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CURSO DE DIREITO
ESTUDO DIRIGIDO 07
Este Estudo Dirigido foi respondido com base nas seguintes obras:
• Costa, Regina Helena Curso de direito tributário - Constituição e Código Tributário
Nacional. – 9. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2019.
• Caliendo, Paulo Curso de direito tributário / Paulo Caliendo. – 2. ed. – São Paulo :
Saraiva Educação, 2019
• Sabbag, Eduardo Direito tributário essencial. – 7. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São
Paulo: MÉTODO, 2020.
Pode-se traduzir obrigação tributária como uma relação jurídica inerente à esfera do
Direito Tributário e estabelecida entre o sujeito ativo, aquele que arrecada o tributo, isto é, o
Estado, e o sujeito passivo, o contribuinte, de quem é exigido o tributo.
A obrigação tributária tem sua origem na concretização do fato gerador, ou seja, essa
relação jurídica se origina a partir da consubstancialização do fato previsto na lei que institui a
possibilidade de incidência de determinado tributo.
Nas palavras de Eduardo Sabbag, “a obrigação tributária é resultante do fato gerador
ou, em outras palavras, da concretização do paradigma legal previsto abstratamente na hipótese
de incidência tributária” (SABBAG, 2020).
A obrigação tributária é constituída pelo sujeito ativo, sujeito passivo, objeto e causa.
Segundo Regina Helena Costa, o sujeito ativo é o titular da capacidade tributária ativa, em
outras palavras, é o sujeito que possui o direito de exigir do sujeito passivo da relação jurídica-
tributária o pagamento do tributo ou de uma penalidade pecuniária e/ou a realização de uma
obrigação de fazer ou de não fazer, bem como tem a aptidão de fiscalizar a arrecadação de
tributos. O sujeito passivo, o chamado contribuinte, é aquele que tem o dever de pagar o tributo
ou a penalidade pecuniária ao sujeito ativo, na obrigação principal, sendo também aquele que
tem a obrigação de fazer ou de não fazer atos do interesse da arrecadação ou fiscalização
tributária, na obrigação acessória.
O objeto da obrigação tributária é, por sua vez, a prestação de tributo, que é o dever
do sujeito passivo a partir do momento em que se concretiza o fato gerador. Por fim, a causa é
o vínculo jurídico entre os sujeitos ativo e passivo, que se origina quando o fato gerador é
enquadrado na hipótese de incidência do tributo previsto em lei.
Como aludido anteriormente, o objeto da obrigação tributária é a prestação tributária, que pode
ter natureza pecuniária ou não pecuniária. Quando o objeto da obrigação é o pagamento de
tributo ou de penalidade (prestação de natureza pecuniária), tem-se a obrigação tributária
principal, conforme o §1º do art. 113 do CTN.
De forma sucinta, a obrigação principal se origina com a concretização do fato gerador, o qual
é a circunstância indicada pela lei como aquela necessária e suficiente para o surgimento da
obrigação, de acordo com o art. 114 do CTN1, e o seu objeto é melhor traduzido como o
pagamento do tributo ou penalidade pecuniária. É chamada de “principal” porque é a relação
jurídica mais importante no ordenamento jurídico tributário.
Além disso, o art. 115 do CTN estabelece que o fato gerador da obrigação acessória é o fato
que implica o ato de fazer ou deixar de fazer que não está relacionado à obrigação principal
(pagamento de tributo ou penalidade pecuniária).
1Art. 114. Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua
ocorrência.
Art. 115. Fato gerador da obrigação acessória é qualquer
situação que, na forma da legislação aplicável, impõe a prática
ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal.
É importante aclarar também que, da leitura do §3º do art. 113 do CTN, depreende-se que, caso
a obrigação acessória não seja cumprida pelo contribuinte, incidirá penalidade pecuniária,
convolando tal obrigação em obrigação principal.
O dispositivo supracitado estabelece que a inobservância de uma obrigação acessória por parte
do sujeito passivo gera uma sanção tributária. O pagamento da sanção tributária, ou penalidade
pecuniária, é o objeto da obrigação principal, sendo assim, a obrigação acessória, quando não
cumprida, convola-se em obrigação principal, já que a consequência da inobservância da
primeira é o objeto da segunda. Por isso é possível dizer que, neste caso, o fato gerador da
obrigação principal é o descumprimento da obrigação acessória. Sobre o tema, Regina Helena
Costa esclarece que:
O art. 113, §2º do CTN define que “a obrigação acessória decorre da legislação
tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da
arrecadação ou da fiscalização dos tributos”. As prestações positivas ou negativas trazidas pelo
dispositivo podem ser traduzidas como obrigações de fazer ou de não fazer, senda assim, as
obrigações acessórias são instrumentos que auxiliam a realização das obrigações principais, é
um dever autônomo do sujeito passivo.
Nas palavras de Regina Helena Costa, “o sujeito ativo da obrigação tributária é o titular
da capacidade tributária ativa, isto é, aquela pessoa que detém a aptidão para arrecadar e
fiscalizar a exigência fiscal” (COSTA, Regina Helena, 2019).
Contudo, é relevante aclarar que o sujeito ativo é, geralmente, o Estado, aquele que
detém a competência tributária, mas também pode haver a delegação de capacidade tributária
ativa, assim, o ente político transfere, através de lei, a atividade de arrecadar e fiscalizar tributos
a outra pessoa jurídica de direito público.
Dessa maneira, surgem dois tipos de sujeitos ativos: sujeito ativo direto, aquele que
detém a competência tributária, isto é, os entes federativos, que podem criar leis que instituem
tributos; e o sujeito ativo indireto, ou entidade parafiscal, aquele para quem os entes federativos
transferiram as suas capacidades tributárias ativas, delegando as funções de arrecadar e
fiscalizar tributos.
O CTN, em seus art. 121 e 122, define o sujeito passivo da obrigação tributária:
Isto posto, entende-se que o Direito Tributário segue a regra do domicílio voluntário, assim, o
domicílio tributário do contribuinte será aquele de sua escolha. Contudo, caso o contribuinte
não o escolha, utiliza-se a regra do domicílio legal, o qual é determinado pela lei. De acordo
com Paulo Caliendo, nessa hipótese, o domicílio tributário d pessoas natural será o lugar onde
está a sua residência habitual, mas, caso a sua residência habitual for desconhecida ou incerta,
o domicílio será o centro habitual de suas atividades.
Já em relação à pessoa jurídica de direito privado, o seu domicílio tributário será o local em
está a sua sede determinada no contrato ou estatuto social. Se a PJ tiver filiais ou subsidiárias,
considera-se o domicílio o local em que se dão os atos ou fatos que originam a obrigação de
cada um de seus estabelecimentos.
A pessoa jurídica de direito público, por sua vez, terá como domicílio qualquer uma de suas
repartições no território da entidade tributante.
Além disso, o art. 174 não impõe obstáculos para que leis de criação de tributo estabeleçam o
domicílio tributário seguindo critérios legais, assim, nessa situação, o domicílio por eleição só
é utilizado se não houver a determinação de domicílio legal na lei específica de cada tributo.
Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve
em cinco anos, contados da data da sua constituição definitiva.
Parágrafo único. A prescrição se interrompe:
I – pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução
fiscal; (Redação dada pela Lcp nº 118, de 2005)
II - pelo protesto judicial;
III - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;
IV - por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que
importe em reconhecimento do débito pelo devedor.
O art. 126 do CTN regula a capacidade tributária passiva, o qual prevê que:
Deve-se declarar também que a capacidade para participar de uma relação jurídico-
tributária como um sujeito passivo é diferente da capacidade para efetuar o fato gerador. Por
exemplo, uma criança tem a capacidade para gerar o fato gerador, mas não pode participar da
obrigação tributária no polo passivo, já que não possui capacidade tributária passiva, sendo
assim, o polo passivo de tal obrigação será constituído pelos seus pais ou responsáveis, sendo
eles os sujeitos passivos indiretos.
11) Cláusulas particulares são oponíveis perante à Fazenda Pública para fins de definição
do sujeito passivo da obrigação tributária? Por que?
As cláusulas particulares não são oponíveis perante à Fazenda Pública para fins de
definição do sujeito passivo da obrigação tributária, assim regulamenta o art. 123 do CTN, in
verbis:
Art. 123. Salvo disposições de lei em contrário, as convenções
particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de
tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para
modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações
tributárias correspondentes.
De acordo com Regina Helena Costa, a obrigação que tem sua em contrato particular não pode
ser oposta ao Fisco, com a finalidade de modificar a definição do sujeito passivo estabelecido
por lei, apenas em casos de previsão legal. Nessa circunstância, o Fisco cobrará o tributo do
sujeito passivo estabelecido em lei, assim, a parte ofendida deve acionar a parte ofensora do
contrato na esfera do direito privado.
A solidariedade é uma ferramenta que permite ao Fisco o eleger o devedor que será
cobrado pela a dívida integral em nome de todos os outros devedores, a fim de que a obrigação
tributária seja cumprida. Nos ensinamentos de Regina Helena Costa:
A sucessão tributária passiva ocorre quando sujeito passivo original transfere o polo
passivo da obrigação tributária para outra pessoa que tem capacidade tributária passiva,
tornando-se esta o novo sujeito passivo da obrigação.
Essa transferência pode ser transferência causa mortis, que é a transferência do polo
passivo para os herdeiros do sujeito passivo original, quando a responsabilidade é pessoal,
como prevê o art. 131, II e III do CTN.
Ademais, a transferência do polo passivo pode ser transferência inter vivos, na qual a
obrigação é transferida para o comprador de um bem. Esta hipótese está prevista nos seguintes
artigos: art. 130, CTN; art. 131, I, CTN; art. 131, II e III, CTN; art. 132, CTN; e art. 133, CTN.
O artigo supracitado refere-se aos tributos que incidem sobre os bens imóveis, que, no caso de
compra e venda, serão cobrados do adquirente, logo o polo passivo da obrigação será
transferido para o novo proprietário.
Além disso, não há exceções paras as hipóteses de sucessão previstas no art. 131.
O dispositivo aludido cuida da sucessão empresarial que ocorre quando há a extinção de pessoa
jurídica. Essa situação constitui a responsabilidade exclusiva das empresas que sofreram fusão,
transformação e incorporação, assim, a PJ derivada da relação societária é a responsável pelas
dívidas das empresas anteriores.
Além disso, o Parágrafo único deste dispositivo determina que, caso haja a continuação da
exploração da atividade por sócio remanescente, independente da manutenção da razão social,
esta unidade econômica será responsável pelas dívidas da empresa antiga.
Esse artigo diz respeito à sucessão comercial, a qual ocorre quando uma PJ ou uma PF adquire
uma PJ. Dar-se-á a sucessão comercial quando houver a manutenção da exploração da
atividade depois da alienação, aproveitando a prévia organização e absorvendo-se a unidade
econômica e a clientela antiga. Assim, o novo sujeito passivo da obrigação poderá ser
responsabilizado pelos tributos devidos pela PJ até a data do ato translativo. Contudo, é
interessante deixar claro que apenas ocorrerá a sucessão comercial se o adquirente manter a
exploração da atividade desempenhada.
Consoante este dispositivo, é possível que a lei que institui determinado tributo atribua
a uma terceira pessoa, de forma supletiva, o cumprimento total ou parcial da obrigação
tributária. Sendo assim, entende-se que a responsabilidade é subsidiária se a cobrança deve ser
mandatoriamente feita primeiramente ao contribuinte, logo é possível realizar a cobrança ao
responsável somente depois da execução sobre o contribuinte não for possível devido ao seu
patrimônio escasso.
Contudo há requisitos para a sua incidência, deve-se ter em mente que, em primeiro
lugar, exige-se o cumprimento da dívida ao contribuinte que realizou o fato gerador e apenas
depois de esgotadas as medidas de execução que se faz a cobrança ao responsável.
16) Os sócios gerentes respondem pelos tributos devidos pelas empresas das quais são
sócios em caso do inadimplemento de tributos? Explique.
17) Caso a empresa mude de endereço sem comunicar aos órgãos fazendários, é cabível o
redirecionamento da execução fiscal para a figura dos sócios gerentes?
18) Sócios sem poderes de gerência respondem pelos créditos tributários das pessoas jurídicas
das quais são sócios em alguma hipótese?
19) O que é substituição tributária regressiva e progressiva?