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INSTITUTO BRASILEIRO DE ESTUDOS TRIBUTÁRIOS

ELAINE GOMES DOS SANTOS CRIVELATTI

II - SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO, MANDADO DE


SEGURANÇA E TUTELAS PROVISÓRIAS
SEMINÁRIO 2

CUIABÁ - MT
24/03/2023
QUESTÕES E RESPOSTAS
1. No art. 151 do CTN, que significa o termo “exigibilidade”? Quando surge essa
“exigibilidade”? E qual o efeito da suspensão da exigibilidade? Impede-se (i)
o lançamento, (ii) a inscrição na dívida ativa, (iii) a execução fiscal; (iv) todos
estes atos? (vide anexo I a IV).
R: O termo exigibilidade disposto no art. 151 do CTN de acordo com Fabiana Del
Padre Tomé, “é o ato de cobrança do crédito tributário”, ou seja, é a prerrogativa
conferida a administração pública de exigir, cobrar a prestação introduzida pelo
lançamento do crédito tributário.

E segundo Maria Leonor Leite Vieira, “...para que o sujeito ativo possa tomar as
providências necessárias à cobrança do crédito tributário é imprescindível que se
tenha operado o vencimento da prestação”.

Logo, a suspensão da exigibilidade impede o seguimento do processo de


positivação das normas jurídicas tributárias, quanto a inscrição na dívida ativa e a
execução fiscal, medidas de exequibilidade do crédito tributário.

2. Em que sentido a expressão “crédito tributário” foi utilizada no art. 151 do


CTN? Essa expressão congrega também liames decorrentes da prática de
atos ilícitos (e.g. multa por desrespeito aos deveres instrumentais)?
A expressão “crédito tributário” utilizado no art. 151 do CTN decorre lançamento
seja por homologação quando constituída pelo sujeito passivo ou pelo lançamento
tributário via ato administrativo.
O crédito tributário congrega tanto o tributo devido como também daqueles
originados pelo “autolançamento”, cuja regular constituição foi frustrada, trazendo
a hipótese de fato ilícito. Sendo assim, o crédito tributário pode decorrer tanto de
fato jurídico lícito, como também daqueles ilícitos que decorrem do
descumprimento da obrigação principal ou acessória.

3. As hipóteses de “suspensão da exigibilidade do crédito tributário” previstas


no art. 151 do CTN são taxativas? (vide anexo V)
As hipóteses de suspensão do crédito tributário previstas no art. 151 do CTN são
taxativas, por força do art. 111, inc. I do CTN, dispondo que a interpretação da
legislação tributária acerca da suspensão ou a exclusão do crédito tributário seja
literal, nos seguintes termos:

“Art. 111. Interpreta-se literalmente a legislação tributária que disponha


sobre:
I - suspensão ou exclusão do crédito tributário;”

Além disso, o STJ já se pronunciou diversas vezes sobre a interpretação restritiva


do rol de hipóteses de suspensão da exigibilidade do crédito tributário, previsto no
art. 151 do CTN:
“TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. FORNECIMENTO DE
CERTIDÃO POSITIVA DE DÉBITOS COM EFEITOS DE NEGATIVA.
SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DOS CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS.
PROCESSO JUDICIAL. IMPOSSIBILIDADE. 1. Hipótese em que se discute
se decisão judicial pendente de recurso que declara o direito à compensação
do débito suspende a exigibilidade do crédito tributário e, consequentemente,
possibilita a expedição de certidão positiva de débito com efeitos de negativa.
2. Nos termos do art. 206 do CTN, pendente débito tributário, somente é
possível a expedição de certidão positiva com efeito de negativa, nos casos
em que (a) o débito não esteja vencido, (b) a exigibilidade do crédito tributário
está suspensa ou (c) o débito é objeto de execução judicial, em que a penhora
tenha sido efetivada. 3. Entre as hipóteses de suspensão da exigibilidade
do crédito tributário previstas, de forma taxativa, no art. 151 do CTN, e
que legitimam a expedição da certidão, duas se relacionam a créditos
tributários objeto de questionamento em juízo: (a) depósito em dinheiro
do montante integral do tributo questionado (inciso II), e (b) concessão
de liminar em mandado de segurança (inciso IV) ou de antecipação de
tutela em outra espécie de ação (inciso V). Fora desses casos, o crédito
tributário encontra-se exigível. 4. A simples existência de ação em que se
discute a possibilidade de compensação tributária não assegura ao
contribuinte o direito à suspensão do crédito tributário. Ainda que seja
reconhecido judicialmente o direito à compensação, fora das hipótese do art.
151 do CTN, o crédito não poderá ser suspenso. Recurso especial provido.”
(RESP 201101282377, HUMBERTO MARTINS, STJ - SEGUNDA TURMA,
DJE DATA:17/08/2011 RDDT VOL.:00193 PG:00191 ..DTPB:.)

3.1. Considerando que não houve alteração nos art. 151 do CTN, pergunta-se:
a) A equiparação, prescrita pelo §2º do art. 835 do CPC/15, a dinheiro da fiança
bancária e do seguro garantia, tem o condão de consagrar a hipótese de
suspensão da exigibilidade do crédito tributário prevista no art. 151, II, do
CTN?

O §2º do art. 835 do CPC não tem o condão de flexibilizar a hipótese de suspensão
da exigibilidade do crédito tributário prevista no art. 151, II do CTN, visto que o
referido artigo dispõe que a equiparação ocorre para fins de substituição de
penhora, vejamos:

Art. 835. (...)


§ 2o Para fins de substituição da penhora, equiparam-se a dinheiro a fiança
bancária e o seguro garantia judicial, desde que em valor não inferior ao do
débito constante da inicial, acrescido de trinta por cento.

Ainda, em consonância com a súmula 112 do STJ, para fins de exigibilidade do


crédito tributário, apenas tem efeito o depósito do montante integral em dinheiro:

Súmula 112. O depósito somente suspende a exigibilidade do crédito


tributário se for integral e em dinheiro.

Outrossim, importante ressaltar que o STJ tem se posicionado no sentido de que o


oferecimento de caução não suspende a exigibilidade do crédito tributário,
pronunciando-se, inclusive, especificamente em relação à não equiparação da
carta de fiança ao depósito do montante integral em dinheiro:

RECURSO ESPECIAL Nº 1.450.706 - RS (2014/0094968-0) RELATOR :


MINISTRO BENEDITO GONÇALVES RECORRENTE : INSTITUTO
NACIONAL DE METROLOGIA, QUALIDADE E TECNOLOGIA - INMETRO
REPR. POR : PROCURADORIA-GERAL FEDERAL RECORRIDO :
CÍRCULO S/A ADVOGADO : FELIPE JOSÉ DA SILVEIRA E OUTRO (S) -
SC025622 PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO
FISCAL. DÍVIDA NÃO TRIBUTÁRIA. CAUÇÃO. SUSPENSÃO DA
EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. IMPOSSIBILIDADE.
INEXISTÊNCIA DO DEPÓSITO INTEGRAL. SUSPENSÃO DO REGISTRO
NO CADIN. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 112/STJ. RECURSO ESPECIAL
PROVIDO. DECISÃO Trata-se de recurso especial interposto com
fundamento no artigo 105, III, a", da Constituição Federal, contra acórdão
proferido pelo TRF da 4ª Região, assim ementado (fl. 733): INSCRIÇÃO.
PARTE EXECUTADA. CADIN. GARANTIA OFERECIDA EM JUÍZO. 1. É
possível a suspensão da inscrição da parte executada nos cadastros de
inadimplentes se houver depósito do valor incontroverso ou caução idônea,
nos termos do entendimento já firmado pelo STJ. Embargos de declaração
foram acolhidos: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. CADIN.
PROTESTO DO TÍTULO. SUSPENSÃO. 1. Dá-se a omissão, quando, no
julgado, não há pronunciamento sobre ponto ou questão, suscitados pelas
partes demandantes, ou sobre os quais devesse o órgão julgador
pronunciar-se de ofício. 2. Embora a decisão faça referência tão somente
aos efeitos da inscrição no CADIN - que se cinge apenas à publicidade -, a
agravante faz jus, pelos idênticos fundamentos, a que também seja
abarcada na eficácia inibitória os efeitos do protesto da CDA, merecendo
provimento a insurgência quanto à omissão no julgado. O recorrente alega
violação dos artigos 151 do CTN e 7º da Lei 10.522/02, pois a norma
federal condiciona, expressamente, a suspensão do registro no CADIN a
dois requisitos cumulativos (oferecimento de garantia idônea e suficiente e
encontrar-se suspensa a exigibilidade do crédito), não cumpridos no
presente caso. Alega que o"acórdão também destoa da orientação ditada
pela Súmula 112 do STJ, segundo a qual, somente o depósito integral e em
dinheiro, tem o condão de suspender a exigibilidade do crédito tributário"(fl.
763) e que o artigo 151 do CTN não inclui a caução como hipótese de
suspensão. Aduz que" considerou o v. acórdão que o bem móvel referido
no evento 1 um secador ar comprimido por refrigeração modelo
DPRELETRON 0320, conforme NF 3930, valor R$16.140,00, autorizaria a
suspensão ou retirada da inscrição da autora em cadastros de
inadimplentes. "(fl. 761). Todavia, o CADIN tem função meramente
informativa cuja consulta prévia é obrigatória pelos órgãos da Administração
Pública, de modo que a suspensão não poderia ter sido deferida. Com
contrarrazões. Juízo positivo de admissibilidade às fls. 782. É o relatório.
Passo a decidir. Inicialmente, registra-se que"[a]os recursos interpostos
com fundamento no CPC/1973 (relativos a decisões publicadas até 17 de
março de 2016) devem ser exigidos os requisitos de admissibilidade na
forma nele prevista, com as interpretações dadas, até então, pela
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (Enunciado Administrativo n.
2, aprovado pelo Plenário do Superior Tribunal de Justiça em 9/3/2016)"O
Superior Tribunal de Justiça possui entendimento consolidado no sentido
de que, para que seja suspensa a exigibilidade de créditos tributários, o
depósito deve ser feito na sua integralidade e em dinheiro, consoante o
disposto no artigo 151, II, do CTN e a inteligência da Súmula 112/STJ:"O
depósito somente suspende a exigibilidade do crédito tributário se for
integral e em dinheiro". Ainda nesse sentido, cito os seguintes precedentes:
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO
RECURSO ESPECIAL. CAUTELAR. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO
CRÉDITO TRIBUTÁRIO. FIANÇA BANCÁRIA. IMPOSSIBILIDADE.
SÚMULA 112/STJ. 1. Esta Corte possui entendimento pacífico no sentido
de que somente o depósito em dinheiro do montante integral devido possui
o condão de suspender a exigibilidade do crédito tributário, não se incluindo
nesse conceito a fiança bancária. Incidência da Súmula 112/STJ. 2. Agravo
regimental não-provido. ( AgRg no REsp 893.650/RJ, Rel. Ministro MAURO
CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 16/12/2008, DJe
06/02/2009) AÇÃO ANULATÓRIA DE DÉBITO FISCAL. IPTU.
SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO DÉBITO. DEPÓSITO INTEGRAL.
INEXISTÊNCIA. SÚMULA Nº 112/STJ.REEXAME DE PROVAS. SÚMULA
Nº 7/STJ. ERRO MATERIAL. AFASTAMENTO. I - Na esteira da
jurisprudência desta Corte, somente o depósito do montante integral do
débito e em dinheiro enseja a suspensão de sua exigibilidade. Incidência,
na hipótese, da Súmula nº 112/STJ.Precedentes: REsp nº 700.917/RS, Rel.
Min. TEORI ALBINO ZAVASCKI, DJ de 19/10/06; AgRg no REsp nº
720.669/RS, Rel. Min. LUIZ FUX, DJ de 18/05/06 e EDREsp nº 750.305/RS,
Rel. Min. CASTRO MEIRA, DJ de 05/04/06. II - Para se verificar a existência
ou não do depósito integral por parte dos agravantes relativo ao IPTU do
exercício de 2006, necessário o reexame do substrato fático-probatório dos
autos, porquanto o Tribunal Estadual limitou-se a explicitar não ter havido o
depósito integral do débito. Sendo assim, incidente a Súmula nº 7/STJ. III -
Incabível a averiguação de erro material por meio do presente agravo, pois
os agravantes deveriam tê-lo suscitado por meio de embargos de
declaração na instância a quo e, nas razões de apelo especial, ter apontado
ofensa ao art. 535 do CPC. IV - Agravo regimental improvido. ( AgRg no
REsp 1092132/SP, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, PRIMEIRA
TURMA, julgado em 02/12/2008, DJe 10/12/2008, grifei) PROCESSUAL
CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL.
NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL NÃO-CONFIGURADA.
EXECUÇÃO FISCAL. ICMS. NECESSIDADE DE DEPÓSITO INTEGRAL E
EM DINHEIRO PARA SUSPENDER A EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO
TRIBUTÁRIO. SÚMULA 112/STJ. ANÁLISE DO CONTEXTO FÁTICO-
PROBATÓRIO. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ. 1. Não há violação dos
arts. 458, I e II, 535, I e II, do CPC, quando todas as questões suscitadas e
discutidas no processo são apreciadas, nem, tampouco, há omissão no
julgado, mesmo em face da rejeição dos embargos de declaração, se os
argumentos da decisão atacada são claros e nítidos e a matéria enfocada
é devidamente abordada no aresto recorrido. 2. Este Colendo Tribunal
Superior já se posicionou no sentido de que o depósito para obter o efeito
suspensivo da exigibilidade do crédito tributário deve ser feito de forma
integral e em dinheiro, consubstanciando-se na edição da Súmula
n. 112/STJ. Precedentes: REsp n. 763.990/MG, Rel. Min. Teori Albino
Zavascki, Primeira Turma, DJ de 04.06.2007; REsp n. 758.270/RS, Rel. Min.
Luiz Fux, Primeira Turma, DJ de 04.06.2007. 3. Se o depósito foi realizado
de forma integral, bem como se houve a conversão deste em renda para o
Estado, é algo que o Tribunal a quo decidiu com base na análise das provas
dos autos. É inviável nesta via Superior o reexame do contexto fático-
probatório dos autos, por incidência da Súmula n. 7/STJ. 4. Agravo
regimental não-provido. ( AgRg no REsp 937.532/SP, Rel. Ministro JOSÉ
DELGADO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 08/04/2008, DJe 28/04/2008)
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE
DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO MEDIANTE OFERECIMENTO DE CAUÇÃO
EM BENS. INVIABILIDADE. SÚMULA 112/STJ. 1. Conforme já disposto no
decisum combatido, é firme a jurisprudência do STJ no sentido de que, para
que seja suspensa a exigibilidade de créditos tributários, o depósito deve
ser feito na sua integralidade e em dinheiro, consoante o disposto no
artigo 151, II, do CTN e a inteligência da Súmula 112/STJ:"O depósito
somente suspende a exigibilidade do crédito tributário se for integral e em
dinheiro". 2. Agravo Regimental não provido. ( AgRg no AREsp 354.521/GO,
Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em
5/9/2013, DJe 12/9/2013) PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO.
AGRAVOS REGIMENTAIS NO RECURSO ESPECIAL. INEXISTÊNCIA DE
VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC. AFASTAMENTO DA ALEGAÇÃO DE
IRREGULARIDADE NA FORMAÇÃO DO AGRAVO DE INSTRUMENTO
PELO TRIBUNAL A QUO. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA
INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS. PRECEDENTES DO STJ.
PENHORA EM EXECUÇÃO FISCAL QUE NÃO CONSTITUI CAUSA DE
SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
(ART. 151, I DO CTN. PRECEDENTES DO STJ. DISCUSSÃO ACERCA
DA PENHORA EXCEPCIONAL SOBRE O FATURAMENTO DA EMPRESA,
NO PERCENTUAL DE 5%, DEFERIDA PELO TRIBUNAL A QUO COM
BASE NOS ELEMENTOS E NA SINGULARIDADE DO PROCESSO
EXECUTIVO. CRÉDITO VULTOSO. INÚMERAS EXECUÇÕES.
PENHORAS DE BENS INSUFICIENTES PARA GARANTIA DO DÉBITO.
DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO CARACTERIZADO. FUNDAMENTO
INATACADO. SÚMULA 283/STF. AGRAVOS REGIMENTAIS
DESPROVIDOS. (...) 3. Já decidiu esta Corte que muito embora a penhora
e a medida cautelar de caução possam ensejar a expedição da certidão
positiva de débitos com efeitos de negativa (art. 206, do CTN), não são elas
meios aptos a suspender a exigibilidade do crédito tributário, p ois não
previstas no art. 151 do CTN (REsp. 1.307.961/ MT, Rel. Ministro CASTRO
MEIRA, DJe 12.09.2012). 4. O Tribunal de origem consignou que o
percentual mais apropriado da penhora a incidir sobre o faturamento das
empresas agravadas seria de 5% (cinco por cento), o qual, mesmo assim.
e ainda considerando a penhora de outros bens, seria insuficiente para
abater o vultoso crédito; dessa forma, não se verifica ofensa ao princípio da
menor onerosidade do devedor, devidamente sopesado pelo acórdão
impugnado de forma a compatibilizá-lo com os princípios que regem o
processo executivo fiscal. É possível a penhora sobre o faturamento da
empresa, em caráter excepcional, consoante farta jurisprudência desta
Corte. ( AgRg no Ag 1.359.497/RS, Rel. Min. ARNALDO ESTEVES LIMA,
DJe 24.03.2011 e AgRg no AREsp. 15.658/PR, Rel. Min. CASTRO MEIRA,
DJe 30.08.2011). 5. As razões recursais não atacaram o fundamento de que
a parte recorrente, no que se refere ao dissídio jurisprudencial, deixou de
particularizar qual dispositivo da legislação federal infraconstitucional teria
sido objeto de violação, o que atrai, na espécie, a incidência da
Súmula 284 do STF. Aplicável, ao presente caso, portanto, a
Súmula 283/STF, por analogia. 6. Agravos Regimentais desprovidos.
( AgRg no REsp 1.331.172/SC, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA
FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 22/10/2013, DJe 22/11/2013)
PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. AUSÊNCIA DE
VIOLAÇÃO AO ART. 535, CPC. MEDIDA CAUTELAR DE CAUÇÃO REAL.
POSSIBILIDADE DE EXPEDIÇÃO DE CERTIDÃO POSITIVA COM
EFEITOS DE NEGATIVA. IMPOSSIBILIDADE DE SUSPENSÃO DO
REGISTRO NO CADIN. 1. Não viola o art. 535, do CPC, o acórdão que
decide de forma suficientemente fundamentada, não estando obrigada a
Corte de Origem a emitir juízo de valor expresso a respeito de todas as
teses e dispositivos legais invocados pelas partes. 2. A jurisprudência da
aceitação da medida cautelar de caução real prévia ao ajuizamento da
execução fiscal surge com o entendimento de que à garantia prestada deve
ser dado tratamento análogo à existência de penhora em execução fiscal.
Precedentes: EDcl nos EREsp. n. 815.629 - RS, Primeira Seção, Rel. Min.
Eliana Calmon, julgado em 13.12.2006; REsp 912710 / RN, Primeira Turma,
Rel. Min. Luiz Fux, D.J. 7.8.2008; EREsp 574107 / PR, Primeira Seção, Rel.
Min. João Otávio de Noronha, D.J. 7.5.2007; EREsp 779121 / SC, Primeira
Seção, Rel. Min. Castro Meira. D.J. 7.5.2007. 3. Desse modo, muito embora
a penhora e a medida cautelar de caução possam ensejar a expedição da
certidão positiva de débitos com efeitos de negativa (art. 206, do CTN), não
são elas meios aptos a suspender a exigibilidade do crédito tributário, pois
não previstas no art. 151, do CTN. Sendo assim, se a penhora e a medida
cautelar de caução não suspendem a exigibilidade do crédito tributário, não
podem ensejar a suspensão do registro no Cadin pelo art. 7º, II, da Lei
n. 10.522/2002. Só a penhora, quando associada aos embargos do
devedor, é que pode suspender o registro no Cadin por força do art. 7º, I,
da Lei n. 10.522/2002, o que não se aplica à medida cautelar de caução,
por não consistir em ação onde se discute a natureza da obrigação ou seu
valor. 4. Em se tratando de medida cautelar de caução real, não pode a
Fazenda Pública exigir a ordem estabelecida no art. 11, da Lei n. 6.830/80
e arts. 655 e 656, do CPC, para o fim de garantida do débito mediante
depósito em dinheiro, pois isso equivaleria à suspensão da exigibilidade do
crédito tributário consoante o art. 151, II, do CTN, eliminando a utilidade da
própria ação, pois impediria o ajuizamento da execução fiscal
correspondente. 5. Recurso especial parcialmente provido apenas para
afastar a suspensão do registro no Cadin em razão da caução ofertada.
( REsp 1.307.961/MT, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES,
SEGUNDA TURMA, julgado em 4/9/2012, DJe 12/9/2012) Assim, o acórdão
não está em consonância com a jurisprudência desta Corte Superior, de
modo que dou provimento ao recurso especial para afastar a suspensão do
registro no CADIN em razão da caução ofertada. Publique-se. Intimem-se.
Brasília (DF), 15 de maio de 2017. MINISTRO BENEDITO GONÇALVES
Relator

b) As espécies de tutela provisória, identificadas segundo o fundamento do


pedido, se de urgência ou de evidência, previstas no CPC/15 se aplicam ao
Processo Tributário? Tais medidas têm o condão de suspender a
exigibilidade do crédito tributário?
Sim, a norma processual prevista no CPC/2015, quanto as tutelas provisórias, se
de urgência ou evidência, se aplicam ao processo tributário e tem o condão de
suspender a exigibilidade do crédito tributário. Quando deferidas pelo Juízo, tais
medidas tem efeito imediato da decisão que será a suspensão da exigibilidade do
crédito tributário, na forma prevista pelo art. 151, IV e V.

4. Sobre o depósito judicial efetuado nos autos de uma ação declaratória


proposta antes da constituição do crédito tributário, pergunta-se:

(a) Trata-se de faculdade do contribuinte?


Sim, porque o depósito judicial do montante integral previsto no art. 151, II do
CTN é uma das causas de suspensão da exigibilidade do crédito tributário, e
sendo este voluntário torna-se uma faculdade do contribuinte.

(b) Há distinção entre depósito judicial para fins do art. 151, II do CTN e
prestação de caução?
Pode-se afirmar que há distinção entre o depósito judicial e a prestação de
caução para fins de deferimento de medida liminar em virtude da natureza de
cada uma, sendo que o depósito judicial está disposto no art. 151, II do CTN e
a prestação de caução previsto no inciso IV do mesmo artigo.
(c) O levantamento do depósito judicial vincula-se ao êxito (com trânsito em
julgado) da ação proposta pelo contribuinte ou o juiz pode a qualquer tempo
autorizar o levantamento? (vide anexo VI)
De acordo com Maria Leonor Vieira1 se o depósito judicial do montante integral
para fins de suspensão da exigibilidade do crédito tributário é uma faculdade do
contribuinte, isto é, se o depósito foi realizado voluntariamente, poderá ser liberado
a qualquer momento, bastando que o depositante requeira, junto ao juízo, o seu
levantamento.

É importante ressaltar que tal levantamento poderá ser realizado a qualquer tempo,
mesmo antes do trânsito em julgado da ação, e que, após a realização do
levantamento, extinguindo-se a hipótese de suspensão da exigibilidade, o fisco
poderá propor ação judicial de cobrança do débito.

5. A partir da vigência do CPC/15 foi instituído um novo fundamento para a


concessão de tutela provisória, a evidência do direito, tal como preveem os
arts. 294 e 311. Pergunta-se:

a) Identifique a diferença entre tutela antecipada e tutela cautelar. É possível


a concessão de tutela provisória antecipada em mandado de segurança?
Ou em mandado de segurança tão somente é admissível medidas
provisórias de natureza cautelar?
A tutela antecipada é de cunho satisfativo, portanto, sua decisão antecipa os
resultados que só seriam obtidos após o término do processo. Já conforme
disposto no CPC em seu livro III, a precaução cautelar é ato judicial que ao
mesmo tempo declara interesses e os satisfaz temporariamente. Portanto, a
tutela cautelar pode ser definida como uma tutela definitiva não satisfativa
com efeitos antecipáveis. Ela tem como objetivo, portanto, preservar os
efeitos úteis da tutela definitiva satisfativa.

b) É cabível o requerimento de liminar em mandado de segurança fundada na


evidência do direito a partir da vigência do CPC/15? Ou diante das
disposições da Lei Federal n. 12.016/09, apenas é cabível o requerimento de
liminares fundadas em urgência, a outra espécie de tutela provisória prevista
no CPC/15?
Sim, é cabível o requerimento de liminar em mandado de segurança fundada na
evidencia do direito conforme disposto no art. 151, inciso IV do CTN.
De acordo com Paulo Cesar Conrado “Tal prerrogativa deve ser interpretado em
contexto com o CPC/2015, e não isoladamente, como se alheio estivesse, que é
especialmente relevante se (re)lembrarmos que a tutela de evidência, na
mencionada hipótese do inciso II do artigo 311, pauta-se na existência (i) de prova
cabal dos fatos (ideia que coincide com a de direito líquido e certo; até ai, portanto,

1
VIEIRA, Maria Leonor. A suspensão da exigibilidade do crédito tributário. São Paulo:
Dialética, 1997.
nenhuma novidade) e (ii) de tese firmada em julgamento de recursos, especial ou
extraordinário, repetitivos ou em súmula vinculante; vale dizer: quando se propõe a
aplicação, em mandado de segurança, de parâmetros tais como os da tutela de
evidência (notadamente a fundada no decantado inciso II), garante-se a incidência,
também nessa espécie processual, de um de uma dos principais pilares do
CPC/2015, sabidamente relacionado à vinculação/prevalência da orientação
jurisprudencial assentada.”

6. Dado o seguinte caso concreto: Gênesis Waves Ltda. obteve liminar em


Mandado de Segurança para suspender a exigibilidade do crédito tributário
que posteriormente foi “cassada” pela sentença de denegação da segurança.
Pergunta-se:
a) na hipótese de a empresa apelar da sentença que “cassou” a liminar, o
recebimento de sua apelação nos efeitos suspensivo e devolutivo tem o
condão de afastar os efeitos da sentença e reconstituir os efeitos da liminar?
Responder a pergunta considerando as disposições do CPC/15 a respeito dos
efeitos da apelação (vide anexo VII)
O recurso de apelação recebido no duplo efeito não tem o condão de restaurar a
liminar anteriormente concedida, mas apenas de fazer cessar os efeitos da
sentença. Desta forma, ainda que o recurso de apelação tenha sido recebido no
efeito suspensivo, não voltará a vigorar a liminar que concedeu a suspensão da
exigibilidade.

b) Há incidência de multa e juros moratórios em relação ao período em que o


crédito tributário esteve com sua exigibilidade suspensa, por força de liminar
concedida em Mandado de Segurança posteriormente cassada por ocasião
da sentença? E se a liminar foi concedida depois de vencido o prazo para
pagamento do tributo? (vide anexos VIII e IX)
De acordo com o art. 394 do Código Civil, a mora se caracteriza pela ausência de
pagamento no tempo, lugar e forma previstos. Assim, Fabiana Tomé2 afirma que,
no que se refere à obrigação tributária, a mora ocorre quando o seu cumprimento
ocorre em momento posterior àquele previsto na norma jurídica válida e vigente no
momento do vencimento do tributo. Neste sentido, ocorrendo a mora, aplica-se a
incidência de multa pelo não pagamento do tributo, bem como a aplicação de juros
em decorrência do não pagamento do tributo dentro do prazo fixado.

No entanto, havendo decisão proferida pelo Poder Judiciário que suspensa a


exigibilidade do crédito tributário, seja em medida liminar ou em tutela de urgência,
o termo final do pagamento será prorrogado, possuindo a decisão todos os efeitos
inerentes às normas jurídicas válidas e vigentes, autorizando o contribuinte a não
efetuar o recolhimento do tributo nas datas previstas pelo fisco.

2
TOMÉ, Fabiana Del Padre. Exigibilidade do crédito tributário: amplitude e efeitos de sua
suspensão. In: Congresso Nacional de Estudos Tributários: Direito Tributário e Conceito de
Direito Privado, VII. São Paulo: Noeses, 2010.
Sendo assim, a consequência lógica é que, não tendo ocorrido o termo final para o
pagamento do tributo, não há que se falar em aplicação de multa e juros no período
em que a exigibilidade esteve suspensa.

Caso ocorra a revogação da referida decisão, seja através de sentença ou de


decisão em agravo de instrumento, em homenagem ao principio da segurança
jurídica e ao direito adquirido, a incidência de multa e juros passa a incorrer a partir
da prolação da decisão que revogou a suspensão da exigibilidade.

Isto porque, a exigência do recolhimento de multa e juros moratórios na hipótese


suscitada, implicaria na total desconsideração dos efeitos da decisão judicial
proferida anteriormente, tornando-a inexistente e, além disso, haveria a punição do
contribuinte que, no exercício de seu direito à ampla defesa, buscou o Poder
Judiciário, obteve decisão favorável e a cumpriu.

No que se refere à hipótese de liminar concedida após o vencimento da obrigação,


haverá a incidência de multa e juros apenas entre a data do vencimento da
obrigação e a data em que foi proferida a decisão judicial, aplicando-se a mesma
lógica acima descrita.

Este é, inclusive, o entendimento do STJ, conforme se verifica na ementa abaixo:

TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO. FINSOCIAL. MANDADO DE


SEGURANÇA. LIMINAR. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE. SEGURANÇA
DENEGADA. PAGAMENTO DO TRIBUTO DEVIDO NO PRAZO DO ART.
63, § 2º, DA LEI N. 9.430/96. AFASTAMENTO DOS JUROS E MULTA DE
MORA EM RELAÇÃO AO PERÍODO EM QUE A LIMINAR VIGEU.
1. A Corte de origem entendeu que não incidem multa nem juros moratórios
em relação ao período em que o crédito tributário esteve com sua
exigibilidade suspensa, por força de liminar concedida em mandado de
segurança, posteriormente cassada por ocasião da sentença.
2. O julgado está amparado no art. 63, § 2º, da Lei n. 9.430/96, que dispõe:
"a interposição da ação judicial favorecida com a medida liminar interrompe
a incidência da multa de mora, desde a concessão da medida judicial, até 30
dias após a data da publicação da decisão judicial que considerar devido o
tributo ou contribuição".
3. É de rigor a incidência da regra, para afastar a cobrança dos juros e
da multa de mora em desfavor do contribuinte, nestes casos.
Precedente da Turma no AgRg no REsp 1005599/MG, Rel. Min. Humberto
Martins, Segunda Turma, DJe 13/06/2008.
4. Agravo regimental provido para negar provimento ao recurso especial da
Fazenda Nacional.
(AgRg no REsp 839.962/MG, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES,
SEGUNDA TURMA, julgado em 06/04/2010, DJe 16/04/2010) – Grifado.
7. Antes de responder a esta pergunta aponte a distinção entre tutela antecipada
e tutela cautelar tal como colocada na resposta à questão “5. a)”. Fixados
esses conceitos, responda à seguinte pergunta: diante do novo cenário das
tutelas provisórias do código de processo civil de 2015, a ordem judicial
suspensiva da exigibilidade da obrigação tributária, tenha fundamento na
urgência ou na evidência, assume natureza antecipada ou cautelar?
Enquanto a tutela antecipada é de cunho satisfativo, portanto, sua decisão
antecipa os resultados que só seriam obtidos após o término do processo, a tutela
cautelar tem por finalidade assegurar os resultados até o término do processo.
processo, a tutela cautelar visa assegurar um direito da parte, permitindo que a
mesma possa procurar o direito que busca ao fim faça o processo.
Nesse sentido, a ordem judicial suspensiva da exigibilidade da obrigação tributária
poderá ter fundamento tanto na urgência como também na evidência dependendo
do caso concreto.

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