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SEMINÁRIO II - SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO, MANDADO

DE SEGURANÇA E TUTELAS PROVISÓRIAS

ALUNA: MARIANA LOPES MORAES FERREIRA

1. No art. 151 do CTN, que significa o termo “exigibilidade”? Quando surge essa
“exigibilidade”? E qual o efeito da suspensão da exigibilidade? Impede-se (i) o
lançamento, (ii) a inscrição na dívida ativa, (iii) a execução fiscal; (iv) todos estes
atos? (vide anexo I a IV).

O professor Hugo de Brito Machado Segundo ensina que: “Uma das


características do crédito tributário é a de ser exigível. Devidamente constituído pelo
lançamento, o crédito deve ser pago, sob pena de o sujeito passivo sofres os efeitos da mora,
perdendo o direito à obtenção de “certidões negativas” junto à repartição fazendária
correspondente, submetendo-se à execução fiscal etc.”
O professor Paulo de Barros Carvalho ensina que: “Por exigibilidade havemos de
compreender o direito que o credor tem de postular, efetivamente, o objeto da obrigação, e isso
tão só ocorre, como é obvio, depois de tomadas todas as providências necessárias à
constituição da dívida, com a lavratura do ato de lançamento tributário. (...) É o lançamento que
constituiu o crédito tributário e que lhe confere foros de exigibilidade, tornando-o susceptível de
ser postulado, cobrado, exigido.”
Assim após entender exigibilidade, temos o termo no artigo 151 CTN, nesse artigo
o termo significa que, conforme parágrafo único, fica o devedor dispensado durante o curso de
umas seis hipóteses do artigo, da obrigação tributária principal, mas deve o mesmo cumprir as
obrigações acessórias.
Conforme ensinamento transcrito acima temos que a exigibilidade surge no
lançamento.
Como efeito da suspensão da exigibilidade temos que se impede a inscrição na
dívida ativa bem como a execução fiscal, conforme anexo I, item 10, anexo III, item 1.

2. Em que sentido a expressão “crédito tributário” foi utilizada no art. 151 do CTN? Essa
expressão congrega também liames decorrentes da prática de atos ilícitos (e.g. multa
por desrespeito aos deveres instrumentais)?

No artigo 151 entendo que crédito tributário é usado para expressar a obrigação
tributária principal. Dessa forma entendo que a expressão não engloba liames decorrentes da
prática de atos ilícitos bem como não engloba as obrigações acessórias.
3. As hipóteses de “suspensão da exigibilidade do crédito tributário” previstas no art.
151 do CTN são taxativas? (vide anexo V)

Nos termos do artigo 141 do CTN temos que as hipóteses de suspensão de


exigibilidade do crédito tributário são taxativas.

Segue redação do artigo 141:

Art. 141. O crédito tributário regularmente constituído somente se modifica ou


extingue, ou tem sua exigibilidade suspensa ou excluída, nos casos previstos nesta
Lei, fora dos quais não podem ser dispensadas, sob pena de responsabilidade
funcional na forma da lei, a sua efetivação ou as respectivas garantias.

3.1. Considerando que não houve alteração nos art. 151 do CTN, pergunta-se:

a) A equiparação, prescrita pelo §2º do art. 835 do CPC/15, a dinheiro da fiança


bancária e do seguro garantia, tem o condão de consagrar a hipótese de suspensão
da exigibilidade do crédito tributário prevista no art. 151, II, do CTN?

Tendo em vista que o rol é taxativo, não é possível consagrar a hipótese de


dinheiro da fiança bancária e do seguro garantia como forma de suspensão da exigibilidade do
crédito tributário.

b) As espécies de tutela provisória, identificadas segundo o fundamento do pedido,


se de urgência ou de evidência, previstas no CPC/15 se aplicam ao Processo
Tributário? Tais medidas têm o condão de suspender a exigibilidade do crédito
tributário?

As tutelas se aplicam ao Processo Tributário, outrossim, conforme inciso V do


arrigo 151 as tutelas têm o condão de suspender a exigibilidade do crédito tributário.

4. Sobre o depósito judicial efetuado nos autos de uma ação declaratória proposta antes
da constituição do crédito tributário, pergunta-se:

(a) Trata-se de faculdade do contribuinte?


Sim, o deposito é faculdade do sujeito passivo, tendo em vista que não pode ser
considerado obrigatório, nem colocado em condição para que se possa questionar em juízo
determinada exigência legal.

(b) Há distinção entre depósito judicial para fins do art. 151, II do CTN e prestação de
caução?

Sim, existe distinção.

“1. As hipóteses de suspensão da exigibilidade do crédito tributário estão


previstas no art. 151 do Código Tributário Nacional, dentre as quais não se
inclui a oferta de seguro-garantia. 2. O Superior Tribunal de Justiça, nos
autos do Recurso Especial n. 1.156.668/DF, julgado sob a sistemática dos
recursos repetitivos (Tema Repetitivo n. 378), adotou o entendimento de
que a fiança bancária ou o seguro-garantia não tem o condão de suspender
a exigibilidade do crédito tributário, diante da taxatividade do rol do art. 151
do Código Tributário Nacional.”
Acórdão 1647216, 07308453620228070000, Relator: HECTOR VALVERDE
SANTANNA, Segunda Turma Cível, data de julgamento: 30/11/2022,
publicado no DJE: 15/12/2022.

“1. A Primeira Seção desta Corte firmou orientação segundo a qual


"a suspensão da exigibilidade do crédito tributário encontra-se taxativamente
prevista no art. 151 do CTN, sendo certo que a prestação de caução,
mediante o oferecimento de fiança bancária, ainda que no montante integral
do valor devido, não ostenta o efeito de suspender a exigibilidade do
crédito tributário, mas apenas de garantir o débito exequendo, em
equiparação ou antecipação à penhora, com o escopo precípuo de viabilizar
a expedição de Certidão Positiva com Efeitos de Negativa e a oposição de
embargos" (REsp 1.156.668/DF, Repetitivo, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira
Seção, DJe 10.12.2010). 2. O seguro-garantia e a carta-fiança não servem
para a finalidade de suspender a exigibilidade do crédito tributário cobrado. A
respeito: AgInt no REsp 1.854.357/DF, Rel. Ministro Benedito Gonçalves,
Primeira Turma, DJe 11.12.2020; e AgInt no AREsp 1.646.379/RJ, Rel.
Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 1º. 10.2020. 3. Além
disso, o oferecimento de seguro-garantia ou de fiança bancária tampouco
serve à pretensão de impedir ou excluir a inscrição no Cadastro Informativo
dos Créditos não Quitados - Cadin, salvo se, por outro motivo - como no
caso de tutelas judiciais antecipatórias (art. 151, IV e V, do CTN) -, o
crédito tributário estiver com a exigibilidade suspensa.”
AgInt nos EDcl no REsp 2001275/PB, relator: Ministro Herman Benjamin,
Segunda Turma, julgado em 7/12/2022, DJe 13/12/2022 .

Ademais a prestação de caução por não estar prevista no artigo 151 do CTN não
suspende a exigibilidade.

(c) O levantamento do depósito judicial vincula-se ao êxito (com trânsito em julgado)


da ação proposta pelo contribuinte ou o juiz pode a qualquer tempo autorizar o
levantamento? (vide anexo VI)

Conforme anexo VI, o levantamento do depósito judicial está vinculado ao êxito da


ação, com base no artigo 32 da Lei 6.830/80.

5. A partir da vigência do CPC/15 foi instituído um novo fundamento para a concessão de


tutela provisória, a evidência do direito, tal como preveem os arts. 294 e 311.
Pergunta-se:

a) Identifique a diferença entre tutela antecipada e tutela cautelar. É possível a


concessão de tutela provisória antecipada em mandado de segurança? Ou em
mandado de segurança tão somente é admissível medidas provisórias de
natureza cautelar?
Na tutela antecipada o juiz deve verificar se o sujeito passivo, autor da ação, tem
razão, ou seja, se está demonstrado de forma inquestionável a fumaça do bom direito, bem
com que a demora pelo julgamento definitivo pode lhe causar danos irreparáveis. Já na tutela
cautelar é aquela onde não existe nenhum risco na demora do julgamento, entretanto está
evidente o direito do autor da ação e por ser tão evidente tal direito o mesmo pode ser já
deferido antes do julgamento definitivo da demanda.
É possível a concessão de tutela provisória antecipada e cautelar em mandado de
segurança.

b) É cabível o requerimento de liminar em mandado de segurança fundada na


evidência do direito a partir da vigência do CPC/15? Ou diante das disposições da Lei
Federal n. 12.016/09, apenas é cabível o requerimento de liminares fundadas em
urgência, a outra espécie de tutela provisória prevista no CPC/15?

Sim é possível o requerimento de liminar em mandado de segurança fundada na


evidência do direito a partir da vigência do CPC/15.

6. Dado o seguinte caso concreto: Gênesis Waves Ltda. obteve liminar em Mandado de
Segurança para suspender a exigibilidade do crédito tributário que posteriormente foi
“cassada” pela sentença de denegação da segurança. Pergunta-se:

a) na hipótese de a empresa apelar da sentença que “cassou” a liminar, o


recebimento de sua apelação nos efeitos suspensivo e devolutivo tem o condão de
afastar os efeitos da sentença e reconstituir os efeitos da liminar? Responder a
pergunta considerando as disposições do CPC/15 a respeito dos efeitos da apelação
(vide anexo VII)

Quando o recurso de Apelação é recebido no duplo efeito não tem o condão de


restaurar a liminar anteriormente concedida, mas apenas de fazer cessar os efeitos da
sentença. Desta forma, mesmo que o recurso de Apelação tenha sido recebido no efeito
suspensivo, não voltará a vigorar a liminar que concedeu a suspensão da exigibilidade.

b) Há incidência de multa e juros moratórios em relação ao período em que o crédito


tributário esteve com sua exigibilidade suspensa, por força de liminar concedida em
Mandado de Segurança posteriormente cassada por ocasião da sentença? E se a
liminar foi concedida depois de vencido o prazo para pagamento do tributo? (vide
anexos VIII e IX)

Entendo que existindo decisão proferida pelo judiciário que determina suspensão
da exigibilidade do crédito tributário, seja em medida liminar ou em tutela de urgência, o termo
final do pagamento estará prorrogado, tendo a decisão todos os efeitos inerentes às normas
jurídicas válidas e vigentes, autorizando o sujeito passivo da relação tributária a não efetuar o
recolhimento do tributo nas datas previstas pelo fisco.

Assim, não tendo ocorrido o termo final para o pagamento do tributo, não há que
se falar em aplicação de multa e juros no período em que a exigibilidade esteve suspensa.
Assim prevê o artigo 63, § 2º da Lei nº 9.430/96.

7. Antes de responder a esta pergunta aponte a distinção entre tutela antecipada e tutela
cautelar tal como colocada na resposta à questão “5. a)”. Fixados esses conceitos,
responda à seguinte pergunta: diante do novo cenário das tutelas provisórias do
código de processo civil de 2015, a ordem judicial suspensiva da exigibilidade da
obrigação tributária, tenha fundamento na urgência ou na evidência, assume natureza
antecipada ou cautelar?

Entendo que assume natureza cautelar posto que estará evidente o direito mas
não existe nenhum dano que será irreversível.

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