puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após: Pena - detenção, de dois a seis anos.” • Objetividade jurídica: tutela-se a vida humana extrauterina. • Delictum exceptum: é uma espécie de homicídio privilegiado, tipificado de modo autônomo pelo legislador para mitigar as consequências penais da genitora que elimina a vida do próprio filho nas circunstâncias descritas. ELEMENTOS OBJETIVOS Núcleo/ matar (comissivo), ou seja, eliminar (destruir) a vida do próprio filho em estado puerperal ou de forma omissiva (impuro ou comissivo por omissão, art.13§2º). Por exemplos: deixar de amamentar a criança; abandonar recém-nascido em lugar ermo, com o fim de provocar a sua morte. Esta conduta difere do art.134§2º onde o agente quer só abandonar (crime de perigo) e a morte acaba ocorrendo culposamente. (Capez). ELEMENTOS OBJETIVOS • Objeto material: recém-nascido (neonato) e aquele que está nascendo (nascente). • Modus operandi: crime de forma livre (enforcamento, estrangulamento, afogamento, deixar de amamentar a criança, abandonar recém-nascido em lugar ermo etc.) e de dano, que deixa vestígios, ou seja, delicta facti permanentes (art.158, CPP). ELEMENTOS OBJETIVOS/SUJEITOS • a) ativo: mãe em estado puerperal (distúrbios psíquicos); • b) passivo: recém-nascido (neonato) e aquele que está nascendo (nascente), ou seja, que se dá quando das primeiras contrações expulsivas, meio pelo qual o feto começa o procedimento de saída do útero materno, ou em caso de cesariana, com a primeira incisão efetuada pelo médico no ventre da mulher (Capez, 2020). • Segundo Nucci (2021), “o início do parto dá-se com a ruptura da bolsa (parte das membranas do ovo em correspondência com o orifício uterino)”. Assim, iniciado o parto, torna-se o ser vivo sujeito ao crime de infanticídio. Antes, é hipótese de aborto. INFANTICÍDIO - VIDA Comprovação de vida: Aforismo de Galeno: “viver e respirar”. Docimasia pulmonar hidrostática de Galeno. Após a respiração o feto tem os pulmões cheios de ar e quando colocados numa vasilhame com água, flutuam.
Crítica: parte da doutrina aduz que apnéia não é
morte. Pode nascer asfíxico sem que se deixe de estar vivo. Sem dúvida, a respiração é prova de vida, porém esta se demonstra por inúmeros meios, p.ex., batimentos do coração, movimento circulatório. INFANTICÍDIO - VIDA • Comprovação de vida: Aforismo de Galeno: “viver e respirar”. Docimasia pulmonar hidrostática de Galeno. Após a respiração o feto tem os pulmões cheios de ar e quando colocados numa vasilhame com água, flutuam. • Crítica: parte da doutrina aduz que apnéia não é morte. Pode nascer asfíxico sem que se deixe de estar vivo. Sem dúvida, a respiração é prova de vida, porém esta se demonstra por inúmeros meios, p.ex., batimentos do coração, movimento circulatório. • Crime impossível por absoluta impropriedade do objeto (art.17, CP): conduta cometida contra natimorto. ELEMENTO SUBJETIVO • dolo (direito ou eventual). • Não há modalidade culposa no infanticídio. • E se a mãe em estado puerperal matar o próprio filho culposamente? Duas correntes. • Damásio entende que o fato será penalmente atípico. Como exigir da mãe em estado puerperal que tenha o dever de cuidado comum para o ser humano normal. • Cezar Roberto Bitencourt, Júlio Fabbrini Mirabete, Magalhães Noronha, entre outros, entendem que a mãe deverá responder por homicídio culposo. • SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS – ARTS. 121 E 123
• Semelhanças:# competência do Tribunal do
Júri; # ação penal pública incondicionada.
• Diferenças: # o objeto material no
infanticídio é o nascente ou o neonato. Já no aborto é o feto. # no infanticídio, o sujeito ativo age com dolo, estando influenciado pelo estado puerperal. No aborto, existe dolo antes do parto, onde o sujeito ativo premedita o crime. ELEMENTOS NORMATIVOS • Influência do estado puerperal. Deve conjugar-se com outro elemento normativo de natureza temporal, durante o parto ou logo após. • Estado puerperal ou depressão pós-parto é o estado em que se encontra a mulher durante ou logo após o parto. E qual é o tempo de duração do estado puerperal? Enquanto durar o estado puerperal caracterizará infanticídio. Deve ser avaliado por peritos-médicos se o puerpério acarretou o desequilíbrio psíquico, de modo a diminuir a capacidade de entendimento e autoinibição da parturiente (Capez, 2020). ELEMENTO NORMATIVO:ESTADO PUERPERAL • Há três critérios de conceituação legislativa do infanticídio: o psicológico, o fisiopsicológico e o misto. • O Código Penal adota o critério fisiopsicológico, não considerando o motivo da preservação da honra, e sim, a influência do estado puerperal. • De acordo com o critério psicológico, caracterizar-se-ia o infanticídio na hipótese da prática do ilícito motivada pela ocultação da própria desonra, isto é, quando a criança recém-nascida tivesse alguma deficiência física ou mental. • De acordo com o conceito misto, também chamado composto, leva-se em consideração, a um tempo, a influência do estado puerperal e o motivo de honra. Era o critério adotado no Anteprojeto de CP de Nélson Hungria (1963). ELEMENTO NORMATIVO • Logo após o parto:
• Aqui que surgem as maiores dúvidas, sobre o
real significado da expressão “logo após”. A doutrina entende que o logo após é enquanto durar o estado puerperal em cada mulher, que será avaliado em cada caso concreto, mesmo que o logo após seja imediato.
• O estado puerperal poderá durar até 45 dias.
CONSUMAÇÃO • Crime material: com a morte do recém- nascido (neonato) ou daquele que está nascendo (nascente). Cabe tentativa. • Concurso de crimes: infanticídio+ ocultação de cadáver ( artigos 123 e 211, CP). • Quando se dá a morte? Há três posições: a) encefálica – ausência de impulsos cerebrais; b) clínica – parada cardiorrespiratória: c) biológica: é a evidente. Prevalente: para fins penais, a morte deve ser encefálica e clínica (Lei n.9434/97 – Lei de transplante, art.3º). CIRCUNSTÂNCIA AGRAVANTE?
• Caberia à aplicação da circunstância
agravante prevista no artigo 61, II, e, segunda figura (ter cometido o crime contra descendente)? Não, pois, caso contrário, estaríamos fazendo uso do chamado bis in idem, pois a própria redação no caput do artigo 61, CP diz serem “circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime” CABE CONCURSO DE PESSOAS ? • o Código Penal adotou como regra a teoria monista no art.29, CP; • o art.30, CP, estabelece que: “não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime”. • A questão é que “estado puerperal” é elementar deste tipo penal, então absurdamente deverá se comunicar ao coautor ou partícipe que praticar o infanticídio? CABE CONCURSO DE PESSOAS? • Há três situações possíveis (Capez ,2020) : • 1) mãe que mata o próprio filho, contando com o auxílio de terceiro: a mãe é autora de infanticídio e as elementares desse crime comunicam-se ao partícipe; • 2) o terceiro mata o recém-nascido, contando com a participação da mãe, ele será autor de crime .de homicídio e a mãe em estado puerperal será enquadrada no infanticídio; • 3) mãe e terceiro executam em coautoria a conduta principal, matando a vítima: a mãe e o terceiro responderão por infanticídio, por força dos artigos 29 e 30, CP. CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA • Entre outras: crime próprio, doloso, comissivo, de dano, material, de forma livre, instantâneo, unissubjetivo ou monossubjetivo, de concurso eventual, plurissubsistente, de ação penal pública incondicionada; progressivo (no iter passa por uma lesão corporal), de forma livre, de competência do Tribunal do Júri (5º, inciso XXXVIII,CF). REFERÊNCIAS • Entre outras: • CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal: parte especial. 20ªed, 2020. • GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: parte especial, v.2. Rio de Janeiro: Editora Impetus. • JESUS, Damásio Evangelista de. Código Penal anotado. São Paulo: Saraiva. • NUCCI, Guilherme. Direito Penal: esquemas & sistemas. 7ºed. Rio de Janeiro: Forense; Método, 2021.