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18148230 08012.001385/2022-19
1. RELATÓRIO
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"É comida que nós vendemos. Sim, tem formas de órgãos genitais, mas ainda é comida. A
maioria das pessoas vê isso como engraçado e novo. Cabe aos pais, avós e outras pessoas
com mais de 18 anos decidirem se querem trazer alguém com menos de 18 anos."
2. FUNDAMENTAÇÃO
Art. 234 - Fazer, importar, exportar, adquirir ou ter sob sua guarda, para fim de comércio,
de distribuição ou de exposição pública, escrito, desenho, pintura, estampa ou qualquer
objeto obsceno:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem:
I - vende, distribui ou expõe à venda ou ao público qualquer dos objetos referidos neste
artigo;
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2.5. O Código de Defesa do Consumidor é expresso e objetivo e, nos termos do art. 39,
IV, considera de forma clara a prática abusiva de quem se prevalece da fragilidade, fraqueza ou
ignorância do consumidor, em razão de sua idade, saúde, conhecimento ou condição social, para
impor-lhe seus produtos ou serviços.
2.6. Nesse propósito, o público infanto-juvenil aparece como figura de destaque na discussão,
seja por sua evidente hipervulnerabilidade, seja pelo seu direito ao autodesenvolvimento cultural
consciente e refletido.
2.7. São esses os vetores que condicionam e, por isto mesmo, determinam a restrição das
fotografias das revistas masculinas nas bancas de jornais, as quais, aliás, sequer podem ser vendidas a
menores de dezoito anos.
2.8. Também é esse o impeditivo para que casas de entretenimento adulto exibam imagens do
interior do estabelecimento ou mesmo tenham nomes sugestivos nos seus cartazes, a exemplo do que
ocorre com os filmes de sexo explícito que, desde há muito, precisaram adaptar os seus títulos e slogans
para algo subentendido.
2.9. Esse último ponto, a propósito, atingiu o seu ápice quando da edição do chamado
Relatório Willians (1979)[1], tão bem analisado por Ronald Dworkin no seu ensaio Temos Direito à
Pornografia[2]?
2.10. A conclusão de Dworkin foi pela admissão de parte do Relatório, basicamente para aceitar
o consumo privado da pornografia, mas com a possibilidade jurídica da restrição pública a esse
“produto”. Disse o Professor:
“Concluo que o direito à independência moral, se é um direito genuíno, exige uma atitude
jurídica permissiva para com o consumo privado de pornografia, mas que certa concepção
concreta desse direito, não obstante, permite um esquema de restrição bastante
semelhante ao que recomenda o relatório Willians.”
2.11. E mais adiante, no mesmo texto:
“Em vez disso, argumento que, sejam ou não fundamentadas as reivindicações
instrumentais do Relatório Willians, a liberdade privada é exigida e a restrição pública é
permitida quando se recorre a uma concepção atraente de um direito político importante”.
2.12. Portanto, em verdade, não se cuida apenas da condição do infante, mas de todo e
qualquer consumidor, que de alguma forma reaja às imagens, cenas e apelos de natureza sexual expostos
comercialmente, nesse tipo de atividade.
2.13. O que deve ser entendido, é que as empresas arguidas não vendem apenas waffles,
sorvetes ou crepes, como registrou a representada em sua entrevista, mas pornografia gratuita
camuflada de guloseimas, do mesmo modo que um sex shop não vende látex, mas produtos destinados
ao prazer íntimo.
2.14. Contudo, poder-se-ia argumentar que os casos acima citados veiculavam pornografias, nus
e genitálias reais, o que muito se distanciaria de meros waffles em formas de pênis e vaginas.
2.15. Mas uma pergunta talvez responda: uma pessoa que compre um "piroffle" (ilustrado nas
fotos abaixo) para consumi-lo na porta de uma escola infantil, estará agindo de maneira indiferente?
2.16. Os fotogramas acostados a este processo deixam claro que não. Veja-se, alguns deles:
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2.17. São réplicas perfeitas de órgãos sexuais, melados com caldas que, por sua densidade e
cores, buscam reproduzir o ato do orgasmo, no mais das vezes.
2.18. Foi por essa razão que os Projetos de Lei nº. 095/2022 (Londrina/PR)[3] e nº. 316/2022
(Belo Horizonte/MG)[4] buscaram, o primeiro, a proibição da venda desses produtos, e o segundo, a
restrição do ingresso nessas lojas às crianças e adolescentes, nas suas respectivas casas legislativas.
2.19. E a partir desse cenário, a intervenção estatal passou a ser uma questão de coerência, haja
vista que todos os fornecedores de produtos e serviços ligados ao mercado erótico, alhures listados – e
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que possuem limitação legal até para as suas propagandas -, passarão a reclamar também o seu direito à
exposição dos seus conteúdos, em consonância com o que se está permitindo às lojas de simulacros
sexuais, como é o caso das investigadas. Seria uma questão de isonomia.
2.20. As lojas de sex shop, por exemplo, também trabalham com órgãos sexuais sintéticos e são
impedidas por leis locais de exporem os seus produtos e serviços. É o que diz, v. g., o Código de Posturas
Municipais do Rio de Janeiro:
2.22. E também a Lei nº 4.773, de 24 de fevereiro de 2012, que dispõe sobre a proibição de
exibição, aluguel e venda de material pornográfico e erótico para menores de 18 anos, no âmbito do
Distrito Federal:
2.23. A preocupação legal (Estatal), como visto, com a condição do menor nesse encadeamento
de causas e efeitos é tamanha, até mesmo para dar vida ao mandamento constitucional ínsito ao artigo
227 da Carta Republicana, cujo caput possui a seguinte dicção:
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2.27. Ainda nesse mesmo artigo, logo ao início, há a menção a um trecho de um relatório
apresentado a uma firma de relações públicas de Nova York, assim redigido: “Uma porção de pessoas
infantis nunca vai além de sentir prazer com a boca”.
2.28. Nesse contexto, interessante mencionar a matéria escrita por Joaquim Ferreira dos Santos,
no Jornal O Globo (anexa), na qual ressalta a realidade atualmente vivenciada pela sociedade e a
alteração de valores, ilustrando a situação com a abertura da loja "La Putaria", no bairro de Ipanema, na
cidade do Rio de Janeiro/RJ, no mesmo período em que a penúltima livraria do bairro fecha as suas
portas. Em um dos trechos, assim fala o autor:
"Não vou gastar meu palavreado à toa, em considerações sobre a polêmica do sexo servido
doce nos balcões de Ipanema. Os rapapés da crônica são desnecessários quando o
tamanho dos fatos está logo ali na esquina e, curto e grosso, denuncia mais um drama dos
tempos. Fecharam a livraria, abriram La Putaria."
2.29. O que se vê é que o mercado de lojas como as das representadas vem crescendo, com o
aumento da venda e da circulação dos seus respectivos produtos e a exposição de conteúdos impróprios
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e inadequados ao público em geral, incluindo menores de idade, pelo que faz-se necessário que
seja devidamente observado o regramento por este novo nicho que vem surgindo em nossa sociedade.
2.30. Não se trata, pois, de puritanismo, censura ou limitação ao livre exercício profissional,
como poderia ensaiar um mal-intencionado. À solução da questão bastam a Constituição da República
Federativa do Brasil, o Código de defesa do Consumidor e o Estatuto da Criança e do Adolescente, para se
vislumbrar que é imperativa a atuação da Secretaria Nacional do Consumidor, a fim de que as lojas e
redes do estilo se adaptem rapidamente aos ditames constitucionais e legais consumeristas.
2.37. No caso em questão, conforme amplamente demonstrado acima, a maneira explícita como
o conteúdo sexual das lojas é exposto e comercializado, a vulnerabilidade dos seus clientes, dentre os
quais, existem, também, crianças, revelam de forma clara a prática abusiva de quem se prevalece da
fragilidade, da fraqueza ou, ainda, da ignorância do consumidor, em razão de sua idade, saúde,
conhecimento ou condição social, para ofertar-lhe seus produtos ou serviços, tal qual já descrito no art.
39, IV do CDC.
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2.38. A criança e o adolescente têm direito à informação, cultura, lazer, esportes, diversões,
espetáculos e produtos e serviços que respeitem sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. A
inobservância das normas de prevenção importará em responsabilidade da pessoa física ou jurídica, nos
termos do Estatuto da Criança e do Adolescente (arts. 71 a 73).
2.39. O Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90) dispõe, em seu art. 201, V, que
“compete ao MP (…) promover o inquérito civil e a ação civil pública para a proteção dos interesses
individuais, difusos ou coletivos relacionados à infância e à adolescência (…).”
2.40. No âmbito da Administração Pública, cada órgão ou repartição tem diferentes e específicas
atribuições legais para garantir o direito dos cidadãos dentro de suas competências e especialidades. Na
fiscalização das infrações às relações de consumo, todos os integrantes do Sistema Nacional de Defesa do
Consumidor têm competência concorrente no exercício do poder de polícia administrativo, cabendo à
Secretaria Nacional do Consumidor a coordenação da Política Nacional de Defesa do Consumidor.
2.41. De acordo com o Decreto nº 7.738/2012, que criou a Secretaria Nacional do Consumidor
(Senacon), bem como o art. 106 do Código de Defesa do Consumidor e o art. 3º do Decreto nº 2.181/97,
a Senacon é um órgão federal que concentra suas atividades no planejamento, elaboração, coordenação
e execução da Política Nacional das Relações de Consumo.
2.42. Nesse sentido, a Senacon conta com o Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor
(DPDC), o qual, de acordo com o art. 18 do Regimento Interno da Senacon (Portaria nº 1.840, de 21 de
agosto de 2012, publicada no D.O.U, de 22 de agosto de 2012 – Seção 1 – n. 163, fls. 26-29), é órgão de
assessoria para análise, planejamento, fiscalização e acompanhamento do Sistema Nacional do
Consumidor. Assim, de acordo com o inciso XI do mesmo artigo, compete ao DPDC fiscalizar demandas
que envolvam relevante interesse geral e de âmbito nacional.
2.43. Além disso, cabe ao DPDC a aplicação de sanções administrativas previstas nas normas de
defesa do consumidor, somadas à aplicação de medidas cautelares para a salvaguarda de direitos
consumeristas. Para tanto, pode iniciar investigações preliminares e instaurar processos administrativos,
nos termos dos arts. 55 a 60 e 106 do Código de Defesa do Consumidor; das disposições do Decreto
2.181/97; e do art. 18, III, do Regimento Interno da Senacon – Portaria n.º 1.840, de 21 de agosto de
2012, publicada no D.O.U, de 22 de agosto de 2012.
2.44. Outrossim, no que concerne às atribuições legais específicas do DPDC, deve ser destacado,
ainda, o respeito do exercício do Poder de Polícia entre a União, os Estados, os Municípios, e o Distrito
Federal, o qual segue a distribuição constitucional das competências administrativas, com base no
Princípio da Predominância do Interesse. Com base no inciso XI do art. 18 do Regimento Interno da
Secretaria Nacional do Consumidor, caberá ao DPDC a apreciação de matérias e questões de
predominante interesse geral, ao passo em que, aos Estados, ficam afetas as matérias de predominante
interesse regional, e aos municípios concernem os assuntos de interesse local.
2.45. O interesse geral evidencia-se quando a causa transcende os interesses subjetivos das
partes, ou seja, envolvem questões que se apresentam substancialmente relevantes para todo o País e
repercutem em toda a sociedade. Nesse sentido, por meio da Nota Técnica nº 328 CGAJ/DPDC/2005
(SEI 15135102), firmou-se entendimento de que ao DPDC compete, prioritariamente, a análise de
questões que tenham repercussão nacional e interesse geral.
2.46. A doutrina da proteção integral visa assegurar a crianças e adolescentes diversos direitos, a
fim de garantir o melhor interesse dos menores. Com base no art. 227 da Constituição e em dispositivos
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Art. 5º Constituem áreas prioritárias para as políticas públicas para a primeira infância a
saúde, a alimentação e a nutrição, a educação infantil, a convivência familiar e
comunitária, a assistência social à família da criança, a cultura, o brincar e o lazer, o
espaço e o meio ambiente, bem como a proteção contra toda forma de violência e de
pressão consumista, a prevenção de acidentes e a adoção de medidas que evitem a
exposição precoce à comunicação mercadológica.
2.56. No caso dos autos, em se tratando de produtos com conteúdo de cunho sexual explícito,
bem como de estabelecimentos contendo mensagens e imagens altamente sugestivas, as representadas
deveriam evitar que crianças e adolescente ficassem expostos a apelos inadequados a sua faixa etária.
2.57. A venda de produtos em formatos de órgãos sexuais e a permissão de ingresso de crianças
e adolescentes em estabelecimentos com conteúdo erótico mostrou-se inadequado e totalmente
inapropriado. O que vem ocorrendo, de fato, é a exposição inadequada de crianças e adolescente a
insinuações sexuais.
2.58. Tal questão aplica-se, também, aos consumidores adultos, que não desejam conviver com
a exposição de conteúdos pornográficos, ao transitarem livremente pelas ruas.
2.59. Tendo-se em vista a exposição inadequada de consumidores de todas as faixas etárias, sem
restrições, entende-se que houve, também, a violação do inciso IV do art. 39 do CDC, que considera
abusivo o fornecedor se provalecer “da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua idade,
conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus produtos ou serviços”.
2.60. Outro tópico que precisa ser enfrentado neste passo, diz respeito ao nome (fantasia ou
não) atribuído a cada uma das empresas. Relembre-se: “La Putaria”, “Ki Putaria” e “La Pirokita”, são os
cognomes de três das quatro empresas embargadas.
2.61. A loja/rede Assanhadxs, em princípio, não estaria nesse rol, já que o seu apelido não
remeteria (ao menos diretamente) a turpilóquios.
2.62. No que tange às demais, no entanto, não há dúvidas de que constituem impropérios e
obscenidades, aos quais se pretende dar as vestes de criatividade. Sem sucesso, todavia.
2.63. Custa a crer, aliás, que esses nomes tenham sido aprovados sem reserva pelos órgãos
locais de registro público, haja vista, que, assim como os seus produtos, os títulos ostentados pelas lojas
das demandadas impactam negativamente os consumidores, notadamente os que ainda se encontram
em fase de formação sociocultural, como ocorre com as crianças e adolescentes.
2.64. Por essa razão, tudo o que foi dito e assertado acima a respeito dos produtos
comercializados pelas empresas indigitadas, com maior razão, vale também para os seus nomes de
apresentação empresarial.
2.65. Por isso, a serem mantidas essas rubricas comerciais, é mister que sejam reservadas
apenas ao interior dos próprios estabelecimentos ou, enquanto estejam expostas, cobertas, como já
procedido pela loja de Ipanema (RJ) da empresa La Putaria.
2.66. A medida é necessária, outrossim, para que haja um alinhamento - e até mesmo simetria –
com os departamentos congêneres, aos quais são impostas regras de propaganda e exposição pelo Poder
Público.
2.67. O inciso VI do art. 56 do CDC, bem como o art. 18 do Decreto nº 2.181, de 20 de março de
1997, determinam que, caso haja infrações às normas de defesa do consumidor, os fornecedores ficarão
sujeitos a diversas sanções administrativas, sem prejuízo das de natureza civil, penal e das definidas em
normas específicas, sendo-lhe imposta a suspensão de fornecimento de produtos, serviços ou atividades,
a ser aplicada pela própria autoridade administrativa, inclusive através de medida cautelar, antecedente
ou incidente no procedimento administrativo.
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Art. 56. As infrações das normas de defesa do consumidor ficam sujeitas, conforme o caso,
às seguintes sanções administrativas, sem prejuízo das de natureza civil, penal e das
definidas em normas específicas:
(...)
VI - suspensão de fornecimento de produtos ou serviço;
VII - suspensão temporária de atividade;
(...)
IX - cassação de licença do estabelecimento ou de atividade;
(...)
Parágrafo único. As sanções previstas neste artigo serão aplicadas pela autoridade
administrativa, no âmbito de sua atribuição, podendo ser aplicadas cumulativamente,
inclusive por medida cautelar, antecedente ou incidente de procedimento administrativo.
Art. 18. A inobservância das normas contidas na Lei nº 8.078, de 1990, e das demais
normas de defesa do consumidor constituirá prática infrativa e sujeitará o fornecedor às
seguintes penalidades, que poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente, inclusive de
forma cautelar, antecedente ou incidente no processo administrativo, sem prejuízo das de
natureza cível, penal e das definidas em normas específicas:
(...)
VI - suspensão de fornecimento de produtos ou serviços;
VII - suspensão temporária de atividade;
(...)
IX - cassação de licença do estabelecimento ou de atividade.
(...)
§ 1º Responderá pela prática infrativa, sujeitando-se às sanções administrativas previstas
neste Decreto, quem por ação ou omissão lhe der causa, concorrer para sua prática ou dela
se beneficiar.
§ 2º As penalidades previstas neste artigo serão aplicadas pelos órgãos oficiais integrantes
do SNDC, sem prejuízo das atribuições do órgão normativo ou regulador da atividade, na
forma da legislação vigente.
§ 3º As penalidades previstas nos incisos III a XI deste artigo sujeitam-se a posterior
confirmação pelo órgão normativo ou regulador da atividade, nos limites de sua
competência.
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2.72. Adicionalmente, há que se ressaltar que, quanto mais tempo disponível a atividade das
representadas e a comercialização dos produtos, mais suscetíveis, também, estão as gerações de crianças
e adolescentes que consumirão produtos e informações impróprios à sua formação. O número de
manifestações públicas em relação ao tema em comento evidencia de forma inequívoca o impacto no
seio social.
2.73. Assim, diante do exposto, torna-se imperiosa a aplicação de medida cautelar para a
imediata suspensão da atividade das representadas, até que esta seja readequada, tendo em vista a
necessária proteção à criança e ao adolescente.
2.74. Ademais, não há que se falar em risco de irreversibilidade da medida. Naturalmente, essa
decisão não antecipa o mérito e pode ser revista a qualquer tempo, caso o acervo probatório indique
conclusão diferente desta ora adotada.
3. CONCLUSÃO
3.1. Diante do exposto, com fulcro nos artigos 56 do CDC, 18 do Decreto nº 2.181, de 20 de
março de 1997, e 3º da Portaria nº 07/2016 deste Ministério da Justiça, e tendo em vista a necessidade
imperiosa da implementação de medidas voltadas à proteção dos consumidores, em especial daqueles
hipervulneráveis, em prol da tutela dos princípios basilares do Código de Defesa do Consumidor, ligados
à tutela do direito à vida, à saúde e à segurança, além da transparência inerente às relações de consumo
e o respeito às normas que pressupõem o cumprimento da boa-fé objetiva, determino a edição de
decisão cautelar, pelo Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor, nos seguintes termos:
3.2. Após o quinto dia, contado da ciência da presente decisão (01/06/2022), incidirá multa
diária (astreintes), a ser arbitrada no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais), caso não cumprida as
determinações dos itens acima referidos, em desfavor das representadas, sem prejuízo de que sejam
aplicadas, posteriormente, demais sanções administrativas e penais, nos termos da legislação de
regência, incluindo-se a cassação de licença dos estabelecimentos e a suspensão da atividade.
- À COARI, para que expeça ofício dando conhecimento da presente decisão, e dos
documentos anexos, aos órgãos do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor, para
fins de fiscalização de cumprimento da presente medida.
- À CSA para que: 01) expeça ofício à Secretaria Nacional dos Direitos da Criança e do
Adolescente do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, para
conhecimento e adoção das providências cabíveis no que tange às supostas práticas
infrativas, com cópia da presente decisão; 02) expeça ofício ao Ministério Público dos
Estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Bahia e Paraná, para conhecimento
e adoção das providências cabíveis no que tange às supostas práticas infrativas, com
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cópia da presente decisão; 03) expeça ofícios aos gabinetes dos vereadores Jéssica
Ramos Moreno (PP) e Álvaro Damião (DEM), para conhecimento da presente decisão
administrativa, tendo em vista a apresentação de Projetos de Lei, que versam sobre o
tema; 04) expeça ofícios à Junta Comercial do Rio de Janeiro (JUCERJA), à Junta
Comercial de Minas Gerais (JUCEMG), à Junta Comercial da Bahia (JUCEB), à Junta
Comercial de São Paulo (JUCESP), e à Junta Comercial do Paraná (JUCEPAR), para
conhecimento da presente decisão administrativa; 05) expeça ofícios às Delegacias do
Consumidor dos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Paraná,
para conhecimento da presente decisão administrativa; 06) expeça ofícios aos Procons
regionais (Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Maringá e Paranavaí/PR),
para que tomem ciência e fiscalizem o cumprimento da presente da decisão; 07) expeça
ofícios às prefeituras de Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Maringá e
Paranavaí/PR, para conhecimento da presente decisão; e 08) expeça ofício à Expo
Paranavaí, para que tome ciência da presente decisão, ante a notícia de exposição no
local por uma das representadas.
ANEXOS
Projeto de Lei nº 95/2022 (SEI 18164693)
Projeto de Lei nº 316/2022 (SEI 18164717)
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