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DELEGADO CIVIL

Barbara Brasil
Direito Civil
Aula 04

ROTEIRO DE AULA

◦ Prescrição e Decadência (art. 189 e segs., CC):


Os Institutos surgiram no Código Civil para trazer segurança jurídica e garantir a estabilidade das relações jurídicas e
evitar relações que se perpetuem no tempo.
Para haver a Prescrição e a Decadência são necessários 2 requisitos:
1- Decurso do tempo
2- Inércia do titular no exercício de um direito

Existem 2 tipos de Direitos:


a- Subjetivos: são direitos que permitem ao seu titular exigir de outrem o cumprimento de uma prestação. Essa
prestação pode ser um dar, um fazer ou um não-fazer.
Pretensão é o poder que tem o credor de exigir em juízo do devedor o cumprimento coercitivo da obrigação. Só nasce
com a violação do direito subjetivo do credor.
Se o credor não exercer a sua pretensão dentro do prazo fixado em lei, essa pretensão será atingida pela prescrição.
b- Potestativos:

◦ Prescrição:
Prescrição é a perda da pretensão pelo fato de o titular do direito subjetivo de crédito não tê-la exercido dentro do
prazo previsto em lei.
A prescrição tanto não atinge o direito de ação que gera uma sentença com resolução de mérito – Art. 487; CPC. O que
a prescrição atinge, já que é instituto de direito material, é a pretensão.
Pretensão é o poder que tem o credor de exigir, coercitivamente, que o devedor dê cumprimento a obrigação.

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- Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que
aludem os arts. 205 e 206.
OBS.: A prescrição não atinge o direito subjetivo do credor. Tanto que o credor pode pagar uma dívida cuja pretensão
está prescrita. O pagamento será válido e não gerará direito à restituição ou reembolso. ART.882,CC.

REGRAS DA PRESCRIÇÃO:
1 - Art. 191. A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro,
depois que a prescrição se consumar; tácita é a renúncia quando se presume de fatos do interessado, incompatíveis
com a prescrição.

2- Art. 192. Os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes.
Todos os prazos prescricionais estão previsto em lei (no CC, art.205 e 206). As partes não podem reduzir ou majorar
os prazos prescricionais.

3- Art. 193. A prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem aproveita.
A prescrição apesar de admitir renúncia é matéria de ordem pública. PODE SER ARGUIDA DE OFÍCIA E ALEGADA EM
QUALQUER GRAU DE JURISDIÇÃO.

- Art. 194. O juiz não pode suprir, de ofício, a alegação de prescrição, salvo se favorecer a absolutamente
incapaz. REVOGADO

- Art. 332; CPC: Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da citação do réu, julgará
liminarmente improcedente o pedido que contrariar:
I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça;
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos
repetitivos;
III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência;
IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local.
§ 1o O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se verificar, desde logo, a ocorrência de
decadência ou de prescrição.

- Art. 10; CPC: O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se
tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício.

4- Os prazos prescricionais IMPEDEM, INTERROMPEM E SUSPENDEM.


- Art. 197. Não corre a prescrição:

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I - entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal;
II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar;
III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou curatela.

- Art. 198. Também não corre a prescrição:


I - contra os incapazes de que trata o art. 3o;
II - contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios;
III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra.

- Art. 199. Não corre igualmente a prescrição:


I - pendendo condição suspensiva;
II - não estando vencido o prazo;
III - pendendo ação de evicção.

- Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor.

- Art. 206. Prescreve:


§ 1o Em um ano:
I - a pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de víveres destinados a consumo no próprio estabelecimento, para o
pagamento da hospedagem ou dos alimentos;
II - a pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele, contado o prazo:
a) para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da data em que é citado para responder à ação de
indenização proposta pelo terceiro prejudicado, ou da data que a este indeniza, com a anuência do segurador;
b) quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador da pretensão;
III - a pretensão dos tabeliães, auxiliares da justiça, serventuários judiciais, árbitros e peritos, pela percepção de
emolumentos, custas e honorários;
IV - a pretensão contra os peritos, pela avaliação dos bens que entraram para a formação do capital de sociedade
anônima, contado da publicação da ata da assembléia que aprovar o laudo;
V - a pretensão dos credores não pagos contra os sócios ou acionistas e os liquidantes, contado o prazo da publicação da
ata de encerramento da liquidação da sociedade.
§ 2o Em dois anos, a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se vencerem.
§ 3o Em três anos:
I - a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos;
II - a pretensão para receber prestações vencidas de rendas temporárias ou vitalícias;
III - a pretensão para haver juros, dividendos ou quaisquer prestações acessórias, pagáveis, em períodos não maiores de
um ano, com capitalização ou sem ela;

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IV - a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa;
V - a pretensão de reparação civil;
VI - a pretensão de restituição dos lucros ou dividendos recebidos de má-fé, correndo o prazo da data em que foi
deliberada a distribuição;
VII - a pretensão contra as pessoas em seguida indicadas por violação da lei ou do estatuto, contado o prazo:
a) para os fundadores, da publicação dos atos constitutivos da sociedade anônima;
b) para os administradores, ou fiscais, da apresentação, aos sócios, do balanço referente ao exercício em que a violação
tenha sido praticada, ou da reunião ou assembléia geral que dela deva tomar conhecimento;
c) para os liquidantes, da primeira assembléia semestral posterior à violação;
VIII - a pretensão para haver o pagamento de título de crédito, a contar do vencimento, ressalvadas as disposições de lei
especial;
IX - a pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro prejudicado, no caso de seguro de responsabilidade
civil obrigatório.
§ 4o Em quatro anos, a pretensão relativa à tutela, a contar da data da aprovação das contas.
§ 5o Em cinco anos:
I - a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular;
II - a pretensão dos profissionais liberais em geral, procuradores judiciais, curadores e professores pelos seus
honorários, contado o prazo da conclusão dos serviços, da cessação dos respectivos contratos ou mandato;
III - a pretensão do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juízo.

- Art. 882: Não se pode repetir o que se pagou para solver dívida prescrita, ou cumprir obrigação judicialmente
inexigível.

- Art. 487; CPC: Haverá resolução de mérito quando o juiz:


I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção;
II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou prescrição;
III - homologar:
a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na reconvenção;
b) a transação;
c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção.
Parágrafo único. Ressalvada a hipótese do § 1o do art. 332, a prescrição e a decadência não serão reconhecidas sem que
antes seja dada às partes oportunidade de manifestar-se.

◦ Prescrição e Decadência (art. 189 e segs., CC):


- Prescrição:

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É a extinção da pretensão do titular de um direito válido que se opera pela desídia de seu titular que foi inerte durante o
lapso de tempo estipulado pela lei.
(pretensão é a capacidade que o credor tem de ir a juízo exigir o cumprimento de uma obrigação dentro de um prazo
estipulado em lei)

- Art. 189; CC: Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que
aludem os arts. 205 e 206.

- Art. 191; CC: A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro,
depois que a prescrição se consumar; tácita é a renúncia quando se presume de fatos do interessado, incompatíveis
com a prescrição.

- Art. 192;CC: Os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes.

- Art. 193; CC: A prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem aproveita.

- Art. 194; CC: O juiz não pode suprir, de ofício, a alegação de prescrição, salvo se favorecer a absolutamente incapaz.
(revogado)

CPC
- Art. 332: Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da citação do réu, julgará
liminarmente improcedente o pedido que contrariar:
I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça;
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos
repetitivos;
III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência;
IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local.
§ 1o O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se verificar, desde logo, a ocorrência de
decadência ou de prescrição.

- Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se
tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício.

◦ Os prazos prescricionais suspendem, impedem, interrompem – são regras contidas nos Arts. 197 ao 199 do CC e 202
do mesmo diplomavlegal.

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O prazo prescricional, uma vez tendo o seu início, possui hipóteses previstas no Código Civil de paralisação, sendo que
do artigo 197 ao 199 temos hipóteses de impedimento/suspensão de prazo prescricional e no artigo 202 temos
hipótese de interrupção do prazo prescricional.
Causas Impeditivas impedem o início do transcurso prazo prescricional.
Nas Causas Suspensivas o prazo prescricional já teve seu início e algo ocorreu que suspendeu o prazo prescricional.
Ex.:devedor e credor se casam após um ano de correr o prazo prescricional – esse prazo fica suspenso durante a
constância da sociedade matrimonial – é causa suspensiva
Devedor é casado com credor – o prazo prescricional fica suspenso durante a constância toda do casamento, é uma
causa impeditiva.

- Art. 197. Não corre a prescrição:


I - entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal;
II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar;
III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou curatela.

- Art. 198. Também não corre a prescrição:


I - contra os incapazes de que trata o art. 3o;
II - contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios;
III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra.

- Art. 199. Não corre igualmente a prescrição:


I - pendendo condição suspensiva;
II - não estando vencido o prazo;
III - pendendo ação de evicção.

Obs.: Comunicabilidade das instâncias: art. 935, CC c/c art. 200, CC.
Determinados fatos podem gerar efeitos tanto na esfera cível, como na criminal. Em regra, tais fatos produzem efeitos
que não se comunicam. Excepcionalmente pode haver comunicabilidade entre o juízo criminal e o juízo cível: se no Juízo
penal houver uma sentença que reconheça ou afaste a existência da materialidade e da autoria, ela repercute na esfera
cível.
Só haverá a comunicabilidade das instâncias se existir uma sentença penal transitada em julgado que reconheça ou
afaste a materialidade e autoria.
Se for uma sentença penal absolutória por insuficiência de provas, ela não vai repercutir na esfera cível.

- Art. 200; CC. Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a prescrição antes
da respectiva sentença definitiva.

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Para o STJ, ação penal em curso ou IP em aberto significa que o fato está sendo apurado na esfera criminal, paralisando
a prescrição na cível.

- Art. 935;CC. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência
do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal.

◦ Dano Moral e o Juízo Criminal:


Nos casos de violência contra a mulher praticados no âmbito doméstico e familiar, é possível a fixação de valor mínimo
indenizatório a título de dano moral, desde que haja pedido expresso da acusação ou da parte ofendida, ainda que não
especificada a quantia, e independentemente de instrução probatória.
REsp 1.643.051/MS - Afetado na sessão do dia 27/09/2017 (Terceira Seção).
REsp 1.675.874/MS - Afetado na sessão do dia 11/10/2017 (Terceira Seção).
Recurso Especial n. 1.675.874/MS afetado, em substituição ao REsp n. 1.683.324/DF, para julgamento sob o rito dos
repetitivos, em conjunto com o REsp n. 1.643.051/MS.

O dano moral é presumido – in re ipsa – independe da sua comprovação.

◦ A interrupção da prescrição se liga diretamente a um ato jurídico judicial ou extrajudicial, diferente da suspensão que
é mais ligado a questões pessoais, como menoridade.

- Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á:
I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma
da lei processual;
II - por protesto, nas condições do inciso antecedente;
III - por protesto cambial;
IV - pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de credores;
V - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;
VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor.
Parágrafo único. A prescrição interrompida recomeça a correr da data do ato que a interrompeu, ou do último ato do
processo para a interromper.

◦ Se interrompe pra um devedor, interrompe para todos, mas se suspende para um, não necessariamente suspende
para todos.

- Art. 201. Suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, só aproveitam os outros se a obrigação for
indivisível.

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- Art. 204. A interrupção da prescrição por um credor não aproveita aos outros; semelhantemente, a interrupção
operada contra o co-devedor, ou seu herdeiro, não prejudica aos demais coobrigados.
§ 1o A interrupção por um dos credores solidários aproveita aos outros; assim como a interrupção efetuada contra o
devedor solidário envolve os demais e seus herdeiros.
§ 2o A interrupção operada contra um dos herdeiros do devedor solidário não prejudica os outros herdeiros ou
devedores, senão quando se trate de obrigações e direitos indivisíveis

◦ Decadência:
- Decadência atinge direito potestativo; prazos decadenciais não se suspendem, impedem ou interrompem, salvo se a
lei dispuser de modo contrário. (art. 207, CC)
Inaplicabilidade à decadência das normas contidas nos arts. 197 a 204 do Código Civil: As normas relativas ao
impedimento, suspensão e interrupção de prescrição apenas serão aplicáveis à decadência nos casos admitidos por lei.
A decadência corre contra todos, não admitindo sua suspensão ou interrupção em favor daqueles contra os quais não
corre a prescrição, com exceção do caso do art. 198, I (CC, art. 208), e do art. 26, § 2º, da Lei n. 8.078/90; a prescrição
pode ser suspensa, interrompida ou impedida pelas causas legais.

-Tem que haver decurso do tempo mais a inércia do titular do direito.

- Direitos potestativos são aqueles que permitem ao seu titular, interferir na esfera jurídica alheia, criando, extinguindo
ou modificando relações jurídicas. Para serem exercidos, eles se submetem a um prazo de natureza decadencial. Se o
titular do direito potestativo não o exercer dentro do tempo, ele decai.
Eles não são exercidos em ações de natureza condenatórias, mas sim de natureza constitutivas ou desconstitutivas.
A decadência atinge direitos subjetivos

- Como os direitos potestativos decorrem da lei ou do contrato, temos a decadência legal e a decadência convencional.

· Decadência Legal:
(direito potestativo nasceu da lei)
- não admite renúncia – art. 209;
- pode ser arguida de ofício pelo juiz – art. 210.

· Decadência Convencional:
(direito potestativo nasceu do contrato)
- admite renúncia: art. 211;

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- não pode ser arguida de ofício pelo juiz: art. 211. (o Juiz não vai se manifestar em matéria de ordem privada, entre as
partes, por isso não pode ser arguida de ofício)

- Art. 207. Salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à decadência as normas que impedem, suspendem ou
interrompem a prescrição.

- Art. 208. Aplica-se à decadência o disposto nos arts. 195 e 198, inciso I.

- Art. 209. É nula a renúncia à decadência fixada em lei.

- Art. 210. Deve o juiz, de ofício, conhecer da decadência, quando estabelecida por lei.

- Art. 211. Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição,
mas o juiz não pode suprir a alegação.

◦ Obrigação:
Conceito de obrigação - Elementos estruturais
- Acepção clássica:
A obrigação é o vínculo jurídico transitório que confere ao credor (sujeito ativo) o direito de exigir do devedor (sujeito
passivo) o cumprimento de uma prestação que pode ser positiva ou negativa, porém, essencialmente patrimonial.
São três os elementos constitutivos da obrigação: o elemento subjetivo ou pessoal representado pelos sujeitos ativo
(credor) e passivo (devedor); o elemento objetivo ou material, representado pelo objeto da prestação; e finalmente o
elemento espiritual, ou imaterial, representado pelo vínculo jurídico ou liame que conecta os sujeitos.

◦ Modalidades de Obrigações:
1- Obrigação de DAR (art. 233 e segs. CC)
Sempre gera a entrega de um bem.
Para Beviláqua, obrigação de dar “é aquela cuja prestação consiste na entrega de uma coisa móvel ou imóvel, seja para
constituir um direito real, seja somente para facultar o uso, ou ainda, a simples detenção, seja finalmente, para restituí-
la ao seu dono. A definição compreende duas espécies de obrigações: a de dar, propriamente dita, e a de restituir”.

Se a obrigação de dar gerar transferência de Propriedade – Arts. 233 a 236; CC.


É a obrigação de dar propriamente dita.

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Se a obrigação de dar gerar transferência de Posse – Arts. 238/239; CC
É a obrigação de restituir.

◦ Espécies de Obrigação De Dar


1) Obrigação de dar coisa certa (art.233, CC)
o objeto é determinado (individualizado no gênero, na quantidade e qualidade.

2) Obrigação de dar coisa incerta (art. 243, CC)


O objeto é determinável (está individualizado no gênero, na quantidade, mas pende a escolha em relação à qualidade)
Não é indeterminado!

Das Obrigações de Dar Coisa Incerta


- Art. 243. A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade.

- Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa.
É uma faculdade; se ele quiser, ele pode aceitar.

- Art. 356. O credor pode consentir em receber prestação diversa da que lhe é devida
É uma dação em pagamento.

- Art. 244. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o contrário não
resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor.
- Meio Termo Qualitativo: o devedor deve escolher um meio termo, nem o pior produto, nem o melhor produto,
respeitando a boa-fé.

- Art. 245. Cientificado da escolha o credor, vigorará o disposto na Seção antecedente.


Em regra, a escolha recai sobre o devedor. A escolha é feita quando o devedor cientifica o credor.

- Art. 246. Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou
caso fortuito.

◦ Teoria Do Risco Nas Obrigações De Dar:


1ª) nas obrigações de dar, os riscos de perda ou deterioração da coisa correm por conta do proprietário. (res perit
domino – a coisa perece para o dono)
Ex.: Locação: locador é proprietário; ele suporta o dano advindo da deterioração; locatário é mero possuidor.

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- Art. 237, CC: “até a tradição pertence ao devedor a coisa, com seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá
exigir aumento do preço; se o credor não anuir o devedor poderá resolver a obrigação.”
2ª) A responsabilidade pela perda ou deterioração do objeto, nas relações jurídicas obrigacionais, sempre será
SUBJETIVA.
Culpa – a responsabilidade por ser subjetiva precisa ser provado o elemento culpa. Aqui ela é uma culpa presumida.
3ª) Não há responsabilidade subjetiva se a perda ou deterioração da coisa decorreu de caso fortuito ou força maior.
Se o dano proveio de caso fortuito ou força maior, não há culpa, não há responsabilidade.

➔EXCEÇÃO:
· Cláusula de Assunção de Responsabilidade: o devedor assume expressamente a responsabilidade pela perda ou
deterioração da coisa mesmo em casos de força maior e caso fortuito. Só será válida diante de um contrato paritário,
não sendo válidas nos contratos de adesão.

- Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não
se houver por eles responsabilizado.
Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou
impedir.

· Devedor em Mora: imputa a responsabilidade pelo vendedor estar em mora, salvo se comprovar que o bem se
perderia independente da mora.

- Art. 399. O devedor em mora responde pela impossibilidade da prestação, embora essa impossibilidade resulte de
caso fortuito ou de força maior, se estes ocorrerem durante o atraso; salvo se provar isenção de culpa, ou que o dano
sobreviria ainda quando a obrigação fosse oportunamente desempenhada.

◦ Regras Específicas Obrigação De Dar (Transferência de Propriedade) – art. 233 ao art. 236
TV Sony Bravia 52”
PERDA: não há mais objeto, não há mais contrato (Art. 402; CC)
sem culpa – extingue contrato
por culpa – extingue contrato + perdas e danos

DETERIORAÇÃO: bem ainda existe, mas há uma redução nas suas qualidades essenciais com diminuição de valor
sem culpa – ou credor fica com o bem e pleiteia redução no valor
ou credor resolve o negócio jurídico
por culpa – ou credor fica com o bem e pleiteia redução no valor + perdas e danos
ou credor resolve o negócio jurídico + perdas e danos

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- Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a
condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes; se a perda resultar de culpa do devedor,
responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos.

- Art. 235. Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa,
abatido de seu preço o valor que perdeu.

- Art. 236. Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha,
com direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização das perdas e danos.

◦ Regras Específicas Da Obrigação De Restituir/Posse (arts. 238/239, CC)


Locação Imóvel – 5 anos
PERDA: imóvel pegou fogo e foi consumido pelo fogo
sem culpa – extinto estará o contrato
por culpa – extinto estará o contrato, locador poderá exigir + perdas e danos

DETERIORAÇÃO: imóvel pegou fogo, mas ainda existe


sem culpa – devolução do bem no estado em que se encontra
por culpa – devolução do bem no estado em que se encontrava + perdas e danos

- Art. 238. Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o
credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia da perda.

- Art. 239. Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, mais perdas e danos.

◦ Obrigação De Fazer (art. 247/249, CC):


- Conceito: pretende o credor a realização de determinada atividade ou prestação de serviço, pelo devedor, ou por um
terceiro, não resultando em transferência imediata de direitos subjetivos.

◦ Obrigação de Fazer Fungível x Obrigação de Fazer Infungível


A regra geral é a de que a obrigação de fazer é fungível, ou seja, pode ser executada pelo próprio devedor ou por
terceiro à custa deste (art. 249), salvo quando a pessoa do devedor é eleita em atenção às qualidades que lhe são
próprias, quando, p. ex., se contratam os serviços de um advogado de nomeada ou se encomenda determinado quadro
a um pintor célebre. Dir-se-á nesses casos que a obrigação de fazer é infungível ou personalíssima.

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OBRIGAÇÃO DE FAZER FUNGÍVEL:
Recusa Voluntária: exigir 3º dê cumprimento às custas do devedor + perdas e danos
(admissão de autotutela)
Impossível de Cumprir: contrato estará extinto (restituição de valores eventualmente pagos)

OBRIGAÇÃO DE FAZER INFUNGÍVEL:


Recusa Voluntária: extinto estará o contrato + perdas e danos
(cumprimento específico = ação judicial para obrigar o devedor a cumprir a obrigação)
Impossível de Cumprir: extinto estará o contrato (restituição de valores eventualmente pagos)

- Art. 247. Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só
por ele exeqüível.

- Art. 248. Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação; se por culpa
dele, responderá por perdas e danos.
- Art. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar à custa do devedor,
havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível.
Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorização judicial, executar ou mandar
executar o fato, sendo depois ressarcido.

◦ Obrigação de Não-Fazer:
- Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne impossível abster-se do
ato, que se obrigou a não praticar.

- Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena
de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos.
Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar desfazer, independentemente de
autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido.

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