Você está na página 1de 20

DIREITO TRIBUTÁRIO II

1ª PARTE: RELAÇÃO JURÍDICO-TRIBUTÁRIA

OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA

1. A relação jurídico-tributária: estrutura e dinâmica


- é a dinâmica da estrutura tributária
- polo ativo: Estado ou quem atua em seu lugar
● aquele que tem o direito subjetivo de receber
- polo passivo: contribuinte
● titular do dever de arcar com o crédito
- objeto: tributo

2. Obrigação tributária no CTN (art. 113 CTN)


2.1. Obrigação tributária principal (art. 113, §1º CTN)
- surge com o fato gerador (cobrança deve ser conforme o momento do fato
gerador)
- objetos: tributo e penalidade pecuniária (multa)
- obrigação de conteúdo patrimonial: tributo ou multa é de valor pecuniário
- extingue junto com a extinção do crédito (caso ocorra o pagamento do valor
devido, prescrição ou etc)
2.2. Obrigação tributária acessória (art. 113, §2º e 3º CTN)
- funciona como deveres de colaboração e instrumentais (não adianta criar tributo
se não criar meios de poder melhor controlar, fiscalizar e arrecadar tributo)
- não possuem controle patrimonial direto
- são obrigações impostas por decorrência de lei, visando que o Fisco possa
melhor cobrar, fiscalizar e arrecadar
- objetos: prestações positivas ou negativas (fazer ou não fazer)
- art. 113, §3º CTN: a não observância é o fato gerador que incide em multa, ou
seja, não cumprimento incide em surgimento de obrigação principal

3. Elementos/aspectos da obrigação tributária principal


- material: é o núcleo do fato gerador que leva ao surgimento da obrigação tributária
- temporal: são as circunstâncias da lei do tempo de ocorrência do fato gerador e
servem para responder quando ocorre o fato gerador
- espacial: circunstância de espaço, responde onde ocorre o fato gerador
OBS: material, temporal e espacial compõem o fato gerador
- subjetivo: quem realiza o fato gerador e define o sujeito passivo da contribuição
- quantitativo: composto por base de cálculo e alíquota e define o valor da obrigação
tributária

4. Fato gerador da obrigação tributária principal e da acessória


4.1. Conceito e efeitos (arts. 114 e 115 CTN)
- fato de conteúdo econômico previsto em lei, cuja ocorrência deflagra o
nascimento da obrigação tributária (não há fato gerador sem lei)
- fato gerador (existência de fato do que está previsto e lei) X hipótese de
incidência (mera previsão legal)
4.2. Momento de ocorrência (arts. 116 e 117 CTN)
- quando de fato acontece a situação jurídica (e não o fato em si)
4.3. Tipos de fatos geradores
- instantâneos: se inicia e se realiza no mesmo momento (ex: doação, auferir
receita, quase todos)
- periódicos: se repete por períodos de tempo (ex: IPTU, IPVA, ITR, etc)
- continuados (complexivos): somatório de fatos ocorridos em um espaço de tempo
(ex: IRPF)
4.4. Local da ocorrência do fato gerador
- relevância de estabelecer o critério geográfico para o fato gerador
- depende de definição em lei
4.5. Tributação dos atos ilícitos e ineficazes (art. 118 CTN)
- atos ilícitos (art. 118, I CTN): o fato gerador pode ser lícito ou ilícito, não importa
para o direito tributário
- atos ineficazes (art. 118, II CTN): se o fato ocorreu, pouco importa os efeitos

5. Base de cálculo
- Geraldo Ataliba: a base de cálculo é a perspectiva dimensível do fato gerador
- não se pode acrescentar além do fato gerador, base de cálculo é aquilo definido no
fato gerador
- lei deve apresentar uma relação lógica entre tributo e a base de cálculo

6. Alíquota
- é o percentual da base de cálculo que corresponderá à prestação tributária devida

SUJEITOS DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA

1. O elemento subjetivo da obrigação tributária principal


- são os sujeitos da obrigação tributária, podem ser passivos ou ativos

2. Sujeito ativo da obrigação tributária


2.1. Definição (art. 119 CTN)
- sujeito ativo: é aquele que é capaz de exigir a cobrança de tributos
- possui a capacidade tributária ativa (capacidade de cobrar o tributo de acordo
com o que está previsto em lei), é uma decisão política do legislador definir quem
vai cobrar
● ex: União criou a anuidade da OAB, mas é a OAB que cobra
OBS: “competência tributária” é mal redigida no artigo
- competência tributária: cria o tributo, quem tem é a União, Estados,
Municípios e DF
- capacidade tributária ativa: cobra o tributo
- nem sempre o titular da competência tributária é o titular da
capacidade tributária ativa
- fenômeno da parafiscalidade: ocorre quando o titular da competência tributária
delega a terceiros a capacidade de cobrar tributos
- o ente não será necessariamente de direito público
2.2. Desmembramento territorial e recepção legislativa (art. 120 CTN)
- quando um Município ou Estado se desmembra, sempre por força de lei (estadual
ou federal, respectivamente)
- sub rogação de direitos: novo território passará a ter os direitos de cobrar
- recepção legislativa: caso o novo território não crie leis em tempo hábil (em
primeiro momento), pode usar a legislação do território anterior
● recepção será completa, apenas quando for disposto previamente qual será
a recepção
- ex: São João da Barra e São Francisco de Itabapoana

3. Sujeito passivo da obrigação tributária (art. 121 CTN)


3.1. Sujeição passiva direta – contribuinte (art. 121, parágrafo único, I CTN)
- é aquele que realiza/pratica o fato gerador próprio, tem relação direta com o fato
gerador
- obrigação tributária nasce tendo ele como devedor, pratica o fato gerador
- contribuinte: é aquele obrigado a pagar o tributo, é o devedor
3.2. Sujeição passiva indireta – responsável tributário (arts. 121, parágrafo
único, II e 128 CTN)
- responsável tributário: não pratica o fato gerador, mas há uma lógica para definir
o responsável
● ex: ISE (responsável) recolhe o IR do salário do professor (contribuinte)
- art. 128 CTN (impõe limite ao vínculo): terceiro deve ter um vínculo indireto com o
fato gerador e com o contribuinte, não pode ter relação direta, pois essa pessoa é
o contribuinte
3.2.1. Solidariedade tributária e responsabilidade tributária por
solidariedade (arts. 124 e 125 CTN)
- art. 124, I CTN: solidariedade tributária entre os contribuintes - quando há
interesse comum com a obrigação tributária (fato gerador), não depende
de previsão legal, basta o interesse comum
- art. 124, II CTN: responsabilidade tributária por solidariedade - relação
entre contribuinte e responsável, não necessariamente terá interesse
comum, depende de previsão expressa em lei, basta ter vínculo
3.2.2. Hipóteses de responsabilidade tributária por sucessão (arts. 130,
131, 132 e 133 CTN)
- há um devedor original, mas por algum acontecimento (previsto nos arts.
130 a 133 CTN) recai para terceiro
- via de regra deixa de existir em alguns casos para o contribuinte e passa a
ser exclusivo para terceiro
- art. 130 CTN: hipótese de responsabilidade tributária por sucessão
imobiliária; se não houver prova, adquirente do imóvel se sub-roga em
todos os créditos tributários de impostos, taxas e contribuições referentes
ao imóvel
● se não houver quitação, o comprador passa a ser o devedor de tudo
relacionado ao imóvel no que se refere ao passado (obrigação propter
rem - acompanha o bem)
● exceção: art. 130, parágrafo único CTN
- art. 131 CTN: trata da responsabilidade de um modo geral
- art. 132 CTN: sobre empresas
- art. 133 CTN: sobre alienação de comércio
3.2.3. Responsabilidade tributária strictu sensu ou de terceiros (arts. 134 e
135 CTN)
- grande polêmica: aplicação do art. 135, III CTN - se for impossível cobrar
de um, cobra-se do outro
3.2.4. O tema da responsabilidade tributária dos sócios de empresas no
STJ
- aplicação do art. 135, III CTN
- linha do tempo STJ - sócios devem responder? Em que momento? Todo e
qualquer sócio será responsabilizado?
● 1º momento: não será todo e qualquer sócio, o único tipo será o sócio
administrador (na época do fato gerador), sócios meramente cotistas
não serão responsabilizados
- não basta a mera inadimplência, cobra apenas em caso de
excesso de poder por parte do sócio administrador
● 2º momento: situação de dissolução irregular da sociedade (Súmula
435 STJ)
- tentativa da empresa de evadir e não pagar os débitos
- REsp 1.377.019/2021: responde o sócio administrador do
momento da dissolução
- REsp 1.643.944/2022
3.2.5. Responsabilidade tributária por infrações (arts. 136, 137 e 138 CTN)
- art. 136 CTN: não se trata de crime e não depende de dolo por parte do
contribuinte
● ato ilícito não tipificado como crime
- art. 137 CTN: responsabilidade não recai sobre pessoa jurídica, será
sempre pessoal e depende de demonstração de atividade irregular da
empresa realizada pelo administrador
- art. 138 CTN: denúncia espontânea - hipótese que o contribuinte confessa
e paga o que deve e juros, mas há exclusão da multa
● a possibilidade de denúncia espontânea acaba a partir do momento
que há uma intimação para cumprimento da obrigação
● é possível fazer o parcelamento do valor devido (art. 155-A, caput e
§1º CTN), porém não exclui juros nem multa
3.3. Substituição tributária
- espécie de responsabilidade tributária, mas tem uma peculiaridade, na
substituição tributária a obrigação surge com o substituto tributário como devedor,
e não mais o contribuinte em si
- ligado à eficiência tributária/praticidade tributária
- progressiva: tributa na primeira operação
● ex: refinaria > distribuidora > posto de gasolina
- regressiva: tributa na última operação
● ex: produtor rural > frigorífico
3.4. Retenção na fonte
- segue a ideia da praticidade tributária, quase todos os contratantes de serviço
tem que reter na fonte (definido por lei)
- forma de proteger o crédito tributário
4. As convenções (contratos) particulares e a responsabilidade tributária (art. 123
CTN)
- não podem ser opostas ao Fisco
- os acordos entre as pessoas não são capazes de mudar a sujeição tributária
definida em lei, há proteção do crédito tributário

5. A capacidade tributária passiva (art. 126 CTN)


- capacidade da pessoa ser um devedor tributário
- não depende da capacidade civil, privação ou limitação de atividades civis (ex: preso
ou advogado suspenso)

6. O domicílio tributário (art. 127 CTN)


- local onde o contribuinte de cumprir as obrigações tributárias

LANÇAMENTO E CRÉDITO TRIBUTÁRIO

1. Crédito tributário (art. 139 a 141 CTN)


1.1. Conceito
- é a prestação tributária, é o objeto da obrigação tributária
- decorre da obrigação principal
1.2. Relação com a obrigação tributária (arts. 139 e 140 CTN)
1.3. Crédito tributário e legalidade (art. 141 CTN)

2. Lançamento tributário e “constituição” do crédito tributário


2.1. Conceito (art. 142 CTN)
- há divergência doutrinária sobre o conceito
- só quem pratica o lançamento é a autoridade administrativa, mas quem apura o
lançamento não é só a autoridade administrativa
● lançamento tributário propriamente dito só quem pratica é a autoridade
administrativa, mas nem sempre que o tributo for apurado e recolhido irá
ocorrer lançamento tributário
● crédito é a prestação gerada pelo lançamento, mas a obrigação surge com o
fato gerador
- quando necessário, é identificado o devedor e é proposta a penalidade cabível
- art. 143 CTN está em desuso

3. Legislação tributária aplicável ao lançamento (art. 144 CTN)


- ligado ao Princípio da Irretroatividade Tributária
- leva em consideração a lei vigente no momento do fato gerador

4. A (Ir)reversibilidade do lançamento (art. 145 CTN)


- regra geral: não reversibilidade do lançamento
- contudo, o próprio dispositivo prevê a possibilidade de reversão
● I- recurso administrativo do sujeito passivo
● II- julgador de 1ª instância remete ao julgador de 2ª instância
● III- possibilidade de revisão de ofício
5. Lançamento tributário e segurança jurídica (art. 146 CTN)
- ligado diretamente ao princípio da proteção da confiança legítima
- as modificações só podem surtir efeito no futuro

6. Modalidades de lançamento tributário


6.1. Lançamento por declaração ou misto (art. 147 CTN)
- encontra-se em desuso
- quem faz o lançamento é o Fisco com base em informações prestadas pelo
contribuinte, não há conhecimento próprio do Fisco
● ex: ITR
- é uma atuação conjunta entre Fisco e contribuinte
- podem haver erros nas declarações pelo contribuinte, podendo assim o Fisco
efetuar um lançamento suplementar
● §1º: o declarante pode retificar a declaração desde que antes do lançamento
e que tenha provas
● §2º: revisão feita pela autoridade administrativa
- contribuinte presta declarações e autoridade administrativa realiza lançamento,
quantifica o crédito tributário e notifica o contribuinte do lançamento
6.2. Lançamento por arbitramento (art. 148 CTN)
- tipo especial de lançamento de ofício
- o Fisco se depara com uma situação que ele não pode confiar nos elementos que
ele encontra para fazer o lançamento, então busca outros elementos para se
basear
- não é feito o lançamento com base em fatos reais, mas sim em um arbitramento
que deve seguir critérios
6.3. Lançamento de ofício ou direto (art. 149 CTN)
- é o lançamento propriamente dito, realizado pela autoridade administrativa, com
quase nenhuma participação do contribuinte
- substitui o lançamento por declaração e lançamento por homologação
- administração por conta própria realiza o lançamento
6.4. Lançamento por homologação ou autolançamento (art. 150 CTN)
- sempre o contribuinte que apura e paga seus tributos
- se no prazo de 5 anos o Fisco constatar erro, omissão das declarações realizadas
pelo contribuinte, pode o Fisco realizar lançamento de ofício (art. 149, V CTN)
- contribuinte apura, recolhe e Fisco tem 5 anos para homologar pagamento feito
pelo contribuinte
● passados os 5 anos não havendo, ocorre homologação tácita e se diz
ocorrido o lançamento e extinto o crédito tributário

SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

1. Conceito e dinâmica
- é a suspensão da possibilidade da autoridade administrativa (Fisco) exigir cobrança
do crédito tributário
● pressupõe que o crédito tributário já é exigível ou o lançamento já foi
praticado e notificado
- durante a suspensão não flui o prazo de prescrição
- não existem possibilidades de suspensão além das previstas no art. 151 CTN
● apenas lei complementar (CTN) pode dispor sobre a suspensão da
exigibilidade

2. Moratória e parcelamento (arts. 151, I e VI e 152 a 155-A CTN)


- moratória: ocorre quando surge a obrigação e por lei é concedida a possibilidade de
suspensão
● poder público concede uma dilação do prazo para cumprimento da obrigação
● é um prazo maior para o cumprimento das obrigações tributárias
● única espécie que o código disciplinou (art. 152 a 155-A CTN)
OBS: art. 152, I, “b” não é recebida pela CF/88
● art. 153 CTN: requisitos para que seja concedida a moratória
- parcelamento: é uma espécie de moratória (art. 155-A CTN)
● dilata o pagamento em parcelas mensais diluídas
● não corre prazo de prescrição, interrompe a contagem (pois suspende a
exigibilidade)

3. Depósito integral do crédito tributário (art. 151, II CTN)


- depósito parcial não suspende a exigibilidade, apenas o integral (em dinheiro ou
liminar em medida de segurança ou tutelas provisórias)
- hipóteses:
● contribuinte é notificado do lançamento, não concorda e quer impugnar
● em ação judicial que vem a contestar o crédito
- mera propositura da ação judicial não suspende a exigibilidade

4. Reclamações e recursos administrativos (art. 151, III CTN)


- recursos administrativos: valem para lançamentos de ofício apenas
● suspendem a exigibilidade e não precisa de depósito
● durante o julgamento não corre prazo prescricional, mas pode fluir juros

5. Liminar em mandado de segurança e tutelas provisórias (art. 151, IV e V CTN)


- apelação não tem efeito suspensivo
- na sentença julga procedente o pedido, para evitar que apelação tenha efeito
devolutivo, opõe embargos de declaração para que o juiz conceda liminar para
suspender a exigibilidade

6. Suspensão da exigibilidade do crédito tributário e obrigação acessória (art. 151,


parágrafo único CTN)
- o fato da suspensão não significa que o contribuinte não tenha que cumprir as
obrigações acessórias

EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

1. Extinção do crédito tributário e da obrigação tributária (art. 156 CTN)


- a extinção do crédito leva à extinção da obrigação
- extingue a própria relação jurídica
2. Pagamento e o pagamento antecipado
- pagamento (arts. 156, I e VII, 157 a 163 CTN): modo mais usual do cumprimento da
obrigação
- pagamento antecipado (art. 150 CTN): vale no lançamento por homologação
● só vai ter força para extinguir se estiver acompanhado por homologação

3. Compensação (arts. 156, II, 170 e 170-A CTN)


- ocorre quando o contribuinte tem um débito e um crédito e pede para compensar

4. Transação (art. 156, III e 171 CTN)


- são acordos com o objetivo de encerrar o litígio, favorecer o cumprimento da
obrigação, dando descontos de até 10% de multa e juros, facilitando o pagamento
(desconto dado pelo governo)
- é um programa do Governo, o Governo dá desconto de multa e juros e o contribuinte
abre mão do litígio

5. Remissão (art. 156, IV e 172 CTN)


- é um perdão total ou parcial do débito
- há requisitos/condições para conceder
- havendo remissão, o crédito está extinto

6. Prescrição e decadência (art. 156, V, 150, §4º, 173 e 174 CTN)


- vai ter uma matéria específica sobre

7. Conversão de depósitos em renda (art. 156, VI CTN)


- depósito judicial suspende exigibilidade
- se no final do processo a parte que depositou está devendo, há a conversão desse
depósito em forma de pagamento
- nessa hipótese, o contribuinte questiona o valor e não quer pagar

8. Consignação em pagamento (arts. 156, VIII e 164 CTN)


- contribuinte quer pagar, mas tem algum empecilho
- ex: não sabe a quem pagar
OBS: diferença entre conversão em depósito e consignação em pagamento é que a
primeira, o contribuinte não quer pagar, já a segunda, ele quer só não sabe a quem pagar

9. Decisão administrativa irrecorrível e decisão judicial transitada em julgado (art.


156, IX CTN)
- decisões transitadas em julgado em favor do contribuinte

10. Dação em pagamento (art. 156, X CTN)


- apenas na possibilidade de bens imóveis

PAGAMENTO INDEVIDO E COMPENSAÇÃO

1. Pagamento indevido e direito do contribuinte à restituição (arts. 165 e 167 CTN)


- na hipótese de pagamento indevido, o contribuinte sempre terá o direito à restituição
- só pode ser cobrado aquilo previsto em lei e devidamente calculado

2. A limitação imposta pelo art. 166 do CTN à restituição dos pagamentos indevidos a
título de tributos indiretos
- refere-se a restituição de tributos indiretos
- parte da doutrina: reconhece a diferença entre contribuinte de direito e contribuinte
de fato
● de direito: é quem paga e está na relação jurídica com a Fazenda Pública
● de fato: é quem suporta financeiramente o ônus do que foi pago
- deve ser observado o tipo de tributo, a natureza dele e identificar no ordenamento
quais são os tributos que incidem sobre essas operações
- quem tem direito à restituição é quem suportou
- deve ser provado que restituiu ou comprovar o ônus

3. Compensação tributária (art. 170 CTN)


- é uma alternativa além da restituição
- se o contribuinte pagou algo indevidamente ou a mais, ele passa a ter um crédito
(passa a ser credor do Estado)
- contribuinte deixa de pagar e usa o crédito que tem como compensação até dar o
valor total do seu crédito

4. A polêmica em torno da compensação tributária pleiteada judicialmente (art. 170-A


CTN)
- dispositivo 170-A CTN proibiu algumas coisas
● veda a compensação antes do trânsito em julgado, proibiu que fossem feitas
compensações antes do trânsito em julgado com liminar ou sentença de
primeira instância

5. Compensação tributária (art. 74 da Lei 9.430/96)


- disciplina como deverá ser feita a compensação em âmbito federal
- qualquer pagamento indevido pode gerar direito de restituição ou compensação

PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA

1. Prescrição e decadência: semelhanças e diferenças na Teoria Geral do Direito


- prescrição: deixa de exercer pretensão a esse direito e precisa de ação judicial para
proteger esse direito, perde o exercício concreto de exercer pretensão por ação
judicial
● atinge a pretensão de se exigir
● se foi feito o lançamento dentro do prazo, o prazo dali para frente é
prescricional
- decadência: não está sujeito à ação de reparação
● independe da vontade do contribuinte
● é o prazo que flui para o Fisco exercer lançamento, passado o prazo
decadencial, o Fisco não poderá realizar o lançamento, logo, não pode
quantificar, nem notificar e nem cobrar
● crédito tributário fica extinto e opera sempre contra o Fisco
2. Decadência como forma de extinção do crédito tributário no CTN
- faz o Fisco perder o direito de lançar
2.1. Decadência no lançamento por declaração e de ofício (art. 173, inciso I CTN)
- Fisco ainda tem prazo para realizar o lançamento?
● sim - não houve decadência (crédito é exigível)
● não - houve decadência (crédito é extinto)
- prazo de 5 anos: “lançamento já poderia ter sido efetuado” - momento que nasce
a obrigação tributária
● contagem é no 1º dia do exercício seguinte que o lançamento poderia ter
sido efetuado
OBS: contagem do prazo para lançamento no mês de dezembro é diferente
OBS. 2: há possibilidade de decadência parcial
2.2. Decadência no lançamento por homologação (art. 150, §4º CTN)
- se dá no prazo de 5 anos, a contar da ocorrência do fato gerador
2.3. A polêmica em torno da aplicação do prazo do art. 173, inciso I CTN, aos
casos de lançamento por homologação: fraude, dolo, simulação
- se houver dolo, fraude ou simulação, deverá ocorrer lançamento de ofício
2.4. A ausência de pagamento e a Súmula 555 do STJ
- quando houver ausência de pagamento, não há o que homologar, portanto caberá
lançamento de ofício (considera o art. 173, I CTN)
- se houver pagamento parcial, considera a data do fato gerador (art. 150, §4º
CTN)
Súmula 555 STJ: “Quando não houver declaração do débito, o prazo
decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário conta-se
exclusivamente na forma do CTN, art. 173, I nos casos em que a legislação
atribui ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio
exame da autoridade administrativa”
2.5. Decadência no art. 173, inciso II CTN
- vícios materiais: quando o contribuinte comprova que tem vícios materiais o auto
de infração é improcedente
- se for anulado apenas por vício formal, que não interferem no conteúdo, é
possível ser declarado nulo o ato de infração
- é autorizado ao Fisco realizar novo lançamento, prazo de 5 anos da data que se
reconheceu nulidade
- é dado novo prazo para novo lançamento que foi anulado por vício formal
2.6. A antecipação do termo inicial do prazo decadencial no art. 173, parágrafo
único CTN
- é antecipado o início da contagem de prazo da decadência

3. Prescrição como forma extintiva do crédito tributário no art. 174 CTN


- tributo foi lançado, noticiado, mas na hora de exigir, perde o prazo e ocorre a
extinção
- contribuinte pode: pagar, não pagar ou impugnar
3.1. Prescrição quando o crédito é constituído por lançamento de ofício ou por
declaração
- art. 174 CTN: prazo de 5 anos
- termo inicial da contagem é a constituição definitiva do crédito
- art. 174, parágrafo único CTN: interrupção da contagem
● I - despacho do juiz deve ocorrer antes da prescrição para que possa
interromper
3.2. Prescrição quando o crédito é constituído por lançamento por homologação
e o papel das declarações dos contribuintes
- art. 174 CTN
- termo inicial não é o fato gerador, é a constituição definitiva do crédito (nesse
caso, a declaração)
- valor que o contribuinte declara, ele confessa, constitui crédito e habilita o Fisco a
se não for pago inscrever em dívida ativa e executar, sem precisar de lançamento
- se declarar depois da data que devia, o prazo prescricional ainda será contado da
data da entrega da declaração
3.3. Causas de suspensão e interrupção do prazo prescricional: CTN x Lei
6.830/80
- causas de suspensão: não tem previsão expressa no CTN, então segue as
causas de suspensão da exigibilidade (art. 151 CTN)
- causas de interrupção: art. 174, parágrafo único CTN
● art. 174, parágrafo único, IV CTN: na hipótese de parcelamento, é
interpretada a confissão da dívida
- antes de suspender o parcelamento, há interrupção, visto que, é um
ato de pedido de reconhecimento extrajudicial da dívida
- rescindido o parcelamento, acaba a suspensão e passa a fluir o prazo
de prescrição, sendo esse o termo inicial para a contagem do prazo
EXCLUSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

1. Exclusão do crédito tributário no CTN (art. 175 CTN)


- pressuposto lógico: primeiro precisa existir o crédito tributário
- isenção
● tem o crédito, mas ele é excluído com uma norma de isenção
● regra especial de produtos da cesta básica com isenção de ICMS (não existe
mais essa isenção)
● fato gerador se torna isento, sequer existe obrigação tributária (doutrina
contemporânea)
● deve seguir a regra geral e depois incide a exclusão (doutrina clássica)
- anistia

2. Isenção
- varia o conceito conforme a doutrina
- é a não incidência tributária determinada em lei, funciona como exceção da regra
geral
2.1. Imunidade, isenção e outras modalidades de benefício fiscal
- imunidade: prevista na CF/88, é concedida em razão de valores constitucionais
e sequer existe a compensação tributária
- isenção: prevista por lei, é extrafiscal, voltada para política social e econômica, é
um benefício fiscal, mais dinâmica e sequer existe a obrigação tributária e o
crédito tributário
2.2. Isenção e extrafiscalidade
- isenção é modalidade/instrumento de extrafiscalidade
2.3. Isenção e princípios de Justiça Tributária e Social
- isenção pode ser instrumento social, mas é muito mal usada no Brasil
2.4. Interpretação das normas de isenção (art. 111, II CTN)
- deve haver uma interpretação literal
2.5. Classificação das isenções
- geral (incide para todos) X individual (não é concedida indiscriminadamente,
depende dos quesitos individuais)
- incondicionada/gratuita (não há condição a ser cumprida pelo contribuinte) X
condicionada/onerosa
- por prazo indeterminado (não é fixado prazo para o término, normalmente vale
para gratuita e geral) X por prazo determinado (é fixado prazo para o término,
normalmente vale para onerosa e individual)
- objetiva (critério para isenção é o objeto) X subjetivo (critério para isenção é o
sujeito, a figura do contribuinte)
- total (fato isento por completo) X parcial (desoneração não é completa)

3. Isenção no CTN
3.1. Isenção e legalidade (art. 176 CTN)
- deve sempre vigorar a legalidade, somente lei pode estipular seus requisitos
- art. 176, par. único CTN c/c art. 3º, III CF/88: desoneração do tributo é
ferramenta política para redução da desigualdade regional
3.2. Alcance das normas de isenção (art. 177 CTN)
- isenção tem o alcance que a lei determinar, são concedidas nesses termos
3.3. Revogação das isenções indeterminadas/por prazo certo e
incondicionada/condicionada e a segurança jurídica (art. 178 CTN)
- art. 178 CTN: é a norma de segurança jurídica e regulamenta as normas de
anterioridade
- isenções condicionadas e por prazo determinado: não podem ser revogadas
uma vez concedida a isenção, visto que é direito adquirido
- isenções incondicionadas e por prazo indeterminado: por leitura literal, pode ser
revogada a qualquer tempo
● STF: em qualquer hipótese de majoração indireta (revogar isenção) há
violação da segurança jurídica, portanto, deve respeitar a anterioridade
(seja geral ou nonagesimal)
3.4. Isenções específicas e atos administrativos de concessão (art. 179 CTN)

4. Anistia (art. 180 a 182 CTN)


- é o perdão em relação às penalidades
- concedida por lei, pode ser individual ou geral

GARANTIAS E PRIVILÉGIOS DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

1. Garantias, privilégios e preferências do crédito tributário: conceito, fundamentos


jurídicos, semelhanças e disciplina no CTN (art. 183 CTN)
- crédito tributário responde ao interesse/finalidades públicas, vigora a supremacia do
interesse público sobre os particulares, prevalece a coletividade

2. Privilégio do crédito tributário e responsabilidade patrimonial (art. 184 CTN)


- responde pelo pagamento do crédito tributário a totalidade dos bens e das rendas,
de qualquer origem ou natureza, do sujeito passivo, seu espólio ou sua massa falida,
inclusive os gravados por ônus real ou cláusula de inalienabilidade ou
impenhorabilidade
- mesmo bens profissionais podem ser reservados para pagamento de crédito
tributário, a menos que resguardados por lei

3. Privilégios processuais
- não descrito pelo CTN

4. Garantias do crédito tributário no CTN


4.1. Presunção de fraude à execução (art. 185 CTN)
- protesto: título de crédito extrajudicial (se antes era exigível torna-se exequível,
é pressuposto para promover a execução)
- presume-se fraudulenta a alienação após a inscrição na Dívida Ativa, torna o
negócio jurídico ineficaz perante o juízo
● presunção é relativa, mas cabe ao devedor provar que não houve fraude
- fraude se torna fato se com a alienação o devedor se tornar insolvente, se ele se
despatrimonializa a ponto do Fisco perder garantias do pagamento da dívida
4.3. Garantias no âmbito de falência, recuperação judicial e inventário
- arts. 191. 191-A e 192 CTN
4.4. Contratação com a Administração Pública
- art. 193 CTN

5. Preferências do crédito tributário (arts. 186 a 190 CTN)


- crédito tributário sempre prevalece

2ª PARTE: ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA

ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA

1. Administração Tributária no CTN


1.1. Legislação tributária e poderes de fiscalização (art. 194 CTN)
- existe um poder dever
- “legislação tributária” é redação equivocada, deveria ser apenas previsão em lei
(pois só lei dá esse poder)
● contudo, os procedimentos podem ser previstos em outros meios
infralegais
1.2. Alcance do poder de fiscalização perante contribuintes e terceiros (arts. 195
e 197 CTN)
- dispõe sobre as regras sobre o alcance
- poderes de fiscalização alcançam “terceiros”: são terceiros em relação ao
contribuinte mas alguns também são contribuintes, pois nesse rol do art. 197
são obrigados a prestar contas dessas atividades
1.3. Formalização e procedimento fiscalizatório (art. 196 CTN)
- deve estar tudo sempre lavrado em termo
1.4. Sigilo fiscal (art. 198 CTN)
- direito fundamental relativizado no CTN
1.5. Colaboração entre as Fazendas Públicas dos entes (arts. 199 e 200 CTN)
- é permitida a troca de informações sem que configure a quebra de sigilo

2. Sigilo bancário e a LC 105/2001


- art. 197, II CTN
- quebra do sigilo seria uma invasão de privacidade da Receita em face do
contribuinte
- LC 105/2001: criou a permissão para a quebra de sigilo bancário
● autoriza a receita federal requisitar diretamente às instituições financeiras
fornecer os dados
● argumento para justificar: bancos vão repassar informações para receita e a
receita não vai divulgar os dados, esses dados serão entregues ao órgão
público que vai usar para um fim único, o lançamento tributário
● intima primeiro o contribuinte para espontaneamente apresentar os dados
● todo procedimento tem que ser lavrado a firma, constar em documento, ainda
que digital

3. Dívida Ativa (arts. 200 a 204 CTN)


- CND (certidão negativa de débito): emitida ao contribuinte, prova que não tem
débitos fiscais
- CPD (certidão positiva de débito): emitida ao contribuinte que possui débito
- CPDCEN (certidão positiva de débito com efeito de negativa): mesma utilidade de
CND
OBS: passado o prazo estabelecido para emissão cabe mandado de segurança

4. Certidões de regularidade fiscal


- arts. 205 e 206 CTN

3ª PARTE: ILICITUDES TRIBUTÁRIAS


ABRAHAM, Marcus. Curso de Direito Tributário Brasileiro. 3a ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2022, p. 316-330.

INFRAÇÕES E CRIMES TRIBUTÁRIOS

1. Direito Tributário Penal e Direito Penal Tributário


- direito tributário penal: refere-se às normas de direito tributário propriamente dito
que punem na seara administrativo-tributária
● condutas são ilícitas, mas desprovidas de caráter criminal
● são aplicadas punições administrativo-tributárias pelo descumprimento das
obrigações tributárias (principais ou acessórias)
- multa tributária (sanção pecuniária), apreensão de bens e
mercadorias, cassação ou suspensão de regime especial de
tributação, e restrição a direitos
● responsabilidade é objetiva (art. 136 CTN)
- direito penal tributário: refere-se às normas de direito penal propriamente dito que
preveem as condutas reputadas como ilícitas e tem punição na seara criminal
● condutas são delituosas e apresentam caráter criminal
● há possibilidade de aplicação de pena privativa de liberdade
● responsabilidade é subjetiva (exige o elemento da culpa do agente)
- a mesma conduta pode ser valorada negativamente no âmbito penal e no
administrativo-tributário
● se for negada a materialidade na esfera penal, automaticamente repercute
na seara administrativa, e vice versa

2. Infrações tributárias no CTN


- são condutas de descumprimento de obrigações tributárias cuja punição se dará na
seara administrativo-tributária
- punições desprovidas de caráter criminal, apresentam caráter de ilicitude e são
objeto de sanção
● podem ou não alcançar reprimenda criminal
2.1. Responsabilidade por culpa (art. 136 CTN)
- responsabilidade é objetiva
2.2. Hipóteses de responsabilidade pessoal do agente (art. 137 CTN)
- agentes que devem responder na hipótese de infração quanto crime
2.3. O art. 138 do CTN e a exclusão da responsabilidade
- denúncia espontânea é excludente de qualquer responsabilidade

3. Crimes contra a ordem tributária da Lei 8.137/90


- definidos pela Lei 8.137/90
● art. 1º e 2º: condutas cometidas por particulares, são os crimes de
sonegação fiscal (exceção do art. 2º, II: crime de apropriação indébita
tributária)
- art. 1º: crimes materiais ou de resultado (agente pratica a conduta e
produz resultado efetivo, com exceção do art. 1º, par. único)
- art. 2º: crimes formais (agente pratica a conduta, independe da
produção do resultado) - são infrações de menor potencial ofensivo
● art. 3º: condutas cometidas por funcionários públicos, são os crimes
funcionais contra a ordem tributária (são crimes funcionais)
- bem jurídico tutelado é a ordem tributária
● bens jurídicos indiretamente tutelados: livre-concorrência e Administração
Pública
- são crimes comuns, por não exigir a qualidade de sujeito passivo tributário
- autor é aquele que realiza a conduta descrita no verbo-núcleo do tipo
3.1. Processo administrativo tributário e o tipo penal previsto no art. 1º da Lei
8.137/91 – a interpretação do STF
- Súmula Vinculante 24
3.2. O pagamento do débito e a extinção da pretensão punitiva na visão do STF
- art. 3º, §5º Lei 10.684

4. As diferenças terminológicas e conceituais entre evasão fiscal, “elusão” fiscal,


elisão fiscal e planejamento tributário
- evasão fiscal: ilicitude típica, é crime, redução/supressão mediante conduta tipificada
como crime (art. 1º e 2º Lei 8.137)
- elusão fiscal: abuso de direito, contribuinte abusa da forma jurídica para alcançar
resultado que a lei tributária não desejava, escapa da obrigação tributária
- elisão fiscal e planejamento tributário: conduta do contribuinte lícita, tem que haver
business purpose, otimiza a administração e por consequência tem vantagem
tributária

5. Normas gerais antielisivas e o art. 116, par. único, CTN

4ª PARTE: DIREITO PROCESSUAL TRIBUTÁRIO


ABRAHAM, Marcus. Curso de Direito Tributário Brasileiro. 3ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2022, p.
473-510. (Disponível em: Minha Biblioteca)

INTRODUÇÃO AO DIREITO PROCESSUAL TRIBUTÁRIO

1. Direito Processual Tributário como disciplina jurídica


- processo tributário existe, mas não há disciplina específica (não há legislação
unitária e uniforme)
- hibridez: combina direito processual, administrativo e tributário
- autonomia didática: é possível explicar a matéria separadamente
- não há sistematicidade e há dualidade de cognição (tem processo administrativo
tributário e processo judicial tributário - dualidade de conhecimento)
2. A lite tributária differenziata (Francesco Carnelutti) e a disciplina jurídica autônoma
das ações do Fisco
- Carnelutti (pai do direito processual tributário): lide tributária é diferenciada, com
processo diferenciado
● Brasil absorveu a ideia de lide diferenciada, porém apenas em favor do
Fisco, em favor do contribuinte não há lide diferenciada

3. Esquema das ações tributárias


EXACIONAIS (Fisco) ANTIEXACIONAIS (contribuinte)

- Execução Fiscal - Ação Declaratória


- Cautelar Fiscal - Ação Anulatória
- Ação Condenatória de Repetição do Indébito
- Mandado de Segurança
- Embargos à Execução Fiscal

PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO

1. Processo Administrativo Tributário


- ou Processo Administrativo Fiscal (PAF)
- ocorre no âmbito federal
FASE PROCEDIMENTAL (é a fase de lançamento)
1º intimação de procedimento de fiscalização
2º há lançamento de ofício (Auto de Infração é lavrado)
3º notifica o lançamento
4º prazo de 30 dias da data da notificação para impugnar
5º ao impugnar, o contribuinte instaura a fase processual
FASE PROCESSUAL
6º podem ocorrer diligências e perícia (produção de provas)
7º julgamento de 1ª instância na Delegacia da Receita Federal de Julgamento (é
órgão do Fisco)
- impugnação apreciada apenas por fiscais
- pode ser procedente à impugnação, improcedente à impugnação e
parcialmente procedente à impugnação
● se procedente: possibilidade de Recurso de Ofício pelo Fisco
● se improcedente: possibilidade de Recurso Voluntário pelo
contribuinte (prazo de 30 dias)
● se parcialmente procedente: possibilidade de Recurso de Ofício e
Recurso Voluntário
8º na hipótese de recurso, vão para o CARF (Conselho de Administração de
Recursos Fiscais) - 2ª instância
- há paridade na composição desse conselho (entre fiscais e contribuintes)
9º da decisão de 2ª instância, cabe REsp na CSRF (Câmara Superior de Recursos
Fiscais) na hipótese de divergência entre as turmas do CARF
10º julgamento definitivo na CSRF mantendo o lançamento - vai para a dívida ativa e
execução fiscal
2. Legislação
- Decreto 70.235/72 (PAT)
- Lei 6.830/80 (LEF)
- Lei 8.397/92 (Cautelar Fiscal)
- CTN e CPC
- Lei 12.016/09 (Lei do Mandado de Segurança)

AÇÃO DO CONTRIBUINTE

1. Ação declaratória em matéria tributária – CPC/2015


- busca declaração da existência ou não da relação jurídica
- ação sob o rito comum com pedido de tutela declaratória
- não existe um lançamento tributário na hipótese dessa ação, pois é ação prévia à
cobrança tributária
- o que faz surgir interesse de agir é a incerteza quanto à existência ou inexistência
daquela relação jurídica, seu conteúdo
- visa evitar a cobrança, o lançamento
- contribuinte deve comprovar que já há controvérsia concreta, ou seja, possibilidade
de haver cobrança
- raramente são manejadas em situações que dependem de produção de provas
- efeitos da sentença: é a pura declaração
- “lei em tese” (hipótese em que não há interesse de agir): sempre pressupõe que
existe controvérsia concreta

2. Ação anulatória em matéria tributária – CPC/2015


- visa a extinção do crédito tributário
- efeitos da sentença: é desconstituir, há extinção do crédito tributário mediante
desconstituição do lançamento, há desfazimento do ato

3. Ação condenatória de repetição de indébito – CPC/2015


- visa a restituição do que pagou indevidamente ou a mais a título de tributo
- cabe tutela provisória de urgência? NÃO, deve aguardar o trânsito em julgado, pois
a execução depende do título executivo judicial
- pode ser acumulada com outras ações
- efeitos da sentença: eficácia condenatória de formação de um título judicial

4. Ação de consignação em pagamento – CTN e CPC/2015

5. Mandado de segurança em matéria tributária – Lei nº 12.016/2009


- art. 1º Lei 12.016/2009
- sempre que houver ilegalidade ou abuso de poder é usado
- direito de agir: qualquer pessoa física ou jurídica que sofrer violação ou houver justo
receio de sofrê-la
- mandado de segurança repressivo: anulatória, é manejado quando já existe a
violação do direito pelo ato e a autoridade coatora
- mandado de segurança preventivo: declaratória, é manejado quando há receio que a
ação da autoridade coatora que ainda será realizada viole direito do contribuinte,
visa impedir que o ato seja realizado, devendo, para tanto, o contribuinte provar que
a ameaça existe
- se precisar de produção de prova não cabe mandado de segurança
- justo receio: art. 142, par. único CTN
- para provar direito líquido e certo precisa da desnecessidade de dilação probatória
● juiz pode julgar/concluir conforme o que foi apresentado na inicial
- hipóteses de não cabimento: se o contribuinte pede prazo para recurso e não
recorre, cabe mandado de segurança, mas durante o prazo de recurso não cabe
mandado de segurança, cabe recurso com efeito suspensivo
- mandado de segurança contra “lei em tese”: tem que demonstrar a existência de
obrigação tributária, sujeito de ato de cobrança por parte da autoridade fiscal uma
vez que não cabe mandado de segurança contra lei em tese (Súmula 266 STF)
- liminar em matéria tributária: art. 7º, III Lei 12.016/2009
● hipóteses de não concessão de liminar: art. 7º, §2º Lei 12.016/2009
- mandado de segurança e compensação tributária: Súmula 213 STJ
● decisão sobre direito a compensação é declaratória e não mandamental
- efeitos da sentença: mandamental e mandado de segurança para obtenção de
CPD-EN

6. Tutela cautelar do contribuinte em matéria tributária – CPC/2015


- atualmente perdeu a utilidade com a reforma do CPC, sendo lançada sobre o rito
comum (pedido de tutela cautelar) = tutela de urgência antecipada

AÇÕES DO FISCO

1. Execução fiscal - Lei nº 6.830/80


1.1. A CDA como requisito e objeto da execução fiscal
- art. 2º Lei 6.830/80
- conceito de dívida ativa: Lei 4.320/64
1.2. Presunção de liquidez e certeza da CDA
- art. 3º Lei 6.830/80
1.3. Petição inicial (Artigo 4º e 5º)
- não é necessário fundamentar, visto que a liquidez do pedido está na CDA
- é uma petição simples, com apenas uma página e a CDA vira parte da petição
1.4. Despacho inicial e citação
- inicial (art. 7º) e citação (art. 8º)
- é o despacho que interrompe o prazo de prescrição
1.5. Garantias da execução fiscal (art. 9º)
1.5.1. Depósito
- é um depósito integral do valor
- uma vez realizado o depósito, mesmo que o contribuinte ganhe em 1ª
instância, o contribuinte não pode pegar o depósito, só depois do trânsito em
julgado
● Controvérsia: termo inicial para a propositura de embargos - STJ o
prazo não conta a partir do depósito, deve contar da data que o juiz
reconhece por despacho o depósito
1.5.2. Fiança bancária
1.5.3. Penhora (art. 10 e 11)
- ordem de penhora: se sobrepõe a ordem do art. 135 Lei 6.830/80
- possibilidade do juiz realizar penhora em dinheiro bancário (art. 185-A
CTN)
- penhora on line sobre dinheiro (BACENJUD): nessa hipótese o art. 854
CPC é aplicado subsidiariamente
- penhora sobre faturamento: faturamento é dinheiro, também aplica o CPC
art. 866 (discussão é em relação a porcentagem)
- penhora sobre o estabelecimento empresarial (art. 862 CPC )
- princípio da menor onerosidade da execução em matéria tributária: o juiz
deve sim fazer ponderação entre a efetividade do crédito e a busca de
impor ao devedor a menor onerosidade da execução

2. Objeção de mérito do executado


- caminho natural para objeção são os embargos à execução fiscal, mas tem a
possibilidade de exceção de pré-executividade
2.1. Exceção de pré-executividade: hipóteses de cabimento e julgamento
- é uma petição protocolada nos autos da própria execução
- é o modo do contribuinte se opor à liquidez do crédito
- não cabe produção de provas no âmbito de execução fiscal, por isso são
restritas as aplicações
2.2. Embargos à Execução Fiscal – Lei nº 6.830/1980 e CPC/2015
- é ação autônoma, rito comum com nuances da Lei 6830
- contribuinte visa destituir a CDA
- deve apresentar todas as provas possíveis
- cabimento e alcance: art. 16
- prazo: 30 dias
● para contar, depende da garantia em juízo (STJ afirma que juiz deve
despachar, contagem é do despacho e não do depósito em si)
● contagem da própria intimação do oficial de justiça
- embargos sem garantia?
● garantia deve ser total, mas STJ tem decisões em sentido de que deve ser
garantia total e também não precisar de garantia, depende do caso
- recebimento e possibilidade de efeito suspensivo: recebimento não é
automaticamente com efeito suspensivo dos embargos (art. 999 CPC)
● STJ: contribuinte para pedir o efeito suspensivo, deve seguir o rito do art.
999, §1º CPC
● primeiro pedido dos embargos deve ser sobre o recebimento na forma do
art. 999, §1º CPC
- cumulação ou litispendência com ação anulatória
● quando ação anulatória é dirigida a crédito tributário, tem mesmo objeto
dos embargos, mesmos pedidos, desconstituição do crédito
● se não houver pedidos diferentes, haverá litispendência
- efeitos da sentença: efeito de desconstituição da CDA (se julgados procedentes
os pedidos)

Você também pode gostar