Você está na página 1de 35

DIREITO TRIBUTÁRIO I

OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA E

RESPONSABILIDADE

TRIBUTÁRIA

PROFESSOR
Rodrigo M. Pessôa
Sumário
1- RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA e ESPÉCIES DE
OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA

2- FATO GERADOR

3- Consumação do fato gerador: ASPECTO TEMPORAL DA


OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA

4- ASPECTOS QUANTITATIVOS
4.1) BASE DE CÁLCULO
4.2) ALÍQUOTA

5- ASPECTO PESSOAL
5.1) SUJEITO ATIVO
5.2) SUJEITO PASSIVO

6- RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA
2- FATO GERADOR
- Aspecto material da regra matriz de incidência
- Aspecto objetivo ou nuclear da obrigação tributária;
2.1) Fato Gerador e Hipótese de incidência:
- Distinção teórica: não consta no CTN;
- Hipótese de incidência: descrição objetiva do fato em lei 🡪 simples
descrição 🡪 previsão abstrata
Ex: Hipótese de incidência do IR 🡪 a aquisição da disponibilidade
econômica ou jurídica de: renda, proventos de qualquer natureza,
acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior (art. 43, CTN)
- Fato gerador: ocorrência efetiva do fato previsto em lei 🡪 concretização
da hipótese de incidência
Ex: X obteve renda decorrente de seu trabalho como professor;
- Geraldo Ataliba 🡪 fato imponível = fato gerador
- Interpretação objetiva do fato gerador 🡪 possibilidade de
tributação do ato inválido ou ilícito
Art. 118. A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo-se:
I - da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos
contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu
objeto ou dos seus efeitos;
II - dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos.

- Requisitos de validade do negócio jurídico 🡪 art. 104, CC


🡪 Irrelevância para a caracterização do fato gerador
tributário 🡪 ocorrendo situação prevista em lei como
necessária e suficiente ao surgimento da obrigação
tributária, nasce o fato gerador 🡪 hipótese de incidência
considera os fatos de forma objetiva;
- Pecunia non olet 🡪

O art. 118, I, do CTN não pode ser interpretado de forma insulada, porquanto pode
trazer sérias contradições aos demais dispositivos legais. O princípio do non
olet, expresso no artigo citado, foi criado por Albert Hensel e Otmar Bühler e tem
como escopo permitir a tributação das atividades ilícitas. Irrelevante, portanto,
para a determinação do fato gerador, a validade jurídica dos atos efetivamente
praticados pelos contribuintes.
(STJ, REsp 1493162/DF, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA,
julgado em 25/11/2014, DJe 19/12/2014)

- Norma geral de proibição de elisão fiscal (antiabuso):

Art. 116, Parágrafo único, CTN: “A autoridade administrativa poderá


desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de
dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos
elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos
a serem estabelecidos em lei ordinária.”
2.2- Fato gerador da obrigação principal:
- Art. 114, CTN: “Fato gerador da obrigação principal é a
situação definida em lei como necessária e suficiente à sua
ocorrência.”
2.3- Fato gerador da obrigação acessória:
- Art. 115, CTN: “fato gerador da obrigação acessória é
qualquer situação que, na forma da legislação aplicável,
impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure
obrigação principal”
Ex: obrigação de efetuar cadastro como contribuinte (CPF,
CNPJ, Inscrição estadual); obrigação de não receber
mercadorias sem nota fiscal;
3. Consumação do fato gerador: ASPECTO TEMPORAL
DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA
- Regra geral: FG consuma-se com a ocorrência da hipótese de incidência
no mundo dos fatos.
- Fatos geradores de acordo com a consumação:
a) FG instantâneo/simples:
- Ocorre e consuma-se em um só ato. Ex: ICMS, IPI, II, IE, IOF, ITBI,
ITCMD
b) FG periódico/complexo:
- Realiza-se ao longo do espaço de tempo. Ex: IR (renda ao longo do ano)
c) FG continuado ou contínuo
- Realiza-se de forma prolongada no tempo 🡪 matéria tributável
permanece existindo 🡪 necessidade de “corte temporal”
Ex: IPTU, ITR e IPVA;
Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considera-se
ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos:
I - tratando-se de situação de fato, desde o momento em que
o se verifiquem as circunstâncias materiais necessárias a que
produza os efeitos que normalmente lhe são próprios;
II - tratando-se de situação jurídica, desde o momento em
que esteja definitivamente constituída, nos termos de direito
aplicável.
- Negócios jurídicos condicionais 🡪 fatos geradores
consideram-se consumados 🡪 art. 117, CTN;
I- sendo suspensiva a condição, desde o momento de seu
implemento 🡪 efeitos do negócio jurídico apenas acontecem
com a implementação da condição suspensiva
II - sendo resolutória a condição, desde o momento da prática
do ato ou da celebração do negócio 🡪 efeitos do negócio são
percebidos desde a sua celebração e antes do implemento de
evento futuro e incerto 🡪 condição resolutiva pode levar ao
desfazimento do negócio 🡪 FG ocorre desde o início porque
efeitos são percebidos
4- ASPECTOS QUANTITATIVOS: ALÍQUOTA E
BASE DE CÁLCULO

4.1) BASE DE CÁLCULO


- É a expressão econômica do fato gerador do tributo
- Deve estar descrita na lei que define a hipótese de incidência
do tributo

4.2) Alíquota:
- Percentual aplicado sobre a base de cálculo para chegar-se
ao valor do tributo devido
- Alíquotas podem ser fixas ou variáveis
- Fixas: não se alteram
- Variáveis: alteram-se de acordo com o valor da base de
cálculo 🡪 progressivas ou regressivas
- Alíquota zero 🡪 forma disfarçada de isenção 🡪 fuga à
legalidade
Ex: alíquota zero de IPI, IOF, II e IE 🡪 possibilidade de alteração
por decreto 🡪 exceção constitucional ao princípio da legalidade;
5- ASPECTO PESSOAL: SUJEITO ATIVO E
SUJEITO PASSIVO
5.1) SUJEITO ATIVO
- Art. 119, CTN 🡪 PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO TITULAR
DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA E QUE PODE EXIGIR O CUMRIMENTO
DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA (POR MEIO DA CONSTITUIÇÃO DO
CRÉDITO TRIBUTÁRIO, INSCRIÇÃO EM DÍVIDA ATIVA E AJUIZAMENTO
DE EXECUÇÃO FISCA)L 🡪 APENAS PESSOAS JURÍDICAS DE
DIREITO PÚBLICO
- Possibilidade de delegação da capacidade tributária ativa a outra pessoa
jurídica de direito público para arrecadar e fiscalizar tributo 🡪 art. 7º, Caput,
CTN
EX: autarquias e conselhos profissionais 🡪 contribuições de interesse das
categorias profissionais;
- Pessoa jurídica de direito privado 🡪 apenas encargo ou
função de arrecadar (Ex: bancos) 🡪 não são sujeitos ativos e
não recebem competência tributária

- “Art. 120. Salvo disposição de lei em contrário, a pessoa


jurídica de direito público, que se constituir pelo
desmembramento territorial de outra, subroga-se nos direitos
desta, cuja legislação tributária aplicará até que entre em vigor
a sua própria.”
5.2- SUJEITO PASSIVO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA:
a) SUJEITO PASSIVO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA PRINCIPAL
🡪 Pessoa obrigada ao pagamento do tributo ou da penalidade
pecuniária 🡪 art. 121, CTN;
I- CONTRIBUINTE (SUJEITO PASSIVO DIRETO) tem relação
direta e pessoal com o fato gerador do tributo 🡪 manifestação da
capacidade contributiva
II- RESPONSÁVEL (SUJEITO PASSIVO INDIRETO) Não tem
relação pessoal com o fato gerador, mas deve realizar o pagamento
do tributo por determinação legal 🡪 conveniência da fiscalização e
arrecadação 🡪 2 espécies:
a)Substituto tributário 🡪
b)Responsável stricto sensu por transferência 🡪
b) SUJEITO PASSIVO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA
ACESSÓRIA 🡪 é a pessoa obrigada às prestações que
constituam o seu objeto (Art. 122, CTN) 🡪 pode ser o contribuinte
ou um terceiro designado na lei;
c) Sujeito passivo 🡪 lei 🡪 não pode ser alterada por
convenções particulares 🡪 “Art. 123. Salvo disposições de lei
em contrário, as convenções particulares, relativas à
responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser
opostas à Fazenda Pública, para modificar a definição legal do
sujeito passivo das obrigações tributárias correspondentes.”
Súm. 614, STJ. O locatário não possui legitimidade ativa para
discutir a relação jurídico-tributária de IPTU e de taxas referentes
ao imóvel alugado nem para repetir indébito desses tributos.
d) SOLIDARIEDADE PASSIVA TRIBUTÁRIA:

Art. 124. São solidariamente obrigadas:


I - as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o
fato gerador da obrigação principal; Ex: condôminos
II - as pessoas expressamente designadas por lei (parâmetros do CTN 🡪
vinculação ao Fato gerador)

OBS: Solidariedade tributária não comporta benefício de ordem 🡪 art.


124, Parágrafo Único, CTN;

- Efeitos da solidariedade tributária:


Art. 125. Salvo disposição de lei em contrário, são os seguintes os efeitos da
solidariedade:
I - o pagamento efetuado por um dos obrigados aproveita aos demais;
II - a isenção ou remissão de crédito exonera todos os obrigados, salvo se
outorgada pessoalmente a um deles, subsistindo, nesse caso, a solidariedade
quanto aos demais pelo saldo;
III - a interrupção da prescrição, em favor ou contra um dos obrigados, favorece ou
e) CAPACIDADE TRIBUTÁRIA

- Capacidade tributária 🡪 ser sujeito passivo da obrigação tributária


- Capacidade tributária (tributo é obrigação legal) ≠ capacidade civil
(depende da vontade)

Art. 126. A capacidade tributária passiva independe:


I - da capacidade civil das pessoas naturais;
Ex: menor ou pessoa interditada
II - de achar-se a pessoa natural sujeita a medidas que importem privação
ou limitação do exercício de atividades civis, comerciais ou profissionais,
ou da administração direta de seus bens ou negócios;
Ex: pessoa impedida para o comércio
III - de estar a pessoa jurídica regularmente constituída, bastando que
configure uma unidade econômica ou profissional.
Ex: sociedade de fato ou irregular;
f) Domicílio tributário:

f.1) Regra geral 🡪 liberdade de escolha do domicílio tributário;

f.2) Se liberdade de escolha não for exercida, considera-se como


domicílio tributário:
I - quanto às pessoas naturais, a sua residência habitual, ou, sendo
esta incerta ou desconhecida, o centro habitual de sua atividade;
II - quanto às pessoas jurídicas de direito privado ou às firmas o
lugar da sua sede, ou, em relação aos atos ou fatos que derem
origem à obrigação, o de cada estabelecimento;
III - quanto às pessoas jurídicas de direito público, qualquer de suas
repartições no território da entidade tributante
f.3) Liberdade de escolha 🡪 não pode ser usada para
impedir ou dificultar a arrecadação ou fiscalização do tributo
🡪 possibilidade de recusa do domicílio tributário (art. 127,
§1º);

f.4 ) Havendo recursa 🡪 local onde estiver situado o bem ou


onde ocorreu o fato gerador (art. 127, §2º)

f.5) Existem restrições à liberdade de escolha do domicílio


tributário pelo contribuinte, de acordo com a lei de cada tributo;
(art. 127, Caput)
6- RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA
- DIREITO TRIBUTÁRIO 🡪 RESPONSABILIDADE 🡪 submissão,
em virtude de lei expressa, de determinada pessoa que não é
contribuinte, mas que está vinculada ao fato gerador da obrigação
tributária principal 🡪 Responsável como sujeito passivo (art. 121, II,
CTN)

- Deve haver uma vinculação do responsável com o fato gerador 🡪


art. 128, CTN 🡪 vinculação deve ser indireta, pois se fosse
vinculação direta, seria a condição de contribuinte.
6- RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA
2 espécies de responsabilidade tributária
a)Substituição tributária:
X pratica FG, Y deve pagar o tributo 🡪 responsabilidade desde FG;

Ex: IRRF, ICMS substituição

b) Responsabilidade stricto sensu /por transferência:


X pratica FG 🡪 outro fato/ hipótese de responsabilização (≠ FG) 🡪 Y deve
pagar o tributo
Ex: responsabilidade dos sucessores (art. 129 a 133, CTN) e
responsabilidade de terceiros (arts. 134 e 135, CTN);
6- RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA
- Possibilidades de alcance da responsabilidade por transferência:
a)Responsabilidade exclusiva / pessoal🡪 exclusão total do contribuinte.
Ex: arts. 131 e 135, CTN
b)Responsabilidade em caráter supletivo/ subsidiária do contribuinte:
primeiro cobra-se do contribuinte e só em caso de não cumprimento é que
o responsável responde (Benefício de ordem, ≠ da solidariedade tributária)
Ex: art. 134, CTN 🡪 não é “solidária”, mas sim subsidiária 🡪 seguir ordem
de preferência: 1º o contribuinte e 2º o responsável (Schoueiri, Amaro,
Sabbag);
6.1) RESPONSABILIDADE DOS SUCESSORES:

- Obrigação se transfere para o responsável em razão do


“desaparecimento” do devedor original;
- Alcance da responsabilidade por sucessão: créditos já
constituídos e de fatos geradores ocorridos antes da sucessão (art.
129, CTN);

a)Transferência causa mortis 🡪 responsabilidade aos herdeiros


(art. 131, II e III, CTN):

Art. 131. São pessoalmente responsáveis:


II - o sucessor a qualquer título e o cônjuge meeiro, pelos tributos devidos pelo de
cujus até a data da partilha ou adjudicação, limitada esta responsabilidade ao
montante do quinhão do legado ou da meação;
III - o espólio, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da abertura da
sucessão.

b) Transferência intervivos 🡪 responsabilidade para adquirentes:


6.1) RESPONSABILIDADE DOS SUCESSORES

b.1) Sucessão imobiliária (art. 130, CTN) 🡪 Na compra de bem imóvel, o


adquirente assume as dívidas tributárias, exceto se:
- Se no instrumento de aquisição houver prova da quitação do tributo (art. 130,
Caput, CTN)
- Se o bem for adquirido em hasta pública (art. 130, Parágrafo único, CTN) 🡪
tributo recai no preço pago pelo arrematante;
RESPONSABILIDADE PELO PAGAMENTO DO IPTU DE BEM IMÓVEL ARREMATADO EM HASTA PÚBLICA. EXPRESSA
PREVISÃO DE RESPONSABILIDADE DO ARREMATANTE, PREVISTA NO EDITAL DA HASTA PÚBLICA. MITIGAÇÃO DO
ART. 130, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CTN. PRECEDENTES DO STJ. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO.
I. Na esteira do entendimento do Superior Tribunal de Justiça, "havendo expressa menção no edital de hasta pública nesse
sentido, a responsabilidade pelo adimplemento dos débitos tributários que recaiam sobre o bem imóvel é do arrematante"
(STJ, AgRg no AREsp 248.454/SP, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, PRIMEIRA TURMA, DJe de 12/09/2013).
II. No caso dos autos, tendo a Corte de origem consignado que o edital de hasta pública previa, expressamente, que os
créditos tributários relativos ao IPTU seriam transferidos ao arrematante do bem imóvel, não há como se afastar a sua
responsabilidade pelo adimplemento do referido débito tributário.
(STJ, AgRg no AREsp 720.867/RS, Rel. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, SEGUNDA TURMA, julgado em 18/02/2016,
DJe 29/02/2016)
b.2) Sucessão intervivos de bens móveis (art. 131, I, CTN)

Art. 131. São pessoalmente responsáveis:


I - o adquirente ou remitente, pelos tributos relativos aos bens adquiridos ou
remidos 🡪 bens móveis ou semoventes
II - o sucessor a qualquer título e o cônjuge meeiro, pelos tributos devidos pelo de
cujus até a data da partilha ou adjudicação, limitada esta responsabilidade ao
montante do quinhão do legado ou da meação;
III - o espólio, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da abertura da
sucessão.
🡪 afasta-se a responsabilidade dos devedores originais

Súm. 585, STJ: A responsabilidade solidária do ex-proprietário, prevista no art. 134 do


Código de Trânsito Brasileiro CTB, não abrange o IPVA incidente sobre o veículo
automotor, no que se refere ao período posterior à sua alienação.

b.3) Sucessão comercial (transmissão de estabelecimento


comercial, industrial ou profissional): art. 133, CTN;

b.4) Sucessão empresarial:Transmissão decorrente de fusão,


incorporação, transformação ou cisão: (art. 132, CTN)
6.2) RESPONSABILIDADE DE TERCEIROS:

Art. 134, CTN 🡪 Impossibilidade de exigência de obrigação


tributária principal pelo contribuinte

- 2 condições 🡪
a) Contribuinte não poder cumprir obrigação principal
b) Terceiro tenha participado do fato gerador ou que tenha sido
omisso indevidamente em relação a ele
I - os pais, pelos tributos devidos por seus filhos menores;
II - os tutores e curadores, pelos tributos devidos por seus tutelados
ou curatelados;
III - os administradores de bens de terceiros, pelos tributos devidos
por estes;
IV - o inventariante, pelos tributos devidos pelo espólio;
V - o síndico e o comissário, pelos tributos devidos pela massa
falida ou pelo concordatário;
VI - os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício, pelos
tributos devidos sobre os atos praticados por eles, ou perante eles,
em razão do seu ofício;
VII - os sócios, no caso de liquidação de sociedade de pessoas.
Parágrafo Único 🡪 aplica-se às penalidades de caráter moratório
- Responsabilidade dos sócios e administradores de
pessoas jurídicas:

Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a


obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de
poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos:
I - as pessoas referidas no artigo anterior;
II - os mandatários, prepostos e empregados;
III - os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de
direito privado.

- Excesso de poderes 🡪 Ex: fraudes, violação a estatutos ou


contratos sociais, exercício de atribuições além das atribuições
legais.
- Responsabilidade dos sócios e administradores de
pessoas jurídicas (cont)
- Mero inadimplemento de tributo (infração à lei) enseja a
responsabilidade do sócio 🡪 art. 135, CTN
Súmula 430, STJ: “O inadimplemento da obrigação tributária pela
sociedade não gera, por si só, a responsabilidade solidária do sócio-
gerente”.
- Responsabilidade do sócio administrador em caso de dissolução
irregular 🡪 liquidação de empresa (art. 134, VII, CTN) 🡪 Súmula
435, STJ 🡪 “Presume-se dissolvida irregularmente a empresa que
deixar de funcionar no seu domicílio sem comunicação aos órgãos
competentes, legitimando o redirecionamento da execução fiscal
para o sócio-gerente”
Responsabilidade de terceiros:

Art. 134, CTN Art. 135, CTN


Responsabilidade Subsidiária Responsabilidade Pessoal
Depende da Insolvência do Não depende da insolvência
contribuinte do contribuinte
Responsabilidade por Responsabilidade por
transferência substituição
Responsável: omissão 🡪 sem Responsável: excesso de
excesso de poder ou fraude à poderes ou infração à lei,
lei contrato ou estatutos
6.3) RESPONSABILIDADE POR INFRAÇÕES

🡪 REGRA: Responsabilidade por infrações independe da


intenção do agente ou da natureza e extensão dos efeitos do
ato 🡪 art. 136, CTN;

- Hugo de Brito Machado: não se trata de responsabilidade


objetiva, mas de culpa presumida 🡪 não há necessidade de
demonstrar dolo ou culpa do agente, mas pode excluir a
responsabilidade provando de que não teve a intenção de
infringir a norma ou queria obedecê-la, mas não fez por razões
superiores a sua vontade;
6.3) RESPONSABILIDADE POR INFRAÇÕES

🡪 REGRA: Responsabilidade por infrações independe da


intenção do agente ou da natureza e extensão dos efeitos do
ato 🡪 art. 136, CTN;

Art. 137. A responsabilidade é pessoal ao agente:


I - quanto às infrações conceituadas por lei como crimes ou contravenções, salvo
quando praticadas no exercício regular de administração, mandato, função,
cargo ou emprego, ou no cumprimento de ordem expressa emitida por quem de
direito;
OBS: exercício regular 🡪 responsabilidade é da empresa
II - quanto às infrações em cuja definição o dolo específico do agente seja
elementar;
III - quanto às infrações que decorram direta e exclusivamente de dolo específico:
a) das pessoas referidas no artigo 134, contra aquelas por quem respondem;
b) dos mandatários, prepostos ou empregados, contra seus mandantes,
preponentes ou empregadores;
c) dos diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito
privado, contra estas.
- Exclusão da responsabilidade 🡪 DENÚNCIA
ESPONTÂNEA

Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da


infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e
dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade
administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração.
Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia
apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo
ou medida de fiscalização, relacionados com a infração.

Equivale à confissão 🡪 se houver tributo a ser pago,


confissão deve ser acompanhada do pagamento 🡪 infração
pode ser pelo não cumprimento de obrigação acessória;
- Denúncia espontânea acompanhada de pedido de parcelamento:
“O instituto da denúncia espontânea (art. 138 do CTN) não se aplica nos
casos de parcelamento de débito tributário” (REsp 1.102.577/DF, Rel.
Ministro Herman Benjamin, julgado em 22/4/2009)

- Denúncia espontânea e lançamento por homologação e pagamento


não realizado

Súmula 360, STJ. - O benefício da denúncia espontânea não se aplica aos


tributos sujeitos a lançamento por homologação regularmente
declarados, mas pagos a destempo.

“Destarte, quando o contribuinte procede à retificação do valor declarado a


menor (integralmente recolhido), elide a necessidade de o Fisco
constituir o crédito tributário atinente à parte não declarada (e quitada à
época da retificação), razão pela qual aplicável o benefício previsto no
artigo 138, do CTN.” (REsp 1149022 SP, Rel. Ministro LUIZ FUX,
julgado em 09/06/2010)

Você também pode gostar