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DECRETO – 167/67
Art 11. Importa vencimento de cédula de crédito rural independentemente de
aviso ou interpelaçã o judicial ou extrajudicial, a inadimplência de qualquer
obrigaçã o convencional ou legal do emitente do título ou, sendo o caso, do terceiro
prestante da garantia real.
Pará grafo ú nico. Verificado o inadimplemento, poderá ainda o credor
considerar vencidos antecipadamente todos os financiamentos rurais concedidos
ao emitente e dos quais seja credor.
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III - a pretensã o para haver juros, dividendos ou quaisquer prestaçõ es acessó rias,
pagá veis, em períodos nã o maiores de um ano, com capitalizaçã o ou sem ela;
IV - a pretensã o de ressarcimento de enriquecimento sem causa;
V - a pretensã o de reparaçã o civil;
VI - a pretensã o de restituiçã o dos lucros ou dividendos recebidos de má -fé,
correndo o prazo da data em que foi deliberada a distribuiçã o;
VII - a pretensã o contra as pessoas em seguida indicadas por violaçã o da lei ou do
estatuto, contado o prazo:
a) para os fundadores, da publicaçã o dos atos constitutivos da sociedade anô nima;
b) para os administradores, ou fiscais, da apresentaçã o, aos só cios, do balanço
referente ao exercício em que a violaçã o tenha sido praticada, ou da reuniã o ou
assembléia geral que dela deva tomar conhecimento;
c) para os liquidantes, da primeira assembléia semestral posterior à violaçã o;
VIII - a pretensã o para haver o pagamento de título de crédito, a contar do
vencimento, ressalvadas as disposiçõ es de lei especial;
IX - a pretensã o do beneficiá rio contra o segurador, e a do terceiro prejudicado, no
caso de seguro de responsabilidade civil obrigató rio.
§ 4º Em quatro anos, a pretensã o relativa à tutela, a contar da data da aprovaçã o
das contas.
§ 5º Em cinco anos:
I - a pretensã o de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento pú blico
ou particular;
II - a pretensã o dos profissionais liberais em geral, procuradores judiciais,
curadores e professores pelos seus honorá rios, contado o prazo da conclusã o dos
serviços, da cessaçã o dos respectivos contratos ou mandato;
III - a pretensã o do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juízo.
Art. 206-A. A prescriçã o intercorrente observará o mesmo prazo de prescriçã o da
pretensã o. (Incluído pela Medida Provisó ria nº 1.040, de 2021)
(Revogado)
(Vide Lei nº 14.195, de 2021)
Art. 206-A. A prescriçã o intercorrente observará o mesmo prazo de prescriçã o da
pretensã o, observadas as causas de impedimento, de suspensã o e de interrupçã o
da prescriçã o previstas neste Có digo e observado o disposto no art. 921 da Lei nº
13.105, de 16 de março de 2015 - Có digo de Processo Civil. (Redaçã o dada Pela
Medida Provisó ria nº 1.085, de 2021)
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Toda a discussã o acerca da aplicaçã o da prescriçã o intercorrente acabou com a
chegada do Novo Có digo de Processo Civil - Lei nº 13.105, de 16 de Março de
2015.
O NCPC/15 surge com uma característica clara, adequar ao má ximo o
instrumento processual civil com a constituiçã o, a era do “constitucionalizar”,
como menciona Wambier et al.. (2015, p.50):
O de ‘constitucionalizar’ o processo: o legislador deixa claro, a cada passo, que
o NCPC/15 se insere num universo normativo mais amplo em que, no topo, está
a Constituição Federal, à luz de que todos os dispositivos do Código devem ser
compreendidos.
Ratificando o posicionamento supra, o NCPC/15, logo em seu art. 1º, traz como
norma geral que:
Art. 1º O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme os
valores e as normas fundamentais estabelecidos na Constituição da Republica
Federativa do Brasil, observando-se as disposições deste Código.
Tendo em vista os objetivos lançados ao NCPC/15, principalmente, a
harmonizaçã o com a Constituiçã o Federal (princípios) e a tentativa de soluçã o
dos problemas de momento, o novo có digo trouxe, expressamente, a
possibilidade de aplicaçã o da prescriçã o intercorrente em seu artigo 921,
inciso III, do NCPC/15, que trata das causas de suspensã o do processo de
execuçã o.
Art. 921. Suspende-se a execução:
I - nas hipóteses dos arts. 313 e 315, no que couber;
II - no todo ou em parte, quando recebidos com efeito suspensivo os embargos à
execução;
III - quando o executado não possuir bens penhoráveis;
IV - se a alienação dos bens penhorados não se realizar por falta de licitantes e o
exequente, em 15 (quinze) dias, não requerer a adjudicação nem indicar outros
bens penhoráveis;
V - quando concedido o parcelamento de que trata o art. 916.
§ 1º Na hipótese do inciso III, o juiz suspenderá a execução pelo prazo de 1
(um) ano, durante o qual se suspenderá a prescrição.
§ 2º Decorrido o prazo máximo de 1 (um) ano sem que seja localizado o executado
ou que sejam encontrados bens penhoráveis, o juiz ordenará o arquivamento dos
autos.
§ 3º Os autos serão desarquivados para prosseguimento da execução se a qualquer
tempo forem encontrados bens penhoráveis.
§ 4º Decorrido o prazo de que trata o § 1º sem manifestação do exequente,
começa a correr o prazo de prescrição intercorrente.
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§ 5º O juiz, depois de ouvidas as partes, no prazo de 15 (quinze) dias, poderá, de
ofício, reconhecer a prescrição de que trata o § 4º e extinguir o processo. (grifos
nossos)
Inicialmente, o texto reafirma que a aplicaçã o da prescriçã o intercorrente se dará
do lapso e inércia temporal por parte do exequente.
Com isso, mantem-se a estrutura até aqui levantada. O exequente propõ e
execuçã o de um título extrajudicial ou cumprimento de sentença, visando o
recebimento de um cré dito e, sendo infrutífera a busca por bens penhorá veis,
tem como soluçã o, a suspensã o do feito.
A novidade trazida pelo novo có digo, sana a divergência a respeito do prazo em
que o feito ficará suspenso, pelo menos, inicialmente. O có digo estabelece que,
deferida a suspensã o do feito por falta de bens, o processo será suspenso pelo
prazo má ximo de 1 (um) ano, sendo que nesse período se suspenderá o prazo da
prescriçã o.
Cumpre salientar, que o método para a aplicaçã o da prescriçã o é contrá rio ao
entendimento que o Superior Tribunal de Justiça adotava com o CPC/73, como
ressalta Teresa Wambier, et al. (2015, p.51):
Trata-se de tendência contrária àquela admitida pelo STJ que tem o entendimento
segundo o qual, ‘estando suspensa a execução, em razão da ausência de bens
penhoráveis, não corre o prazo prescricional, ainda que se trate de prescrição
intercorrente’.
Transcorrido o prazo supracitado, nã o sendo localizados bens ou nã o havendo a
localizaçã o do executado (nova possibilidade trazida pelo NCPC) o juiz irá
arquivar os autos, sendo possível seu desarquivamento quando localizado bens
penhorá veis.
O marco inicial para a contagem da prescriçã o intercorrente começará a correr
findo o prazo de suspensã o de 1 (um) ano, conforme o § 4º do art. Citado alhures.
Contudo, nã o ficou estabelecido no corpo do artigo o prazo em que se consuma a
prescriçã o intercorrente. Por isso, continuará se aplicando a Sú mula 150 do STF,
onde a consumaçã o se dará no mesmo prazo da açã o, ou seja, no caso de uma
execuçã o de dívida líquida (art. 206, § 5º, I, CC) o prazo para exercer a pretensã o
executó ria é de 5 anos, sendo este, também, o prazo da prescriçã o intercorrente,
contados a partir do fim da suspensã o por 1 (um) ano concedida.
Outra inovaçã o é o tratamento expresso do instituto como causa de extinçã o da
execuçã o, prevista no art. 924, V.
Art. 924. Extingue-se a execução quando:
[...]
V - ocorrer a prescrição intercorrente.
Portanto, consumada a prescriçã o intercorrente, a execuçã o será extinta com
resoluçã o do mérito.
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Insta salientar, com base no § 5º,do artt . Supra, o juiz poderá reconhecer, de
ofício, a prescriçã o intercorrente, depois de ouvida as partes, seguido, também,
pelo art. 10, do mesmo có digo.
Enfatiza-se que o modelo apresentado para a aplicaçã o da prescriçã o
intercorrente, é idê ntico ao utilizado nas execuçõ es fiscais regida pela
Lei 6.830/80.
Nesse sentido Teresa Wambier, et al. (2015, p. 50), esclarecem que:
O NCPC aplicou por extensão o entendimento consolidado nas execuções fiscais, no
sentido de que, na ausência de bens penhoráveis, suspende-se a execução fiscal por
um período de um ano, findo o qual se arquivam os autos e passa a fluir
normalmente o prazo prescricional (art. 40, Lei 830/70; Súmula 314 do STJ).
Outrossim, outra peculiaridade do NCPC/15 ocorre devido ao fato de que a
prescriçã o intercorrente atingirá as execuçõ es já em curso, tendo como termo
inicial a data de vigê ncia do Novo Có digo, conforme art. 1.056.
Art. 1.056. Considerar-se-á como termo inicial do prazo da prescrição prevista no
art. 924, inciso V, inclusive para as execuções em curso, a data de vigência deste
Código.
Cassio Scarpinella Bueno (2015, p. 566) comenta o artigo supra, ressaltando a
introduçã o do artigo nas execuçõ es já em curso:
Trata-se de regra salutar que merece ser prestigiada em nome da segurança
jurídica e da pouca clareza de como o tema relativo à prescrição intercorrente
merecia ser tratado no âmbito do CPC atual, à falta de disciplina clara como a
dos parágrafos do art. 921.
Por fim, ressalta-se que, ainda que o NCPC traga as referidas regras apenas no
Livro II, que versa sobre os processos de execuçã o, o procedimento acima
declinado é plenamente aplicá vel ao cumprimento de sentença, nos termos do
art. 513 do NCPC/15, que estabelece: “cumprimento da sentença será feito
segundo as regras deste Título, observando-se, no que couber e conforme a
natureza da obrigaçã o, o disposto no Livro II da Parte Especial deste Có digo
PROCESSO 0005325-45.1996.8.26.0438
Relaçã o: 0417/2022 Teor do ato: Trata-se de açã o de execuçã o de título
extrajudicial ajuizada por Nossa Caixa em face de Neusa Quinalha Crosatti e Mario
Aluizio Vianna Efreja, em que busca a execuçã o das cédulas rurais de n. 013822-3 e
013.823-1. Em 25 de agosto de 2000 foi homologado o acordo firmado entre as
partes, consistente na contrataçã o de novas cédulas de crédito rural (fls. 73/80).
Em 14 de maio de 2019 a parte exequente pugnou pela execuçã o do acordo,
afirmando que as parcelas vencidas a partir de 01/10/2010 nã o foram pagas (fls.
121/122). À s fls. 161 as partes foram instadas a se manifestarem acerca da
prescriçã o. A executada Neusa Quinalha Crosatti defendeu a ocorrência de
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prescriçã o (fls. 163/164. O exequente deixou transcorrer o prazo in albis (fls. 165).
É o breve relató rio. Decido. Nos termos da sú mula 150 do STF, há muito já
pacificado que a execuçã o prescreve no mesmo prazo de prescriçã o da açã o. O
presente caso trata de execuçã o de cédula de crédito rural, cujo prazo prescricional
é de cinco anos (art. 206, §5º, I, CC). Assim, a pretensã o para execuçã o da sentença
que homologou o acordo entre as partes prescreve em cinco anos a contar da
inadimplência, já que tal como consta da cédula que materializou o acordo: o
inadimplemento de qualquer obrigaçã o legal ou convencional implicará no
vencimento antecipado do total da dívida representada neste título,
independentemente de interpelaçã o judicial ou extrajudicial, e na forma do
estatuído no artigo 11 do Decreto-lei n. 167/67. O exequente narra que houve
inadimplência em relaçã o à parcela com vencimento posterior a 01/10/2010, ou
seja, 03/10/2011 (fls. 73/80). Sendo assim, quando do pleito de início do
cumprimento de sentença (maio de 2019) já havia se operado a prescriçã o. Ante o
exposto, reconheço a prescriçã o da pretensã o executiva e JULGO EXTINTO o
presente cumprimento de sentença, sem ô nus para a exequente em razã o do
princípio da causalidade, já que incontroversa a inadimplência. Custas iniciais já
recolhidas. Desbloqueie-se o veículo de fls. 138. Retire-se o nome dos executados
via SERASAJUD. Em caso de recurso de apelaçã o, ciência à parte contrá ria para,
querendo, apresentar contrarrazõ es no prazo de 15 dias ú teis (art. 1.010, §1º do
CPC). Apó s, havendo recurso, subam os autos ao Egrégio Tribunal de Justiça do
Estado de Sã o Paulo, com nossas homenagens e cautelas de estilo. Publique-se e
intimem-se. Oportunamente arquivem-se. Advogados(s): Antonio Crosatti (OAB
43786/SP), Felipe Eduardo Candeias Bis (OAB 84757/PR
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