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SCIENTIA VOS LIBERABIT

JOÃO A.N. BITTENCOURT

DOS CRIMES EM
ESPÉCIE
PROF. JOÃO A. N. BITTENCOURT

ERGA
OMNES PARTICIPE DO DIREITO.
CRIME CONTRA
PESSOAS
PARTICIPE DESTA
TRANSFORMAÇÃO
CRIME CONTRA PESSOAS (AÇÃO PÚBLICA
INCONDICIONADA)
HOMICÍDIO (ART. 121 CP)

INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO e AUXÍLIO AO


SUCICÍDIO ( ART.122 CP)
INFANTICÍDIO (ART. 123 CP)

ABORTO (ART. 124 AO ART. 128 CP)


ABORTO: Distingue-se o infanticídio do
aborto porque este somente pode ocorrer
antes do início do parto.

PENSAR
HOMICÍDIO: Quando a mãe não retirou a
vida do filho sob a influência do estado
puerperal.

EXPOSIÇÃO OU ABANDONO DE
RECÉM-NASCIDO: Expor ou abandonar
recém nascido para ocultar a própria desonra,
estando ou não sob o estado puerperal.
ABORTO (ART.
124,CP)
É interromper o processo fisiológico da gestação,
com a consequente morte do feto.
INÍCIO: a vida tem início a partir da concepção ou fecundação, isto é,
desde o momento em que o óvulo feminino é fecundado pelo
espermatozóide masculino. Conduto, para fins de proteção por intermédio
da lei penal, a vida só terá relevância após a nidação, que diz respeito à
implantação do óvulo já fecundado no útero materno, o que ocorre
quatorze dias após a fecundação.
FIM: Se a vida, para fins de proteção pelo tipo penal que prevê o delito
de aborto, tem início a partir da nidação, o termo ad quem para essa
específica proteção se encerra com o início do parto.
ESPÉCIES DE natural ou espontâneo
ABORTO: provocado (dolosa ou
SUJEITO culposamente)
Art. ATIVO
124: Aborto provocado pela gestante (autoaborto) ou aborto provocado com
seu consentimento: Trata-se de crime de mão própria, portanto somente a gestante
pode ser autora.

art. 125: Aborto provocado por terceiro, sem o consentimento da gestante:


Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo. Quanto ao sujeito passivo, afirma-se que é
o produto da concepção e a própria gestante.
art. 126: Aborto provocado por terceiro com o consentimento da gestante: Qualquer
pessoa pode ser sujeito ativo. Quanto ao sujeito passivo somente a produto da
concepção, pois, a gestante permitir que com ela sejam praticadas as manobras abortivas,
as lesões de natureza leve porventura sofridas não a conduzirão a condição de vítima,
dado o seu consentimento.
Forma qualificada

Art. 127:  As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço,
se, em conseqüência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante
sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas     
causas, lhe sobrevém a morte.
art. 128:  Não se pune o aborto praticado por médico
Aborto necessário

        I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;


        Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
        II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da
gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
CONSUMAÇÃO E
ABORTO (ART. TENTATIVA: Se consuma
com a morte do produto da
CAUSAS 127,CP)
DE AUMENTO DE PENA: Os concepção. Há possibilidade
resultados apontados no art. 127 do CP – de tentativa, quando não
lesão corporal grave e morte – somente resultar em morte.
podem ter sido produzidos culposamente,
tratando-se, na espécie, de crime
preterdoloso, ou seja, o dolo do agente era
o de produzir tão somente o aborto, e, além
da morte do feto, produz lesão corporal
grave na gestante ou lhe causa a morte.
Assim, lesões corporais graves e a morte
somente podem ser imputadas ao agente a
título de culpa.
ABORTO LEGAL (Art.
Aborto terapêutico
128, (curativo)
CP) ou profilático (preventivo) : Ocorre quando
não há outro meio de salvar a gestante, como no caso da gravidez tubária,
em que o óvulo fecundado não se implanta no útero, e sim em uma das
trompas, podendo gerar seu rompimento e grave hemorragia interna.
(GONÇALVES, Victor Eduardo Rios, p. 170.).
Aborto sentimental, humanitário ou ético: Gravidez resultante de
estupro, devendo haver consentimento da gestante ou de seu
representante legal se ela for incapaz e deve ser realizado por
médico.
Ordem judicial para realização do aborto legal: A lei penal e a lei processual penal não
preveem nenhum tipo de formalização judicial no sentido de obter uma ordem para que seja
levada a efeito qualquer uma das modalidades do chamado aborto legal, seja aquele de
natureza terapêutica ou profilática, previsto no inciso I do art. 128 ou mesmo o de natureza
sentimental ou humanitária, cuja previsão expressa encontra-se no inciso II do mencionado
artigo.
ABORTO
Agressão à mulher sabidamente grávida: Se o agente almeja o aborto,
responderá pelo delito tipificado no art. 125 do CP; se não tinha essa
finalidade, mas esse resultado era previsível, deverá ser responsabilizado pelo
art. 129, § 2º, V, CP.

Aborto Anencéfalo - ADPF54 (VER ARTIGO)


A anencefalia consiste na malformação do tubo neural, a caracterizar-se pela
ausência parcial do encéfalo e do crânio, resultante de defeito no fechamento
do tubo neural durante o desenvolvimento embrionário. Em seu diagnóstico,
é necessária a constatação da ausência dos hemisférios cerebrais, do
cerebelo, além da presença de um tronco cerebral rudimentar ou, ainda, a
inexistência parcial ou total do crânio.
A jurisprudência do STJ está firmada no sentido de que, no crime de aborto provocado por
terceiro, o bem tutelado pelo ordenamento jurídico é a vida do feto, ao passo que, no
homicídio contra a gestante, o Código Penal protege a mulher em situação vulnerável. Foi
JURISPRU imputado ao acusado a qualificadora do feminicídio durante a gestação, bem como os
crimes conexos de aborto e de destruição de cadáveres. Entretanto, o TJRJ deu
DÊNCIA parcial provimento ao recurso da defesa para afastar da pronúncia o delito de aborto. Ao
STJ, o MPRJ alegou que não é possível falar em bis in idem (dupla punição pelo mesmo
fato) na imputação simultânea da qualificadora do feminicídio praticado contra mulher
grávida (inciso I do parágrafo 7º do artigo 121 do CP) e do crime de provocação de aborto
(artigo 125 do CP).

TUTELAS DISTINTAS
Tal entendimento não se harmoniza com a jurisprudência desta corte, segundo a qual, enquanto o artigo 125
do CP tutela o feto enquanto bem jurídico, o crime de homicídio praticado contra gestante, agravado pelo
artigo 61, II, h, do Código Penal protege a pessoa em maior grau de vulnerabilidade, raciocínio aplicável ao
caso dos autos, em que se imputou ao acusado o artigo 121, parágrafo 7º, I, do CP, tendo em vista a
identidade de bens jurídicos protegidos pela agravante genérica e pela qualificadora em referência“. (STJ -
REsp 1860829 - 2020)
DIREITO PENAL. CRIME DE ABORTO. INÍCIO DO TRABALHO DE
PARTO. HOMICÍDIO OU INFANTICÍDIO. Iniciado o trabalho de parto, não
JURISPRU há crime de aborto, mas sim homicídio ou infanticídio conforme o caso. Para
configurar o crime de homicídio ou infanticídio, não é necessário que o nascituro
DÊNCIA tenha respirado, notadamente quando, iniciado o parto, existem outros elementos
para demonstrar a vida do ser nascente, por exemplo, os batimentos cardíacos. 
HC 228.998-MG, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 23/10/2012.

HC. ADVOGADO. DENÚNCIA. COAÇÃO. CURSO. PROCESSO.


Nos autos que apura crime de aborto promovido por terceiro e coação no curso do processo, advogado foi
denunciado pelo fato de ter pedido à vítima que refletisse, mudasse o depoimento e não destruísse a união
familiar, pois seus pais e irmã, acusados, poderiam ser presos. A Turma concedeu a ordem ao advogado para
trancar a ação penal por falta de justa causa, estendendo-a à mãe e à irmã da vítima, uma vez que não houve
violência nem grave ameaça para configurar o tipo previsto no art. 344 do CP. E a eventual insuficiência de
cautela recomendável ao profissional também não constitui elemento suficiente para merecer a censura
- Na hipótese, o decreto prisional encontra-se devidamente fundamentado em dados
concretos extraídos dos autos, que evidenciam que a liberdade do Agravante acarretaria
risco à ordem pública, notadamente se considerada a gravidade concreta da conduta
imputada ao ora Agravante, consistente em aborto provocado sem o consentimento da
gestante, porquanto, consoante consignado na decisão objurgada, ele, "[...]utilizando-se
de entorpecente abortivo, provocou o aborto, sem consentimento da ofendida [...] com
quem mantinha relacionamento e estava gestante de 09 semanas", tendo ressaltado o
magistrado primevo que: "a narrativa dos fatos pela Vítima em seu depoimento,
demonstra a violência empregada pelo representado durante a empreitada criminosa, a
qual afirmou que após ter as mãos amarradas por Jeferson, este injetou uma substância
em suas nádegas, e após entrar em luta corporal com o representado, este ministrou uma
medicação com seringa em seu nariz, com efeitos sedativos", o que revela a
periculosidade do agente, e justifica a imposição da medida extrema, na hipótese.(STJ-
AgRg no RHC 141871 / RO - 2021
 Segundo delineado pelas instâncias ordinárias, o paciente, por motivo fútil, teria matado sua
esposa, grávida de sete meses, mediante asfixia, tendo provocado o aborto do bebê. Após a
conduta criminosa, simulou o suicídio da vítima, vindo, posteriormente, a ameaçar uma das
testemunhas, porteiro do prédio em que residiam. No curso da instrução processual, após obter, por
meio de provimento liminar deferido pelo Supremo Tribunal Federal, a liberdade provisória,
evadiu-se do distrito da culpa, permanecendo foragido até o presente momento. (STJ - AgRg no
HC 506986 / SP – 2019)
No caso em exame, a exordial acusatória preenche os requisitos exigidos pelo art. 41 do CPP,
porquanto descreve a conduta atribuída ao ora recorrente, que, em tese, praticou o crime ao
introduzir por três vezes substância (espécie de gel) na vagina da então gestante, que a fez passar mal
e ocasionou o sangramento, culminando no aborto. 3. Hipótese em que o acusado se aproveitou do
momento em que a "vítima esperava a realização de um ato sexual" para utilizar o gel, bem como
que "o motivo da conduta fora pelo fato do ora denunciado não aceitar a gravidez e seu desejo era
que a vítima abortasse". A denúncia descreve a tipificação legal das condutas praticadas, traz a
qualificação do recorrente e expõe os atos supostamente criminosos, com as suas circunstâncias,
tendo havido a explicitação do liame entre os fatos descritos e o seu proceder, permitindo à defesa
rechaçar os fundamentos acusatórios. (STJ - RHC 113448 – 2019)

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