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Aula 02
PRINCÍPIOS CONTRATUAIS
Os contratos devem ser paritários, devem ter equilíbrio econômico- financeiro, uma justiça,
uma equivalência material.
Operabilidade: na hora de elaborar o CC tiveram de se atentar que suas regras deveriam ser
claras, com português acessível, de fáceis compreensão e manuseio, com institutos lógicos.
Ex: com o CC/16 era praticamente impossível, com a simples leitura da lei, saber se o prazo era
prescricional ou decadencial. Existia um método científico, elaborado por Agnelo Amorim, que tentava
explicar para os operadores do Direito como saber se o prazo era prescricional ou decadencial. Mesmo
assim, ainda restavam divergências. O CC/2002 acabou com essa discussão.
CC, art. 205 - A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor.
Art. 206 - Prescreve:
§1º Em um ano:
I - a pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de víveres destinados a consumo no próprio
estabelecimento, para o pagamento da hospedagem ou dos alimentos;
II - a pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele, contado o prazo:
a) para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da data em que é citado para
responder à ação de indenização proposta pelo terceiro prejudicado, ou da data que a este indeniza, com a anuência
do segurador;
b) quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador da pretensão;
III - a pretensão dos tabeliães, auxiliares da justiça, serventuários judiciais, árbitros e peritos, pela
percepção de emolumentos, custas e honorários;
IV - a pretensão contra os peritos, pela avaliação dos bens que entraram para a formação do capital de
sociedade anônima, contado da publicação da ata da assembleia que aprovar o laudo;
V - a pretensão dos credores não pagos contra os sócios ou acionistas e os liquidantes, contado o prazo
da publicação da ata de encerramento da liquidação da sociedade.
§2º Em dois anos, a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se
vencerem.
§3º Em três anos:
I - a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos;
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III - a pretensão para haver juros, dividendos ou quaisquer prestações acessórias, pagáveis, em
períodos não maiores de um ano, com capitalização ou sem ela;
IV - a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa;
Os arts. acima trazem todos os prazos prescricionais do CC. Qualquer outro prazo que
aparecer ao longo do CC é decadencial. Isso operacionalizou o CC, deu operabilidade.
CF, art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XXII - é garantido o direito de propriedade;
O inciso traz um dever fundamental da propriedade. Tem de dar função social à propriedade.
Sociedade solidária é aquele que se preocupa com o próximo, tendo comportamento ético.
CF, art. 1º - A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
III - a dignidade da pessoa humana;
A eticidade, em última análise, pode ser extraída do art. acima. Ele traz o postulado máximo da
dignidade da pessoa humana, ao qual a boa-fé e a ética estão ligadas. A dignidade da pessoa humana deve
ser sempre respeitada.
CC, art. 1201 - É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a
aquisição da coisa.
Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé, salvo prova em
contrário, ou quando a lei expressamente não admite esta presunção.
Esse art. dá o conceito de possuidor de boa-fé. Essa boa-fé é subjetiva. Tem de analisar se o
agente ignora, se conhece ou não, se sabe ou não dos vícios que o impedem de adquirir a coisa. A análise
é da intenção, subjetiva. Analisa-se o elemento anímico da parte.
CC, art. 422 - Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua
execução, os princípios de probidade e boa-fé.
Ex. de aplicação da ética real, que aconteceu no RJ e foi julgado, mas não chegou na 2ª
instância, não havendo acórdão: Maria queria comprar um apartamento e viu o anúncio de João. Ela foi
conhecer o imóvel e o achou bonito. Ele estava sendo vendido pelo valor de mercado da região. Estava em
perfeitas condições, não tendo defeito ou vício oculto. Maria comprou o apartamento, celebrando o
contrato de compra e venda.
Na 1ª noite em que dormiu no imóvel, Maria foi acordada, subitamente, às 3h da manhã, com a
campainha tocando desesperadamente. Olhando no olho mágico, Maria viu um homem nu do lado de fora,
gritando e chamando outra pessoa, que não morava ali.
Maria pegou o interfone e ligou para o porteiro, relatando o fato. O porteiro disse que aquele
era o morador do ap. 502, que faz isso todas as noites. Foi por isso que João vendeu o apartamento, pois
não aguentava mais isso, completou. Ele já havia reclamado em reunião de condomínio e no livro de
reclamações, mas não teve jeito. O morador tem problemas mentais. Ele toca a campainha de 3h às 6h da
manhã e depois sossega.
No caso real a situação foi tão grave que a moradora tinha de desligar a chave geral do ap. para
tirar a energia da campainha, para que não fosse incomodada. Como ela ia dormir no verão sem ar-
condicionado ou ventilador?
No caso concreto havia detalhes estranhos. O homem que o morador chamava era uma pessoa
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