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Trabalho I
Crime de aborto
Como conceito geral, tem-se que o aborto é uma conduta típica, ilícita e
culpável e, portanto, considerado crime no direito brasileiro. Este caracteriza-se como
um crime doloso contra a vida intrauterina, ou seja, do feto ainda na barriga de sua
genitora, podendo ocorrer desde a concepção até o nascimento. Neste sentido, segue
acórdão do TJ/MG
1. Aborto natural: ocorre por questão biológica, como por exemplo o corpo
da genitora não consegue manter a gestação e não há punição;
2. Aborto acidental: ocorre por acidente, como por exemplo após uma
queda, trombada, fratura. Neste caso, não há dolo e por isso não haverá crime, nem
tão pouco punição;
3. Aborto criminoso: qualquer forma de realização, interrupção forçada e
voluntária da gravidez, provocando a morte do feto.
3.a) Auto-aborto: concretiza-se quando provocado pela própria gestante, seja por
meio de medicamentos e/ou outras formas, há punição por meio do art. 124, do CP, e
possui pena prevista de detenção de um a três anos.
3.b) Provocado por terceiro sem o consentimento da gestante: O não consentimento
constitui elementar do tipo penal, sendo que este é tipificado no artigo 125 e é
considerado a forma mais gravosa do delito de aborto. Possui pena de reclusão de
três a dez anos.
3.c) Aborto consentido: a gestante concorda com a realização do aborto e a execução
material é realizada por outra pessoa. Neste caso a gestante e o terceiro não
respondem pelo mesmo crime, visto que a tipificação é diferente, assim a gestante
responde pelo artigo 124 e o terceiro responde pelo artigo 126, o mesmo ocorre em
casos em que o terceiro faz atos de provocação e/ou instigação ao aborto. Para
enquadrar-se neste tipo penal, o terceiro pode fazer o aborto em si ou até ajudar na
compra do remédio ou outras formas indiretas. Possui pena de reclusão de um a
quatro anos.
3.d) Consentimento inválido: ocorre quando a gestante não é maior que 14 anos, é
alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave
ameaça ou violência, nos termos do art. 126, PU. Para estes casos, a pena aplicada
será a do artigo 126, ou seja, reclusão de um a quatro anos.
4. Aborto por omissão: ocorre quando o médico deixa de receitar
medicamentos que podem prevenir um aborto, desde que este tenha consciência da
possibilidade. b) gestante, para a qual é receitado medicamento absolutamente
necessário para evitar o aborto, que, querendo a superveniência do resultado, não o
ingere.
FACULDADE DOM ALBERTO
DISCIPLINA: Direito Penal IV
PROF(a): Prof. Silvio Erasmo Souza da Silva
Trabalho Acadêmico – T1.
provocar aborto e que a morte do feto não ocorra por circunstâncias alheias à vontade
do(s) envolvido(s). Porém o fato será atípico se não houver sido iniciada a execução.
Ademais, importante ressaltar que, ainda que o aborto seja tentado, é
possível que o feto permaneça vivo, ou ainda, que seja expulso com vida do útero,
neste caso, caso sobrevenha a morte posteriormente em decorrência da tentativa,
será considerado o aborto consumado, com base no artigo 4º, do CP. Ainda há a
possibilidade de cumulação da tentativa de aborto com o homicídio ou infanticídio,
este caso ocorrerá quando, por exemplo, tentou-se o aborto e o feto foi expulso do
útero e sobreviveu, mas houve nova agressão a este e tal agressão resultou sua
morte.
Haverá também o crime impossível por: a) impropriedade absoluta do
objeto: este ocorrerá quando o feto já está morto ou quando inexiste a gravidez. b)
absoluta ineficácia do meio: quando o agente quer provocar o aborto, mas escolhe um
meio de execução absolutamente incapaz de gerar morte do produto da concepção.
Conclui-se com isso que, o crime de aborto enquadra-se no conceito de
ação livre, uma vez que admite qualquer forma de execução, desde que aptos a
causar o resultado. Poderá este ser provocado pela própria gestante ou por terceiro,
e para ambos os casos teremos penalidades diferentes para quem o cometer.
Ademais, há modalidades de aborto em que não há penalização, desde que não haja
dolo, pois não aceita-se a forma culposa no crime de aborto, ou que seja legitimado
através da norma penal ou de declaração de constitucionalidade através do STF.
Ainda, aceita-se a forma tentada e o crime impossível, além de termos concreto de
que a consumação se dará no momento da morte do feto e não é punível pelo simples
consentimento da gestante e nem tão pouco pelos atos preparatórios.
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DISCIPLINA: Direito Penal IV
PROF(a): Prof. Silvio Erasmo Souza da Silva
Trabalho Acadêmico – T1.
REFERÊNCIAS
SILVA, Silvio Erasmo Souza da. Plano de aula integral, 2022.1. Faculdade Dom
Alberto. Disponível em
<https://docs.google.com/document/d/1tBWu6AeOSJdgqAhg5BDv-
KEURKJGeMebOhq3WvPXMx4/edit>, acesso em 06/04/2022.