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Caso de Obrigação Acessória em Empresa Isenta:

Uma organização beneficente de assistência social, que goza de imunidade tributária, deixa de
apresentar suas declarações fiscais anuais, que são obrigações acessórias previstas na legislação
tributária. Analise as consequências jurídicas para a organização, considerando o conceito de
obrigação acessória e as disposições do Código Tributário Nacional (CTN), especialmente o art. 113,
§ 3º.

Situação de Fato Gerador:

Uma empresa realiza a importação de mercadorias em um momento em que a alíquota do imposto


sobre importação é aumentada, mas a mercadoria só chega ao território nacional após a entrada em
vigor da nova alíquota. Analise este caso à luz dos critérios temporal e material da Regra Matriz de
Incidência Tributária, explicando qual alíquota deveria ser aplicada e por quê.

Responsabilidade Tributária e Solidariedade Passiva:

Duas empresas, A e B, formam um consórcio para a execução de um projeto. A empresa A falha no


recolhimento do ISS devido pelo consórcio. Avalie a situação sob a perspectiva da solidariedade
passiva, conforme Art. 124 do CTN, e discuta a responsabilidade da empresa B pelo pagamento do
tributo.

Substituição Tributária e Antecipação do Fato Gerador:

Uma indústria de bebidas é responsável pela retenção e pagamento do ICMS devido pelos varejistas
aos quais fornece seus produtos, em um regime de substituição tributária. Contudo, após a venda, os
produtos são vendidos pelos varejistas a preços inferiores aos estimados no momento da retenção.
Analise as implicações dessa situação, considerando a substituição tributária para frente e os
princípios da não-cumulatividade e da legalidade.

Caso 1: O Fato Gerador e a Obrigação Tributária

Contexto: Uma empresa multinacional realiza uma operação de importação de maquinário pesado. De
acordo com a legislação vigente, essa operação é tributada pelo Imposto de Importação. A empresa,
no entanto, argumenta que, devido a um tratado internacional assinado entre o Brasil e o país
exportador, a importação deveria ser isenta de tributação.

Questão: De acordo com a Regra Matriz de Incidência Tributária, a importação realizada pela
empresa deve ser tributada pelo Imposto de Importação?

Resolução: A Regra Matriz de Incidência Tributária determina que o critério material (a descrição da
hipótese tributável, neste caso, a importação de bens) e o critério pessoal (identificação dos sujeitos
ativo e passivo da obrigação) devem ser considerados. Neste caso, o tratado internacional é relevante
para determinar a isenção do imposto. Conforme o art. 98 do CTN, os tratados internacionais podem
prevalecer sobre a legislação interna, desde que regularmente incorporados ao ordenamento jurídico.
Portanto, se o tratado internacional especifica a isenção e foi corretamente incorporado à legislação
brasileira, a importação realizada pela empresa não deve ser tributada pelo Imposto de Importação.

Caso 2: Base de Cálculo e Alíquota Variável

Contexto: Um município brasileiro decide alterar a base de cálculo do IPTU (Imposto sobre a
Propriedade Predial e Territorial Urbana), vinculando-a não apenas ao valor venal do imóvel, mas
também a fatores como a eficiência energética e a sustentabilidade do imóvel. A nova lei municipal
estabelece alíquotas variáveis em função desses critérios adicionais.

Questão: Essa mudança na base de cálculo e na alíquota do IPTU está de acordo com os
princípios da Regra Matriz de Incidência Tributária?

Resolução: A Regra Matriz de Incidência Tributária exige que tanto a base de cálculo (aspecto
quantitativo) quanto as alíquotas de um tributo estejam claramente definidas na legislação. No caso do
IPTU, a base de cálculo tradicional é o valor venal do imóvel, que reflete sua capacidade contributiva.
A inclusão de critérios como eficiência energética e sustentabilidade, embora inovadores, pode
complicar a determinação objetiva do valor do tributo e levantar questões sobre sua consonância com
o princípio da capacidade contributiva. Além disso, o critério quantitativo deve estar em consonância
com o princípio da legalidade tributária (art. 150, I, da CF/88), exigindo lei específica para sua
instituição ou alteração. Se a alteração for feita de forma legal e respeitar os princípios da
generalidade, uniformidade e capacidade contributiva, então pode ser considerada válida sob a Regra
Matriz de Incidência Tributária.

Natureza da Obrigação Tributária:

A obrigação principal, conforme o Art. 113 do CTN, é aquela que tem por objeto o pagamento de
tributo ou penalidade pecuniária, surgindo com a ocorrência do fato gerador. Já a obrigação acessória
decorre da legislação tributária e envolve prestações positivas ou negativas estabelecidas no interesse
da arrecadação ou fiscalização dos tributos.

Conceito e Exemplos:

Um exemplo de obrigação acessória é a entrega de declarações fiscais. Essas obrigações, embora não
envolvam pagamento direto de tributos, são fundamentais para o controle e fiscalização tributária.
Elas se relacionam com a obrigação principal no sentido de que facilitam a administração e a cobrança
de tributos.

Artigo 113 do CTN:

O Art. 113 do CTN estabelece que a obrigação tributária pode ser principal, relativa ao pagamento de
tributos, ou acessória, relacionada às prestações positivas ou negativas previstas na legislação
tributária para fins de fiscalização e arrecadação.

Implicações da Obrigação Acessória:

O não cumprimento de uma obrigação acessória pode converter-se em obrigação principal, sujeitando
o infrator a penalidades pecuniárias, conforme previsto no § 3º do Art. 113 do CTN.
Obrigação Principal e Penalidades:

As multas, enquanto penalidades pecuniárias, são consideradas parte da obrigação principal quando
associadas à inobservância de um fato gerador de tributo.

Fato Gerador da Obrigação Acessória:

O Art. 115 do CTN define que o fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que,
conforme a legislação aplicável, impõe a prática ou abstenção de atos que não configuram obrigação
principal.

Legalidade Tributária e Obrigação Acessória:

A legislação tributária, incluindo leis e normas complementares, define as obrigações acessórias. Ela
estabelece os atos que devem ou não ser praticados pelos contribuintes em benefício da fiscalização e
arrecadação tributária.

Critérios do Fato Gerador:

Os critérios do fato gerador da obrigação tributária incluem o material (a situação definida em lei
como necessária e suficiente à ocorrência da obrigação), o espacial (local onde ocorre o fato gerador),
e o temporal (momento da ocorrência do fato gerador).

Critérios do Consequente Normativo:

Os critérios relevantes para o consequente normativo da incidência tributária são o pessoal


(identificação dos sujeitos ativo e passivo da obrigação tributária) e o quantitativo (definição da base
de cálculo e alíquota do tributo).

Sujeito Passivo:

O CTN, no Art. 121, define o sujeito passivo da obrigação tributária como o contribuinte, que tem
relação pessoal e direta com a situação que constitui o fato gerador, ou o responsável, que, sem ser
contribuinte, tem sua obrigação decorrente de disposição expressa de lei.

Teoria Dualista da Obrigação:

A teoria dualista da obrigação tributária distingue entre o dever (a obrigação de cumprir o fato gerador
do tributo) e a responsabilidade (a obrigação de arcar com as consequências do não cumprimento,
como as penalidades).

Solidariedade Passiva na Obrigação Tributária:

A solidariedade passiva ocorre quando mais de um sujeito passivo é responsável pelo mesmo tributo.
Segundo o Art. 124 do CTN, todos os devedores são solidariamente responsáveis, e o pagamento por
um deles beneficia os demais.
Responsável Tributário:

A responsabilidade por substituição "para trás" ocorre quando o responsável tributário paga o tributo
devido pelo contribuinte por fatos geradores passados. Na substituição "para frente", o responsável
paga o tributo antes da ocorrência do fato gerador.

Crédito Tributário e Obrigação:

A obrigação tributária nasce com a ocorrência do fato gerador, enquanto o crédito tributário surge com
o lançamento, que quantifica e torna exigível o cumprimento da obrigação.

Lançamento Tributário:

O lançamento é o procedimento administrativo que constitui o crédito tributário. Existem várias


modalidades, como o lançamento de ofício, por homologação e por declaração.

Decadência e Prescrição no Direito Tributário:

A decadência é a perda do direito de constituir o crédito tributário após um certo período, enquanto a
prescrição é a perda do direito de cobrar o crédito tributário já constituído.

Caso de Obrigação Acessória em Empresa Isenta:

Mesmo isentas de obrigações principais, organizações beneficentes devem cumprir obrigações


acessórias. O não cumprimento pode resultar em penalidades pecuniárias, conforme o Art. 113, § 3º
do CTN.

Situação de Fato Gerador:

Neste caso, aplica-se a alíquota vigente no momento da ocorrência do fato gerador (entrada da
mercadoria no território nacional), conforme os critérios material e temporal da Regra Matriz de
Incidência Tributária.

Responsabilidade Tributária e Solidariedade Passiva:

Sob a solidariedade passiva, a empresa B pode ser responsabilizada pelo pagamento do ISS devido
pelo consórcio, mesmo que a falha tenha sido da empresa A, conforme o Art. 124 do CTN.

Substituição Tributária e Antecipação do Fato Gerador:

Neste caso, a indústria de bebidas, como substituto tributário, reteve o ICMS com base em uma
estimativa. A diferença entre o valor estimado e o valor real pode levantar questões de
não-cumulatividade e legalidade, potencialmente exigindo ajustes no montante do tributo.

Pergunta: Como a fraude, simulação e dolo se relacionam com a qualificação da multa em um


lançamento tributário?
Resposta: Fraude, simulação e dolo são elementos que podem levar à qualificação da multa em um
lançamento tributário. Eles indicam uma ação ou omissão intencional para evitar ou reduzir o
pagamento de tributos. Contudo, para justificar a qualificação da multa, é necessário que a autoridade
fiscal descreva minuciosamente esses comportamentos e demonstre sua utilização na prática infratora.

Pergunta: Qual é a importância da descrição detalhada do comportamento doloso no


lançamento tributário?

Resposta: A descrição detalhada do comportamento doloso é crucial para justificar a qualificação da


multa no lançamento tributário. Isso porque a presunção de dolo ou fraude não é suficiente; a
autoridade fiscal deve fornecer evidências concretas de atos como emissão de notas subfaturadas,
apresentação de documentos falsos ou interposição de pessoas para provar o intuito doloso ou
fraudulento.

Pergunta: De acordo com o CARF, quais são os critérios necessários para a qualificação da
multa em casos de sonegação ou fraude?

Resposta: O CARF estabelece que, para a qualificação da multa em casos de sonegação ou fraude, são
necessários: i) conduta qualificada por evidente intuito de fraude do sujeito passivo; ii) conduta típica
minuciosamente descrita no lançamento tributário; e iii) conjunto probatório robusto da conduta
praticada pelo sujeito passivo e demais envolvidos.

Pergunta: Qual é a abordagem do CARF em relação à aplicação de multas qualificadas por


omissão de receita ou rendimentos?

Resposta: O CARF adota a posição de que a simples omissão de receita ou rendimentos, por si só, não
justifica a qualificação da multa de ofício. É necessária a comprovação de um evidente intuito de
fraude por parte do sujeito passivo para justificar a qualificação da multa.

Pergunta: Como o conceito de “evidente intuito de fraude” é interpretado no contexto da


aplicação de multas qualificadas?

Resposta: O conceito de "evidente intuito de fraude" refere-se a uma intenção claramente demonstrada
através de ações externas, como a adulteração de documentos, uso de notas fiscais inidôneas,
movimentação de contas bancárias em nome fictício, entre outros. A fraude não se presume e deve ser
evidenciada por meio de provas concretas no processo.

Pergunta: Qual é o papel do artigo 173 do CTN em casos que envolvem dolo, fraude ou
simulação?

Resposta: O artigo 173 do CTN estabelece que o prazo para a Fazenda Pública constituir o crédito
tributário é de cinco anos contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento
poderia ter sido efetuado. Em casos de dolo, fraude ou simulação, esse prazo aplica-se, pois tais
comportamentos justificam uma extensão do prazo para a constituição do crédito tributário.

Caso 1: Suspeita de Fraude na Declaração de Imposto de Renda

Contexto: Uma empresa, durante uma fiscalização, é acusada de omitir receitas significativas em sua
declaração de Imposto de Renda. A autoridade fiscal impõe uma multa qualificada de 150%, alegando
fraude. A empresa contesta, afirmando que a omissão foi um erro contábil e não uma ação dolosa.

Questão: A aplicação da multa qualificada é justificável neste caso?

Resolução: De acordo com os princípios estabelecidos pelo CARF, a simples omissão de receita não é
suficiente para justificar a qualificação da multa. É necessário demonstrar um evidente intuito de
fraude. No caso apresentado, a empresa contesta a alegação de fraude, classificando a omissão como
um erro contábil. Portanto, para a multa qualificada ser aplicada, a autoridade fiscal deve fornecer
provas robustas que demonstrem a intenção da empresa de enganar o Fisco, como documentos
inidôneos ou ações deliberadas para ocultar receitas. Sem essas provas, a aplicação de uma multa
qualificada não seria apropriada.

Caso 2: Uso de Interpostas Pessoas para Evasão Fiscal

Contexto: Uma auditoria revela que um contribuinte pessoa física utilizou empresas fictícias para
ocultar parte de seus rendimentos e reduzir sua carga tributária de IRPF. A autoridade tributária,
identificando o uso de notas fiscais falsas e movimentações bancárias suspeitas, qualifica a multa
imposta ao contribuinte.

Questão: A qualificação da multa é apropriada neste caso?

Resolução: Neste caso, a qualificação da multa parece justificada. O contribuinte não apenas omitiu
receita, mas também utilizou métodos dolosos, como empresas fictícias e notas fiscais falsas, para
ocultar seus rendimentos verdadeiros. Essas ações demonstram um "evidente intuito de fraude",
conforme exigido pelo CARF para a qualificação da multa. A demonstração de tais ações dolosas,
como a emissão de notas fiscais falsas e a criação de empresas fictícias, fornece um "conjunto
probatório robusto" que apoia a aplicação de uma multa qualificada.

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