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Resumos de leitura obrigatória

AULA 19 - 22/04/2019

SUJEITOS DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA - Rubens Kindlmann

Quando praticamos o fato gerador descrito na norma, de acordo com o CTN dois sujeitos
se vinculam ao cumprimento da obrigação tributária. Um será chamado de Sujeito Ativo
e o outro de Sujeito Passivo.

Sujeito Ativo – Artigo 119, CTN

• O Sujeito Ativo é a pessoa Jurídica de Direito Público que tem a competência de


exigir o cumprimento da Obrigação Tributária.

• Pode ocorrer do sujeito ativo da relação tributária que detém a competência,


delegue as funções de arrecadação e fiscalização, e por isso, nestes casos teremos a
capacidade tributária ativa. Cuidado, pois só temos a delegação de capacidade tributária
quando outro ente público a exerce, conforme própria definição legal estampada no artigo
7º do CTN.

Súmula 497 do STJ: Os créditos das autarquias federais preferem aos créditos da Fazenda
estadual desde que coexistam penhoras sobre o mesmo bem.
“(...) 2. Em se tratando de contribuição para o salário-educação, compete ao INSS, agente
arrecadador e, portanto, sujeito ativo da obrigação tributária nos termos do art. 119 do
CTN, integrar o polo passivo da ação. (...)” (STJ, 2.ª T., REsp 445.485/PR, Rel. Min.
João Otávio de Noronha, j. 04.05.2006, DJ 28.06.2006).

Legitimidade no caso do IR dos servidores públicos

Sujeito Passivo – Artigo 121, CTN

• Sujeito Passivo é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade


pecuniária.

• O Sujeito passivo da obrigação principal, poderá ser:

A) Contribuinte (I) – Aquele que tem relação direta e pessoal com a situação que constitua
o FG, ou seja, ele pratica o fato que fez nascer a obrigação tributária.
B) Responsável (II) – Ele não pratica o FG, mas possui relação indireta com a situação
que constitua o FG e a LEI expressamente impõe o dever de pagar o tributo.

• Não é qualquer pessoal que é o Responsável, mas somente quem tiver relação
indireta com a situação que constitua o FG. E somente a LEI que determina a
responsabilidade.

Sujeito Passivo – Obrigação Acessória – Artigo 122, CTN

Exemplo: o Imposto de Renda do empregado. O empregador ao realizar o pagamento do


salário R$10.000,00 com alíquota de 27%. Quem praticou o FG foi o empregado. A
legislação do IR determina que o próprio empregador faça a retenção do IR já no salário
do empregado, e ele empregador já recolhe o respectivo imposto. O empregado ao receber
o salário já vem com o desconto.
Como didaticamente explica o art. 122 do CTN, o sujeito passivo da obrigação acessória
é aquela pessoa obrigada às prestações de fazer, não fazer ou tolerar impostas pela
legislação (v. g., emitir nota fiscal, escriturar livros fiscais, apresentar declarações etc.).
Leandro Paulsen observa, no caso, que descabe cogitar, neste ponto, se o sujeito é
contribuinte, responsável, ou imune ou isento, pois, independentemente dessa sua
condição, todos “são obrigados a colaborar com a fiscalização tributária” (Direito
Tributário, 7. ed., Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005, p. 965). A afirmação é
correta, mas deve ser vista com cuidado, pois, conquanto todos sejam “obrigados a
colaborar com a fiscalização tributária”, as obrigações acessórias – como todo meio
destinado a atender um fim, ainda que legítimo – devem ser estabelecidas à luz do
princípio, ou do postulado, da proporcionalidade. Em situações nas quais seja
inadequado, ou desnecessário exigir de alguém que faça, não faça ou tolere algo, não será
possível a imposição de uma obrigação acessória. (Código Tributário Nacional: anotações
à Constituição, ao Código Tributário Nacional e às Leis Complementares 87/1996 e
116/2003 / Hugo de Brito Machado Segundo. – 6. ed. rev., atual. e ampl. – São Paulo:
Atlas, 2017).

As convenções Particulares - Artigo 123, CTN

• Cuidado com aquela situação frequente em que os locadores inserem nos contratos
de locação que o inquilino é que será responsável em pagar o IPTU. Se o locatário não
pagar, quem responderá será o proprietário do imóvel e não o inquilino. O Artigo 123 do
CTN, que determina que salvo disposição de lei em contrário, as convenções particulares
não podem ser opostas perante o fisco para mudar a sujeição passiva.
A Solidariedade - Artigo 124, CTN

• Em uma relação tributária figurando como Sujeito Passivo, ou você é


Contribuinte, ou Responsável.

• O Sujeito passivo ele pode ser solidário na obrigação tributária, e poderá acarretar
uma série de efeitos. A solidariedade tributária poderá nascer em razão:

i) das pessoas terem interesse comum na situação que constitua o fato gerador da
obrigação principal – exemplo dessa espécie de solidariedade, é quando temos um casal
que em conjunto adquirem um imóvel. Neste caso, os dois por terem interesse em comum
são solidários no cumprimento da obrigação, não comportando benefício de ordem.

ii) das pessoas estarem expressamente designadas por lei – visualizamos essa hipótese de
solidariedade quando temos um sócio com relação as obrigações da sociedade.
Os efeitos da solidariedade - Artigo 125, CTN

1. Pagamento e devedores solidários – Se um devedor solidário efetua o pagamento da


dívida, esta é extinta (CTN, art. 156, I), não havendo mais o que ser exigido dos demais.
É por isso que entendemos que, conquanto não haja benefício de ordem (CTN, art. 124,
parágrafo único), um devedor solidário pode pleitear a produção de provas para
demonstrar que a dívida foi paga por outro devedor solidário. Não se trata, no caso, de
benefício de ordem (pois não será necessário executar primeiro o outro devedor), mas
apenas de se verificar se a dívida subsiste. 2. Isenção e remissão e devedores solidários –
Embora o Código Tributário se reporte à isenção ainda como sendo “dispensa legal do
tributo devido”, classificando-a como hipótese de “exclusão” do crédito tributário, sabe-
se atualmente que a isenção decorre de norma que estabelece exceção à norma de
tributação. A obrigação tributária, portanto, sequer nasce, pois o fato isento deixa de ser
“gerador” do dever de pagar o tributo. Assim, a isenção, em princípio, abrange todos os
devedores solidários. Pode ocorrer, porém, de a isenção não ser “objetiva”, mas
“subjetiva”, vale dizer, ser concedida pessoalmente, em função de critérios pessoais
preenchidos apenas por um dos obrigados, e não pelos demais. (Código Tributário
Nacional: anotações à Constituição, ao Código Tributário Nacional e às Leis
Complementares 87/1996 e 116/2003 / Hugo de Brito Machado Segundo. – 6. ed. rev.,
atual. e ampl. – São Paulo: Atlas, 2017).

A Capacidade Tributária - Artigo 126, CTN

1. Capacidade tributária e manifestação regular de vontade – O art. 126 do CTN


representa mera explicitação de uma decorrência natural da compulsoriedade da
obrigação tributária, em face da qual a manifestação de vontade não integra nem compõe
o fato gerador da obrigação tributária, que é considerado como mero fato jurídico, ou ato-
fato. Assim, se a vontade é irrelevante para o nascimento da obrigação tributária, são
irrelevantes para que alguém tenha capacidade tributária (capacidade, em tese, para ser
sujeito passivo) a capacidade civil, a regularidade da pessoa jurídica, ou qualquer outra
circunstância que somente teria relevo para determinar se houve uma manifestação de
vontade válida. 2. Irregularidade da situação da pessoa jurídica e dever de pagar o ICMS
– Julgando questão na qual uma pessoa jurídica invocava a irregularidade de sua situação
como motivo para não recolher o ICMS incidente sobre operação que praticara, o STJ
decidiu que “a situação irregular da empresa no Distrito Federal não afasta a obrigação
de recolher o tributo, pois a capacidade tributária de uma empresa independe da
constatação da regularidade de sua formação. [...]” (STJ, 3a S., CC 37.768/SP, Rel. Min.
Gilson Dipp, j. em 11/6/2003, DJ de 25/8/2003, p. 261). 3. Irregularidade da situação da
pessoa jurídica e direito a parcelamento – Da mesma forma que a capacidade civil da
pessoa física e a regularidade formal da pessoa jurídica não devem ser consideradas para
elidir o nascimento dos deveres do contribuinte, também não devem ser tidas como
relevantes para afastar o surgimento de seus direitos. Exemplificando, o pagamento, ainda
quando feito por contribuinte pessoa física incapaz, ou por pessoa jurídica não
formalmente constituída, extingue a obrigação tributária normalmente. Com base nessas
premissas, o STJ declarou que uma entidade, embora não formalmente constituída como
pessoa jurídica, tem direito de ingressar no REFIS. É conferir: “1. Consórcio de
Produtores Rurais criado e reconhecido pelo Ministério do Trabalho como instrumento
de otimização das relações com os trabalhadores rurais. Técnica que viabiliza a atividade
para todos os consorciados, mercê da regularização das carteiras de trabalho dos
trabalhadores. Obtenção de CEI junto ao INSS como grupo de produtores rurais pessoas
físicas. A Responsabilidade do Consórcio para com as contribuições previdenciárias,
implica em reconhecer-lhe aptidão para beneficiar-se do programa REFIS, muito embora
não seja pessoa jurídica. [...] Na era da “desconsideração da pessoa jurídica” e do
reconhecimento da legitimatio ad causam às entidades representativas de interesses
difusos, representaria excesso de formalismo negar ao Consórcio reconhecido pelo
Ministério do Trabalho a assemelhação às pessoas jurídicas para fins de admissão no
REFIS, maxime porque, essa opção encerra promessa de cumprimento das obrigações
tributárias. [...] 3. Possibilidade de interpretação extensiva da legislação que dispõe sobre
o ingresso junto ao REFIS, permitindo aos consórcios equiparação às pessoas jurídicas.
[...]” (STJ, 1a T., REsp 413865/PR, Rel. Min. Luiz Fux, j. em 26/11/2002, DJ de
19/12/2002, p. 338). (Código Tributário Nacional: anotações à Constituição, ao Código
Tributário Nacional e às Leis Complementares 87/1996 e 116/2003 / Hugo de Brito
Machado Segundo. – 6. ed. rev., atual. e ampl. – São Paulo: Atlas, 2017).

Domicílio Tributário - Artigo 127, CTN


1. Determinação do domicílio tributário como faculdade do sujeito passivo – O domicílio
tributário é o local no qual o sujeito passivo manterá suas relações com o fisco, sendo
fiscalizado, intimado etc. Sua eleição é faculdade do sujeito passivo, aplicando-se as
regras dos incisos do art. 127 apenas no caso de essa faculdade não ser exercida, ou de
ser recusado o domicílio eleito nos termos do § 2º do mesmo artigo. 2. Intimações em
local diverso do domicílio validamente eleito – Tendo o domicílio do sujeito passivo sido
validamente eleito, e levado ao conhecimento do Fisco, não é válida a notificação fiscal
enviada para local diverso. Nesse sentido: STJ, 2a T., REsp 33.837/MG, Rel. Min.
Antônio de Pádua Ribeiro, j. em 4/3/1996, DJ de 25/3/1996, p. 8.560. 3. Domicílio eleito
como forma de embaraçar a fiscalização – Em situação na qual o contribuinte tinha sua
residência, a sede da pessoa jurídica da qual é sócio, e a quase totalidade de seu patrimônio
localizados no Município “A”, e não obstante elegeu o Município “B” como sendo seu
domicílio tributário, o STJ entendeu que havia evidente propósito de embaraçar a
fiscalização, e considerou possível a fixação de seu domicílio tributário pelo Fisco (que,
no caso, fixou-o no Município “A”), nos termos do § 2º do art. 127 do CTN (STJ, 1aT.,
REsp 437.383/MG, Rel. Min. José Delgado, j. em 27/8/2002, DJ de 21/10/2002, p. 301).
(Código Tributário Nacional: anotações à Constituição, ao Código Tributário Nacional e
às Leis Complementares 87/1996 e 116/2003 / Hugo de Brito Machado Segundo. – 6. ed.
rev., atual. e ampl. – São Paulo: Atlas, 2017).

Dica:
ADVOCACIA TRIBUTÁRIA - SUJEIÇÃO PASSIVA TRIBUTÁRIA
https://www.youtube.com/watch?v=mXEijj-C8bk&t=47s

BONS ESTUDOS!!!!
MONITOR: ZOZIMAR RAMONDA

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