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ESTUDO DIRIGIDO DE DIREITO TRIBUTÁRIO – UNIDADE 14

1. Quais as hipóteses de suspensão, extinção e exclusão do crédito tributário? Explique


com suas próprias palavras, em apertada síntese, cada uma delas.

A suspensão ocorre quando o crédito tributário não pode ser exigido por determinado
tempo, em que pese não dispensa o cumprimento das obrigações acessórias dependentes da
obrigação principal cujo crédito seja suspenso, ou dela consequente. Já a extinção do crédito
é qualquer fato ou ato que libere o devedor da obrigação. Por fim, a exclusão consiste na
não-exigibilidade por parte do Estado nos termos previstos expressamente em lei de isenção e
anistia, conforme art.175 a 182 do CTN.
As hipóteses de suspensão estão descritas no art. 151 do CTN, quais sejam:
I- moratória - : é a dilação de prazo de vencimento de uma obrigação tributária, ou seja,
prorroga-se a data de pagamento, podendo ser concedida antes ou mesmo depois da data de
vencimento original. Pode ter caráter geral, por lei, ou individual, por ato declaratório de
cumprimento de requisitos previstos em lei;
II- o depósito do seu montante integral - em caso de litígio judicial ou administrativo, sendo
ele instaurado ou em iminência. Nesse sentido, sendo reconhecida a improcedência do
lançamento, o sujeito passivo receberá, total ou parcialmente o depósito, com os acréscimos
legais, se for devido, converte o depósito em renda. É ato voluntário do sujeito passivo,
possuindo caráter de garantia;
III- as reclamações e os recursos, ocorre nos termos das normas reguladoras do processo
administrativo fiscal, quando há interposição de recurso administrativo tempestivo;
IV- a concessão de medida liminar em mandado de segurança - objetiva evitar um possível
dano ao contribuinte em razão de periculum in ora e fumus boni juris. Na hipótese em
questão, não é necessária sequer a ocorrência do fato gerador, a suspensão da exigibilidade se
configura com a concessão de liminar em Mandado de Segurança;
V- a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial
- acrescentada pela LC 104/2001, sendo que, independentemente de ser um mandado de
segurança, a medida liminar ou concessão de tutela antecipada, há suspensão da
exigibilidade;
VI- o parcelamento - é a ampliação do prazo de pagamento e o parcelamento do valor da
dívida. Diferente da moratória, que é concedida por evento alheio à vontade do contribuinte e
em caráter excepcional, o parcelamento é aplicado a dívidas vencidas e não pagas. Não exclui
os juros e multas.
Já as hipóteses de extinção estão previstas nos art. 156 a 174 do CTN, sendo elas:
I.Pagamento - não apenas da multa, mas da obrigação principal, além disso, o pagamento que
extingue a obrigação é o total e do crédito a que se refere. Em caso de omissão do prazo,
utiliza-se 30 dias da data da notificação do lançamento;
II.Compensação - exige lei específica que autorize a compensação de créditos líquidos e
certos, vencidos ou vincendos. Ressalta-se que é proibida a compensação de tributo que seja
objeto de contestação judicial, antes da ocorrência do trânsito em julgado da decisão judicial;
III. A transação - a lei pode facultar ao sujeito ativo e passivo celebrar transação, feitas
concessões mútuas, de forma a solucionar o litígio, extinguindo-se o crédito tributário. A
autoridade competente será indicada pela lei;
IV. A remissão - é o perdão da dívida, sendo implementado por lei que autorize a autoridade
administrativa a conceder, por meio de despacho devidamente fundamentado, a remissão do
crédito. Desde que observados os critérios dispostos no artigo 172, do CTN;
V. A decadência - prazo do Fisco para constituir o crédito tributário por meio do lançamento,
sendo de 5 anos, com a contagem estabelecida pelo artigo 173, I, II e parágrafo único;
VI. A prescrição - é o prazo para a ação de cobrança do crédito tributário, contados 5 anos da
data da constituição definitiva. O CTN, no parágrafo único do artigo 174 estabelece causas de
interrupção da prescrição, sendo elas: despacho judicial que ordena citação na execução
fiscal; protesto judicial; qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; ato
inequívoco, judicial ou extrajudicial, em que o devedor reconheça o débito;
VII. A conversão do depósito em renda - : é a conversão do depósito integral (causa de
suspensão da exigibilidade), sendo julgado procedente, converte-se em renda,
consequentemente extinguindo-se o crédito tributário;
VIII. O pagamento antecipado e a homologação do lançamento - a homologação pelo Fisco
do lançamento feito pelo contribuinte extingue o crédito tributário, assim como a antecipação
do pagamento, nos termos do artigo 150, §1° e §4°, do CTN;
IX. A consignação em pagamento - o pagamento extingue o crédito, todavia, há situações em
que o contribuinte se vê impossibilitado de adimplir com o pagamento, sendo as hipóteses
constantes no artigo 164, do CTN;
X. A decisão administrativa irreformável - decisão proferida em esfera administrativa e que
não seja passível de ensejar ação anulatória. É a decisão que tem natureza de definitiva,
extinguindo o crédito tributário;
XI. A decisão judicial transitada em julgado - tal qual na hipótese anterior, a decisão judicial
transitada em julgado é aquela definitiva, não mais passível de recurso, considerando o
crédito tributário extinto;
XII. A dação em pagamento de bens imóveis - conforme disposto pelo próprio CTN,
passíveis apenas de imóveis. Estipulou-se que, além do pagamento em moeda, a entrega de
bem imóvel, desde que na forma e condição estabelecida em lei (lei 13.259/2016, art. 4°),
extingue o crédito tributário.

2. Quais os efeitos da suspensão da exigibilidade do crédito tributário?

Diante da suspensão da exigibilidade do crédito, o processo de positivação do crédito


para recebimento do tributo é inibido e o contribuinte pode emitir uma certidão positiva com
efeito de negativa, todavia a suspensão não dispensa o cumprimento das obrigações
acessórias dependentes da obrigação principal cujo crédito seja suspenso, ou dela
consequente.

3. Qual a diferença existente entre remissão, isenção, imunidade e anistia? Em sua


opinião, é correto, lógica e tecnicamente, como faz o CTN em classificar a isenção como
modalidade de “exclusão do crédito tributário”? Justifique.
A remissão se trata do perdão do tributo quando esse já foi lançado, a isenção trata de
hipótese de exclusão do crédito tributário por vedação do próprio ente político tributante no
que diz respeito a cobrança do tributo, enquanto a imunidade trata da vedação constitucional
de se instituir o tributo, por fim a anistia é o perdão da multa.
Desse modo, não é possível dizer que a classificação do CTN da isenção como
exclusão do crédito é devida, pois a isenção, na prática, não permite sequer a constituição do
crédito, em que pese a exclusão trata de hipóteses de não exigibilidade de crédito constituído.

4. Qual o lapso temporal do prazo decadencial? Qual o marco inicial e final? É correto
afirmar que o início da contagem do prazo decadencial pode ser diferente
dependendo do tipo de lançamento? Justifique.

O lapso temporal do prazo decadencial é de 5 anos e está previsto no art. 173 do CTN,
tendo como marco final o momento em que esse prazo transcorre em sua integralidade.
Entretanto, seu marco inicial e final depende do tipo de lançamento, vez que para o
lançamento de ofício ou misto, os 5 anos são contados a partir do 1º dia do exercício seguinte
à ocorrência do fato gerador ou da intimação da decisão definitiva que houver anulado
lançamento anterior por vício formal. Já no caso de lançamento por homologação aplica-se o
art. 150, §4º de modo que contam-se os anos a partir do fato gerador se houver pagamento
antecipado e, em não havendo, aplica-se o art. 173, I, ou seja, a partir do 1º dia do exercício
seguinte à ocorrência do fato gerador.

5. Qual o lapso temporal do prazo prescricional? Qual o marco inicial e final do lustro
prescricional?

O lapso temporal do prazo prescricional também é de 5 anos, tendo seu marco final o
momento em que esse prazo transcorre em sua integralidade, e seu marco inicial contados da
constituição definitiva do crédito, isto é, quando o valor a que corresponde restar
consolidado, correspondendo a uma importância que não pode ser alterada
administrativamente.

6. Existe prescrição durante o trâmite do processo no âmbito administrativo? Justifique.


E no âmbito do processo judicial? Justifique.

Considerando que a constituição definitiva do crédito tributário só ocorre com a


conclusão do processo administrativo tributário, não há que se falar em prazo prescricional
em âmbito administrativo, em conformidade também ao REsp n. 1.113.959, que firmou
entendimento de que não corre prazo prescricional em processo administrativo tributário, e,
sequer, de prescrição intercorrente.
No âmbito judicial, o artigo 174, I dispõe sobre a interrupção do prazo prescricional
com o despacho do juiz que ordenar citação em execução fiscal, todavia, na Lei de Execução
Fiscal, o art. 40, suspende a execução fiscal e o prazo prescricional em 1 ano quando não
localizado o devedor ou bens penhoráveis. Assim, entende o STJ que o prazo é automático da
data em que a Fazenda toma ciência da inexistência de bens ou da não localização do
devedor. Findo o prazo, inicia-se automaticamente o prazo da prescrição intercorrente, de 5
anos.

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