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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

CURSO DE DIREITO

DISCIPLINA: DIREITO TRIBUTÁRIO I

TURMAS: SEMESTRE 2021.2

PROFESSORA: DANIELA DE ANDRADE BORGES

PRAZO DE ENTREGA: 23/11/2021.

ESTUDO DIRIGIDO 10

Este Estudo Dirigido foi respondido com base nas seguintes obras:

• Costa, Regina Helena Curso de direito tributário - Constituição e Código


Tributário Nacional. – 9. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2019.

• Sabbag, Eduardo Direito tributário essencial. – 7. ed. – Rio de Janeiro: Forense;


São Paulo: MÉTODO, 2020.

1. Quais são as hipóteses de suspensão da exigibilidade do crédito tributário?


Explique cada uma.

As hipóteses de suspensão da exigibilidade do crédito tributário estão previstas


no art. 151 do CTN, in verbis:

Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário:

I - moratória;

II - o depósito do seu montante integral;


III - as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras
do processo tributário administrativo;

IV - a concessão de medida liminar em mandado de segurança.

V – a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em


outras espécies de ação judicial; (Incluído pela Lcp nº 104, de
2001)

VI – o parcelamento. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001)

Parágrafo único. O disposto neste artigo não dispensa o


cumprimento das obrigações assessórios dependentes da
obrigação principal cujo crédito seja suspenso, ou dela
consequentes.

A primeira hipótese de suspensão é a moratória, que é a dilação do prazo de


pagamento, sendo isto determinado por lei. A moratória é disciplinada pelos artigos 152
a 155 do CTN.

Já o depósito do montante integral, previsto no inciso II, suspende a exigibilidade


do crédito. Assim, quando o contribuinte deposita o valor total relativo ao crédito
tributário, a sua exigibilidade é suspensa, uma vez que a obrigação tributária já está
cumprida nesse momento. Todavia, é importante esclarecer que o depósito em questão é
o judicial, não o administrativo, visto que, é a hipótese de reclamações e recursos
administrativos que suspende a exigibilidade do crédito tributário na esfera
administrativa. Sobre o assunto, a doutrinadora Regina Helena Costa escreve, nos
seguintes termos:

“A hipótese do Código, por óbvio, refere-se ao depósito judicial,


pois, no âmbito administrativo, a suspensão já estaria assegurada
pela utilização de reclamações e recursos (art. 151, III, CTN).
Assim, o depósito administrativo visa evitar a atualização
monetária da dívida, porquanto a propositura da execução fiscal
já está inibida em razão do próprio recurso administrativo; o
depósito judicial, além de produzir esse efeito, impede o
ajuizamento da ação de execução.” (COSTA, Regina Helena;
2019)

As reclamações e recursos administrativos, por sua vez, têm como consequência


a suspensão da exigibilidade do crédito, pois não se pode exigir o crédito tributário
enquanto estiver em curso o litígio administrativo. As reclamações e os recursos
administrativos abarcam todos os meios de defesa em todas as instâncias de julgamento.
Ao final da demanda, se a sentença for favorável ao autor, dar-se-á a extinção do crédito
tributário, conforme estabelece o art. 156, IX, CTN. Porém, caso não sejam deferidos os
pedidos do autor, a exigibilidade do crédito é retomada e o sujeito passivo deve pagá-lo.

O inciso IV do dispositivo prevê como causa de suspensão de exigibilidade do


crédito tributário a concessão de liminar em mandado de segurança. Essa é uma causa de
suspensão do crédito tributário que se dá judicialmente. Segundo Eduardo Sabbag, “trata-
se de ação de rito mandamental com a possibilidade de conferir ao impetrante da ordem
uma decisão initio litis, que suspende a exigibilidade do crédito tributário, ou seja, a
liminar” (SABBAG, Eduardo; 2020). Todavia, é importante esclarecer que é os
pressupostos legais precisam estar presentes para que a liminar seja concedida, quais
sejam: relevante fundamento do pedido (fumus boni juris) e ineficácia da medida
(periculum in mora).

Já o inciso V estabelece que o crédito tributário será suspenso mediante a


concessão da tutela antecipada ou de medida liminar em outras espécies de ação judicial.
Assim, haverá a suspensão do crédito tributário caso o juiz conceda ou a tutela antecipada
(antecipação do pedido) ou a medida liminar nesse sentido em ações judiciais que não
fossem o Mandado de Segurança.

Por fim, o último inciso desse artigo traz o parcelamento. O parcelamento deve
ser autorizado por lei, visto que se deve observar o princípio da indisponibilidade do
interesse público. Essa causa de suspensão é uma espécie de moratória, sendo que a
diferença entre uma e outra se concentra no fato de que a moratória pode ser realizada de
forma unitária ou parcelada, isto é, o pagamento pode acontecer em uma ou em várias
parcelas, enquanto, no parcelamento, o pagamento somente ocorre na forma parcelada.
2. O rol das hipóteses de suspensão do crédito é taxativo?

O rol das hipóteses de suspensão do crédito tributário previsto no art. 151 do


CTN é taxativo, pois assim estabelece o art. 141 do mesmo código, o qual traz a seguinte
redação:

Art. 141. O crédito tributário regularmente constituído somente


se modifica ou extingue, ou tem sua exigibilidade suspensa ou
excluída, nos casos previstos nesta Lei, fora dos quais não podem
ser dispensadas, sob pena de responsabilidade funcional na forma
da lei, a sua efetivação ou as respectivas garantias.

3. Quais hipóteses de suspensão do crédito tributário dependem de lei do ente


federativo competente para regulamentar os termos da realização da
hipótese?

As hipóteses de suspensão do crédito tributário que dependem de lei do ente


federativo competente para regulamentar os termos da realização da hipótese são:
moratória e parcelamento.

Essas são as chamadas formas indiretas de suspensão do crédito tributário, uma


vez que é imprescindível a autorização legal para a ocorrência de tais hipóteses. É
necessário a autorização legal porque deve-se observar o princípio da indisponibilidade
do interesse público.

4. Explique a moratória e sua regulamentação no CTN.

A moratória é uma hipótese de suspensão do crédito tributário, previsto no art. 151,


I. Cuida-se da dilação do prazo de pagamento, que pode ser realizado uma única vez ou
em parcelas. É interessante acrescentar que a moratória deve ser autorizada por lei em
respeito ao princípio da indisponibilidade do interesse público. A ilustre autora Regina
Helena Costa conceitua tal modalidade de suspensão da seguinte maneira:

“A moratória é a prorrogação do prazo ou a outorga de novo


prazo, se já findo o original, para o cumprimento da obrigação
principal. Sempre dependerá de lei para sua concessão, não
somente porque a obrigação tributária é ex lege, mas também por
força do princípio da indisponibilidade do interesse público, já
que a moratória implica o recebimento do crédito fiscal
posteriormente ao prazo originalmente estabelecido.” (COSTA,
Regina Helena; 2019).

O art. 152 do CTN determina, in verbis:

Art. 152. A moratória somente pode ser concedida:

I – em caráter geral:

a) pela pessoa jurídica de direito público competente para instituir


o tributo a que se refira;

b) pela União, quanto a tributos de competência dos Estados, do


Distrito Federal ou dos Municípios, quando simultaneamente
concedida quanto aos tributos de competência federal e às
obrigações de direito privado;

II – em caráter individual, por despacho da autoridade


administrativa, desde que autorizada por lei nas condições do
inciso anterior.

Parágrafo único. A lei concessiva de moratória pode


circunscrever expressamente a sua aplicabilidade a determinada
região do território da pessoa jurídica de direito público que a
expedir, ou a determinada classe ou categoria de sujeitos
passivos.

Da leitura do dispositivo, depreende-se que existem duas categorias de


concessão da moratória: em caráter geral e em caráter individual. Na primeira categoria,
a concessão se dá mediante lei, não havendo a atuação da Administração Pública. A
moratória em caráter geral ainda é dividida em duas espécies: moratória autônoma (art.
152, I, a) e moratória heterônoma, (art. 152, I, b) sendo essa última uma forma
inconstitucional. Já na segunda categoria, se houver previsão legal, a concessão dessa
causa de suspensão é feita pela própria Administração Pública por meio do despacho
administrativo. Também deve-se ter em mente que o Parágrafo único do art. 152, CTN,
autoriza a concessão total ou parcial da moratória em relação à sua territorialidade.

O art. 153, CTN, por sua vez, define, nos seguintes termos:

Art. 153. A lei que conceda moratória em caráter geral ou autorize


sua concessão em caráter individual especificará, sem prejuízo de
outros requisitos:

I - o prazo de duração do favor;

II - as condições da concessão do favor em caráter individual;

III - sendo caso:

a) os tributos a que se aplica;

b) o número de prestações e seus vencimentos, dentro do prazo a


que se refere o inciso I, podendo atribuir a fixação de uns e de
outros à autoridade administrativa, para cada caso de concessão
em caráter individual;

c) as garantias que devem ser fornecidas pelo beneficiado no caso


de concessão em caráter individual.

Os incisos desse dispositivo determinam os requisitos, tanto obrigatórios, quanto


facultativos que devem ser observados pelo contribuinte que foi favorecido com a
moratória. Os requisitos obrigatórios são os prazos e as condições relativos à concessão,
enquanto os requisitos facultativos dizem respeito aos tributos aos quais se aplica a
suspensão, o número de parcelas e os vencimentos e garantias fornecidas pelo
beneficiário.

O art. 154, CTN, estabelece o seguinte:

Art. 154. Salvo disposição de lei em contrário, a moratória


somente abrange os créditos definitivamente constituídos à data
da lei ou do despacho que a conceder, ou cujo lançamento já tenha
sido iniciado àquela data por ato regularmente notificado ao
sujeito passivo.
Parágrafo único. A moratória não aproveita aos casos de dolo,
fraude ou simulação do sujeito passivo ou do terceiro em
benefício daquele.

Tal dispositivo define quais são os créditos que a moratória se aplica, os quais
são os definitivamente constituídos ou aqueles em que o lançamento já se iniciou.

O último dispositivo que regula a moratória é o art. 155 do CTN:

Art. 155. A concessão da moratória em caráter individual não gera


direito adquirido e será revogado de ofício, sempre que se apure
que o beneficiado não satisfazia ou deixou de satisfazer as
condições ou não cumprira ou deixou de cumprir os requisitos
para a concessão do favor, cobrando-se o crédito acrescido de
juros de mora:

I - com imposição da penalidade cabível, nos casos de dolo ou


simulação do beneficiado, ou de terceiro em benefício daquele;

II - sem imposição de penalidade, nos demais casos.

Parágrafo único. No caso do inciso I deste artigo, o tempo


decorrido entre a concessão da moratória e sua revogação não se
computa para efeito da prescrição do direito à cobrança do
crédito; no caso do inciso II deste artigo, a revogação só pode
ocorrer antes de prescrito o referido direito.

Perante esse dispositivo, resta-se evidente que a moratória não constitui direito
adquirido, logo é possível ensejar sua anulação ou cassação, se o beneficiado não
satisfizer ou deixar de satisfazer os requisitos ou não cumprir ou deixa de cumprir os
requisitos para a concessão do benefício. Nas palavras de Eduardo Sabbag:

“No caso de beneficiário que aja de boa-fé, caberá apenas a


cobrança do tributo acrescido de juros. Na hipótese de o
beneficiário ter agido com dolo, reza o artigo em estudo que se
aplicará a penalidade (multa de ofício) e suspensão do prazo de
prescrição, além do tributo e dos juros.” (SABBAG, Eduardo;
2020).
5. Explique a compensação e sua regulamentação no CTN.

Os art. 368 e art. 369 do Código Civil determinam que:

Art. 368. Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e


devedor uma da outra, as duas obrigações extinguem-se, até onde
se compensarem.

Art. 369. A compensação efetua-se entre dívidas líquidas,


vencidas e de coisas fungíveis.

Da leitura dos dispositivos supracitados, depreende-se que, de acordo com


Regina Helena Costa, para haver a compensação é necessário que haja a mutualidade de
obrigações; liquidez do débito; exigibilidade das obrigações e fungibilidade das coisas
devidas.

A compensação tributária está prevista no art. 170 do CTN, in verbis:

Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que


estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade
administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários
com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito
passivo contra a Fazenda pública. (Vide Decreto nº 7.212, de
2010)

Parágrafo único. Sendo vincendo o crédito do sujeito passivo, a


lei determinará, para os efeitos deste artigo, a apuração do seu
montante, não podendo, porém, cominar redução maior que a
correspondente ao juro de 1% (um por cento) ao mês pelo tempo
a decorrer entre a data da compensação e a do vencimento.

A compensação tributária é extremamente parecida com a compensação civil,


todavia, ao contrário da compensação regulada pelo Direito Civil, ela também abarca os
débitos vincendos. Isto posto, para haver compensação é necessário que haja a
mutualidade de obrigações; liquidez do débito ou débito vincendos; exigibilidade das
obrigações e fungibilidade das coisas devidas.

É imperioso trazer à baila o art. 170-A do CTN, o qual determina que:

Art. 170-A. É vedada a compensação mediante o aproveitamento


de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo,
antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial.

Sobre esse tributo, a doutrinadora Regina Helena Costa opina, nos seguintes
termos:
“Pensamos que a inteligência do dispositivo é prestigiar o atributo
da certeza do crédito do contribuinte, objeto de impugnação
judicial, de modo a qualificá-lo para efeito de compensação.
Assim, se o direito de crédito do contribuinte não se revestir da
certeza outorgada mediante a imutabilidade dos efeitos da decisão
judicial (coisa julgada material), a compensação não poderá ser
efetuada.” (COSTA, Regina Helena; 2019)

6. A hipótese de suspensão da exigibilidade do crédito tributário dispensa o


contribuinte do cumprimento das obrigações acessórias?

Nenhuma das hipóteses de suspensão da exigibilidade do crédito tributário


dispensa o contribuinte do cumprimento das obrigações acessórias, isso é o que determina
o Parágrafo único do art. 151, CTN:

Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário:

Parágrafo único. O disposto neste artigo não dispensa o


cumprimento das obrigações assessórios dependentes da
obrigação principal cujo crédito seja suspenso, ou dela
consequentes.

7. Quais são as hipóteses de exclusão do crédito tributário?


As hipóteses de exclusão do crédito tributário estão previstas no art. 175 do CTN,
in verbis:

Art. 175. Excluem o crédito tributário:

I - a isenção;

II - a anistia.

Parágrafo único. A exclusão do crédito tributário não dispensa o


cumprimento das obrigações acessórias dependentes da
obrigação principal cujo crédito seja excluído, ou dela
consequente.

8. O rol das hipóteses de exclusão do crédito é taxativo?

Sim, o rol das hipóteses de exclusão do crédito tributário, previsto pelo art. 175
do CTN, é taxativo, pois assim estabelece o art. 141 do mesmo código, o qual traz a
seguinte redação:

Art. 141. O crédito tributário regularmente constituído somente


se modifica ou extingue, ou tem sua exigibilidade suspensa ou
excluída, nos casos previstos nesta Lei, fora dos quais não podem
ser dispensadas, sob pena de responsabilidade funcional na forma
da lei, a sua efetivação ou as respectivas garantias.

9. A hipótese de exclusão do crédito tributário dispensa o contribuinte do


cumprimento das obrigações acessórias?

Nenhuma das hipóteses de exclusão do crédito tributário dispensa o contribuinte


do cumprimento das obrigações acessórias, isso é o que determina o Parágrafo único do
art. 175 do CTN, o qual prevê as causas de exclusão do crédito:

Art. 175. Excluem o crédito tributário:

Parágrafo único. A exclusão do crédito tributário não dispensa o


cumprimento das obrigações acessórias dependentes da
obrigação principal cujo crédito seja excluído, ou dela
consequente.
10. O que é isenção? Diferencie de imunidade.

A doutrinadora Regina Helena Costa, ao conceituar a isenção, escreve, nos


seguintes termos:

“Singelamente, entendemos constituir a isenção espécie de


exoneração tributária, estabelecida em lei e, assim, impeditiva da
produção de efeitos da norma consistente na hipótese de
incidência. Portanto, existindo norma isentiva, impedido estará o
exercício da competência tributária. Em consequência, não
poderá surgir a obrigação principal, pelo que temos por
equivocadas as ideias segundo as quais a isenção consiste na
“dispensa legal do pagamento do tributo” ou, mesmo, que
represente modalidade de “exclusão do crédito tributário”, já que
este supõe a existência do vínculo obrigacional.” (COSTA,
Regina Helena; 2019)

Dessa maneira, é possível entender a isenção como uma exoneração tributária


estabelecida por lei infraconstitucional, assim sendo, exclui o crédito tributária, sendo
seus efeitos desonerativos. Importante aclarar que a isenção atinge apenas a obrigação
principal, permanecendo as obrigações acessórias.

Além disso, frisa-se que a isenção impossibilita a produção de efeitos da norma


de tributação. Assim, para que ocorra a exclusão do crédito através da isenção, deve
existir lei que estabeleça a exclusão do crédito tributário antes mesmo do acontecimento
do fato gerador que faria surgir tal crédito.

Sobre o assunto, Eduardo Sabbag leciona, ipsis verbis:

“[...] De modo diverso, na trilha da visão adotada pela doutrina


mais moderna, a isenção, localizando-se no campo da “não
incidência tributária”, impede o nascimento da obrigação
tributária, ou melhor, define-se como “o próprio poder de tributar
visto ao inverso”. Em outras palavras, a norma isentiva incidirá
para que a norma da tributação não incida.” (SABBAG, Eduardo;
2020).
Dito isto, é possível traçar as diferenças entre isenção e a imunidade. A primeira
diferença notável entre as duas é que a imunidade é uma norma constitucional, já a
isenção é uma normal infraconstitucional, que pode ter ou não previsão expressa na
Constituição Federal.

A segunda diferença diz respeito ao fato da isenção, como já explicado, ser um


afastamento, autorizado por lei, da oportunidade de tributar. Isto posto, o ente federativo
tem a competência para criar a legislação tributária, mas escolhe não o fazer. Em
contrapartida, a imunidade é a incapacidade de tributar determinada pela Constituição
Federal. Sendo assim, o ente federativo não pode tributar devido à sua incompetência,
não por conta de alguma renuncia de receita, como é o caso da isenção.

11. A lei que concede isenção pode ser revogada?

O art. 178 do CTN possui a seguinte redação:

Art. 178 - A isenção, salvo se concedida por prazo certo e em


função de determinadas condições, pode ser revogada ou
modificada por lei, a qualquer tempo, observado o disposto no
inciso III do art. 104. (Redação dada pela Lei Complementar nº
24, de 1975)

Destarte, evidencia-se que a lei a qual concede isenção pode ser revogada a
qualquer tempo, exceto aquelas que estabelecem isenções onerosas, dado que
oportunizam direito adquirido, sendo esse o entendimento do STF:

Súmula 544 - Isenções tributárias concedidas, sob condição


onerosa, não podem ser livremente suprimidas

Assim, as isenções não onerosas podem ser revogadas a qualquer tempo e, casso
isso ocorra, o crédito tributário excluído torna-se exigível.

12. O despacho que concede isenção no caso concreto pode ser revogada?

O art. 179 do CTN preceitua, in verbis:


Art. 179. A isenção, quando não concedida em caráter geral, é
efetivada, em cada caso, por despacho da autoridade
administrativa, em requerimento com o qual o interessado faça
prova do preenchimento das condições e do cumprimento dos
requisitos previstos em lei ou contrato para sua concessão.

§ 1º Tratando-se de tributo lançado por período certo de tempo, o


despacho referido neste artigo será renovado antes da expiração
de cada período, cessando automaticamente os seus efeitos a
partir do primeiro dia do período para o qual o interessado deixar
de promover a continuidade do reconhecimento da isenção.

§ 2º O despacho referido neste artigo não gera direito adquirido,


aplicando-se, quando cabível, o disposto no art. 155.

O art. 155 aludido no § 2º do dispositivo supracitado prevê que: “a concessão da


moratória em caráter individual não gera direito adquirido e será revogado de ofício,
sempre que se apure que o beneficiado não satisfazia ou deixou de satisfazer as condições
ou não cumprira ou deixou de cumprir os requisitos para a concessão do favor, cobrando-
se o crédito acrescido de juros de mora”. Assim, as isenções outorgadas através de
despacho deverão seguir a mesma lógica do art. 155, o qual versa sobre moratória.

Diante do exposto, a concessão de isenção por meio de despacho traduz ato


administrativo vinculado, sendo assim, a sua dissolução não deve ser feita por meio da
revogação, mas sim da invalidação ou cassação.

13. O que é anistia? Diferencie de remissão.

A anistia é um perdão da penalidade, sendo essa uma das modalidades de


exclusão do crédito tributário, prevista no art. 175, II, CTN. Assim, o contribuinte infrator
pode ter sua penalidade perdoada mediante a anistia. Contudo, destaca-se que essa
modalidade de exclusão deve ser concedida por lei específica, antes da constituição do
crédito tributário, devido à imperiosidade do princípio da indisponibilidade do interesse
público, assim determina o art. 150, § 6º da CF.
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao
contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios:

§ 6º Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo,


concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a
impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido
mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que regule
exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o
correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto
no art. 155, § 2.º, XII, g.

Caso a anistia seja outorgada sem a prévia autorização legal, ocorrerá a ofensa
ao princípio da isonomia.

Além disso, a anistia ampara apenas as infrações cometidas antes da vigência da


lei que a defere, visto que é uma espécie de perdão, assim preceitua o art. 180, caput,
CTN:

Art. 180. A anistia abrange exclusivamente as infrações


cometidas anteriormente à vigência da lei que a concede, não se
aplicando

Assim, também há de se falar da chamada anistia tácita, a qual se dá devido à


retroatividade benéfica da lei tributária que pode alcançar ato não definitivamente
julgado, não mais o considera como infração, sendo isso estabelecido pelo art. 106, II, a
CTN).

Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:

II - tratando-se de ato não definitivamente julgado:

a) quando deixe de defini-lo como infração;

Dito isto, resta evidente que a anistia e a remissão são institutos diferentes, sendo
esse segundo o perdão do débito tributário, eliminando o tributo já existente, e o primeiro
trata-se de perdão da multa decorrente do ato ilícito na esfera tributária.

14. Em quais hipóteses a anistia pode ser concedida limitadamente?


O art. 181 do CTN dispõe, in verbis:

Art. 181. A anistia pode ser concedida:

I – em caráter geral;

II – limitadamente:

a) às infrações da legislação relativa a determinado tributo;

b) às infrações punidas com penalidades pecuniárias até


determinado montante, conjugadas ou não com penalidades de
outra natureza;

c) a determinada região do território da entidade tributante, em


função de condições a ela peculiares;

d) sob condição do pagamento de tributo no prazo fixado pela lei


que a conceder, ou cuja fixação seja atribuída pela mesma lei à
autoridade administrativa.

Da leitura do artigo aludido, depreende-se que as modalidades de anistia são:


geral ou limitada. A anistia pode ser concedida limitadamente perante às infrações da
legislação relativa a determinado tributo (art. 181, II, a,); às infrações punidas com
penalidades pecuniárias até determinado montante, conjugadas ou não com penalidades
de outra natureza (art. 181, II, b); a determinada região do território da entidade tributante,
em função de condições a ela peculiares (art. 181, II, c) e sob condição do pagamento de
tributo no prazo fixado pela lei que a conceder, ou cuja fixação seja atribuída pela mesma
lei à autoridade administrativa (art. 181, II, d).

É válido informar que, como leciona Regina Helena Costa, “é o interesse público
que deve nortear o legislador na escolha da modalidade mais adequada de anistia, sempre
tendo em vista o princípio da isonomia.” (COSTA, Regina Helena; 2019)

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