Você está na página 1de 11

PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA

TÍTULO IV
Da Prescrição e da Decadência

CAPÍTULO I
Da Prescrição

Seção I
Disposições Gerais

Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se


extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206.

Prescrição é um fenômeno jurídico que se utiliza do tempo transcorrido


para gerar consumação no exercício do direito de pretender a um direito
material em juízo. A regra geral é que a prescrição tem prazo de 10 anos
(art. 205) e as exceções trazem prazos de 1, 2, 3, 4 e 5 anos (art. 206).

SÚMULA 150 do STF: Prescreve a execução no mesmo prazo de prescrição


da ação.

Enunciado 579: Nas pretensões decorrentes de doenças profissionais ou de


caráter progressivo, o cômputo da prescrição iniciar-se-á somente a partir
da ciência inequívoca da incapacidade do indivíduo, da origem e da natureza
dos danos causados.

Art. 190. A exceção prescreve no mesmo prazo em que a pretensão.

Exceção aqui entende-se por defesa, oposição à pretensão. Ou seja, se eu


sou credor de alimentos, tenho 2 anos para pretender estes na Justiça,
passados estes 2 anos, o devedor tem mais 2 anos de direito de impor
exceção de prescrição, caso venha a ser demandado empós os primeiros 2
anos.

Enunciado 415: O art. 190 do Código Civil refere-se apenas às exceções


impróprias (dependentes/não autônomas). As exceções propriamente ditas
(independentes/autônomas) são imprescritíveis.
Art. 191. A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá,
sendo feita, sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar;
tácita é a renúncia quando se presume de fatos do interessado,
incompatíveis com a prescrição.

A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita e só vale depois que


ela se consumar, sem prejuízo de 3°, ou seja, como a prescrição aproveita a
quem deixa de cumprir uma obrigação depois da decorrência de determinado
prazo, se esta renunciar, essa obrigação pode ser exigida após o transcurso
do prazo prescricional, por isso que a renúncia só vale a partir daí. Ademais,
em ela sendo tácita, advirá esta de uma presunção quando interessado se
comportar de forma incompatível com seu direito de alegar prescrição.

Enunciado 295: A revogação do art. 194 do Código Civil pela Lei n.


11.280/2006, que determina ao juiz o reconhecimento de ofício da
prescrição, não retira do devedor a possibilidade de renúncia admitida no
art. 191 do texto codificado.

Enunciado 581: Em complemento ao Enunciado 295, a decretação ex officio


da prescrição ou da decadência deve ser precedida de oitiva das partes.

Art. 192. Os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das
partes.

Non Ecsiste prescrição convencional, a prescrição é sempre legal. O que


pode acontecer é uma renúncia por parte do seu beneficiário, seja ela
expressa ou tácita.

Art. 193. A prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela
parte a quem aproveita.

Por ser questão de ordem pública, a prescrição e a decadência poderá ser


alegada em qualquer grau de jurisdição pela parte interessada. Sendo uma
forma de resolução do mérito (coisa julgada material), além de ser uma
hipótese de improcedência liminar do pedido.

Art. 196. A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o
seu sucessor.

MUITA ATENÇÃO! A prescrição passa sim de pai pra filho, e não há aqui
causa de suspensão ou interrupção da prescrição, ou seja, quando o pai
morre faltando 3 anos para se concluir um prazo prescricional, o prazo
passa para os seus herdeiros com o mesmo prazo remanescente.

Seção II
Das Causas que Impedem ou Suspendem a Prescrição

Art. 197. Não corre a prescrição:

I - entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal;

II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar;

III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a


tutela ou curatela.

VI - contra os incapazes de que trata o art. 3 o ; (menores de 16


anos)RELATIVAMENTE INCAPAZ PODE SOFRER PROCESSO.

V - contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou


dos Municípios;

VI - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de


guerra.

VII - pendendo condição suspensiva;

VIII - não estando vencido o prazo;

IX - pendendo ação de evicção.

São todas situações onde o prazo prescricional fica em “Stand By”, ou seja,
estas são as hipóteses de suspensão do prazo prescricional.

Enunciado 296: Não corre a prescrição entre os companheiros, na


constância da união estável.

Súmula 229 do STJ: o pedido do pagamento de indenização à seguradora


suspende o prazo de prescrição até que o segurado tenha ciência da decisão.

Art. 200. Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo
criminal, não correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva.
Lembrando que o art. 315 do CPC manda suspender o processo quando isso
acontece. E aqui existe um mandamento material, ou seja, não correrá
prescrição enquanto o fato não se apurar na esfera criminal, nada mais
justo.

Art. 201. Suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, só


aproveitam os outros se a obrigação for indivisível.

Em caso de CREDORES SOLIDÁRIOS E OBRIGAÇÃO INDIVISÍVEL, a


SUSPENSÃO do prazo prescricional para um dos credores APROVEITAM
AOS OUTROS.

Seção III
Das Causas que Interrompem a Prescrição

Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma


vez, dar-se-á:

I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o


interessado a promover no prazo e na forma da lei processual;

II - por protesto, nas condições do inciso antecedente;

III - por protesto cambial;

IV - pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em


concurso de credores;

V - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;

VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe


reconhecimento do direito pelo devedor.

Parágrafo único. A prescrição interrompida recomeça a correr da data do


ato que a interrompeu, ou do último ato do processo para a interromper.

Temos aqui situações em que a prescrição é interrompida, ou seja, o tempo


começa a ser contado novamente na sua integralidade.

Enunciado 416: A propositura de demanda judicial pelo devedor, que importe


impugnação do débito contratual ou de cártula representativa do direito do
credor, é causa interruptiva da prescrição.
Enunciado 417: O art. 202, I, do CC deve ser interpretado
sistematicamente com o art. 219, § 1º, do CPC, de modo a se entender que o
efeito interruptivo da prescrição produzido pelo despacho que ordena a
citação é retroativo até a data da propositura da demanda.

Súmula 153 do STF: Simples protesto cambiário não interrompe a


prescrição.

Súmula 154 do STF: Simples vistoria não interrompe a prescrição.

Súmula 383 do STF: A prescrição em favor da Fazenda Pública recomeça a


correr, por dois anos e meio, a partir do ato interruptivo, mas não fica
reduzida aquém de cinco anos, embora o titular do direito a interrompa
durante a primeira metade do prazo.

Art. 203. A prescrição pode ser interrompida por qualquer interessado.

Art. 204. A interrupção da prescrição por um credor não aproveita aos


outros; semelhantemente, a interrupção operada contra o co-devedor, ou
seu herdeiro, não prejudica aos demais coobrigados.

§ 1 o A interrupção por um dos credores solidários aproveita aos outros;


assim como a interrupção efetuada contra o devedor solidário envolve os
demais e seus herdeiros.

§ 2 o A interrupção operada contra um dos herdeiros do devedor solidário


não prejudica os outros herdeiros ou devedores, senão quando se trate de
obrigações e direitos indivisíveis.

§ 3 o A interrupção produzida contra o principal devedor prejudica o fiador.

Tecerei aqui algumas considerações sobre as hipóteses de interrupção da


prescrição para obrigações com pluralidade de sujeitos:

- A REGRA é que na pluralidade de credores A INTERRUPÇÃO DA


PRESCRIÇÃO PARA UM CREDOR NÃO APROVEITA AOS OUTROS e na
pluralidade de devedores a mesma coisa;

Exceções:

- Quando ocorrem CREDORES SOLIDÁRIOS a interrupção PRA UM


ALCANÇA OS OUTROS da mesma forma para DEVEDORES SOLIDÁRIOS;
- Quando a interrupção ocorre CONTRA UM HERDEIRO DO DEVEDOR
SOLIDÁRIO, esta NÃO ATINGE OS DEMAIS DEVEDORES E NEM
HERDEIROS, A NÃO SER QUE SEJA COISA INDIVISÍVEL;

- A interrupção que atinge o devedor principal também atinge o fiador.

Seção IV
Dos Prazos da Prescrição

Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado
prazo menor.

^^^^^^^^^^^^^REGRA^^^^^^^^^^^^^^

TABELA DE PRAZOS ESPECIAIS PARA A PRESCRIÇÃO

1 ano - dono de lugar que hospede gente e/ou venda comida pra eles;
- contratos de seguro (segurado contra o segurador e vice-versa);
- emolumentos, custas e honorários daqueles que cooperam com a
Justiça;
- contra os peritos na avaliação de bens que entram para a formação do
capital de S/A;
- credores da sociedade que foi liquidada.
2 anos Credores alimentícios.
3 anos - Alugueres;
- Prestações vencidas de rendas temporárias ou vitalícias;
- Juros, dividendos ou quaisquer prestações acessórias, pagáveis, em
períodos não maiores de um ano, com capitalização ou sem ela;
- A pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa;
- Reparação civil;
- Violação à lei ou estatuto de S/A´s;
- Títulos de crédito (quando a lei especial não impõe um outro prazo);
- Seguro de responsabilidade civil obrigatório;
4 anos - Relativo a tutela, a contar da data de aprovação das contas.
5 anos - Dívida líquida em instrumento público ou particular;
- Profissionais liberais e procuradores judiciais;
- Do vencedor reaver o que gastou e juízo contra o perdedor.
Enunciado 419: O prazo prescricional de três anos para a pretensão de
reparação civil aplica-se tanto à responsabilidade contratual quanto à
responsabilidade extracontratual.

Enunciado 420: Não se aplica o art. 206, § 3º, V, do Código Civil às


pretensões indenizatórias decorrentes de acidente de trabalho, após a
vigência da Emenda Constitucional n. 45, incidindo a regra do art. 7º, XXIX,
da Constituição da República.

Enunciado 580: É de três anos, pelo art. 206, § 3º, V, do CC, o prazo
prescricional para a pretensão indenizatória da seguradora contra o
causador de dano ao segurado, pois a seguradora sub-roga-se em seus
direitos.

Art. 206.............................EXCEÇÃO...............................Art. 206-A. A prescrição


intercorrente observará o mesmo prazo de prescrição da pretensão,
observadas as causas de impedimento, de suspensão e de interrupção da
prescrição previstas neste Código e observado o disposto no art. 921 da Lei
nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil).

CAPÍTULO II
Da Decadência

Art. 207. Salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à decadência


as normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição.

Em regra, não se aplica à decadência as normas que impedem, suspendem ou


interrompem a prescrição.

Art. 208. Aplica-se à decadência o disposto nos arts. 195 e 198, inciso I.

Não corre decadência contra os INCAPAZES e os RELATIVAMENTE


INCAPAZES podem entrar com ação de regresso contra aqueles que o
representavam e deram causa à decadência.

Art. 209. É nula a renúncia à decadência fixada em lei.


Não se pode renunciar a decadência, é nulo ato que faça isso.

Art. 211. Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode


alegá-la em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode suprir a
alegação.

A decadência convencional não pode ser conhecida de ofício, a parte a quem


aproveita é que tem que alegá-la.

ANULAÇÃO DE CONSTITUIÇÃO DE PESSOA JURÍDICA

Decai em 3 anos a desconstituição de pessoa jurídica

QUANDO O PAI VENDE PRO FILHO DECADÊNCIA

Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem
estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a
contar da data da conclusão do ato.

LOGO: 2 ANOS, DECADENCIAL.

O Enunciado 368 do CJF afirma que “o prazo para anular venda de


ascendente para descendente é DECADENCIAL de dois anos”. Assim
também já entende o Superior Tribunal de Justiça, no REsp. 771.736-0/SC.

Sobre o tema, o Enunciado 545 do CJF afirma que o prazo de dois anos é
contado da ciência do ato, a qual é presumida na data do registro da
transmissão do imóvel. Tal tese, registra-se, é doutrinária, isto porque o
prazo na ótica da legislação do Código Civil deve ser contado da conclusão do
ato.

Reza o art. 496 do CC que: “É anulável a venda de ascendente a


descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante
expressamente houverem consentido”. Como se pode notar, há
uma disciplina específica para a compra e venda celebrada entre
ascendentes e descendentes, a exigir todo o nosso cuidado. Neste
particular, houve uma importante mudança, isto porque o CC/16 qualificava a
venda de ascendente por descendente em negócio jurídico nulo. Há, pois,
sob o ponto de vista comparativo entre os códigos civis brasileiros, de modo
que na atualidade o vício é considerado como de menor potencial lesivo
(anulabilidade).
De acordo com a norma, a validade do contrato de compra e venda entre
ascendente e descendente exigirá autorização expressa dos demais
descendentes, bem como do cônjuge do alienante. Acaso isto não aconteça, a
consequência jurídica será a nulidade relativa a autorizar o ajuizamento de
uma ação anulatória no prazo decadencial de dois anos, na forma do art. 179
do CC.

FONTE:
https://noticias.cers.com.br/noticia/artigo-venda-de-ascendente-para-desc
endente/

PRAZOS DE DECADÊNCIA PARA ERRO, DOLO, COAÇÃO, ESTADO DE


PERIGO, FRAUDE CONTRA CREDORES E INCAPAZES.

O prazo de decadência para atos realizados sob erro, dolo, coação, estado
de perigo, fraude contra credores e contra incapazes é de 4 ANOS.

Demais casos em que a lei não fixar prazo próprio pra anular ato jurídico,
será de 2 ANOS.

CONTRA OS RELATIVAMENTE INCAPAZES CORRE NORMAL O


PRAZO PRESCRICIONAL, NÃO SE SUSPENDE O PRAZO

PRESCRIÇÃO PARA INADIMPLEMENTO CONTRATUAL E


EXTRACONTRATUAL

Macete:

Prescrição de indenização decorrente de relação Contratual : 10 anos

Prescrição de indenização decorrente de relação Extracontratual : 3 anos

É só "espelhar" as palavras e achar o tempo.

- Prazo para cobrar o período em ilegalidade decorrente de ligação


irregular de energia elétrica: 10 anos

- Prazo de prescrição para cobrança de taxa condominial é de 5 anos,


- Na ação de investigação de paternidade pos mortem - ajuizada após o
trânsito da decisão de partilha de bens deixados

pelo de cujus, o termo inicial do prazo prescricional para o ajuizamento


de ação de petição de herança é a data do trânsito

em julgado da decisão que reconheceu a paternidade, quando confirma a


condição de herdeiro.

- Reembolso de Despesas de Caráter Alimentar.

a) Se quem pagou for considerado terceiro interessado > Ocorre


sub-rogação - prescrição: em 2 anos

terceiro interessado: É o que sofre as consequências jurídicas do


inadimplemento.

Aquele que futuramente pode ser obrigado a pagar

b) Se quem pagou for considerado terceiro NÃO interessado > Gestão de


Negócios > prescrição em 10 anos

MAIS SOBRE PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA

A prescrição é só de direitos subjetivos patrimoniais e relativos, ou seja,


nem todo direito subjetivo prescreve. Não prescrevem os direitos
subjetivos extra patrimoniais e absolutos.

Toda decadência é um direito potestativo, mas nem todo direito potestativo


submete-se à decadência, porque aqueles que não possuem prazo prescrito
em lei não podem decair.
O direito potestativo é sempre de interesse público. Já direito subjetivo é
aquele que confere ao titular a possibilidade de exigir de alguém um
comportamento.

3 ANOS É O PRAZO PRA A NULIDADE DE CLÁUSULA DE REAJUSTE DE


PLANO DE SAÚDE.

Você também pode gostar