RELAÇÃO JURÍDICA FISCAL (relação complexa) - 3 SENTIDOS:
1. Aceção constitucional→ ideia de que o pagamento de impostos é um dever fundamental. Cada contribuinte tem o dever de garantir a liquidez do estado para as despesas de interesse geral. 2. Aceção administrativa→ por um lado temos a administração fiscal habilitada a praticar atos de autoridade, e por outro, temos os contribuintes onde recai o dever de pagamento, tendo, porém, o ónus de impugnar quando não concorde. 3. Aceção obrigacional→ relação jurídica de crédito entre a Fazenda pública e o contribuinte. • É uma obrigação como qualquer outra (direito de crédito/dever de pagamento); • É uma obrigação legal, indisponível e irrenunciável; • Especialmente garantida quanto ao seu cumprimento- art. 50º LGT- garantias especiais que colocam o credor tributário numa posição vantajosa face aos credores. • Autotutelada.
SUJEITOS DA RELAÇÃO JURÍDICA FISCAL: são os detentores de personalidade
tributária→ aqueles que podem ser sujeitos de relações jurídicas tributárias. ➔ Art. 31º LGT- obrigações (principais- pagamento do imposto em si- e acessórias- declarações de rendimentos, documentos relavantes, informações pedidas…) dos contribuintes; LADO ATIVO- Poder tributário (poder de criar e definir os elementos essenciais dos impostos- 165º/1/i CRP); Competência Tributária (praticar os atos de lançamento, liquidação e cobrança- AT); Capacidade tributária ativa (titularidade de um direito subjetivo ao crédito do imposto- Fazenda Pública); Titularidade da receita fiscal (poder da entidade a quem determinada receita se encontra subjetivamente consignada de exigir a sua efetiva atribuição). ➔ SUJEITOS LADO PASSIVO- Contribuinte (titular da manifestação da capacidade contributiva); Sujeito Passivo (pessoa a quem a lei impõe o cumprimento de uma obrigação fiscal); Devedor do imposto (pessoa sobre quem impende o dever de satisfazer a obrigação tributária); Suportador do encargo do imposto por repercussão legal (pessoa que suporta financeiramente o imposto através do mecanismo de repercussão legal, ou seja, repercute-se no adquirente do bem ou serviço o valor do imposto). ➔ Quanto aos sujeitos passivos: Domicílio fiscal e representante legal- art. 19º LGT; ➔ TRANSPARÊNCIA FISCAL: em certas situações o direito fiscal opta por não considerar sujeitos passivos da relação jurídica fiscal algumas entidades dotadas de personalidade jurídica- art. 6º CIRC: desconsidera a personalidade jurídica das sociedades aí indicadas, não lhes reconhecendo personalidade tributária (no fundo, quem paga não é a sociedade, mas sim os próprios sócios, distribuindo-se relativamente à quota de cada parte, em sede de categoria B)→ EVITAR FUGA E EVASÃO FISCAL. JUROS 1) Compensatórios (35º LGT): Sujeito passivo→ AT o Atraso na liquidação, imputável ao sujeito passivo; o Sujeito passivo recebeu reembolso superior ao devido (imputável ao sujeito passivos, por exemplo mentir acerca das despesas); 2) De mora (86º/1 CPPT): Sujeito passivo→ AT o Atraso do pagamento AT→ Sujeito passivo
o São os únicos que não são devidos pelo sujeito passivo e sim Administração tributária; o Quando a AT exigiu uma prestação que não podia exigir; Art. 43º LGT o Quando a AT não restitui o imposto pago a mais;
I Responsabilidade subsidiária→ responsável tributário só é chamado a satisfazer a dívida tributária do sujeito passivo depois de esgotado todo o património deste!!- REGRA GERAL Art. 23º LGT- REVERSÃO DO PROCESSO DE EXECUÇÃO FSCAL- mecanismo que permite substituir o devedor originário por um devedor secundário: 153º/2 CPPT (quando pode haver reversão).
Art. 24º LGT
Direitos do responsável subsidiário: 1) Benefício de execução prévia (23º/2;
2) Direito de audiência prévia (23º/4); 3) Oposição à execução (203º e 204º CPPT). • Benefício de execução prévia: só se recorre ao responsável subsidiário quando se esgotar/excutir todo o património do devedor originário. • Direito de audiência prévia: direito, não dever 23º/3→ suspensão do processo de execução fiscal relativamente ao responsável subsidiário até estar definido com precisão o montante que ele terá de pagar, de modo a evitar a prescrição. • Oposição à execução: meio processual adequado para o executado contrariar a reversão, imputando-lhes vícios de forma como a ausência de fundamentação, ausência de notificação… (reclamação graciosa ou impugnação judicial) Art. 24º LGT: Responsabilidade Dos Administradores, Gerentes E Diretores É importante distinguir gerente de direito e gerente de facto, isto é, gerente no papel e quem exerce de facto o trabalho de gerente. Assim, a responsabilidade do Art. 24, aplica-se aos GERENTES DE FACTO. No fundo, o que é que a AT tem de fazer para reverter a situação fiscal? 1º Provar os requisitos do art. 153º/2 CPPT; 2º Provar que reverte para aquele que exerce de facto a gerência; 3º Quando a AT recebe a reversão fiscal tem de dizer se o está a receber pela alínea a) ou alínea b) do nº1. Art. 24º/a→ situações em que a AT quer reverter a dívida e, quando terminou o prazo de pagamento, aquela pessoa já não era gerente: o ónus da prova é da AT. Art. 24º/b→ situações em que a AT quer reverter a dívida, sendo que aquela pessoa exerce o cargo de gerente aquando da verificação da falta de pagamento: ónus da prova pertence aos gerentes.
II. Responsabilidade solidária→ o devedor secundário responde
solidariamente, sendo que o credor pode vir a exigir a qualquer um deles o cumprimento da totalidade da dívida (e não apenas ou primeiramente ao devedor principal). Ex: liquidação de sociedades de responsabilidade limitada (21º/2 LGT)→ sócios são solidariamente responsáveis com aqueles e entre si, pelos impostos em dívida, podendo ser demandados juntamente com o sujeito passivo (a sociedade) ou pode ser só um sócio a satisfazer a totalidade do valor da dívida em falta contudo, o sócio fica com um direito de crédito: um direito de regresso sobre o sujeito passivo e os demais responsáveis solidários.
SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA- o substituto substitui-se ao responsável pelo pagamento, na
relação com a AT, retendo uma parcela de dinheiro para entregar aos cofres de estado. I Retenção na fonte a título definitivo (substituição total) - art. 34º LGT: o substituto substitui por completo o substituído, entregando nos cofres do estado o imposto e o substituído não irá ter que fazer mais nada junto da AT. Todos os rendimentos previstos no art. 71º CIRS, sujeitos a taxas liberatórias, são sujeitos a uma substituição total (ex: aplica-se a juros). TAXA LIBERATÓRIA→ taxa que libera um rendimento do dever de englobamento. Vantagens: 1) redução da complexidade da atividade administrativa; 2) diminuição da evasão fiscal. II Retenção na fonte a título de pagamento por conta do imposto devido a final (substituição parcial) - art. 33º LGT: o substituto substitui o substituído em parte, continuando o substituído a ter obrigações. (ex: entidade empregadora paga os salários, retendo uma parcela que irá ser entregue aos cofres de Estado, podendo no final do ano o trabalhador apresentar a sua declaração de rendimentos. Se o valor retido for superior ao imposto devido, é restituído ao trabalhador a parte excedente). Vantagens: 1) anestesia fiscal; 2) antecipação da receita fiscal. EM QUE CASOS É QUE O SUBSTIUTO PODE TER ELE PRÓPRIO O DESFALQUE PATRIMONIAL? --> ART. 28º LGT 1) Quando o substituto retém, mas não entrega (Nº1): substituído fica desonerado de qualquer responsabilidade; quem é responsável é o substituto→ aplica-se aos 2 tipos de substituição 2) Quando o substituto não retém ou não retém na totalidade: a) 28º/2 LGT- pagamento por conta efetuado por terceiro: responsabilidade originária→ substituído; responsabilidade subsidiária→ substituto PORÉM!! O substituto fica sempre sujeito a juros compensatórios (atraso na liquidação), uma vez que a Fazenda pública vai receber o dinheiro mais tarde, sendo a responsabilidade por esse atraso que devia ter retido e não reteve. Só se aplica à substituição parcial b) 28º/3 LGT- retenção na fonte a título definitivo: responsabilidade originária→ substituto; responsabilidade subsidiária→ substituído Só se aplica à substituição total
A TRANSMISSÃO DA OBRIGAÇÃO FISCAL→ à partida é INDISPONÍVEL e
INSTRANSMISSÍVEL (art. 30º/2 LGT). EXCEÇÕES: 1) Sucessão legal- art. 29º/2 LGT: os herdeiros são responsáveis pelas dívidas. MAS, não vão ser responsáveis pela dívida ao fisco com os seus próprios bens pessoais, só vão responder por força da herança. 2) Sub-rogação legal- art. 41º LGT: transmite-se ao sub-rogado a titularidade do crédito que a AT detinha sobre o obrigado tributário (a minha irmã paga as minhas dívidas à AT, sendo que eu depois lhe pago a minha dívida a ela. No entanto, se eu n lhe pagar, haverá processo de execução fiscal).
EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO FISCAL
➢ Pagamento do imposto (voluntário ou coercivo); ➢ Prescrição (quando não se faz a liquidação no prazo) e Caducidade (quando não se iniciou um processo de execução fiscal dentro do prazo); ➢ Dação em pagamento de bens móveis ou imóveis (picasso; edifício com valor histórico…) - art. 201º e 202º CPPT; ➢ Compensação- 89º e 90º CPPT- no caso de ter que receber reembolso de IVA (ou indemnização…), e tenho uma dívida para com o fisco, eu ou a AT pode pedir para que o Estado fique com o excedente para compensar a dívida fiscal que tenho.