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“A interrupção da gravidez até a 20ª a 22ª semana, ou quando o feto pese até 500
gramas ou ainda, alguns consideram quando o feto mede até 16,5 cm(...) Este
conceito foi formulado baseado na viabilidade fetal extrauterina e é mundialmente
aceito pela literatura médica”.
Diferente do conceito médico, o conceito jurídico não prevê qualquer requisito temporal
ou até mesmo biológico. Tampouco interessa o processo de abortamento que é a expulsão do
nascituro do corpo da mão. O ponto de vista penal neste caso versa sobre a conduta humana que
forma dolosa vulnera a vida do nascituro, do ser humano em formação.
ABORTO CRIMINOSO
O aborto é definido como crime de forma livre, isto significa que pode-se utilizar de
qualquer método, forma para se provocar o aborto, porém estes metodos devem ser capazes de
produzir o resultado esperado pelo sujeito. Existe algumas maneiras como benzedeiras, curandeiras,
rezas, e outras similares que não são consideradas idôneas a atingir essa finalidade abortiva, sendo
coniderado crime impossível, ante a absoluta ineficácia do meio empregado.
Conforme acima mencionado, infere-se que mesmo utilizando de práticas com base
religiosa, ou se apoiando em alguma ideologia o aborto no Brasil é um crime independentemente do
método utilizado. Por conseguinte, o Direito Penal protege a vida humana desde o momento em que
o novo ser é gerado (óvulo, embrião ou feto), constituindo a primeira fase da vida. A destruição
dessa vida antes do início do parto caracteriza o aborto, que pode ou não ser criminoso. Iniciado o
parto, a morte do nascente ou do recém-nascido será o crime de infanticídio ou homicídio, salvo se
no momento da conduta criminosa o feto já estivesse morto, caracterizando, assim, crime
impossível por absoluta impropriedade do objeto onde não se pune a conduta nem a título de
tentativa (CP, art. 17).
(d) Aborto qualificado – quando resulta lesão corporal de natureza grave ou a morte
da gestante.
Com isso, a sociedade precisa entender que o aborto é um assunto de saúde pública e
social, que necessita ser tratado com base nas leis brasileiras, respeitando a dignidade à pessoa
humana, protegendo-a, preservando e garantindo a sua liberdade sem corromper as leis brasileiras.
Diante disso, foi possível concluir que o aborto é crime no Brasil e não pode ser tratado
como uma crença, ou dogmas religiosos ou simplesmente o “método contraceptivo”. Podemos
destacar que existem os casos legais do aborto, exatamente para garantir o princípio da dignidade
da pessoa humana.
ABORTO LEGAL
Conforme o art. 128, do Código Penal, não se pune o aborto praticado por médico:
quando não há outro meio para salvar a vida da gestante (aborto necessário ou terapêutico); e se a
gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz,
de seu representante legal (aborto sentimental ou humanitário).
Embora o dispositivo legal contém a expressão “não se pune o aborto”, entende-se que
tratar-se de duas causas de exclusão de ilicitude ou de antijuridicidade, tendo em vista que o
legislador quis dizer que não há crime de aborto quando praticado por médico naquelas
circunstâncias. Neste sentido, segundo Damásio de Jesus ensina que: “Fato impunível em matéria
penal é fato lícito. Assim, na hipótese de incidência de um dos casos do art. 128, não há crime
por exclusão da ilicitude. Haveria causa pessoal de exclusão de pena somente se o CP dissesse
‘não se pune o médico’.
(3) que o aborto seja o único meio para salvar a vida da gestante;
O risco para a vida da gestante não precisa necessariamente ser atual, ou seja, basta que
o médico constate que no decurso da gestação a gravidez trará risco à vida da gestante, e que a
interrupção da gravidez seja a única forma encontrada para salvar a vida da mesma.
Se o aborto necessário for realizado por enfermeira, ou por qualquer pessoa diversa do
médico, poderão ocorrer duas situações distintas:
(1) se presente o perigo atual para a vida da gestante, o fato será lícito, pois estará
caracterizado o estado de necessidade de terceiro (CP, art. 24);
(2) se ausente o perigo atual para a vida da gestante, estará configurado o crime de
aborto, com ou sem o consentimento da gestante, dependendo do caso.
Também chamado de aborto sentimental, humanitário ou ético, para que possa ocorrer
seram necessários três requisitos:
Nesse caso, na ausência de perigo atual para a vida da gestante, se o aborto for realizado
por enfermeira ou por qualquer outra pessoa que não o médico, a ilegalidade não será excluída e,
consequentemente, o crime de aborto será caracterizado sem ou com consentimento da gestante, ou
seja, uma condição indeclinável que é praticada por um médico. Se o aborto foi causado pela
própria gestante, o crime seráde autoaborto.
A gravidez deve ser resultante de estupro cometido contra a mulher (CP, art. 213), em
razão da conjunção carnal ou da prática de sexo anal ou de qualquer outro libidinoso diverso,
possibilidade de gravidez admitida pela medicina diante da mobilidade dos espermatozóides.