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FIG-UNIMESP - INFANTICÍDIO

• Art. 123 : Matar, sob a influência do estado


puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo
após: Pena - detenção, de dois a seis anos.”
• Objetividade jurídica: tutela-se a vida humana
extrauterina.
• Delictum exceptum: é uma espécie de homicídio
privilegiado, tipificado de modo autônomo pelo
legislador para mitigar as consequências penais da
genitora que elimina a vida do próprio filho nas
circunstâncias descritas.
ELEMENTOS OBJETIVOS
Núcleo/ matar (comissivo), ou seja, eliminar
(destruir) a vida do próprio filho em estado
puerperal ou de forma omissiva (impuro ou
comissivo por omissão, art.13§2º).
Por exemplos: deixar de amamentar a criança;
abandonar recém-nascido em lugar ermo, com
o fim de provocar a sua morte. Esta conduta
difere do art.134§2º onde o agente quer só
abandonar (crime de perigo) e a morte acaba
ocorrendo culposamente. (Capez).
ELEMENTOS OBJETIVOS
• Objeto material: recém-nascido
(neonato) e  aquele que está nascendo
(nascente).
• Modus operandi: crime de forma livre
(enforcamento, estrangulamento,
afogamento, deixar de amamentar a
criança, abandonar recém-nascido em
lugar ermo etc.) e de dano, que deixa
vestígios, ou seja, delicta facti
permanentes (art.158, CPP).
ELEMENTOS OBJETIVOS/SUJEITOS
• a) ativo: mãe em estado puerperal (distúrbios
psíquicos);
• b) passivo: recém-nascido (neonato) e  aquele que está
nascendo (nascente), ou seja, que se dá quando das
primeiras contrações expulsivas, meio pelo qual o feto
começa o procedimento de saída do útero materno, ou
em caso de cesariana, com a primeira incisão efetuada
pelo médico no ventre da mulher (Capez, 2020).
• Segundo Nucci (2021), “o início do parto dá-se com a
ruptura da bolsa (parte das membranas do ovo em
correspondência com o orifício uterino)”. Assim, iniciado
o parto, torna-se o ser vivo sujeito ao crime de
infanticídio. Antes, é hipótese de aborto.
INFANTICÍDIO - VIDA
Comprovação de vida: Aforismo de Galeno:
“viver e respirar”. Docimasia pulmonar hidrostática
de Galeno. Após a respiração o feto tem os
pulmões cheios de ar e quando colocados numa
vasilhame com água, flutuam.

Crítica: parte da doutrina aduz que apnéia não é


morte. Pode nascer asfíxico sem que se deixe de
estar vivo. Sem dúvida, a respiração é prova de
vida, porém esta se demonstra por inúmeros
meios, p.ex., batimentos do coração, movimento
circulatório.
INFANTICÍDIO - VIDA
• Comprovação de vida: Aforismo de Galeno: “viver e
respirar”. Docimasia pulmonar hidrostática de
Galeno. Após a respiração o feto tem os pulmões
cheios de ar e quando colocados numa vasilhame
com água, flutuam.
• Crítica: parte da doutrina aduz que apnéia não é
morte. Pode nascer asfíxico sem que se deixe de
estar vivo. Sem dúvida, a respiração é prova de vida,
porém esta se demonstra por inúmeros meios, p.ex.,
batimentos do coração, movimento circulatório.
• Crime impossível por absoluta impropriedade do
objeto (art.17, CP): conduta cometida contra
natimorto.
ELEMENTO SUBJETIVO
• dolo (direito ou eventual).
• Não há modalidade culposa no infanticídio.
• E se a mãe em estado puerperal matar o próprio
filho culposamente? Duas correntes.
• Damásio entende que o fato será penalmente
atípico. Como exigir da mãe em estado puerperal
que tenha o dever de cuidado comum para o ser
humano normal.
• Cezar Roberto Bitencourt, Júlio Fabbrini Mirabete,
Magalhães Noronha, entre outros, entendem que
a mãe deverá responder por homicídio culposo.
• SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS – ARTS. 121 E 123

• Semelhanças:# competência do Tribunal do


Júri; # ação penal pública incondicionada.

• Diferenças: # o objeto material no


infanticídio é o nascente ou o neonato. Já
no aborto é o feto. # no infanticídio, o sujeito
ativo age com dolo, estando influenciado
pelo estado puerperal. No aborto, existe
dolo antes do parto, onde o sujeito ativo
premedita o crime.
ELEMENTOS NORMATIVOS
• Influência do estado puerperal. Deve conjugar-se
com outro elemento normativo de natureza
temporal, durante o parto ou logo após. 
• Estado puerperal ou depressão pós-parto é
o estado em que se encontra a mulher durante ou
logo após o parto. E qual é o tempo de duração do
estado puerperal? Enquanto durar o estado
puerperal caracterizará infanticídio. Deve ser
avaliado por peritos-médicos se o puerpério
acarretou o desequilíbrio psíquico, de modo a
diminuir a capacidade de entendimento e
autoinibição da parturiente (Capez, 2020).
ELEMENTO NORMATIVO:ESTADO PUERPERAL
• Há três critérios de conceituação legislativa do infanticídio:
o psicológico, o fisiopsicológico e o misto.
• O Código Penal adota o critério fisiopsicológico, não
considerando o motivo da preservação da honra, e sim, a
influência do estado puerperal.
• De acordo com o critério psicológico, caracterizar-se-ia o
infanticídio na hipótese da prática do ilícito motivada pela
ocultação da própria desonra, isto é, quando a criança
recém-nascida tivesse alguma deficiência física ou mental.
• De acordo com o conceito misto, também chamado
composto, leva-se em consideração, a um tempo, a
influência do estado puerperal e o motivo de honra. Era o
critério adotado no Anteprojeto de CP de Nélson Hungria
(1963).
ELEMENTO NORMATIVO
• Logo após o parto:

• Aqui que surgem as maiores dúvidas, sobre o


real significado da expressão “logo após”. A
doutrina entende que o logo após é enquanto
durar o estado puerperal em cada mulher,
que será avaliado em cada caso concreto,
mesmo que o logo após seja imediato.

• O estado puerperal poderá durar até 45 dias.


CONSUMAÇÃO
• Crime material: com a morte do recém-
nascido (neonato) ou daquele que está
nascendo (nascente). Cabe tentativa.
• Concurso de crimes: infanticídio+ ocultação
de cadáver ( artigos 123 e 211, CP).
• Quando se dá a morte? Há três posições: a)
encefálica – ausência de impulsos cerebrais;
b) clínica – parada cardiorrespiratória: c)
biológica: é a evidente. Prevalente: para fins
penais, a morte deve ser encefálica e clínica
(Lei n.9434/97 – Lei de transplante, art.3º).
CIRCUNSTÂNCIA AGRAVANTE?

• Caberia à aplicação da circunstância


agravante prevista no artigo 61, II, e,
segunda figura (ter cometido o crime contra
descendente)? Não, pois, caso contrário,
estaríamos fazendo uso do chamado bis in
idem, pois a própria redação no caput do
artigo 61, CP diz serem “circunstâncias que
sempre agravam a pena, quando não
constituem ou qualificam o crime”
CABE CONCURSO DE PESSOAS ?
• o Código Penal adotou como regra a teoria
monista no art.29, CP;
• o art.30, CP, estabelece que: “não se
comunicam as circunstâncias e as condições
de caráter pessoal, salvo quando elementares
do crime”.
• A questão é que “estado puerperal” é
elementar deste tipo penal, então
absurdamente deverá se comunicar ao
coautor ou partícipe que praticar o infanticídio?
CABE CONCURSO DE PESSOAS?
• Há três situações possíveis (Capez ,2020) :
• 1) mãe que mata o próprio filho, contando com o
auxílio de terceiro: a mãe é autora de infanticídio e as
elementares desse crime comunicam-se ao partícipe;
• 2) o terceiro mata o recém-nascido, contando com a
participação da mãe, ele será autor de crime .de
homicídio e a mãe em estado puerperal será
enquadrada no infanticídio;
• 3) mãe e terceiro executam em coautoria a conduta
principal, matando a vítima: a mãe e o terceiro
responderão por infanticídio, por força dos artigos 29
e 30, CP.
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA
• Entre outras: crime próprio, doloso,
comissivo, de dano, material, de
forma livre, instantâneo, unissubjetivo
ou monossubjetivo, de concurso
eventual, plurissubsistente, de ação
penal pública incondicionada;
progressivo (no iter passa por uma
lesão corporal), de forma livre, de
competência do Tribunal do Júri (5º,
inciso XXXVIII,CF).
REFERÊNCIAS
• Entre outras:
• CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal:
parte especial. 20ªed, 2020.
• GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: parte
especial, v.2. Rio de Janeiro: Editora Impetus.
• JESUS, Damásio Evangelista de. Código
Penal anotado. São Paulo: Saraiva.
• NUCCI, Guilherme. Direito Penal: esquemas &
sistemas. 7ºed. Rio de Janeiro: Forense;
Método, 2021. 

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