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Aula 1.

1 - Direito Civil – Roberto Figueiredo - Prescrição

Da Prescrição – Disposições Gerais:

O que é a Prescrição?

Prescrição é um instituto de ordem pública taxativamente prevista no artigo 205 e


206 CC.
A prescrição é o mecanismo jurídico que extingue a pretensão em decorrência do
decurso do tempo.
Prescrição presta para destruir a pretensão, violado o direito nasce a pretensão que
se extingue pela prescrição nos prazos dos artigos 205 e 206 CC. A prescrição existe
para apaziguar situações jurídicas.

Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor.

Art. 206. Prescreve:


§ 1º Em um ano:
I - A pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de víveres destinados a consumo no próprio
estabelecimento, para o pagamento da hospedagem ou dos alimentos;

II - A pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele, contado o prazo:


a) para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da data em que é citado
para responder à ação de indenização proposta pelo terceiro prejudicado, ou da data que
a este indeniza, com a anuência do segurador;

b) quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador da pretensão;

III - a pretensão dos tabeliães, auxiliares da justiça, serventuários judiciais, árbitros e peritos, pela
percepção de emolumentos, custas e honorários;

IV - A pretensão contra os peritos, pela avaliação dos bens que entraram para a formação do
capital de sociedade anônima, contado da publicação da ata da assembleia que aprovar o laudo;

V - a pretensão dos credores não pagos contra os sócios ou acionistas e os liquidantes, contado o
prazo da publicação da ata de encerramento da liquidação da sociedade.

§ 2º Em dois anos, a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se
vencerem.

§ 3º Em três anos:

I - A pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos;


II - A pretensão para receber prestações vencidas de rendas temporárias ou vitalícias;
III - a pretensão para haver juros, dividendos ou quaisquer prestações acessórias, pagáveis, em
períodos não maiores de um ano, com capitalização ou sem ela;
IV - a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa;
V - a pretensão de reparação civil;
VI - a pretensão de restituição dos lucros ou dividendos recebidos de má-fé, correndo o prazo da
data em que foi deliberada a distribuição;
VII - a pretensão contra as pessoas em seguida indicadas por violação da lei ou do estatuto,
contado o prazo:
a) para os fundadores, da publicação dos atos constitutivos da sociedade anônima;
b) para os administradores, ou fiscais, da apresentação, aos sócios, do balanço referente ao
exercício em que a violação tenha sido praticada, ou da reunião ou assembleia geral que dela deva
tomar conhecimento;
c) para os liquidantes, da primeira assembleia semestral posterior à violação;
VIII - a pretensão para haver o pagamento de título de crédito, a contar do vencimento,
ressalvadas as disposições de lei especial;
IX - A pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro prejudicado, no caso de seguro
de responsabilidade civil obrigatório.

§ 4º Em quatro anos, a pretensão relativa à tutela, a contar da data da aprovação das contas.

§ 5º Em cinco anos:
I - A pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular;
II - A pretensão dos profissionais liberais em geral, procuradores judiciais, curadores e professores
pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão dos serviços, da cessação dos respectivos
contratos ou mandato;
III - a pretensão do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juízo.

Art. 206-A. A prescrição intercorrente observará o mesmo prazo de prescrição da pretensão

A prescrição pode ser extintiva ou aquisitiva.

A prescrição extintiva leva à perda do direito de pretensão a ação devido a


negligência de seu titular após determinado período de tempo.

Já a prescrição aquisitiva, como é o caso da usucapião, leva a aquisição de um direito


real pelo decurso de tempo, um modo de adquirir a propriedade pela posse
prolongada.

Art. 189 CC – Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue,
pela prescrição nos prazos a que aludem os artigos 205 e 206.

Teoria da Actio Nata – RE 1.460.474 – Nasce a pretensão com a cientificação da


violação do direito.
Enunciado de Jornada Civil nº 14 CJF:
1) O início do prazo prescricional ocorre com o surgimento da
pretensão, que decorre da exigibilidade do direito subjetivo;
2) o art. 189 diz respeito a casos em que a pretensão nasce
imediatamente após a violação do direito absoluto ou da
obrigação de não fazer.

A prescrição atinge apenas a pretensão?

Art. 190 CC – A exceção prescreve no mesmo prazo em que a pretensão.

A prescrição destrói a pretensão (art. 189 CC) e a exceção (art. 190 CC).
A prescrição é um direito renunciável.

Art. 191 CC – A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá,


sendo feita sem o prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar.

Tácita é a renúncia quando se presume de fatos do interessado, incompatíveis com a


prescrição.

Ex.: pagamento de dívida prescrita (art. 882 CC)

Renúncia = desistência por parte do titular.


i) Capacidade do renunciante – uma vez que constituiu renúncia de patrimônio.
ii) Não seja prejudicial a terceiro, sob pena de fraude;
iii) Só é possível a haver a renúncia quando a prescrição já se consumou. A
renúncia não pode ser antecipada!
iv) É ato pessoal do agente, afeta apenas o renunciante ou seus herdeiros.

RE 1.462. 624/RJ

Uma outra regra importante diz respeito a inalterabilidade dos prazos prescricionais
por acordo das partes – as partes não podem alterar os prazos prescricionais.
Art. 192 – Os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes.

Até quando eu posso alegar a prescrição?


De acordo com a lei eu posso alegar a prescrição em qualquer grau de jurisdição, ou
seja, na instância ordinária ela pode ser alegada no primeiro grau perante o juiz da
causa, como ela pode ser alegada no segundo grau perante o tribunal, já que a
prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição.
ATENÇÃO! Não é em qualquer instancia! É em qualquer grau de jurisdição! Os graus
de jurisdição estão contidos dentro da instancia ordinária, eu não posso alegar a
prescrição na Instancia Extraordinária e Especial se eu não houver alegado na
ordinária – até por falta de prequestionamento.

Em sede de recurso extraordinário e especial, a prescrição somente pode ser


reconhecida se houver prequestionamento da matéria.
Há, contudo, divergência quanto a necessidade do prequestionamento específico ou
se aplica o efeito expansivo (translativo dos recursos), isto é, caso o recurso seja
admitido no tribunal superior ou por outro prequestionamento, há a abertura da
jurisdição, podendo toda e qualquer questão de mérito ser conhecida e decidida.
Tradicionalmente, o STF e o STJ entendem que é necessário o prequestionamento
específico de cada matéria.
Contudo, o CPC/ 15 em artigo 1034, parágrafo único parece ir de encontro com o
entendimento doutrinário, no qual há consagração do efeito translativo.
Trata-se, portanto, de questão ainda polêmica!

Art. 193 CC – A prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela
parte a quem aproveita.

Ler RESP 767. 246/RJ, STJ


Não correrá prescrição contra absolutamente incapaz, mas contra relativamente
incapaz correrá a prescrição.
Então perceba, existem regras de prescrição contra o absolutamente incapaz e
existem regras de prescrição contra o relativamente incapaz.
Contra o absolutamente incapaz não corre prescrição, já contra o relativamente
incapaz corre prescrição.

Art. 195 CC – Os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm ação contra os


seus assistentes ou representantes leais, que derem causa à prescrição, ou não a
alegarem oportunamente.

A acessio temporis e a transmissibilidade da prescrição

Art. 196 CC– A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu
sucessor.

 Quais os requisitos da prescrição?

Existência de ação exercitável, que é o objeto da prescrição – quando surge o direito


de ação, já começa a correr o prazo da prescrição.

Inércia do titular da ação – não exercício – inércia, nesse caso, é o não exercício da
ação.

Continuidade dessa inercia durante certo lapso de tempo – fator principal – a


inércia para configurar a prescrição é a continuada e não a momentânea.

Ausência de fato ou ato impeditivo, suspensivo ou interruptivo – curso da


prescrição - há casos que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição.

A regra geral é que TODA a pretensão é prescritível, mas essa regra não é absoluta,
uma vez que há direitos que, por sua natureza, são incompatíveis com a prescrição-
por exemplo, os direitos de personalidade; o estado da pessoa; as ações referentes
ao estado de família; os bens públicos (CC art.102); os direitos facultativos ou
potestativos; a exceção de nulidade.
A prescrição pode ser declarada de ofício pelo juiz?
Conforme entendimento do CPC – artigo 487, parágrafo único – e do STJ, conforme o
princípio da cooperatividade e do princípio da vedação da decisão surpresa, entende-se que
o juiz deve intimar as partes para se manifestarem, antes de declarar a ocorrência da
prescrição, para que, deste modo, estas tenham oportunidade de demonstrar que o prazo
ainda não se esgotou ou que houve renúncia desta.

 Hipóteses que impedem ou suspendem a prescrição:

Art. 197 – Não corre a prescrição: (causas impeditivas da prescrição)

I – Entre cônjuges, na constância da sociedade conjugal;


II – Entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar;
III – Entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou
curatela.

As causas suspensivas são todas NÃO JUDICIAIS!

Suspensa a prescrição a favor de um dos credores solidários, só aproveitam os outros


se a obrigação for indivisível. O Prazo prescricional se suspenso volta a correr quando cessada
a causa da suspensão.

Por outro lado, as causas interruptivas são todas judiciais, exceto o protesto
cambial, protesto em cartório e da confissão por dívida, que não são judiciais – essas causas
interruptivas só podem ocorrer UMA VEZ – art. 202 CC.

Nos casos de suspensão, nos quais a causa é superveniente, uma vez desaparecida
esta, o prazo prescricional retoma seu curso normal, computando-se o tempo verificado antes
da suspensão. Na interrupção a situação é diversa, pois verificada alguma das causas
interruptivas, perde-se por completo o tempo decorrido. O lapso prescricional iniciar-se-á
novamente (passa a contar o prazo desde o início, recomeça). O tempo precedente decorrido
fica totalmente inutilizado.
Existe no direito civil a prescrição intercorrente?

Em regra, não há. Uma vez que não poderia o particular ser prejudicado pela demora estatal
na prestação jurisdicional. A prescrição intercorrente é, em linha de princípio, incompatível
com a natureza privada do Direito Civil.

EXCEÇÕES:

 LEF (artigo 40, §4º) e CTN (artigo 174, I) -> aqui o titular da pretensão é também o mesmo
julgador.

 STJ REsp 474.771/SP – a partir desse “leading case”, o STJ passou a admitir a prescrição
intercorrente, quando o autor da ação abandona o processo (art. 485 III CPC), apesar de
intimado pessoalmente (artigo 485, § 1º CPC) e o juiz deixa de proferir sentença de extinção do
processo sem resolução de mérito pelo tempo suficiente para ocorrer a prescrição (ou seja, o
processo era para ter sido extinto pelo abandono, mas não foi). Nesse caso, ao pegar
futuramente o processo, o juiz não deve extinguir o feito sem resolução por abandono, mas
sim com resolução por prescrição intercorrente, caso já tenha passado o tempo que levaria à
prescrição pela pretensão.

 Súmula 264 STF: “Verifica-se a prescrição intercorrente pela paralisação da ação rescisória
por mais de cinco anos”.

 Execução por título judicial, quando o credor deixa de praticar ato necessário caracterizando
prescrição intercorrente da pretensão executiva. O que é a prescrição de trato sucessivo e a
prescrição do fundo do direito? A prescrição de trato sucessivo só atinge algumas parcelas de
seu direito de crédito. Há apenas perda das parcelas anteriores há 5 anos.

Exemplo: um servidor julga ter direito a uma gratificação, mas nunca. a requereu seu
pagamento à administração, ou pleiteou, mas esta nunca decidiu sobre seu requerimento ->
nesses casos, poderá a qualquer momento pleitear a verba judicialmente, mas não receberá
pagamento retroativo anterior há 5 anos da data da propositura da ação. Nessa hipótese não
há a negativa expressa do direito. Por outro lado, a prescrição do fundo de direito se dá com a
perda de TODAS as prestações, ou seja, perda integral de próprio direito. Exemplo: servidor
requereu na administração o pagamento de determinada verba. A administração negou
expressamente o pedido. Aqui, nasceu o prazo de 05 anos para o servidor impugnar a decisão.
Se não o fizer, perde o próprio direito.

Comentários:

Contra os ébrios habituais, os viciados em tóxico e aqueles que, por


causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade, a
prescrição e a decadência correm normalmente.

CORRETO. Nos casos acima, verifica-se incapacidade relativa, motivo


que não prejudicará a fluência do prazo prescricional ou decadencial.
Doutro modo, não correrá prescrição/decadência contra
os absolutamente incapazes (prevista no artigo 3º do CC):
Art. 198 do CC Também não corre a prescrição:
I - contra os incapazes de que trata o art. 3º;
Art. 208. Aplica-se à decadência o disposto nos arts. 195 e 198, inciso
I.

Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer


uma vez, dar-se-á: (...)

Art. 207. Salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à


decadência as normas que impedem, suspendem ou interrompem a
prescrição.

Art. 192. Os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo
das partes.

Art. 193. A prescrição pode ser alegada em qualquer grau de


jurisdição, pela parte a quem aproveita.
A decadência poderá ser legal ou convencional. O juiz reconhecerá de
ofício apenas a decadência legal, de modo que a convencional deverá
alegada pela parte (não podendo o juiz suprimir a alegação):
Art. 210. Deve o juiz, de ofício, conhecer da decadência, quando
estabelecida por lei.
Art. 211. Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita
pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode
suprir a alegação.

Art. 191. A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só


valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição
se consumar; tácita é a renúncia quando se presume de fatos do
interessado, incompatíveis com a prescrição.

Art. 209. É nula a renúncia à decadência fixada em lei.

CC, Art. 208. Aplica-se à decadência o disposto nos arts. 195 e 198, inciso I.
Art. 195. Os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm ação contra os seus
assistentes ou representantes legais, que derem causa à prescrição, ou não a
alegarem oportunamente.

Em regra, conforme entendimento firmado pelo STJ, é válida a


cláusula prevista em contrato de seguro-saúde que autoriza o
aumento das mensalidades do seguro quando o usuário completar 60
anos de idade, exceto se (i) não respeitar os limites e requisitos
estabelecidos na Lei nº 9.656/98; ou (ii) aplicar índices de reajuste
desarrazoados ou aleatórios, que onerem em demasia o segurado
(Cf. REsp n° 1.280.211/SP, Rel.: Min. Marco Buzzi, Órgão Julgador: 2ª
Seção, j. em 23.4.2014, p. em DJe 4.9.2014 e REsp n° 1.381.606/DF,
Rel.: Min. Nancy Andrighi, Rel. p. ac.: Min. João Otávio de Noronha,
Órgão Julgador: 3ª Turma, j. em 7.10.2014, p. em DJe 31.10.2014).

No entanto, evidenciada a presença de abusividade na cláusula de


reajuste do contrato de seguro-saúde, qual seria o prazo prescricional
para que o idoso prejudicado ajuizasse ação pleiteando a nulidade da
cláusula com a repetição de indébito dos valores pagos indevidamente?

Ao enfrentar o tema, decidiu o STJ, no julgamento do REsp n°


1.361.182/RS (Rel. Min. Marco Buzzi; Rel. p. ac.: Min. Marco Aurélio
Belizze, Órgão Julgador: 2ª Seção, j. em 10.8.2016, p. em 19.9.2016),
que tal pretensão prescreverá em 20 (vinte) anos (art. 177,
CC/1916) ou 3 (três) anos (art. 206, § 3°, IV, CC/200), observada a
regra de transição do art. 2.028 do CC vigente.

Entendeu o tribunal, em votação não unânime, que não seria o caso de


aplicação do prazo prescricional estabelecido no CDC (art. 27), pois, no
caso concreto, não se tratava de acidente de consumo.

De modo análogo, o prazo ânuo do art. 206, § 1°, II, também não foi
aplicado porque, no caso concreto, não se tratava de relação jurídica
securitária, mas sim de plano privado de saúde art. 2° da Lei n°
10.185/2001).

Além disso, fora afastada a tese da imprescritibilidade – suscitada em


virtude de o pedido conter a declaração de nulidade da cláusula
abusiva, porquanto se entendeu, em linhas gerais, que não se tratava de
uma ação declaratória pura, já que continha pleito cumulado de
repetição de indébito (eficácia condenatória), e, por isso, deveria ser
aplicado o prazo trienal para ações de enriquecimento ilícito.

Ao fim, decidiu o tribunal, em um julgamento com “placar” muito


apertado (sendo certo que os votos merecem ser lidos na íntegra, dada
a riqueza das lições neles contidas), fixar, na sistemática dos recursos
repetitivos, a seguinte tese:

Na vigência dos contratos de plano ou de seguro de assistência à


saúde, a pretensão condenatória decorrente da declaração de
nulidade de cláusula de reajuste nele prevista prescreve em 20 anos
(art. 177 do CC/1916) ou em 3 anos (art. 206, § 3º, IV, do CC/2002),
observada a regra de transição do art. 2.028 do CC/2002.
No mais, destaca-se que, embora o enunciado não nos permita
identificar se o fato ocorreu na vigência do CC/1916 ou CC/2002, ou se
é o caso do art. 2.028, CC/2002 ("Serão os da lei anterior os prazos,
quando reduzidos por este Código, e se, na data de sua entrada em
vigor, já houver transcorrido mais da metade do tempo estabelecido na
lei revogada"), tal conhecimento, para a resolução da questão, é
desnecessário, pois as demais assertivas não trazem o prazo de 20
(vinte) anos do revogado CC/1916, permitindo ao candidato a
identificação da única opção que se alinha à vigente jurisprudência do
STJ.

Vamos à questão...

Renê firmou contrato de seguro de assistência à saúde e, anos depois,


quando ele completou sessenta anos de idade, a seguradora reajustou o
valor do seu plano de assistência com base em uma cláusula abusiva.
Por essa razão, Renê pretende ajuizar ação visando à declaração de
nulidade da cláusula de reajuste e à condenação da contratada em
repetição de indébito referente a valores pagos em excesso.

De acordo com entendimento jurisprudencial do STJ, nessa situação


hipotética, as parcelas vencidas e pagas em excesso estão sujeitas à

a) prescrição de três anos, porque se trata de hipótese de


enriquecimento sem causa da empresa contratada.

CORRETA. Com efeito, é o entendimento que se depreende da tese


fixada no julgamento do REsp n° 1.361.182/RS (Rel. Min. Marco Buzzi;
Rel. p. ac.: Min. Marco Aurélio Belizze, Órgão Julgador: 2ª Seção, j. em
10.8.2016, p. em 19.9.2016):

Na vigência dos contratos de plano ou de seguro de assistência à


saúde, a pretensão condenatória decorrente da declaração de
nulidade de cláusula de reajuste nele prevista prescreve em 20 anos
(art. 177 do CC/1916) ou em 3 anos (art. 206, § 3º, IV, do CC/2002),
observada a regra de transição do art. 2.028 do CC/2002.

A prescrição não corre durante o casamento, nos termos do art. 197, I,


do CC, de forma que não se operou o prazo prescricional desde 2013
(data do fato) até 2018, quando desfeita a sociedade conjugal. A partir
de 2018 começou a correr a prescrição, que findará em 2021,
considerando-se o prazo prescricional trienal para a reparação civil,
conforme prevê o art. 206, § 3º, V, do CC:

Art. 197. Não corre a prescrição:


I - entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal;
II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar;
III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores,
durante a tutela ou curatela.

Art. 206. Prescreve:


§ 3º Em três anos:
V - a pretensão de reparação civil;

Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se


extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206.
Art. 190. A exceção prescreve no mesmo prazo em que a pretensão.
Pretensão Vs Exceção
 Pretensão: possibilidade de fazer valer em juízo o direito violado
 Exceção: está ligada ao direito de defesa

Em relação ao artigo 190, trago o seguinte comentário, extraído do


livro de Cristiano Chaves e Outros (Código Civil para Concursos, p. 190,
2017):
O prazo prescricional da exceção. O dispositivo tem por objetivo
encerrar a controvérsia sobre a prescrição da defesa, uma vez que
parte da doutrina, na vigência da legislação anterior, a considerava
imprescritível. Tanto a pretensão (exigibilidade) quanto as defesas e
exceções correspondentes prescrevem no mesmo prazo.

Art. 191. A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só


valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição
se consumar; tácita é a renúncia quando se presume de fatos do
interessado, incompatíveis com a prescrição.

Art. 192. Os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo
das partes.
Art. 193. A prescrição pode ser alegada em qualquer grau de
jurisdição, pela parte a quem aproveita.
Art. 196. A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr
contra o seu sucessor.

Art. 192. Os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo
das partes.
Art. 193. A prescrição pode ser alegada em qualquer grau de
jurisdição, pela parte a quem aproveita.
Art. 196. A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr
contra o seu sucessor.

Parágrafo único. A prescrição interrompida recomeça a correr da


data do ato que a interrompeu, ou do último ato do processo para
a interromper.

Art. 203. A prescrição pode ser interrompida por qualquer


interessado.
Art. 197. Não corre a prescrição:
I - entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal;
II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar;
III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores,
durante a tutela ou curatela.
Art. 198. Também não corre a prescrição:
I - contra os incapazes de que trata o art. 3o;
II - contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados
ou dos Municípios;
III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo
de guerra.
Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os
atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos.

Art. 211. Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita


pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode
suprir a alegação.

A DECADÊNCIA também se aplica as ações constitutivas que têm prazo


especial de exercício fixado em lei. São perpétuas (ou imprescritíveis)
todas as ações DECLARATÓRIAS, e também aquelas ações constitutivas
para as quais a lei não fixa prazo especial para seu exercício. As ações
declaratórias de reconhecimento de nulidades absolutas, são
perpétuas.

Art. 192. Os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo
das partes.

O prazo é de decadência convencional, pois pactuado pelas partes. Os


prazos de prescrição são previstos taxativamente nos artigos 205 e 206
do CC, não podendo ser livremente pactuados.

A decadência pode ser legal ou convencional.

A decadência legal decorre da lei e, por isso, não pode ser alterada
pelas partes nem pode ser renunciada, conforme prevê o art. 209 do
CC:
Art. 209. É nula a renúncia à decadência fixada em lei.

Atente que deve, de outro lado, ser reconhecida de ofício pelo juiz, nos
termos do art. 210 do CC:

Art. 210. Deve o juiz, de ofício, conhecer da decadência, quando


estabelecida por lei.

A decadência convencional, por sua vez, que é a estabelecida pelas


partes no âmbito da autonomia da vontade, pode ser por elas alterada.
As partes também podem renunciá-la, pois o artigo 209 veda
expressamente a renúncia apenas em relação à decadência legal, alegá-
la e o juiz não pode suprir a alegação, conforme prevê o art. 211 do
CC:

Art. 211. Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita


pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode
suprir a alegação.

Para memorizar:

 decadência legal: o prazo não pode ser alterado pelas partes


e não pode ser renunciada pelas partes; o juiz deve conhecê-
la de ofício.

 decadência convencional: o prazo é estabelecido pelas partes


(pode ser por elas alterado) e pode ser renunciada; somente as
partes podem alegá-la, não sendo permitido ao juiz suprir a
alegação.

Não é possível a renúncia prévia da decadência determinada por lei,


pois a renúncia à decadência legal é NULA, nos termos do artigo 209 do
Código Civil:
"Art. 209. É nula a renúncia à decadência fixada em lei."

"Art. 199. Não corre igualmente a prescrição:


I - pendendo condição suspensiva;
II - não estando vencido o prazo;
III - pendendo ação de evicção."
Ao celebrarem negócio jurídico, as partes, em livre manifestação de
vontade, NÃO podem alterar a prescrição prevista em lei, pois a lei
determina que os prazos de prescrição não podem ser alterados por
acordo das partes.

É o que prevê o artigo 192 do Código Civil:


"Art. 192. Os prazos de prescrição não podem ser alterados por
acordo das partes."

De acordo com o Código Civil, a renúncia da prescrição poderá ser


expressa ou TÁCITA. Ela só valerá se feita DEPOIS que prescrição se
consumar.

Vejamos o artigo 191 do Código Civil:


"Art. 191. A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só
valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição
se consumar; tácita é a renúncia quando se presume de fatos do
interessado, incompatíveis com a prescrição."

Art. 208. Aplica-se à decadência o disposto nos arts. 195 e 198, inciso
I."

"Art. 198. Também não corre a prescrição:

I - contra os incapazes de que trata o art. 3o;"

"Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos


da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos."

"Art. 211. Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita


pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode
suprir a alegação."

"Art. 191. A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só


valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição
se consumar; tácita é a renúncia quando se presume de fatos do
interessado, incompatíveis com a prescrição."
"Art. 210. Deve o juiz, de ofício, conhecer da decadência, quando
estabelecida por lei."

e)CERTA. Se, de negócio nulo, resultarem consequências patrimoniais capazes de


ensejar pretensões, será possível a incidência, quanto a estas, da prescrição.

A assertiva correta é a cópia do Enunciado 536, da VI Jornada de Direito Civil,


que prevê que, no negócio jurídico nulo, caso resulte consequências
patrimoniais capazes de ensejar pretensões, será possível, quanto a estas, a
incidência da prescrição:

"Enunciado 536 – Resultando do negócio jurídico nulo consequências patrimoniais


capazes de ensejar pretensões, é possível, quanto a estas, a incidência da prescrição."

O enunciado nos apresenta uma situação hipotética em que houve a


realização de uma doação pura e simples, sendo certo que, passados
alguns anos, o doador pretende revogar a doação em decorrência de
calúnia praticada da donatária (revogação por ingratidão do donatário
fundamentada no art. 557, III, CC), bem como pleitear indenização
pelos danos morais sofridos.

Desse modo, questiona-se se as ações estão submetidas a prazo de


prescrição (extinção da pretensão em decorrência da inércia de seu
titular) e/ou decadência (extinção do próprio direito material).

Para respondermos a essa indagação, interessa-nos a redação dos arts.


206, § 3°, V, e 559 do CC, que assim dispõem:

Art. 206. Prescreve:

[...]

§ 3° Em três anos:

[...]

V - a pretensão de reparação civil;

Art. 559. A revogação por qualquer desses motivos deverá ser pleiteada
dentro de um ano, a contar de quando chegue ao conhecimento do
doador o fato que a autorizar, e de ter sido o donatário o seu autor.
Em relação ao art. 559 do CC, que trata do prazo decadencial para
revogar a doação por ingratidão do donatário, há discussões acerca da
sua aplicação na revogação de doação por inexecução do encargo,
existindo precedente do STJ (REsp n° 69.682/MS, Rel.: Min. Ruy Rosado
Aguiar, Órgão Julgador: 4ª Turma, j. em 13.11.1995, p. em DJ
12.02.1996) no sentido de que se aplicaria o prazo prescricional decenal
de 10 (dez) anos (art. 205, CC), pois o encargo constitui um dever,
havendo, assim, um direito subjetivo de exigi-lo, pois se trata de
contrato bilateral (Cf. TARTUCE, Flávio. Manual de direito civil: volume
único. 8. ed. São Paulo: Método, 2018, p. 827).

Art. 204. A interrupção da prescrição por um credor não aproveita aos


outros; semelhantemente, a interrupção operada contra o co-devedor,
ou seu herdeiro, não prejudica aos demais coobrigados.

Ação de investigação de paternidade: é imprescritível, nos termos da


Súmula 149 do STF:

"É imprescritível a ação de investigação de paternidade, mas não o


é a de petição de herança."

Ação de anulação de casamento por erro essencial: é anulável e se


sujeita a prazo decadencial, nos termos do Código Civil:

"Art. 1.556. O casamento pode ser anulado por vício da vontade, se


houve por parte de um dos nubentes, ao consentir, erro essencial
quanto à pessoa do outro."

"Art. 1.560. O prazo para ser intentada a ação de anulação do


casamento, a contar da data da celebração, é de:
I - cento e oitenta dias, no caso do inciso IV do art. 1.550;
II - dois anos, se incompetente a autoridade celebrante;
III - três anos, nos casos dos incisos I a IV do art. 1.557;
IV - quatro anos, se houver coação."
Ação de petição de herança: a ação de petição de herança sujeita-se à
prescrição, conforme a citada Súmula 149 do STF:

"É imprescritível a ação de investigação de paternidade, mas não o é a


de petição de herança."

Ação de anulação de negócio jurídico por erro substancial: se sujeita a


prazo decadencial, de acordo com o artigo 178 do Código Civil:

"Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se


a anulação do negócio jurídico, contado:
I - no caso de coação, do dia em que ela cessar;
II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão,
do dia em que se realizou o negócio jurídico;
III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade."

Ação de despejo por falta de pagamento: se sujeita a prazo


prescricional e não à decadência, consoante artigo 206 do Código Civil:

"Art. 206. Prescreve:


(...)
§ 3o Em três anos:
I - a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos;"

Ação de indenização por ato ilícito: sujeita-se à prescrição e o prazo é


de 3 anos, nos termos da lei civil:

"Art. 206. Prescreve:


(...)
§ 3o Em três anos:
(...)
V - a pretensão de reparação civil;

III.CORRETA a ação de nulidade de negócio jurídico por incapacidade


absoluta do agente é imprescritível, a ação renovatória de contrato
de locação comercial sujeita-se a decadência e a ação de indenização
por dano moral sujeita-se a prescrição.

Ação de nulidade de negócio jurídico por incapacidade absoluta: é


imprescritível, uma vez que o negócio nulo não se convalesce com o
decurso do tempo, conforme o artigo 169 do Código Civil:

"Art. 169. O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem


convalesce pelo decurso do tempo."
Ação renovatória de contrato de locação comercial: sujeita-se ao prazo
decadencial de 1 ano (no máximo) e 6 meses (no mínimo) anteriores à
data da finalização do prazo do contrato, de acordo com o artigo 51,§
5º da Lei no 8.245/91 (Lei de Locações):

"Art. 51, § 5º Do direito a renovação decai aquele que não propuser a


ação no interregno de um ano, no máximo, até seis meses, no mínimo,
anteriores à data da finalização do prazo do contrato em vigor."

Ação de indenização por dano moral: sujeita-se ao prazo de prescrição


de 3 anos, de acordo com o artigo 206 do Código Civil:

"Art. 206. Prescreve:


(...)
§ 3o Em três anos:
(...)
V - a pretensão de reparação civil;

IV.INCORRETA a ação de anulação de negócio jurídico por


incapacidade relativa do agente é imprescritível, a ação de rescisão
de contrato por inadimplemento de uma das partes sujeita-se a
decadência e a ação de cobrança de indenização de seguro de vida
sujeita-se a prescrição.

Ação de anulação de negócio jurídico por incapacidade relativa do


agente: não é imprescritível, sujeitando-se ao prazo decadencial de 4
anos nos termos do Código Civil:

"Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a


anulação do negócio jurídico, contado:
I - no caso de coação, do dia em que ela cessar;
II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão,
do dia em que se realizou o negócio jurídico;
III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade."

Ação de rescisão de contrato por inadimplemento de uma das partes:


sujeita-se ao prazo prescricional de 5 anos, conforme dispõe o artigo
206 do Código Civil:

"Art. 206. Prescreve:


(...)
§ 5o Em cinco anos:
I - a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de
instrumento público ou particular;"
Ação de cobrança de indenização de seguro de vida: sujeita-se ao prazo
prescricional de 1 ano, conforme artigo 206 do Código Civil:

"Art. 206. Prescreve:


§ 1o Em um ano:
(...)
II - a pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra
aquele, contado o prazo:
a) para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da data
em que é citado para responder à ação de indenização proposta pelo
terceiro prejudicado, ou da data que a este indeniza, com a anuência
do segurador;
b) quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador da
pretensão;"

Ação para reconhecimento de invalidade de contrato que tenha por


objetivo herança de pessoa viva: o contrato que tenha por objeto a
herança de pessoa viva é nulo é nulo. Desta forma, também é
imprescritível. Vejamos o que dispõe o Código Civil:

"Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva."

"Art. 169. O negócio jurídico nulo não é suscetível de


confirmação, nem convalesce pelo decurso do tempo.

Ação de anulação de venda de ascendente para descendente sem a


anuência dos demais descendentes: sujeita-se a prazo decadencial.
Vejamos o Código Civil:

Art. 496. É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os


outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem
consentido.

Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem
estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois
anos, a contar da data da conclusão do ato.

Ação de revogação de doação por ingratidão do donatário: sujeita-se ao


prazo decadencial, conforme dispõe o artigo 559 do Código Civil:

"Art. 559. A revogação por qualquer desses motivos deverá ser


pleiteada dentro de um ano, a contar de quando chegue ao
conhecimento do doador o fato que a autorizar, e de ter sido o
donatário o seu autor."

Prazo prescricional para o importador pleitear indenização do transportador marítimo em razão


de extravio, perda ou avaria da carga transportada: 1 ano
Direito Civil Prescrição Outros prazos prescricionais
Origem: STJ

O prazo prescricional da pretensão indenizatória decorrente de extravio, perda ou avaria de cargas


transportadas por via marítima é de 1 (um) ano. Fundamento: art. 8º do Decreto-Lei nº 116/67. STJ. 3ª
Turma. REsp 1893754/MA, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 09/03/2021 (Info 688).

É de 5 anos o prazo para cobrar dívida de empresa com o plano


de saúde materializada em boleto bancário
Direito Civil Prescrição Outros prazos prescricionais
Origem: STJ

É quinquenal o prazo prescricional aplicável à pretensão de cobrança, materializada em


boleto bancário, ajuizada por operadora do plano de saúde contra empresa que contratou o
serviço de assistência médico-hospitalar para seus empregados. Fundamento: art. 206, § 5º,
I, do CC. Art. 206

Prazo prescricional para a repetição de indébito por cobrança


indevida de valores referentes a serviços de telefonia fixa não
contratados: 10 anos
Direito Civil Prescrição Outros prazos prescricionais
Origem: STJ

A ação de repetição de indébito por cobrança indevida de valores referentes a serviços não
contratados de telefonia fixa tem prazo prescricional de 10 (dez) anos. STJ. Corte Especial.
EAREsp 738991-RS, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 20/02/2019 (Info 651).

Prazo prescricional na responsabilidade contratual é de 10 anos


e na responsabilidade extracontratual é de 3 anos
Direito Civil Prescrição Outros prazos prescricionais
Origem: STJ

É decenal o prazo prescricional aplicável às hipóteses de pretensão fundamentadas em


inadimplemento contratual. É adequada a distinção dos prazos prescricionais da pretensão
de reparação civil advinda de responsabilidades contratual e extracontratual. Nas
controvérsias relacionadas à responsabilidade CONTRATUAL
Nesse contexto, temos que, em recente julgado, o STJ firmou o entendimento
de que o prazo prescricional para fins de reparação civil contratual é de 10
(dez) anos (art. 205, CC), desde que não exista prazo legal diferenciado.

Nesse sentido, é o teor da ementa do EREsp n° 1.281.594/SP (Rel.: Min.


Benedito Gonçalves; Red. p/ ac.: Min. Félix Fischer, Órgão Julgador: Corte
Especial, j. em 15.05.2019):

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA NO RECURSO ESPECIAL.


DISSENSO CARACTERIZADO. PRAZO PRESCRICIONAL INCIDENTE SOBRE A
PRETENSÃO DECORRENTE DA RESPONSABILIDADE CIVIL CONTRATUAL.
INAPLICABILIDADE DO ART. 206, § 3º, V, DO CÓDIGO CIVIL. SUBSUNÇÃO À REGRA
GERAL DO ART. 205, DO CÓDIGO CIVIL, SALVO EXISTÊNCIA DE PREVISÃO
EXPRESSA DE PRAZO DIFERENCIADO. CASO CONCRETO QUE SE SUJEITA AO
DISPOSTO NO ART. 205 DO DIPLOMA CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA
PROVIDOS.

I - Segundo a jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça, os embargos de


divergência tem como finalidade precípua a uniformização de teses jurídicas
divergentes, o que, in casu, consiste em definir o prazo prescricional incidente
sobre os casos de responsabilidade civil contratual.

II - A prescrição, enquanto corolário da segurança jurídica, constitui, de certo


modo, regra restritiva de direitos, não podendo assim comportar interpretação
ampliativa das balizas fixadas pelo legislador.

III - A unidade lógica do Código Civil permite extrair que a expressão


"reparação civil" empregada pelo seu art. 206, § 3º, V, refere-se
unicamente à responsabilidade civil aquiliana, de modo a não atingir o
presente caso, fundado na responsabilidade civil contratual.

IV - Corrobora com tal conclusão a bipartição existente entre a responsabilidade


civil contratual e extracontratual, advinda da distinção ontológica, estrutural e
funcional entre ambas, que obsta o tratamento isonômico.

V - O caráter secundário assumido pelas perdas e danos advindas do


inadimplemento contratual, impõe seguir a sorte do principal (obrigação
anteriormente assumida). Dessa forma, enquanto não prescrita a pretensão
central alusiva à execução da obrigação contratual, sujeita ao prazo de 10
anos (caso não exista previsão de prazo diferenciado), não pode estar
fulminado pela prescrição o provimento acessório relativo à
responsabilidade civil atrelada ao descumprimento do pactuado.

VI - Versando o presente caso sobre responsabilidade civil decorrente de


possível descumprimento de contrato de compra e venda e prestação de serviço
entre empresas, está sujeito à prescrição decenal (art. 205, do Código
Civil). Embargos de divergência providos

Plano de saúde recusou-se a custear tratamento do paciente e este foi obrigado a pagar o
procedimento. Prazo para que o paciente exija o ressarcimento
Direito Civil Prescrição Outros prazos prescricionais
Origem: STJ

Ementa Oficial
RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE RESSARCIMENTO DE DESPESAS MÉDICAS.
SEGURO SAÚDE. DESCUMPRIMENTO DE CLÁUSULA CONTRATUAL. PRAZO
PRESCRICIONAL.
1. É decenal o prazo prescricional aplicável para o exercício da pretensão de reembolso de
despesas médico-hospitalares alegadamente cobertas pelo contrato de plano de saúde (ou de
seguro saúde), mas que não foram adimplidas pela operadora.
2. Isso porque, consoante cediço na Segunda Seção e na Corte Especial, nas controvérsias
relacionadas à responsabilidade contratual, aplica-se a regra geral (artigo 205 do Código
Civil) que prevê dez anos de prazo prescricional (EREsp 1.280.825/RJ, Rel.
Ministra Nancy Andrighi, Segunda Seção, julgado em 27.06.2018, DJe 02.08.2018; e
EREsp 1.281.594/SP, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Rel. p/ Acórdão Ministro Felix
Fischer, Corte Especial, julgado em 15.05.2019, DJe 23.05.2019).
3. De outro lado, a tese da prescrição trienal firmada nos Recursos Especiais 1.361.182/RS
e 1.360.969/RS (ambos julgados sob o rito dos repetitivos) não abrange toda e qualquer
pretensão deduzida em decorrência de planos privados de assistência à saúde, mas tão
somente àquelas referentes à nulidade de cláusula contratual com a consequente repetição
do indébito, que foram traduzidas como pretensões de ressarcimento de enriquecimento sem
causa (artigo 206, § 3º, inciso IV, do Código Civil de 2002).
4. Recurso especial não provido.
(REsp 1756283/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado
em 11/03/2020, DJe 03/06/2020)

Pedido do devedor de prazo para analisar se existe mesmo o


débito não pode ser considerado como ato que interrompe a
prescrição (art. 202, VI, do CC)
Direito Civil Prescrição Outros prazos prescricionais
Origem: STJ
O pedido de concessão de prazo para analisar documentos com o fim de verificar a
existência de débito não tem o condão de interromper a prescrição. STJ. 3ª Turma.REsp
1677895-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 06/02/2018 (Info 619).

Prazo prescricional da repetição de indébito envolvendo


contrato de cédula de crédito rural
Direito Civil Prescrição Outros prazos prescricionais
Origem: STJ

Qual é o prazo prescricional da ação de repetição de indébito envolvendo contrato de cédula


de crédito rural? • Se o fato ocorreu sob a vigência do CC/1916: 20 anos. • Se o fato ocorreu
sob a vigência do CC/2002: 3 anos. O termo inicial do prazo prescricional é a data do
pagamento (efetiva lesão). STJ. 2ª Seção. REsp 1361730-RS

Prazo de 3 anos para pretensão de entidade de previdência


privada complementar de reaver verbas relativas a benefício
indevidamente apropriadas por terceiro
Direito Civil Prescrição Outros prazos prescricionais
Origem: STJ

É de 3 anos o prazo prescricional de ação proposta por entidade de previdência privada


complementar contra terceiro que se apropriou indevidamente de verbas relativas a
benefício previdenciário. Não há previsão específica para este caso na LC 109/2001, razão
pela qual se aplica o art. 206, § 3º, IV, do Código Civil

Prazo de prescrição da pretensão de indenização por dano de


mercadoria em contêiner: 1 ano
Direito Civil Prescrição Outros prazos prescricionais
Origem: STJ

É de 1 ano o prazo de prescrição da pretensão do segurador, sub-rogado nos direitos do


segurado, de indenização pela deterioração de carga em navio por falha em contêiner.
Aplica-se, neste caso, o art. 8º do Decreto-Lei 116/1967, que trata sobre o prazo
prescricional envolvendo as ações por extravio, perdas e avarias de carga.

Prazo prescricional da pretensão de cobrança de serviço de


conserto de veículo por mecânico
Direito Civil Prescrição Outros prazos prescricionais
Origem: STJ
Prescreve em 10 anos (art. 205 do CC) a pretensão de cobrar dívida decorrente de conserto
de automóvel por mecânico que não tenha conhecimento técnico e formação intelectual
suficiente para ser qualificado como profissional liberal

Prazo prescricional para que a vítima de um acidente de


trânsito proponha ação de indenização contra empresa de
ônibus: 5 anos
Direito Civil Prescrição Outros prazos prescricionais
Origem: STJ

É de 5 anos o prazo prescricional para que a vítima de um acidente de trânsito proponha


ação de indenização contra concessionária de serviço público de transporte coletivo
(empresa de ônibus). O fundamento legal para esse prazo está no art. 1º-C da Lei 9.494/97 e
também no art. 14 c/c art. 27, do CDC. STJ. 3ª Turma. REsp 1277724-PR,

Pretensão de sociedade seguradora em face de ressegurador


baseada em contrato de resseguro: 1 ano
Direito Civil Prescrição Outros prazos prescricionais
Origem: STJ

Prescreve em 1 ano a pretensão de sociedade seguradora em face de ressegurador baseada


em contrato de resseguro. STJ. 3ª Turma. REsp 1170057-MG, Rel. Min. Villas Bôas Cueva,
julgado em 17/12/2013 (Info 535)

Danos morais decorrentes de tortura no regime militar:


imprescritível
Direito Civil Prescrição Outros prazos prescricionais
Origem: STJ

As ações de indenização por danos morais decorrentes de atos de tortura ocorridos durante
o Regime Militar de exceção são imprescritíveis. Não se aplica o prazo prescricional de 5
anos previsto no art. 1º do Decreto 20.910/1932. STJ. 2ª Turma. REsp 1374376-CE, Rel.
Min. Herman Benjamin, julgado em 25/6/2013. STJ. 1ª Turma.

Cobrança de anuidades pela OAB: 5 anos


Direito Civil Prescrição Outros prazos prescricionais
Origem: STJ

Após a entrada em vigor do CC/2002, é de 5 (CINCO) anos o prazo de prescrição da


pretensão de cobrança de anuidades pela OAB. STJ. 2ª Turma. AgRg nos EDcl no REsp
1267721-PR, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 11/12/2012 (Info 513).
Cobrança de honorários periciais arbitrados em processo
judicial em que a parte é beneficiária da gratuidade da justiça:
5 anos
Direito Civil Prescrição Outros prazos prescricionais
Origem: STJ

A jurisprudência do STJ é firme no sentido de que o prazo prescricional para a cobrança de


honorários periciais arbitrados em processo judicial em que a parte é beneficiária da
gratuidade da justiça é de cinco anos. STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1337319-MG, Rel.
Min. Herman Benjamin, julgado em 6/12/2012 (Info 515).

Ressarcimento de participação financeira no custeio de


construção de rede elétrica
Direito Civil Prescrição Outros prazos prescricionais
Origem: STJ

Súmula 547-STJ: Nas ações em que se pleiteia o ressarcimento dos valores pagos a título de
participação financeira do consumidor no custeio de construção de rede elétrica, o prazo
prescricional é de vinte anos na vigência do Código Civil de 1916. Na vigência do Código
Civil de 2002, o prazo é de cinco anos se houver previsão contratual.

Jurisprudencia: A separação de fato por tempo razoável mitiga a regra do art. 197,
I, do Código Civil
Direito Civil Prescrição Outros prazos prescricionais
Origem: STJ

O art. 197, I, do Código Civil prevê que “não corre a prescrição entre os cônjuges, na
constância da sociedade conjugal”. Se os cônjuges estão separados há muitos anos,não
se deve aplicar a regra do art. 197, I, do CC.

Jurisprudencia: É de 10 anos o prazo prescricional para pretensão indenizatória decorrente de vício


construtivo.
Direito Civil Prescrição Outros prazos prescricionais

Ementa Oficial
AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. COMPRA E VENDA. IMÓVEL COM DEFEITO.
METRAGEM A MENOR. PRAZO DECADENCIAL. INAPLICABILIDADE. PRETENSÃO
INDENIZATÓRIA. PRESCRIÇÃO. PRAZO DECENAL. ART. 205 DO CÓDIGO CIVIL. 1. Recurso
Especial interposto contra acórdão publicado na vigência do Código de Processo Civil de 2015
(Enunciados Administrativos nºs 2 e 3/STJ). 2. A orientação do Superior Tribunal de Justiça é firme no
sentido de se aplicar o prazo prescricional disposto no art. 205 do Código Civil à pretensão indenizatória
decorrente do vício construtivo. 3. O abatimento de preço ante a diferença de metragem em vaga de
garagem não foi objeto de discussão no acórdão recorrido. Precedentes que não retratam a mesma
situação fática dos autos. 4. Agravo interno não provido. (STJ; AgInt-REsp 1.889.229; Proc.
2020/0203953-4; SP; Terceira Turma; Rel. Min. Ricardo Villas Boas Cueva; Julg. 15/06/2021; DJE
21/06/2021)

Jurisprudencia Prazo prescricional para a repetição de indébito por cobrança indevida de valores
referentes a serviços de telefonia fixa não contratados: 10 anos
Direito Civil Prescrição Outros prazos prescricionais
Origem: STJ

A ação de repetição de indébito por cobrança indevida de valores referentes a serviços não contratados de
telefonia fixa tem prazo prescricional de 10 (dez) anos. STJ. Corte Especial. EAREsp 738991-RS, Rel.
Min. Og Fernandes, julgado em 20/02/2019 (Info 651).

Outro comentário:
Cuida-se de recente entendimento jurisprudencial do STJ (EREsp n° 1.280.825/RJ, Rel. Min. Nancy
Andrighi, Órgão Julgador: 2ª Seção, j. em 27.06.2018), que veio a ser ratificado no julgamento do EREsp
n° 1.284.594/SP (Rel.: Min. Benedito Gonçalves, Órgão Julgador: Corte Especial, Rel. p/ ac.: Min. Félix
Fischer, j. em 15.05.2019), no qual se fixou o prazo prescricional de 10 (dez) anos (art. 205, CC) para
a pretensão de reparação civil decorrente de INADIMPLEMENTO CONTRATUAL.

Logo, o prazo trienal a que alude o art. 206, § 3°, V, do CC deverá ser observado quando se tratar de
pretensão de reparação civil relacionada a inadimplemento extracontratual (responsabilidade civil
aquiliana). Nesse sentido, vejamos a ementa do julgado:

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA NO RECURSO ESPECIAL.


DISSENSO CARACTERIZADO. PRAZO PRESCRICIONAL INCIDENTE SOBRE A PRETENSÃO
DECORRENTE DA RESPONSABILIDADE CIVIL CONTRATUAL. INAPLICABILIDADE DO ART. 206,
§ 3º, V, DO CÓDIGO CIVIL. SUBSUNÇÃO À REGRA GERAL DO ART. 205, DO CÓDIGO CIVIL,
SALVO EXISTÊNCIA DE PREVISÃO EXPRESSA DE PRAZO DIFERENCIADO. CASO CONCRETO
QUE SE SUJEITA AO DISPOSTO NO ART. 205 DO DIPLOMA CIVIL. EMBARGOS DE
DIVERGÊNCIA PROVIDOS.

I - Segundo a jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça, os embargos de divergência tem como
finalidade precípua a uniformização de teses jurídicas divergentes, o que, in casu, consiste em definir o
prazo prescricional incidente sobre os casos de responsabilidade civil contratual.

II - A prescrição, enquanto corolário da segurança jurídica, constitui, de certo modo, regra restritiva de
direitos, não podendo assim comportar interpretação ampliativa das balizas fixadas pelo legislador.

III - A unidade lógica do Código Civil permite extrair que a expressão "reparação civil" empregada
pelo seu art. 206, § 3º, V, refere-se unicamente à responsabilidade civil aquiliana, de modo a não
atingir o presente caso, fundado na responsabilidade civil contratual.
IV - Corrobora com tal conclusão a bipartição existente entre a responsabilidade civil contratual e
extracontratual, advinda da distinção ontológica, estrutural e funcional entre ambas, que obsta o
tratamento isonômico.

V - O caráter secundário assumido pelas perdas e danos advindas do inadimplemento contratual, impõe
seguir a sorte do principal (obrigação anteriormente assumida). Dessa forma, enquanto não prescrita a
pretensão central alusiva à execução da obrigação contratual, sujeita ao prazo de 10 anos (caso não
exista previsão de prazo diferenciado), não pode estar fulminado pela prescrição o provimento acessório
relativo à responsabilidade civil atrelada ao descumprimento do pactuado.

VI - Versando o presente caso sobre responsabilidade civil decorrente de possível descumprimento de


contrato de compra e venda e prestação de serviço entre empresas, está sujeito à prescrição decenal
(art. 205, do Código Civil). Embargos de divergência providos.

Em consequência, tem-se por superado o entendimento doutrinário constante do Enunciado 419 do


CJF/STJ:

O prazo prescricional de três anos para a pretensão de reparação civil aplica-se tanto à
responsabilidade contratual quanto à responsabilidade extracontratual.

SÚMULA 229: O pedido do pagamento de indenização à


seguradora suspende o prazo de prescrição até que o segurado
tenha ciência da decisão.

Comentário: Em regra, conforme entendimento firmado pelo STJ, é válida a cláusula prevista em
contrato de seguro-saúde que autoriza o aumento das mensalidades do seguro quando o usuário
completar 60 anos de idade, exceto se (i) não respeitar os limites e requisitos estabelecidos na Lei nº
9.656/98; ou (ii) aplicar índices de reajuste desarrazoados ou aleatórios, que onerem em demasia o
segurado (Cf. REsp n° 1.280.211/SP, Rel.: Min. Marco Buzzi, Órgão Julgador: 2ª Seção, j. em
23.4.2014, p. em DJe 4.9.2014 e REsp n° 1.381.606/DF, Rel.: Min. Nancy Andrighi, Rel. p. ac.: Min.
João Otávio de Noronha, Órgão Julgador: 3ª Turma, j. em 7.10.2014, p. em DJe 31.10.2014).

No entanto, evidenciada a presença de abusividade na cláusula de reajuste do contrato de seguro-saúde,


qual seria o prazo prescricional para que o idoso prejudicado ajuizasse ação pleiteando a nulidade da
cláusula com a repetição de indébito dos valores pagos indevidamente?

Ao enfrentar o tema, decidiu o STJ, no julgamento do REsp n° 1.361.182/RS (Rel. Min. Marco Buzzi;
Rel. p. ac.: Min. Marco Aurélio Belizze, Órgão Julgador: 2ª Seção, j. em 10.8.2016, p. em 19.9.2016),
que tal pretensão prescreverá em 20 (vinte) anos (art. 177, CC/1916) ou 3 (três) anos (art. 206, § 3°,
IV, CC/200), observada a regra de transição do art. 2.028 do CC vigente.

Entendeu o tribunal, em votação não unânime, que não seria o caso de aplicação do prazo prescricional
estabelecido no CDC (art. 27), pois, no caso concreto, não se tratava de acidente de consumo.

De modo análogo, o prazo ânuo do art. 206, § 1°, II, também não foi aplicado porque, no caso concreto,
não se tratava de relação jurídica securitária, mas sim de plano privado de saúde art. 2° da Lei n°
10.185/2001).

Além disso, fora afastada a tese da imprescritibilidade – suscitada em virtude de o pedido conter a
declaração de nulidade da cláusula abusiva, porquanto se entendeu, em linhas gerais, que não se tratava
de uma ação declaratória pura, já que continha pleito cumulado de repetição de indébito (eficácia
condenatória), e, por isso, deveria ser aplicado o prazo trienal para ações de enriquecimento ilícito.

Ao fim, decidiu o tribunal, em um julgamento com “placar” muito apertado (sendo certo que os votos
merecem ser lidos na íntegra, dada a riqueza das lições neles contidas), fixar, na sistemática dos recursos
repetitivos, a seguinte tese:

Na vigência dos contratos de plano ou de seguro de assistência à saúde, a pretensão condenatória


decorrente da declaração de nulidade de cláusula de reajuste nele prevista prescreve em 20 anos
(art. 177 do CC/1916) ou em 3 anos (art. 206, § 3º, IV, do CC/2002), observada a regra de transição do
art. 2.028 do CC/2002.
No mais, destaca-se que, embora o enunciado não nos permita identificar se o fato ocorreu na vigência do
CC/1916 ou CC/2002, ou se é o caso do art. 2.028, CC/2002 ("Serão os da lei anterior os prazos, quando
reduzidos por este Código, e se, na data de sua entrada em vigor, já houver transcorrido mais da metade
do tempo estabelecido na lei revogada"), tal conhecimento, para a resolução da questão, é desnecessário,
pois as demais assertivas não trazem o prazo de 20 (vinte) anos do revogado CC/1916, permitindo ao
candidato a identificação da única opção que se alinha à vigente jurisprudência do STJ.

Jurisprudencia: É de 5 anos o prazo para cobrar dívida de empresa com o plano de saúde
materializada em boleto bancário
Direito Civil Prescrição Outros prazos prescricionais
Origem: STJ

É quinquenal o prazo prescricional aplicável à pretensão de cobrança, materializada em boleto bancário,


ajuizada por operadora do plano de saúde contra empresa que contratou o serviço de assistência médico-
hospitalar para seus empregados. Fundamento: art. 206, § 5º, I, do CC.

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