediato e o empregador efetua o desconto do valor respectivo em
rescisão de contrato.

APLICAÇÕES

O aviso prévio, regra geral, é exigido nas rescisões sem justa causa dos
contratos de trabalho por prazo indeterminado ou pedidos de demissão.

Exige-se também o aviso prévio, nos contratos de trabalho por prazo


determinado que contenham cláusula assecuratória do direito recíproco de
rescisão antecipada.

CONCESSÃO

Sendo o aviso prévio trabalhado, a comunicação deve ser concedida por


escrito, em 3 (três) vias, sendo uma para o empregado, outra para o
empregador e a terceira para o sindicato.

PRAZO DE DURAÇÃO

Com o advento da Constituição Federal a duração do aviso prévio era, até


outubro/2011, de 30 (trinta) dias, independentemente do tempo de serviço
do empregado na empresa.

Com a publicação da Lei 12.506/2011, a partir de 13/10/2011 a duração


passou a ser considerada de acordo com o tempo de serviço do empregado,
podendo chegar até a 90 (noventa) dias.

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INTEGRAÇÃO AO TEMPO DE SERVIÇO

O aviso prévio dado pelo empregador, tanto trabalhado quanto indenizado, o


seu período de duração integra o tempo de serviço para todos os efeitos
legais, inclusive reajustes salariais, férias, 13º salário e indenizações.

Trabalhar duas horas a menos por dia

Quem preferir esta redução da jornada de trabalho poderá ficar duas


horas a menos na empresa todos os dias – seja no começo ou no final do
expediente. Por lei, não importa se você trabalha seis horas, oito horas ou
mais: a redução será sempre a mesma. Ou seja, se você trabalha oito
horas, poderá trabalhar seis. Se trabalha seis horas, poderá trabalhar
quatro horas.

Nessa opção, você não poderá trabalhar dias a menos e deverá cumprir os
30 dias de aviso.

Não trabalhar por sete dias corridos

Nesse caso, você decide faltar por sete dias corridos e não terá descontos
na rescisão por este período. Essa redução pode acontecer tanto no início
quanto no final do aviso, mas deve ser em dias consecutivos, não de forma
alternada. Além disso, a redução de jornada deve ser em dias corridos, ou
seja, entram na conta feriados e finais de semana. Se quiser negociar para
folgar em dias alternados, converse com seu chefe. Mas saiba que a
empresa nem sempre vai concordar porque esta não é uma alteração
permitida por lei.

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