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FPB – FACULDADE INTERNACIONAL DA PARAIBA

DIREITO – TURMA NOITE


PROFESSOR CLÁDIO LAMEIRÃO

INFANTICÍDIO (A3)

JOÃO PESSOA-PB
2023
ANA CLARA PEREIRA DOS SANTOS
ANTONNY GABRIEL PEREIRA LEITE BARROS TOMAZ
FLAVIAN WILLIANE DA SILVA
LETHÍCIA ANDRADE FIGUEIREDO VENTURA
STEPHANY LOHANY ALVEZ DA SILVA

INFANTICÍDIO (A3)

JOÃO PESSOA-PB
2023
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO
O que diz o Direito Penal
2. SEGUNDO OS DOUTRINADORES
3. PERÍODO TEMPORAL DO DELITO
A pena
4. ESTADO PUERPERAL OU PUERPÉRIO
5. RESPONSABILIZAÇÃO DE TERCEIROS
6. CASO DE INFANTICÍDIO
Ensinamentos dos juristas
7. CONCLUSÃO
1. INTRODUÇÃO

O infanticídio é um crime próprio cometido somente pela mãe durante ou após o


parto sob influência do estado puerperal, se trata de um homicídio privilegiado em que o
legislador leva em consideração a situação particular da mulher que mata ser próprio filho
em condições especiais.
Todos os dias no Brasil e no mundo, mães são levadas a julgamentos, e na
realidade em que vivemos se classifica como homicídio privilegiado e envolve não só a
família, mas a sociedade em geral, por se tratar de uma patologia, muitas vezes
transitória.

O Direito Penal

O Infanticídio vem para tutelar os bens jurídicos mais importantes, como por
exemplo, o direito à vida. Muitos entendem que todas as vezes que se referimos a matar
alguém se caracteriza o homicídio, mas, em alguns casos, estamos diante de infanticídio,
tratado pela doutrina como uma forma de “homicídio privilegiado” que traz mudanças
claras, tendo como uma das principais mudanças matar sob o estado puerperal.

2. SEGUNDO DOUTRINADORES

Para alguns doutrinadores como o Guilherme de Souza Nucci (2 0 1 5 ) “ o


infanticídio é conhecido como um homicídio privilegiado, como dito anteriormente. ”O
verbo matar é o mesmo do homicídio, razão pela qual a única diferença entre o crime de
infanticídio e o homicídio é a especial situação em que se encontra o a gente. Por isso, na
essência, o infanticídio é um homicídio privilegiado, ou seja, um homicídio com pena
atenuada. (NUCCI, 2015, p.629).
Assim como o homicídio, o infanticídio tem como núcleo o verbo “matar”, mas conta
com uma grande diferença, sendo a mãe a praticante do crime que mata seu próprio filho
nascente (durante o parto) ou recém-nascido (logo após o parto). Segundo o artigo 123
do Código Penal podemos então, definir o infanticídio como a mãe que, enquanto estava
sob o estado puerperal mata seu próprio filho durante o parto ou logo após. O sujeito ativo
do crime é a mãe (exceto no concurso de pessoas, que veremos adiante) e o sujeito
passivo é o filho nascente ou neonato/recém-nascido.
“O fenômenodo parto, em razão da intensado que provoca, da perda de sangue, do
esforço necessário, além de outros fatores decorrentes da grande alteração hormonal por
que passa o organismo feminino, pode levar a mãe a um breve período de alteração
psíquica que acarrete rejeição àquele que está nascendo ou recém-nascido, tido por ela
naquele momento como responsável por todo o sofrimento. Se, em razão dessa
perturbação, a mãe matar o próprio filho, incorrerá no crime de infanticídio, que tem uma
pena consideravelmente menor do que a do homicídio, pois está provado cientificamente
que a autora do crime se encontra com sua capacidade de entendimento diminuída em
razão do estado puerperal.” (GONÇALVES, 2019)

3. PERÍODO TEMPORAL DO DELITO

Há um limite temporal no que diz respeito ao estado puerperal para que possa
caracterizar o crime de infanticídio. O artigo 123 do Código penal nos mostra que para
que se consume o crime, a mãe tem que matar seu próprio filho durante o parto ou logo
após, mas, muitos questionamentos surgem.
A PENA: Artigo 123: Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho,
durante o parto ou logo após: Pena – detenção, de 2 a 6 anos.

4. ESTADO PUERPERAL E PUERPÉRIO

Muito se confunde o estado puerperal com o puerpério. Contudo o puerpério é o


período que decorre desde o parto até que os órgãos genitais e o estado geral da mulher
voltem às condições anteriores à gestação (Dicionário, google) (popularmente é
conhecido como quarentena por, em média, durar 40 dias para que o funcionamento do
corpo da mulher volte a funcionar normalmente). Já o estado puerperal, é o momento da
expulsão da criança do ventre materno até o nascimento e, para complementar, segundo
o ilustre Jurista Fernando Capez: Trata-se o estado puerperal de perturbações, que
acometem as mulheres, de ordem física e psicológica decorrentes do parto. Ocorre, por
vezes, que a ação física deste pode vir a acarretar transtornos de ordem mental na
mulher, produzindo sentimentos de angustia, ódio, desespero, vindo ela a eliminar a vida
de seu próprio filho. (CAPEZ, 2019). Nem toda mãe que está no estado puerperal vai ter
tais transtornos psicofisiológicos a ponto de matar seu próprio filho, as mulheres podem
passar pelo estado puerperal de uma forma tranquila. Além do mais, nem todas que
sofrem com o estado puerperal reagem da mesma forma. Em decorrência disso, o artigo
123 do Código Penal deixa claro que somente será configurado o infanticídio depois da
comprovação do estado puerperal, seja ele mais grave ou mais brando, que vai ser
avaliado em cada caso concreto, por meio de perícia.

5. RESPONSABILIZAÇÃO DE TERCEIROS NO CRIME DE INFANTICÍDIO

Para começarmos a entender sobre a responsabilização de terceiros no crime,


precisamos observar dois artigos do código Penal, o artigo 29 (concurso de pessoas) e o
artigo 30 (circunstâncias elementares do crime).

1º - se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um


sexto a um terço. §
2º - se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á
aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até a metade, na hipótese de ter sido
previsível o resultado mais grave.
Art. 30 – não de comunica a mas circunstâncias e as condições de caráter pessoal,
salvo quando os elementares do crime.

6. ENSIAMENTO DOS JURISTAS

Victor Eduardo (ART. 29 CDP) e Fernando Capez (ART. 30 CP) “...os componentes
do tipo, inclusive o estado puerperal, são elementares desse crime. Sendo elementares
comunicam-se ao coautor ou participe (CP, art. 30), (CAPEZ, 2019).” Como estudado
anteriormente, o crime de infanticídio é unissubjetivo, logo, está propício ao concurso de
pessoas e, pelo estado puerperal e a mãe serem elementares do crime, acabam se
comunicando ao coautor ou partícipe do crime, que podem responder também pelo crime
de infanticídio. Como por exemplo o caso de um pai, que auxilia a mãe que estava no
estado puerperal a matar seu próprio filho, esse também responderá por infanticídio e
não, por homicídio, mesmo não estando sob a influência do estado puerperal, em razão
dos artigos 29 e 30, CP). Grande parte doutrinária defende que não tem como haver a
coautoria e a participação de terceiro no crime pois, não há, neles, o estado puerperal.
Em contra partida, há também grande parte doutrinária que defende o concurso de
pessoas no infanticídio pelo estado puerperal ser elementar do crime, comunicando-se,
então, ao terceiro do crime.

6. UM CASO

 Mulher que jogou bebê vivo do 2º andar responderá por infanticídio após laudo
psicológico

O crime aconteceu no dia 18 de junho. O recém-nascido foi encontrado por uma


funcionária do prédio, a polícia foi acionada e começaram as investigações. Toda a
ação foi flagrada por câmeras de monitoramento (veja vídeo acima), e exames
comprovaram que o bebê nasceu vivo. A delegada responsável pelo caso chegou a pedir
a prisão preventiva da jovem, mas ela foi liberada após a Justiça indeferir o pedido.
Conforme o depoimento da jovem, ela teria entrado no banheiro de casa por volta das
7h, quando fez o parto. Ela relatou que não sabia da gravidez, e que fez o trabalho de
parto sozinha. De acordo com a polícia, a médica legista examinou o bebê e constatou
que ele nasceu vivo e morreu por asfixia, e não pela queda.
Ainda não foi definido se a asfixia foi causada pelo fato de o bebê estar dentro do saco de lixo,
mas ele não tinha marcas no pescoço. Segundo a delegada, as autoridades ainda aguardam
laudos com detalhes sobre a morte do bebê. O celular da jovem também foi apreendido e a
análise das mensagens pode ajudar na investigação.

ENTENDA O CASO

O recém-nascido foi encontrado por uma funcionária do prédio, na manhã do dia 18


de junho. A auxiliar de serviços gerais Cristiane Pereira Campos Silva, de 45 anos, relatou
ao G1 que viu um saco de lixo estranho e suspeitou. “Tinha muito lixo em um balde só, e
a sacola estava separada. Quando eu levantei a sacola, vi muito sangue, ainda estava
meio morno”, disse a funcionária.
Ela chamou o zelador, que a ajudou a abrir o saco, onde o recém-nascido foi
encontrado. No mesmo momento, eles acionaram a Polícia Militar, que acreditou que o
bebê fosse um feto e comunicou a Polícia Civil para dar prosseguimento à ocorrência. No
prédio, havia rastros de sangue pelos locais onde a mãe tinha passado.
Uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionada. O
corpo da criança foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML).
A ação da jovem foi registrada por câmeras de monitoramento do prédio. No vídeo, é
possível ver o saco caindo e ela arrastando o recém-nascido. Conforme informou a Polícia Civil, a
indiciada demonstrou serenidade ao relatar os fatos e não apresentou arrependimento,
mantendo-se calma durante os questionamentos. que o bebê fosse um feto e comunicou a
Polícia Civil para dar prosseguimento à ocorrência. No prédio, havia rastros de sangue
pelos locais onde a mãe tinha passado.
Uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionada. O
corpo da criança foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML).

7. CONCLUSÃO:

Concluímos que o crime de infanticídio é aquele em que a mãe, mata o seu próprio
filho, durante o parto ou logo após, sob o estado puerperal. Vimos, também, que para que
se caracterize o estado puerperal, é necessário haver um diagnóstico, ou seja, uma
perícia, feita por um especialista. Contudo, o terceiro (coautor ou participe) ainda assim
responde pelo crime de infanticídio, em razão do disposto nos artigos 29 e 30 do Código
Penal. Em bora possa parecer injusto o coautor ou partícipe responder, assim como a
mãe, por infanticídio, é o entendimento que prevalecendo os tribunais. As condições do
tipo penal objetivas sempre se comunicam ao terceiro e as condições subjetivas não se
comunicam, mas, se essas condições subjetivas forem elementares do tipo penal, irão se
comunicar. Que é o caso do Infanticídio, mesmo o estado puerperal sendo uma condição
particular da mulher, como é próprio do tipo penal, acaba se comunicando ao coautor ou
partícipe. (NUCCI, 2015).

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