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UNISUAM

PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA

ANOTAÇÕES A PARTIR DAS AULAS 5.1 A 5.6

PROGRAMA SABER DIREITO

PROFESSOR FLÁVIO TARTUCE

SITE:WWW.YOUTUBE.COM

PROFESSORA RESPONSÁVEL: LIDIA CALDEIRA

9ª aula

“O exercício de um direito não pode ficar pendente de forma indefinida no


tempo.”

“O direito não socorre aqueles que dormem.”

A prescrição e a decadência são fatos jurídicos naturais ou stricto sensu , pois


derivam de fato natural: a passagem do tempo.

A importância dos dois institutos está na segurança jurídica , na certeza e


consequente pacificação social.

Vinculam-se ao princípio da operalidade que informa o Código Civil, que impõe


a simplicidade, a facilitação dos institutos jurídicos, a fim de que a justiça se
faça de forma célere.

Não devemos mais definir a prescrição como a perda do direito de ação, mas
como da pretensão do exercício de um direito. Refere-se a direito subjetivo de
crédito. Disciplinada nos artigos 189 a 206 do CC.

Conceitos variados:

“A prescrição seria uma exceção que alguém tem contra o que não exerceu,
durante um lapso de tempo fixado em norma, sua pretensão ou ação.” Pontes
de Miranda
“A prescrição é a extinção de uma ação ajuizável , em virtude da inércia de seu
titular durante um certo lapso de tempo, na ausência de causas preclusivas de
seu curso.” Câmara Leal

“A prescrição é o modo pelo qual se extingue um direito (não apenas a ação)


pela inércia do titular durante certo lapso de tempo.” Caio Mário da Silva
Pereira

A prescrição se inicia no momento em que há a violação de um direito.

A prescrição atinge diretamente a ação, que é o que perece, mantendo-se o


direito não mais exigível.

Já a decadência extingue o próprio direito pela passagem do tempo. O direito


neste caso é potestativo (se contrapõe a um estado de sujeição de outrem).
Disciplinada nos artigos 207 a 211.

O Código Civil concentrou os prazos prescricionais nos artigos 205 e 206.

Os demais casos, ao longo do texto Civil, são decadenciais.

O Código Civil, em seu artigo 205, instituiu o prazo máximo e geral de 10 anos.
Os casos especiais, estão dispostos nos parágrafos 1º a 5º do artigo 206.

Critérios de distinção:

1. A prescrição se dá sempre em anos, a decadência pode ser em anos ou


dias, ou anos e dias.

2. O critério do Prof. Agnelo Amorim Filho que associou os prazos


prescricionais e decadenciais a ações correspondentes, buscando, inclusive,
as imprescritíveis:

PRESCRICIONAIS:

Ações condenatórias - relacionadas com direitos subjetivos, próprio das


pretensões pessoais ou obrigacionais.
Ex. Cobrança de danos, reparação.

DECADENCIAIS:

Ação constitutiva positiva (que forma o negócio) ou negativa (que desfaz o


negócio jurídico).

Associa-se a direitos potestativos (obriga a outra parte à sujeição) Ver art. 179
CC.

IMPRESCRITÍVEIS:

Ação declaratória - buscam, tão-somente a declaração de nulidade absoluta de


um negócio jurídico. Envolve norma de ordem pública, não convalescendo pelo
decurso de tempo. Art. 169 CC.

Segundo o Prof. Flávio Tartuce, o Código Civil vigente adotou a teoria do Prof.
Agnelo Amorim Filho.

Obs: A súmula 494 do STF (“A ação para anular a venda de ascendente a
descendente , sem o consentimento dos demais, prescreve em vinte anos,
contados da data do ato.”) deve ser revista para a aplicação da regra geral do
179 CC, por tratar-se de ação que a lei (art. 496 CC) não dispõe de prazo. Este
é o entendimento do STJ.

PREMISSAS SUGERIDAS PELO PROF. FLÁVIO TARTUCE PARA A


IDENTIFICAÇÃO DO PRAZO: PRESCRICIONAL OU DECADENCIAL:

1. Identifique o prazo.

Em dias, meses ou ano e dias = DECADENCIAL.

Em anos = PRESCRICIONAL (em regra, mas pode ser decadencial).

2. IDENTIFIQUE O ARTIGO A APLICAR:


Art. 205 ou 206 CC = PRESCRICIONAL.

Outro artigo qualquer: DECADENCIAL.

3. Identifique a ação correspondente:

Condenatória = PRESCRIÇÃO.

Constitutiva = DECADÊNCIA.

Declaratória = IMPRESCRITÍVEL.

Detalhando:

PRESCRIÇÃO

Na prescrição, ocorre a extinção da pretensão (direito de ação), mas o direito


permanece inalterado, contudo sem proteção jurídica.

Tipos de prescrição:

1. Extintiva – a de que trata o Código Civil na parte geral. Trata-se de uma


sanção ao titular do direito violado, que extingue tanto a pretensão positiva
quanto a negativa (exceção ou defesa).

2. Aquisitiva – geradora do efeito da usucapião, abordada no Direito das


Coisas.

Questões pertinentes:

1ª - A Lei 11.280/2006 revogou o artigo 194 do CC (“O juiz não pode suprir, de
ofício, a alegação de prescrição, salvo se favorecer a absolutamente incapaz.”)

Com a alteração do Código Civil, autorizando o magistrado a reconhecer de


ofício a prescrição, pergunta-se: Será a prescrição matéria de ordem pública?
Ora, se ela atinge interesses patrimoniais privados, a questão não está
pacificada.

O Prof. Flávio Tartuce entende que a prescrição não é matéria de ordem


pública, mas a celeridade processual , sim. Funda-se tal assertiva no direito
constitucional ao razoável andamento do processo e à celeridade das ações
judiciais.

2ª – Renúncia judicial à prescrição:

Alguém cobra judicialmente uma dívida. Qual é a decisão do juiz?

Para um prático: reconhece a prescrição de ofício, julgando extinta a ação com


julgamento do mérito.

Para um técnico do direito: o juiz deve determinar a citação do réu para que se
manifeste quanto à renúncia à prescrição. Apoiada pelo enunciado 295
CJF/STJ: “A revogação do artigo 194 do CC pela lei 11.280/06, que determina
ao juiz o reconhecimento de ofício da prescrição, não retira do devedor a
possibilidade de renúncia admitida no art. 191 do teto codificado.”

3ª A prescrição pode ser: impedida, suspensa ou interrompida.

IMPEDITIVA: o prazo não começa. Quando inicia, superado o impedimento,


começa do zero. Confunde-se com a suspensão, pois se o prazo não iniciou,
não correrá.

Ver art. 197 e 198 CC. Analisar se são causas de impedimento ou de


suspensão.

SUSPENSÃO: o prazo se inicia, se suspende, e retoma de onde parou.

INTERRUPÇÃO: o prazo se interrompe, e volta a contar do zero.

A interrupção somente poderá ocorrer uma vez (art. 202 caput , e envolve
condutas do devedor ou do credor.
Ver casos de interrupção no artigo 202 do CC.

4º A decadência decorre da lei, ou do contrato (prazo de garantia).

Contudo, o Prof. Caio Mario da Silva Pereira admite que a decadência


convencional opera como prescrição, pois o Código Civil e o CDC adotaram tal
teoria. A garantia tem fundamento legal.

5º O magistrado deverá reconhecer a decadência legal de ofício: art. 210CC.


Contudo, a convencional deve ser alegada por quem interesse, em qualquer
fase do processo.

Bibliografia:

TARTUCE, Flávio. DIREITO Civil: Lei de introdução e parte geral. 1. SP: GEN ,
ED. Método, 2009.

AMORIM FILHO, Agnelo. Critério Científico para distinguir a prescrição da


decadência e para identificar as ações imprescritíveis. RT 300/7 e 744/725.

PROGRAMA SABER DIREITO – WWW.YOUTUBE.COM Prescrição e


decadência Prof. Flávio Tartuce Aulas 5.1 a 5.6.

(possível acessar pelo Google, prescrição e decadência).

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