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06-04-2021 e 13-04-2021

RELAÇÃO JURÍDICA FISCAL (relação complexa) - 3 SENTIDOS:


1. Aceção constitucional→ ideia de que o pagamento de impostos é um dever
fundamental. Cada contribuinte tem o dever de garantir a liquidez do estado para as
despesas de interesse geral.
2. Aceção administrativa→ por um lado temos a administração fiscal habilitada a
praticar atos de autoridade, e por outro, temos os contribuintes onde recai o dever
de pagamento, tendo, porém, o ónus de impugnar quando não concorde.
3. Aceção obrigacional→ relação jurídica de crédito entre a Fazenda pública e o
contribuinte.
• É uma obrigação como qualquer outra (direito de crédito/dever de pagamento);
• É uma obrigação legal, indisponível e irrenunciável;
• Especialmente garantida quanto ao seu cumprimento- art. 50º LGT- garantias especiais
que colocam o credor tributário numa posição vantajosa face aos credores.
• Autotutelada.

SUJEITOS DA RELAÇÃO JURÍDICA FISCAL: são os detentores de personalidade


tributária→ aqueles que podem ser sujeitos de relações jurídicas tributárias.
➔ Art. 31º LGT- obrigações (principais- pagamento do imposto em si- e acessórias-
declarações de rendimentos, documentos relavantes, informações pedidas…) dos
contribuintes;
LADO ATIVO- Poder tributário (poder de criar e definir os elementos
essenciais dos impostos- 165º/1/i CRP); Competência Tributária
(praticar os atos de lançamento, liquidação e cobrança- AT);
Capacidade tributária ativa (titularidade de um direito subjetivo ao
crédito do imposto- Fazenda Pública); Titularidade da receita fiscal
(poder da entidade a quem determinada receita se encontra
subjetivamente consignada de exigir a sua efetiva atribuição).
➔ SUJEITOS
LADO PASSIVO- Contribuinte (titular da manifestação da capacidade
contributiva); Sujeito Passivo (pessoa a quem a lei impõe o
cumprimento de uma obrigação fiscal); Devedor do imposto (pessoa
sobre quem impende o dever de satisfazer a obrigação tributária);
Suportador do encargo do imposto por repercussão legal (pessoa
que suporta financeiramente o imposto através do mecanismo de
repercussão legal, ou seja, repercute-se no adquirente do bem ou
serviço o valor do imposto).
➔ Quanto aos sujeitos passivos: Domicílio fiscal e representante legal- art. 19º LGT;
➔ TRANSPARÊNCIA FISCAL: em certas situações o direito fiscal opta por não
considerar sujeitos passivos da relação jurídica fiscal algumas entidades dotadas de
personalidade jurídica- art. 6º CIRC: desconsidera a personalidade jurídica das
sociedades aí indicadas, não lhes reconhecendo personalidade tributária (no fundo,
quem paga não é a sociedade, mas sim os próprios sócios, distribuindo-se
relativamente à quota de cada parte, em sede de categoria B)→ EVITAR FUGA E
EVASÃO FISCAL.
JUROS
1) Compensatórios (35º LGT): Sujeito passivo→ AT
o Atraso na liquidação, imputável ao sujeito passivo;
o Sujeito passivo recebeu reembolso superior ao devido (imputável ao sujeito
passivos, por exemplo mentir acerca das despesas);
2) De mora (86º/1 CPPT): Sujeito passivo→ AT
o Atraso do pagamento AT→ Sujeito passivo

3) Indemnizatórios (61º CPPTQ): AT→ Sujeito passivo


o São os únicos que não são devidos pelo sujeito passivo e sim Administração
tributária;
o Quando a AT exigiu uma prestação que não podia exigir; Art. 43º LGT
o Quando a AT não restitui o imposto pago a mais;

MODIFICAÇÃO DA OBRIGAÇÃO FISCAL


1) RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA
2) SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA

RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA- 22º/2 LGT


I Responsabilidade subsidiária→ responsável tributário só é chamado a satisfazer
a dívida tributária do sujeito passivo depois de esgotado todo o património deste!!-
REGRA GERAL
 Art. 23º LGT- REVERSÃO DO PROCESSO DE EXECUÇÃO FSCAL-
mecanismo que permite substituir o devedor originário por um devedor
secundário: 153º/2 CPPT (quando pode haver reversão).

Art. 24º LGT

 Direitos do responsável subsidiário: 1) Benefício de execução prévia (23º/2;


2) Direito de audiência prévia (23º/4); 3) Oposição à execução (203º e 204º
CPPT).
• Benefício de execução prévia: só se recorre ao responsável
subsidiário quando se esgotar/excutir todo o património do devedor
originário.
• Direito de audiência prévia: direito, não dever
23º/3→ suspensão do processo de execução fiscal relativamente ao
responsável subsidiário até estar definido com precisão o montante
que ele terá de pagar, de modo a evitar a prescrição.
• Oposição à execução: meio processual adequado para o executado
contrariar a reversão, imputando-lhes vícios de forma como a
ausência de fundamentação, ausência de notificação… (reclamação
graciosa ou impugnação judicial)
 Art. 24º LGT: Responsabilidade Dos Administradores, Gerentes E
Diretores
É importante distinguir gerente de direito e gerente de facto, isto é, gerente
no papel e quem exerce de facto o trabalho de gerente. Assim, a
responsabilidade do Art. 24, aplica-se aos GERENTES DE FACTO.
No fundo, o que é que a AT tem de fazer para reverter a situação fiscal?
1º Provar os requisitos do art. 153º/2 CPPT;
2º Provar que reverte para aquele que exerce de facto a gerência;
3º Quando a AT recebe a reversão fiscal tem de dizer se o está a receber
pela alínea a) ou alínea b) do nº1.
Art. 24º/a→ situações em que a AT quer reverter a dívida e, quando
terminou o prazo de pagamento, aquela pessoa já não era gerente: o ónus da
prova é da AT.
Art. 24º/b→ situações em que a AT quer reverter a dívida, sendo que aquela
pessoa exerce o cargo de gerente aquando da verificação da falta de
pagamento: ónus da prova pertence aos gerentes.

II. Responsabilidade solidária→ o devedor secundário responde


solidariamente, sendo que o credor pode vir a exigir a qualquer um deles o
cumprimento da totalidade da dívida (e não apenas ou primeiramente ao
devedor principal).
Ex: liquidação de sociedades de responsabilidade limitada (21º/2 LGT)→
sócios são solidariamente responsáveis com aqueles e entre si, pelos impostos
em dívida, podendo ser demandados juntamente com o sujeito passivo (a
sociedade) ou pode ser só um sócio a satisfazer a totalidade do valor da dívida
em falta contudo, o sócio fica com um direito de crédito: um direito de
regresso sobre o sujeito passivo e os demais responsáveis solidários.

SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA- o substituto substitui-se ao responsável pelo pagamento, na


relação com a AT, retendo uma parcela de dinheiro para entregar aos cofres de estado.
I Retenção na fonte a título definitivo (substituição total) - art. 34º LGT: o
substituto substitui por completo o substituído, entregando nos cofres do estado o
imposto e o substituído não irá ter que fazer mais nada junto da AT.
Todos os rendimentos previstos no art. 71º CIRS, sujeitos a taxas liberatórias, são
sujeitos a uma substituição total (ex: aplica-se a juros).
TAXA LIBERATÓRIA→ taxa que libera um rendimento do dever de englobamento.
Vantagens: 1) redução da complexidade da atividade administrativa; 2) diminuição
da evasão fiscal.
II Retenção na fonte a título de pagamento por conta do imposto devido a final
(substituição parcial) - art. 33º LGT: o substituto substitui o substituído em parte,
continuando o substituído a ter obrigações. (ex: entidade empregadora paga os
salários, retendo uma parcela que irá ser entregue aos cofres de Estado, podendo no
final do ano o trabalhador apresentar a sua declaração de rendimentos. Se o valor
retido for superior ao imposto devido, é restituído ao trabalhador a parte
excedente).
Vantagens: 1) anestesia fiscal; 2) antecipação da receita fiscal.
EM QUE CASOS É QUE O SUBSTIUTO PODE TER ELE PRÓPRIO O DESFALQUE
PATRIMONIAL? --> ART. 28º LGT
1) Quando o substituto retém, mas não entrega (Nº1): substituído fica desonerado de
qualquer responsabilidade; quem é responsável é o substituto→ aplica-se aos 2
tipos de substituição
2) Quando o substituto não retém ou não retém na totalidade:
a) 28º/2 LGT- pagamento por conta efetuado por terceiro: responsabilidade
originária→ substituído; responsabilidade subsidiária→ substituto
PORÉM!! O substituto fica sempre sujeito a juros compensatórios (atraso na
liquidação), uma vez que a Fazenda pública vai receber o dinheiro mais
tarde, sendo a responsabilidade por esse atraso que devia ter retido e não
reteve.
Só se aplica à substituição parcial
b) 28º/3 LGT- retenção na fonte a título definitivo: responsabilidade
originária→ substituto; responsabilidade subsidiária→ substituído
Só se aplica à substituição total

A TRANSMISSÃO DA OBRIGAÇÃO FISCAL→ à partida é INDISPONÍVEL e


INSTRANSMISSÍVEL (art. 30º/2 LGT).
EXCEÇÕES:
1) Sucessão legal- art. 29º/2 LGT: os herdeiros são responsáveis pelas dívidas. MAS,
não vão ser responsáveis pela dívida ao fisco com os seus próprios bens pessoais, só
vão responder por força da herança.
2) Sub-rogação legal- art. 41º LGT: transmite-se ao sub-rogado a titularidade do
crédito que a AT detinha sobre o obrigado tributário (a minha irmã paga as minhas
dívidas à AT, sendo que eu depois lhe pago a minha dívida a ela. No entanto, se eu n
lhe pagar, haverá processo de execução fiscal).

EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO FISCAL


➢ Pagamento do imposto (voluntário ou coercivo);
➢ Prescrição (quando não se faz a liquidação no prazo) e Caducidade (quando não se
iniciou um processo de execução fiscal dentro do prazo);
➢ Dação em pagamento de bens móveis ou imóveis (picasso; edifício com valor
histórico…) - art. 201º e 202º CPPT;
➢ Compensação- 89º e 90º CPPT- no caso de ter que receber reembolso de IVA (ou
indemnização…), e tenho uma dívida para com o fisco, eu ou a AT pode pedir para
que o Estado fique com o excedente para compensar a dívida fiscal que tenho.

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