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Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário

SEMINÁRIO II - SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO


TRIBUTÁRIO, MANDADO DE SEGURANÇA E TUTELAS PROVISÓRIAS

Aluna: Angélica de Almeida Silva Moreira

Questões
1. No art. 151 do CTN, que significa o termo “exigibilidade”? Quando surge essa
“exigibilidade”? E qual o efeito da suspensão da exigibilidade? Impede-se (i) o
lançamento, (ii) a inscrição na dívida ativa, (iii) a execução fiscal; (iv) todos estes
atos? (vide anexo I a IV).

R. “Exigibilidade” significa a possibilidade de cobrança do crédito tributário por


parte do fisco, seja via administrativa (seja na via administrativa, com sua
inscrição em dívida ativa, seja na via judicial, através da ação executória).
O crédito se torna exigível quando, após ter sido notificado para realizar o
pagamento do crédito tributário ou apresentar recurso, o sujeito passivo da
obrigação tributária permanece inerte ou, ainda, quando há o trânsito em julgado
administrativo favorável à constituição do crédito tributário.
Neste sentido é o entendimento da ilustre professora Fabiana Del Padre Tomé1,
vejamos:
Aperfeiçoado o ato de lançamento, devidamente notificado ao
particular, ou, sendo o caso de tributo sujeito a lançamento por
homologação, editada a norma individual e concreta pelo
contribuinte e comunicada ao órgão público, tem-se a
constituição do crédito tributário (existência). Com o vencimento
do prazo para pagamento do tributo instaura-se
sua exigibilidade. Todavia, o qualificativo da exequibilidade só
estará presente quando formado o título executivo, passando a
ser suscetível de execução judicial, nos termos da Lei nº
6.830/80.(grifo nosso).

A suspensão da Exigibilidade do crédito tributário, como o próprio nome diz,


obsta ao fisco a cobrança de seu crédito.
Veja que a Suspensão da Exigibilidade impede tão somente os atos de cobrança
do crédito pelo Fiscal, contudo, o ato de LANÇAMENTO do crédito tributário

1Fabiana Del Padre Tomé. Exigibilidade do Crédito Tributário: Amplitude e Efeitos de sua
Suspensão. Editora Noeses. Disponível em: encurtador.com.br/deWY8. Acesso em:
08/07/2022.
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deverá ocorrer normalmente, sob pena de o fisco decair do direito de lançar o


crédito.

2. Em que sentido a expressão “crédito tributário” foi utilizada no art. 151 do CTN?
Essa expressão congrega também liames decorrentes da prática de atos ilícitos
(e.g. multa por desrespeito aos deveres instrumentais)?
R. O termo crédito tributário foi utilizado no sentido de que, tendo sido realizado
o lançamento, constitui-se então o crédito estatal, conferindo-lhe a exigibilidade,
ou seja, “tornando-o susceptível de ser postulado, cobrado, exigido”. (CARVALHO,
Paulo de Barros, 2021).
A partir daí, ocorridas quaisquer das possibilidades previstas nos incisos
posteriores, a referida “exigibilidade” restará comprometida, ou seja, o crédito
permanecerá existindo, no entanto, o Fisco não terá o direito de cobrá-lo.
Entretanto, ao observamos o Parágrafo único do Art. 151 do CTN, temos o
seguinte:

Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário:


(...)
Parágrafo único. O disposto neste artigo não dispensa o
cumprimento das obrigações assessórios dependentes da
obrigação principal cujo crédito seja suspenso, ou dela
conseqüentes.

Ora, o próprio legislador estipula uma maneira de salvaguardar o cumprimento


dos deveres instrumentais, ao determinar que somente as obrigações principais
(ou seja, aquela que surge com a ocorrência do fato gerador) podem ter sua
exigibilidade suspensa, o que não ocorre com as obrigações acessórias,
caracterizadas pelo Art. 113, §2º do CTN como aquela obrigação que “decorre da
legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas,
nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos”.

3. As hipóteses de “suspensão da exigibilidade do crédito tributário” previstas no art.


151 do CTN são taxativas? (vide anexo V)
R. Sim, são taxativas, tendo em vista que, conforme disciplina o Art. 97, inciso VI do
CTN, as hipóteses de Suspensão de créditos (ou, a teor do exposto até o momento,
das hipóteses de suspensão da exigibilidade do crédito), somente será estabelecida
mediante Lei específica reguladora.
Assim, tendo em vista que o Legislado somente se referiu às 6 possibilidades de
suspensão elencadas no Art. 151, não há que se falar em possibilidade de outras
formas de suspensão da exigibilidade, ou seja, não que se falar em rol
exemplificativo.

3.1. Considerando que não houve alteração nos art. 151 do CTN, pergunta-se:
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a) A equiparação, prescrita pelo §2º do art. 835 do CPC/15, a dinheiro da fiança


bancária e do seguro garantia, tem o condão de consagrar a hipótese de suspensão
da exigibilidade do crédito tributário prevista no art. 151, II, do CTN?
Mais uma vez é importante ressaltar que o Código de Processo Civil se aplica
subsidiariamente frente às normas específicas tributárias.
É importante ter isto em mente ao se analisar o disposto no § 2º do Art. 835 da
referida norma, uma vez que, dada à taxatividade do Art. 151 do CTN, não é
possível a utilização daquela norma para ampliar os efeitos desta.
Ora, preconiza do Art. 151, II, que somente o depósito do montante integral do
crédito ocasiona a suspensão da exigibilidade.
Deste modo, não é possível ampliar o texto normativo a fim de equiparar ao
depósito integral a fiança bancária ou o seguro garantia.
Veja que a possibilidade de fiança bancária ou seguro garantia está prevista na
Lei 6.830/80, tão somente para garantia da execução, ou seja, apenas impede que
seja realizada a penhora ou arresto de bens, nos termos do Art. 9º, não podendo
ser confundida com as causas de suspensão da exigibilidade do crédito, imputadas
no Art, 151 do CTN.
Neste caso, em sendo garantida a execução em face da oferta de seguro garantia
ou fiança bancária, o sujeito passivo poderá requerer na via judicial a concessão
da medida liminar que, esta sim, em atendimento ao inciso V do CTN, teria o
condão de suspender a exigibilidade do crédito, possibilitando, assim, até mesmo
a certidão de regularidade fiscal.

b) As espécies de tutela provisória, identificadas segundo o fundamento do pedido,


se de urgência ou de evidência, previstas no CPC/15 se aplicam ao Processo
Tributário? Tais medidas têm o condão de suspender a exigibilidade do crédito
tributário?
Sim, a concessão das tutelas de provisórias (de urgência e evidência) tem o condão
de suspender a exigibilidade do crédito tributário, isto porque se tratam de
decisões judiciais , nos termos do disposto no inciso V do CTN.

4. Sobre o depósito judicial efetuado nos autos de uma ação declaratória proposta
antes da constituição do crédito tributário, pergunta-se:

(a) Trata-se de faculdade do contribuinte?


R. Sim. O contribuinte, desejando suspender a exigibilidade do crédito para fins
de discussão de ponto adverso, poderá realizar o depósito judicial. Ou seja, a
realização do depósito não é obrigatória, ao contrário da obrigação do
pagamento do crédito, no prazo legal, quando não apresentadas discussões por
parte do contribuinte.
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(b) Há distinção entre depósito judicial para fins do art. 151, II do CTN e
prestação de caução?
R. Sim. Nos termos do que já foi alinhavado na questão 3, em processo tributário,
somente o depósito do montante integral do crédito é passível de suspender a
exigibilidade do crédito tributário, sendo a caução, forma de garantia do
crédito, que não se confunde com o disposto no Art. 151, II. Veja que a garantia
da execução pode ocasionar sim o deferimento da tutela que, esta sim, seria
revestida do condão de suspender a exigibilidade do crédito tributário. Mas a
caução, em si, não gera efeitos para suspensão da exigibilidade.

(c) O levantamento do depósito judicial vincula-se ao êxito (com trânsito em


julgado) da ação proposta pelo contribuinte ou o juiz pode a qualquer tempo
autorizar o levantamento? (vide anexo VI)
R. O levantamento do depósito está condicionado ao encerramento do feito
judicial, seja com ou sem resolução do mérito. Ora, caso a decisão judicial seja
desfavorável ao contribuinte ou, ainda, seja extinto o processo sem resolução
do mérito, o próximo passo é o pagamento do tributo, permitindo, assim, que
os valores depositados a título de garantia do crédito sejam convertidos em
renda.
Quanto à possibilidade de levantamento a qualquer tempo do valor
depositado pelo contribuinte, este não deve prosperar, uma vez que o valor
depositado é a garantia do fisco de receber o que, em tese, lhe é devido. Assim,
não pode o sujeito passivo simplesmente resolver levantar em seu favor o
valor já oferecido como garantia da execução.

5. A partir da vigência do CPC/15 foi instituído um novo fundamento para a


concessão de tutela provisória, a evidência do direito, tal como preveem os arts.
294 e 311. Pergunta-se:

a) Identifique a diferença entre tutela antecipada e tutela cautelar. É possível a


concessão de tutela provisória antecipada em mandado de segurança? Ou em
mandado de segurança tão somente é admissível medidas provisórias de natureza
cautelar?
R. Sim, existe a possibilidade de aplicação da tutela antecipada(provisória)
pela via do mandado de segurança, do mesmo modo que também existe
a possibilidade de medidas de natureza cautelar, como por exemplo, repet
ição de indébito eoutros casos.Sobre a hipótese de concessão de tutela
provisória na modalidade evidência (art. 311do CPC/2015) entendemos
existir tal possibilidade, já que, nesse específico caso não énecessário
demostrar o perigo da demora, mas sim a evidência do direito, o que para
o direitotributário, o inciso II do aludido artigo parece ser esclarecedor
quanto a essa possibilidade.Por outro lado, a possibilidade da tutela de
urgência em sede de mandado desegurança, o art. 7º §2º da Lei nº
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12016/2009 traz uma série de vedações a concessão de tutelade urgência,


porém, pode haver possibilidade de cabimento da tutela de urgência em
matériatributária pela via do mandado de segurança a partir da análise
caso a caso
b) É cabível o requerimento de liminar em mandado de segurança fundada na
evidência do direito a partir da vigência do CPC/15? Ou diante das disposições da
Lei Federal n. 12.016/09, apenas é cabível o requerimento de liminares fundadas
em urgência, a outra espécie de tutela provisória prevista no CPC/15?
6. Dado o seguinte caso concreto: Gênesis Waves Ltda. obteve liminar em Mandado
de Segurança para suspender a exigibilidade do crédito tributário que
posteriormente foi “cassada” pela sentença de denegação da segurança. Pergunta-
se:
a) na hipótese de a empresa apelar da sentença que “cassou” a liminar, o
recebimento de sua apelação nos efeitos suspensivo e devolutivo tem o condão de
afastar os efeitos da sentença e reconstituir os efeitos da liminar? Responder a
pergunta considerando as disposições do CPC/15 a respeito dos efeitos da apelação
(vide anexo VII)
R. Sim. Caso a apelação seja recebida com efeito suspensivo, os efeitos da decisão
discutida serão suspensos até o julgamento daquela, de modo que a liminar
“cassada” deve ser mantida até o trânsito em julgado do recurso de apelação.

b) Há incidência de multa e juros moratórios em relação ao período em que o


crédito tributário esteve com sua exigibilidade suspensa, por força de liminar
concedida em Mandado de Segurança posteriormente cassada por ocasião da
sentença? E se a liminar foi concedida depois de vencido o prazo para pagamento
do tributo? (vide anexos VIII e IX)
R. Em casos de revogação de liminar, apenas os juros de mora são devidos no
período compreendido entre concessão da liminar e a sua revogação. Não há que
se falar em aplicação de multa no período em que o crédito se encontrava suspenso
pela tutela, uma vez que o contribuinte não pode ser penalizado por cumprir o
disposto na decisão.

7. Antes de responder a esta pergunta aponte a distinção entre tutela antecipada e


tutela cautelar tal como colocada na resposta à questão “5. a)”. Fixados esses
conceitos, responda à seguinte pergunta: diante do novo cenário das tutelas
provisórias do código de processo civil de 2015, a ordem judicial suspensiva da
exigibilidade da obrigação tributária, tenha fundamento na urgência ou na
evidência, assume natureza antecipada ou cautelar?

Sugestão para pesquisa suplementar


• Capítulos 1, 5, 8 e 9 do livro Mandado de Segurança, de Lúcia Valle Figueiredo.
São Paulo: Malheiros.
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• Itens 7.2.1.1, 7.2.1.1.1, 7.2.1.1.2, 7.2.1.1.3, 7.2.1.1.4 e 7.2.1.2 do Capítulo 7 do


livro Competência administrativa na aplicação do direito tributário, de Daniel
Monteiro Peixoto. São Paulo: Quartier Latin.
• Artigo: “Significado da expressão ‘lei em tese’ no âmbito do mandado de
segurança”, de Hugo de Brito Machado, Revista Dialética de Direito Processual
n. 140.
• Artigo: “Mandado de segurança em matéria tributária, definindo e inter-
relacionando conceitos fundamentais”, de Eurico Marcos Diniz de Santi e Paulo
Cesar Conrado, Revista Dialética de Direito Tributário n. 90.
• Capítulo III da dissertação de mestrado de Marcos Rogério Lyrio Pimenta: A
suspensão da exigibilidade do crédito tributário. PUC/SP.
• Capítulo 5 do livro Introdução à teoria geral do processo civil, de Paulo Cesar
Conrado. São Paulo: Max Limonad.
• Artigo: “Suspensão da exigibilidade do crédito tributário por liminar em ação
cautelar”, de José Antonio Minatel, in Problemas de processo judicial
tributário, vol. III. São Paulo: Dialética.
• Artigo: “Ingresso em parcelamento: efeitos da confissão de dívida e a
possibilidade de discutir a exigibilidade do débito parcelado”, de Edvaldo Brito,
in X Congresso Nacional de Estudos Tributários. São Paulo: Noeses.
• Artigo: “A execução fiscal e as tutelas de urgência condicionadas a caução:
impossibilidade de exigência de depósito como causa suspensiva do crédito
tributário no NCPC (art. 300, §1º)”, de Rodrigo Griz, in XII Congresso Nacional
de Estudos Tributários do IBET. São Paulo: Noeses.
• CATUNDA, Camila Campos Vergueiro. Concessão de liminares em mandado
de segurança: vedações jurisprudenciais e legais. In: IX Congresso Nacional de
Estudos Tributários. São Paulo: Noeses.

Anexo I
REsp n. 843.027
DJ 20/10/2008
TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. IRPJ E CSSL. DEPÓSITO JUDICIAL
DA OBRIGAÇÃO PRINCIPAL ACRESCIDA DE CORREÇÃO MONETÁRIA. NÃO
CONFIGURAÇÃO DA HIPÓTESE PREVISTA NO ART. 151, II, DO CTN.
LAVRATURA DE AUTO DE INFRAÇÃO SOB A ÉGIDE DE VIGÊNCIA DE
MEDIDA LIMINAR. CAUSA SUSPENSIVA DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO
TRIBUTÁRIO. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC NÃO CONFIGURADA.
1. A sentença substitui a liminar, tornando, inclusive, prejudicado o agravo por
força da teoria da cognição adotada pelo STJ. (Precedente: REsp 673291/CE, DJ
21/03/2005)
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2. A eficácia declaratória ex tunc da sentença faz retroagir a mesma ao termo da


liminar, época em que obstada a lavratura de auto de infração.
3. Deveras, a vigência de norma proibitiva à lavratura do auto de infração, qual
seja, medida liminar suspensiva da exigibilidade do crédito (art. 151, do CTN),
nulifica o referido ato administrativo, possibilitando a expedição de certidão positiva
com efeito de negativa.
4. A tutela antecipada revela hipótese de suspensão da exigibilidade do crédito
(art. 151, do CTN), por isso que dispensável o depósito.
5. Não obstante, verifica-se, in casu, que o depósito realizado é indiferente para
o deslinde da controvérsia, diante da invalidade do auto de infração, o que impede,
de per si, o prosseguimento da cobrança do crédito tributário.
6. Isto porque as causas suspensivas da exigibilidade do crédito tributário (art.
151 do CTN) impedem tão-somente a realização, pelo Fisco, de atos de cobrança, os
quais têm início exatamente com a lavratura do auto de infração. Destarte, as causas
suspensivas da exigibilidade não têm qualquer repercussão quanto à não-consecução
do lançamento, máxime por estar-se diante de ato administrativo vinculado, cujo
prazo decadencial opera-se em cinco anos.
7. O ato do lançamento não se confunde com o ato do auto de infração, ainda que
o fisco possa integrá-los no mesmo suporte físico.
8. O lançamento contém, no seu antecedente, a descrição de fato jurídico tributário
lícito, juridicizado pela regra matriz de incidência tributária, constituindo, destarte, o
crédito tributário. Ao revés, o auto de infração é cabível somente nos casos de tributos
sujeitos originariamente ao “autolançamento”, cuja regular constituição foi frustrada,
por isso trazendo, em sua hipótese, fato ilícito, vale dizer, o não pagamento da obrigação
tributária e/ou o não cumprimento da obrigação tributária instrumental, e, no seu
conseqüente, o dever de pagar multa pelo descumprimento da obrigação principal e/ou
acessória, multa de mora e demais encargos legais, como os juros e a correção monetária.
9. Consoante cediço, posteriormente ao lançamento, inicia-se o processo de
cobrança do crédito tributário, no qual estão inseridas as seguintes etapas, visando
ao efetivo recebimento do referido crédito:
a) a cobrança administrativa, que ocorrerá mediante a lavratura do auto de
infração e aplicação de multa: exigibilidade-autuação (a qual, in casu, ocorreu
simultaneamente com o lançamento, posto realizados, ambos os atos
administrativos, no mesmo documento);
b) a inscrição em dívida ativa: exigibilidade-inscrição;
c) a cobrança judicial, via execução fiscal: exigibilidade-
execução.
10. Os efeitos da suspensão da exigibilidade pela concessão de medida liminar
anteriormente ao auto de infração têm o condão de impedir a sua lavratura, assim como
de coibir o ato de inscrição em dívida ativa ou o ajuizamento da execução fiscal.
11. In casu, conquanto a autoridade fiscal tenha, no exercício de seu dever legal,
efetuado o lançamento do crédito tributário que entendia devido, o qual permanece
hígido, a lavratura do auto de infração, realizada em 18/01/99, deu-se em momento
no qual plenamente em vigor – de 04/07/97 a 21/05/99 – norma proibitiva, qual seja,
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medida liminar concedida em ação cautelar incidental, tornando o referido ato de


cobrança inválido.
12. Inexiste ofensa ao art. 535 do Código de Processo Civil quando o Tribunal
aprecia as questões fundamentais ao deslinde da controvérsia posta, não sendo
exigido que o julgador exaura os argumentos expendidos pelas partes, posto
incompatíveis com a solução alvitrada.
13. Recurso especial desprovido.

Anexo II
REsp n. 453.762
DJ 17/11/2003
PROCESSO CIVIL E TRIBUTÁRIO. SUSPENSÃO DO
CRÉDITO TRIBUTÁRIO. CAUSA SUSPENSIVA CONSISTENTE EM LIMINAR
ANTECIPATÓRIA CONCEDIDA EM MANDADO DE SEGURANÇA. APLICAÇÃO
DO ARTIGO 151, IV, DO CTN.
1. À luz das hipóteses enumeradas no artigo 151 do CTN é possível entrever que
há causas suspensivas que antecedem à constituição do crédito tributário pelo
lançamento e outras que o encontram constituído.
2. Em qualquer caso, emitida a ordem judicial suspensiva não é lícito à
Administração Tributária proceder a qualquer atividade que afronte o comando judicial,
sob pena de cometimento do delito de desobediência, hodiernamente consagrado e
explicitado no art. 14, VI e parágrafo único Código de Processo Civil.
3. É vedado à Administração agir com desconsideração ao provimento liminar e
com desprezo pelo Poder Judiciário sob o argumento de que a decisão liminar não
corresponde ao trânsito em julgado da decisão final, porquanto esse argumento
sofismático implica negar eficácia à antecipação da tutela que é autoexecutável e
mandamental.
4. Exsurgindo a suspensão prevista no art. 151, IV, do CTN no curso do
procedimento de constituição da obrigação tributária, o que se opera é o “impedimento à
constituição do crédito tributário”.
5. O Judiciário ao sustar a exigibilidade do crédito tributário tanto pode endereçar
a sua ordem à que não se constitua o crédito, posto do seu surgimento gerar ônus ao
contribuinte até mesmo sob o ângulo da expedição de certidões necessárias ao exercício
de atividades laborais, como também vetar a sua cobrança, ainda que lançado o tributo
previamente à ordem.
6. Prosseguir na atividade constitutiva do crédito tributário, suspensa a
sua exigibilidade por força de liminar judicial, caracteriza, inequivocamente, o que
a doutrina do tema denomina de Contempt of Court, por influência anglo-saxônica,
hodiernamente verificável nos sistemas do civil law.
7. Precedente.
8. Recurso especial conhecido e improvido.
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Anexo III
AgRg no Ag em RESP n. 410.492
DJ 18/03/2014
TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. DECADÊNCIA. CONSTITUIÇÃO DO
CRÉDITO. INVIABILIDADE. VEDAÇÃO CONTIDA EM
LIMINAR MANDAMENTAL. MODIFICAÇÃO. SÚMULA 7/STJ.
1. As causas suspensivas da exigibilidade do crédito tributário (art. 151 do CTN)
obstam a prática de atos que visem sua cobrança, mas não impedem o lançamento,
que deve ser efetuado dentro do prazo de cinco anos.
2. Contudo, no caso dos autos, o Tribunal de origem deixou expressamente
delineado que liminar concedida em mandado de segurança vedava a atuação do
Fisco, inclusive quanto à constituição do crédito tributário. A modificação de tal
conclusão encontra óbice na Súmula 7/STJ.
Agravo regimental improvido.

Anexo IV
AgRg no REsp n. 1.454.463/RS
DJ 26/08/2014
EXECUÇÃO FISCAL. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO
TRIBUTÁRIO. HIPÓTESES PREVISTAS NO ART. 151 DO CTN. PROPOSITURA
DA AÇÃO EXECUTIVA FISCAL APÓS A SUSPENSÃO. EXTINÇÃO DO FEITO. 1.
A jurisprudência do STJ firmou-se no sentido de que a suspensão da exigibilidade do
crédito tributário, por alguns dos motivos elencados nos incisos do art. 151 do CTN,
conduz a inviabilidade de propositura da ação executiva fiscal, quando posterior ao
fato suspensivo, ensejando a extinção do feito. Exegese do entendimento firmado no
REsp 1.140.956/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Seção, julgado em 24/11/2010,
DJe 03/12/2010. 2. A existência de qualquer das hipóteses previstas no art. 151 do
CTN tem como consequência: (I) a extinção da execução fiscal, se a causa da
suspensão ocorreu antes da propositura do feito executivo; ou (II) a suspensão da
execução, se a exigibilidade foi suspensa quando já proposta a execução. Agravo
regimental provido. Recurso especial provido.

Anexo V
TJ/SP AgRg n. 9072726-72.2007.8.26.0000/50000
DJ 05/02/2013
MANDADO DE SEGURANÇA. Consulta fiscal -- Formulação anterior à
constituição do crédito tributário. Suspensão da exigibilidade do crédito Manutenção
da segurança: Quando formulada consulta fiscal antes da constituição do crédito
tributário, suspende-se a exigência tributária, os juros e a multa até que haja
resposta administrativa. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO.
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Anexo VI
EREsp 215.589/RJ
DJ 05/11/2007
PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. DEPÓSITO
JUDICIAL (ART. 151, II, CTN). EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM JULGAMENTO
DE MÉRITO. CONVERSÃO EM RENDA PELO ENTE TRIBUTANTE.
PRONUNCIAMENTO DA 1ª SEÇÃO.
1. Em exame embargos de divergência opostos pelo ESTADO DO RIO DE
JANEIRO para se definir se seria possível o levantamento do depósito efetuado para
os fins do artigo 151, II, do Código Tributário Nacional no caso em que o processo é
extinto sem julgamento de mérito. O aresto embargado, originário da 2ª Turma,
Relator para acórdão o Min. Castro Meira (DJ 19/09/05), assim foi ementado:
“TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. DEPÓSITO. ART. 151, II.
SENTENÇA SEM JULGAMENTO DE MÉRITO. LEVANTAMENTO. 1.
Conforme entendimento da Primeira Seção quanto ao depósito previsto
no artigo 151, “quando a sentença extingue o processo sem julgamento do
mérito, pode o depósito ser imediatamente devolvido ao contribuinte, que
fica assim privado da suspensividade, inexistindo a possibilidade de
haver, em favor da Fazenda, a conversão do depósito em renda” (EREsp
270.083/SP, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 02/09/2002).
2. Recurso especial conhecido e provido.”
Apontou como paradigmas os seguintes julgados:
- EREsp 479.725/BA, 1ª Seção, de minha relatoria, DJU 26/09/05 (fl. 284):
“EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. TRIBUTÁRIO. AFRMM.
DEPÓSITO. EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM APRECIAÇÃO DO
MÉRITO. DEPÓSITO. LEVANTAMENTO ANTES DO TRÂNSITO EM
JULGADO DA SENTENÇA. IMPOSSIBILIDADE. EMBARGOS DE
DIVERGÊNCIA PROVIDOS.
1. Em exame embargos de divergência opostos para se definir se é ou não
possível o levantamento do depósito efetuado para os fins do artigo 151, II
do Código Tributário Nacional nos casos em que o processo é extinto sem
julgamento de mérito em face da ilegitimidade passiva da autoridade
apontada como coatora. A Fazenda embargante aponta a divergência entre
o acórdão embargado da relatoria do Ministro Francisco Peçanha Martins
integrante da 2ª Turma e acórdão prolatado pelo Ministro Garcia Vieira da
1ª Turma. Divergência devidamente demonstrada, foram admitidos os
embargos para julgamento de mérito. Sem impugnação.
2. Conforme assinala o aresto paradigma: “O depósito efetuado para
suspender a exigibilidade do crédito tributário é feito também em garantia
da Fazenda e só pode ser levantado após sentença final transitada em
julgado se favorável ao contribuinte”. O artigo 32 da Lei n.º 6830 de 22. 09.
1980 estabelece como requisito para levantamento do depósito judicial o
trânsito em julgado da decisão. O aguardo do trânsito em julgado da
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decisão para possibilitar o levantamento do depósito judicial está fulcrado


na possibilidade de conversão em renda em favor da Fazenda Nacional.
3. O cumprimento da obrigação tributária só pode ser excluída por força
de lei ou suspensa de acordo com o que determina o art. 151 do CTN. Fora
desse contexto o contribuinte está obrigado a recolher o tributo. No caso
de o devedor pretender discutir a obrigação tributária em juízo, permite
a lei que faça o depósito integral da quantia devida para que seja
suspensa a exigibilidade. Se a ação intentada, por qualquer motivo,
resultar sem êxito, deve o depósito ser convertido em renda da Fazenda
Pública. É essa a interpretação que deve prevalecer. O depósito é simples
garantia impeditiva do fisco para agilizar a cobrança judicial da dívida,
em face da instauração em juízo de litígio sobre a legalidade da sua
exigência. Extinto o processo sem exame do mérito contra o contribuinte,
têm-se uma decisão desfavorável. O passo seguinte, após o trânsito em
julgado, é o recolhimento do tributo.
4. Embargos de divergência providos.”

- REsp 553.541/CE, 1ª Turma, de minha relatoria, julg. 16/12/03 (fl. 296):

“TRIBUTÁRIO. DEPÓSITO JUDICIAL. EXTINÇÃO DO PROCESSO


SEM JULGAMENTO DO MÉRITO. IMPOSSIBILIDADE DO
CONTRIBUINTE EFETUAR O LEVANTAMENTO. CONVERSÃO DO
DEPÓSITO EM RENDA.
1. A extinção do mandado de segurança sem julgamento de mérito não
impede que o valor do depósito judicial efetuado pelo contribuinte para
suspender a exigibilidade fiscal enquanto perdurar a discussão da lide seja
convertido em renda da Fazenda Pública.
2. A exigência de cumprimento da obrigação tributária só pode ser
suspensa por lei. O contribuinte, sem causa legal em sentido contrário, está
obrigado ao pagamento do tributo. 3. Precedentes: Resp 490641/PR, Rel.
Min. Luiz Fux, DJ de 03.11.2003, p. 254; Resp 163045/SP, Rel. Min. Hélio
Mosimann, DJ de 9.11.98, p. 74; Resp 251350/SP, Rel. Min. Humberto
Gomes de Barros, DJ 12.03.2001, pg. 97; Resp 227.958, Rel. Min. Garcia
Vieira, DJ 7/2/2000; Resp 258752/SP, Rel. Min. Milton Luiz Pereira, DJ de
25.02.2002, p. 218.”

- AgRgREsp 660.203/RJ, 1ª Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, DJU 04/04/05 (fl.
306):
“TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. DEPÓSITO JUDICIAL DO
VALOR DO TRIBUTO. NATUREZA. EFEITOS. LEVANTAMENTO,
PELO CONTRIBUINTE, CONDICIONADO AO TRÂNSITO EM
JULGADO DE SENTENÇA DE MÉRITO EM SEU FAVOR.
PRECEDENTES.
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1. O depósito do montante integral, na forma do art. 151, II, do CTN,


constituiu modo, posto à disposição do contribuinte, para suspender a
exigibilidade do crédito tributário. Porém, uma vez realizado, o depósito
opera imediatamente o efeito a que se destina, inibindo, assim, qualquer
ato do Fisco tendente a haver o pagamento. Sob esse aspecto, tem função
assemelhada à da penhora realizada na execução fiscal, que também tem
o efeito de suspender os atos executivos enquanto não decididos os
embargos do devedor.
2. O direito - ou faculdade - atribuído ao contribuinte, de efetuar o depósito
judicial do valor do tributo questionado, não importa o direito e nem a
faculdade de, a seu critério, retirar a garantia dada, notadamente porque,
suspendendo a exigibilidade do crédito tributário, ela operou, contra o réu,
os efeitos próprios de impedi-lo de tomar qualquer providência no sentido
de cobrar o tributo ou mesmo de, por outra forma, garanti-lo.
3. As causas de extinção do processo sem julgamento do mérito são
invariavelmente imputáveis ao autor da ação, nunca ao réu. Admitir que,
em tais casos, o autor é que deve levantar o depósito judicial, significaria
dar-lhe o comando sobre o destino da garantia que ofereceu, o que
importaria retirar do depósito a substância fiduciária que lhe é própria.
4. Assim, ressalvadas as óbvias situações em que a pessoa de direito
público não é parte na relação de direito material questionada – e que,
portanto, não é parte legítima para figurar no processo – o depósito judicial
somente poderá ser levantado pelo contribuinte que, no mérito, se
consagrar vencedor. Nos demais casos, extinto o processo sem julgamento
de mérito, o depósito se converte em renda.
5. Agravo regimental provido.”

Impugnação pela parte adversa defendendo a manutenção do aresto embargado.


2. A questão em exame já foi enfrentada em diversas ocasiões nesta Corte, tendo
a 1ª Seção, por ocasião do julgamento dos EREsp 479.725/BA, de minha relatoria, DJU
26/09/05, pronunciado-se na mesma linha dos arestos paradigmas, ou seja, de que o
depósito judicial efetuado para suspender a exigibilidade do crédito tributário é feito
também em garantia da Fazenda e só pode ser levantado pelo depositante após
sentença final transitada em julgado em seu favor, nos termos do consignado no art.
32 da Lei 6.830/80.
3. O cumprimento da obrigação tributária só pode ser excluída por força de lei ou
suspensa de acordo com o que determina o art. 151 do CTN. Fora desse contexto o
contribuinte está obrigado a recolher o tributo. No caso de o devedor pretender discutir
a obrigação tributária em juízo, permite a lei que faça o depósito integral da quantia
devida para que seja suspensa a exigibilidade. Se a ação intentada, por qualquer
motivo, resultar sem êxito, deve o depósito ser convertido em renda da Fazenda
Pública. É essa a interpretação que deve prevalecer. O depósito é simples garantia
impeditiva do fisco para agilizar a cobrança judicial da dívida, em face da instauração
de litígio sobre a legalidade da sua exigência. Extinto o processo sem exame do mérito
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contra o contribuinte, têm-se uma decisão desfavorável. O passo seguinte, após o


trânsito em julgado, é o recolhimento do tributo.
4. Precedentes: EREsp 479.725/BA, de minha relatoria, DJU 26/09/05; Resp
273.860/SP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJ 13/03/06; Resp 490.641/PR, Rel.
Min. Luiz Fux, DJ de 03/11/2003; Resp 258.752/SP, Rel. Min. Milton Luiz Pereira, DJ
de 25/02/2002; Resp 251.350/SP, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, DJ de
12/03/2001; Resp 227.958, Rel. Min. Garcia Vieira, DJ 7/2/2000; Resp 163.045/SP, Rel.
Min. Hélio Mosiman, DJ de 09/11/98.
5. Embargos de divergência providos.

Anexo VII
AgRg no AREsp n. 183.378/SP
Julgamento: 18/12/2012
MANDADO DE SEGURANÇA. LIMINAR CONCEDIDA MAS SEGURANÇA
DENEGADA EM SEDE DE SENTENÇA. APELAÇÃO. EFEITO SUSPENSIVO.
EXCEPCIONALIDADE. CIRCUNSTÂNCIAS AUTORIZADORAS PRESENTES NO
CASO EM CONCRETO. ANÁLISE DE FATOS E PROVAS. INVIABILIDADE EM
SEDE DE RECURSO ESPECIAL. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ.
PRECEDENTES.
1. Não há que se falar na violação ao art. 557 do CPC alegada pela União, tendo
em vista a presença de jurisprudência no sentido alcançado pela decisão agravada.
Ainda que assim não fosse, é de se ressaltar que fica superada eventual ofensa ao
art. 557 do Código de Processo Civil pelo julgamento colegiado do agravo regimental
interposto contra a decisão singular do Relator. Precedentes.
2. A jurisprudência deste Sodalício orienta pela possibilidade de ser concedido
duplo efeito à apelação interposta em face de decisão que denegou a segurança –
restabelecendo-se a liminar anteriormente deferida – quando presentes circunstâncias
peculiares na espécie que autorizem a tomada dessa providência excepcional. Neste
sentido, os precedentes: AgRg no AREsp 113.207/SP, Rel. Ministro CASTRO MEIRA,
SEGUNDA TURMA, julgado em 19/06/2012, DJe 03/08/2012; AgRg no RESp
687.040/RJ, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em
02/12/2008, DJE 13/03/2009; REsp 787051/PA, Rel. Ministra ELIANA CALMON,
SEGUNDA TURMA, julgado em 03.08.2006, DJ 17.08.2006 p. 345.
3. No caso em tela, conforme já consignado na decisão agravada, a partir dos
elementos fáticos e probatórios constantes dos autos – documentos constantes às fls.
279/289 dos autos -, foram identificados elementos pelo Tribunal a quo elementos
suficientes para a concessão de efeito suspensivo à apelação, razão pela qual o
revolvimento destes elementos, na via recursal eleita, é inviável a teor da Súmula
7/STJ.
4. Agravo regimental a que se nega provimento.
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Anexo VIII
AgRg no REsp n. 839.962/MG
DJe 16/04/2010
TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO. FINSOCIAL. MANDADO DE SEGURANÇA.
LIMINAR. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE. SEGURANÇA DENEGADA.
PAGAMENTO DO TRIBUTO DEVIDO NO PRAZO DO ART. 63, § 2º, DA LEI N.
9.430/96. AFASTAMENTO DOS JUROS E MULTA DE MORA EM RELAÇÃO AO
PERÍODO EM QUE A LIMINAR VIGEU.
1. A Corte de origem entendeu que não incidem multa nem juros moratórios em
relação ao período em que o crédito tributário esteve com sua exigibilidade suspensa,
por força de liminar concedida em mandado de segurança, posteriormente cassada
por ocasião da sentença.
2. O julgado está amparado no art. 63, § 2º, da Lei n. 9.430/96, que dispõe: “a
interposição da ação judicial favorecida com a medida liminar interrompe a
incidência da multa de mora, desde a concessão da medida judicial, até 30 dias após
a data da publicação da decisão judicial que considerar devido o tributo ou
contribuição”.
3. É de rigor a incidência da regra, para afastar a cobrança dos juros e da multa
de mora em desfavor do contribuinte, nestes casos. Precedente da Turma no AgRg
no REsp 1005599/MG, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, DJe
13/06/2008.

Anexo IX
EREsp n. 839.962/MG
DJe 24/04/2013
TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM
RECURSO ESPECIAL. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. SUSPENSÃO DA
EXIGIBILIDADE NO PERÍODO DE VIGÊNCIA DE LIMINAR EM MANDADO DE
SEGURANÇA. JUROS DE MORA. INCIDÊNCIA. EMBARGOS ACOLHIDOS.
1. Divergência jurisprudencial configurada entre acórdãos da Primeira e
Segunda Turmas no tocante à possibilidade de incidência de juros de mora sobre o
tributo devido no período compreendido entre a decisão que concede liminar em
mandado de segurança e a denegação da ordem.
2. “Denegado o mandado de segurança pela sentença, ou no julgamento do
agravo dela interposto, fica sem efeito a liminar concedida, retroagindo os efeitos da
decisão contrária” (Súmula 405/STF).
3. “A multa moratória pune o descumprimento da norma tributária que determina
o pagamento do tributo no vencimento. Constitui, pois, penalidade cominada para
desestimular o atraso nos recolhimentos. Já os juros moratórios, diferentemente,
compensam a falta da disponibilidade dos recursos pelo sujeito ativo pelo período
correspondente ao atraso” (Leandro Paulsen, Direito tributário: Constituição e Código
Tributário à luz da doutrina e da jurisprudência. 12ª ed. Porto Alegre: Livraria do
Advogado Editora ESMAFE, 2012, p. 1.105).
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4. O art. 63, caput e § 2º, da Lei 9.430/96 afasta tão somente a incidência de
multa de ofício no lançamento tributário destinado a prevenir a decadência na
hipótese em que o crédito tributário estiver com sua exigibilidade suspensa por força
de medida liminar concedida em mandado de segurança ou em outra ação ou de
tutela antecipada.
5. No período compreendido entre a concessão de medida liminar e a denegação
da ordem incide correção monetária e juros de mora ou a Taxa SELIC, se for o caso.
Afastada a imposição de multa de ofício.
6. Embargos de divergência acolhidos.

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